Frankfurt II

Metrópolis, 1927 – Fritz Lang

A Dialética do Esclarecimento. T. Adorno e M. Horkheimer. Jorge Zahar. 1985, pág 13.

Não alimentamos dúvida nenhuma de que a liberdade na sociedade é inseparável do pensamento esclarecido. Contudo, acreditamos ter reconhecido com a mesma clareza que o próprio conceito desse pensamento, tanto quanto as formas históricas concretas, as instituições da sociedade com as quais está entrelaçado, contém o germe para a regressão que hoje tem lugar por toda parte.

Se o Esclarecimento não acolhe dentro de si a reflexão sobre esse elemento regressivo, ele está selando seu próprio destino. Abandonando a seus inimigos a reflexão sobre o elemento destrutivo do progresso, o pensamento cegamente pragmatizado perde seu caráter superador e, por isso, também sua relação com a verdade.

Refletir sobre o elemento destrutivo do progresso não significa primitivizar o presente. Pelo contrário, a reflexão aqui tem como objetivo primordial a libertação do meu pensamento. (Ou pelo menos, entender os efeitos colaterais de minhas formas de pensar.)

Acorrentado que estou a meu tempo, refletir aqui será desagrilhoar-se…

Frankfurt

Primeiro, preciso entender como o Esclarecimento (Iluminismo, Aufklarüng) opôs a razão ao mito. O combate ao mito como fonte de irracionalidade fundamenta a oposição entre o esclarecimento e a mitologia. Kant é o grande mestre dessa transformação. A sufocação do mito permite entender muitas coisas: de Freud a Edir Macedo. Preciso reconhecer ainda, que a primazia do eu burguês reduz a natureza a uma simples e indiferenciada resistência ao poder abstrato do sujeito. O super-sujeito esclarecido. Caso contrário, não entenderei o surgimento da tecno-ciência e como ela – sempre com décadas de atraso em relação às ciências ditas naturais (Física, Química, etc) – dizia, como ela mesma, tecno-ciência, vem moldando o pensamento médico contemporâneo.