O Bumbum de Gisele
Normalmente, as doenças são associadas ao feio ou mesmo à repugnância. Essa semana, me fizeram uma pergunta muito interessante. Haveria alguma doença ou anomalia que pudesse causar um efeito esteticamente mais agradável? Que desafio! Pensei várias coisas. A doença de Addison e a hemocromatose dão uma coloração bronzeada à pele – a la Índia – que me pareceu interessante, mas insuficiente para um efeito estético de impacto. A anorexia nervosa perdeu muito de seu apelo estético na era pós-AIDS. Mesmo as modelos, mudaram o protótipo de seus corpos depois dela. A própria Gisele Bündchen… ops, sim, Gisele! Acho que tenho uma resposta!
Gisele Bündchen é a top model mais badalada do mundo. Quando surgiu, me lembro de avaliações dizendo que seu sucesso era devido ao fato de não ser tão magrela quanto as outras e ter, digamos, seios e glúteos mais fartos que suas concorrentes. Quanto aos belíssimos seios, nada a dizer (só a suspirar…). Quanto aos glúteos, bem, acho que podemos revelar alguns segredos da top.
Gisele tem uma pequena deformidade da coluna lombar chamada lordose. A lordose e a cifose são acentuações de curvaturas normais da coluna vertebral, como mostra a figura ao lado. (Ver interessante post sobre as vantagens evolutivas da lordose nas mulheres no RNAm). Além disso, para desfilar e posar, ela exagera essa curvatura, dando ao seu quadril e bumbum um aspecto, digamos, bastante agradável ; ), como mostra a figura. Repare (se conseguirem), que a coluna lombar desenha um sulco bastante profundo nas costas da modelo. Os ombros jogados para trás facilitam essa postura e, sua viradinha na passarela, uma de suas marcas registradas, é clássica nessa posição.
Entretanto, a lordose é uma deformidade que se for muito acentuada é passível até de correção cirúrgica pois pode dificultar a marcha. Essa foto ao lado (), mostra uma menina anormalmente magra com uma acentuada lordose. Note como, mesmo sendo muito magra, o bumbum fica empinado. O inconveniente dessa postura é que, mesmo a menor gordurinha abdominal, faz aparecer uma barriguinha indesejável. Mas, convenhamos. No caso de Gisele, é difícil prestar atenção nesses detalhes.
Com essa estória, acabei por refletir sobre a relação entre deformidades anatômicas e beleza. As formas curvas e sinuosas sempre foram associadas à feminilidade e a beleza. Ao avaliar a primeira foto de Gisele acima lembrei de uma outra, também um modelo feminino. Numa época em que as mulheres bonitas eram bem mais rechonchudas do que os padrões de beleza exigem hoje, Sandro Botticelli pintou o quadro “O nascimento de Vênus” (mais ou menos em 1485). Quem vê o quadro todo, a leveza dos tecidos, a harmonia das figuras e a extrema beleza da Vênus, não se dá conta de seu pescoço extremamente alongado e do descaimento absurdo de seus ombros. Esse tipo de deformidade é visto em pacientes que se submeteram a um antigo procedimento para tratamento de tuberculose – a toracoplastia – e, garanto-lhes, não é nada bonito. De onde Botticelli tirou esse tipo de postura? Baseado no que, pôde ele combinar a anatomia levemente deformada de várias partes do corpo para criar um padrão de beleza único? E por que achamos que uma mulher de pescoço comprido e ombro caído, e outra, com uma deformidade na coluna, são tão belas?
Conclusão: se nem todas as doenças e/ou deformidades são associadas a feiúra; o imperfeito, o anormal, o incomum também podem gerar o belo. Se é possível ver o belo na imperfeição é porque “beleza” é diferente de “perfeição anatômica”. Então, é isso que Gisele me ensina como deusa estética que é! Peço então, que os deuses e deusas da medicina me ensinem sempre a ver o ser humano para além da doença. Me ensinem também já, se não for pedir muito, a desfocar meus olhos das repetições supernormais da vida de modo que eu possa compreender a fúria luxuriante de uma redenção estética da humanidade e não me deter na sua anêmica e total falta de sentido.
Atualização
Tive que trocar a foto da menina porque o site original saiu do ar (2x)
Battisti, Lula e a Prática Médica
O Ecce Medicus não é um blog sobre política. Entretanto, o caso Battisti se desenrolou de tal forma que gostaria de usá-lo como exemplo para discutir o caráter das decisões médicas. O leitor deverá estar pensando “mas o que isso tem a ver?” Eu digo que bastante, como tentarei mostrar nas próximas linhas. Um resumo da história pode ser encontrado aqui e cada um pode tirar suas próprias conclusões sobre a legitimidade da extradição.
Cesare Battisti participou de um grupo armado há 30 anos ao qual são atribuídas 4 mortes. Tem um histórico de fugas para França e Brasil onde foi detido em 2007. O estado italiano o considera um assassino. Foi julgado em condenado à prisão perpétua sem exposição à luz solar. A Itália solicitou sua extradição e o governo brasileiro vem resistindo a essa decisão, que foi parar no Supremo Tribunal Federal. O Supremo, depois de meses de avaliação, optou pela extradição em decisão bastante apertada (5×4) e deixou a decisão final ao presidente Lula. A Lula, portanto, caberá decidir agora, praticamente, sozinho, sobre o futuro de Cesare Battisti. Alguns devem estar pensando que é uma decisão bastante difícil, essa de definir o destino e mesmo a própria vida de um ser humano. E é mesmo. Como Lula deve proceder? Que tipo de arcabouço teórico Lula deveria utilizar-se para tomar essa decisão específica? Grosso modo, se levar em conta sua ideologia, por exemplo, não o libera. A Itália de Berlusconi está mais à direita que nunca. E se estiverem caçando as bruxas de um “comunismo” que já não existe? A própria França, tradicionalmente abrigou Battisti por um período. Por outro lado, se tomar por base o fato de a Itália ser um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas importantes, ser um estado soberano, ter elegido um primeiro-minstro democraticamente e ter um sistema judiciário confiável, deve-se respeitar a dor das famílias que perderam seus membros e a decisão do tribunal italiano, extraditando Battisti. Não importam os argumentos aqui. Importa a decisão de um homem sobre a vida de outro homem.
De que adiantaria demonstrar cartesianamente o envolvimento de Battisti nos assassinatos? Que tipo de ideologia poderia justificar um crime? A discussão é interminável. Nos interessa o caminho que será necessário para chegar a uma decisão baseada em algum tipo de racionalidade, e não simplesmente, a opinião e as idiossincrasias da arbitrariedade. Qual guideline, diretriz, recomendação poderia ajudar Lula a tomar uma conduta como essa? O direito tem uma figura de racionalidade chamada jurisprudência que pode basear uma decisão em decisões tomadas anteriormente. Mas Lula, não é um juiz! Estes por sua vez, já deram seu veredito. Cabe a Lula decidir e decidir baseado no coração ou no medo, não me parecem formas racionais de decisão.
Quando digo que me sinto só e que a ciência é um luxo com o qual não se pode contar sempre é sobre isso que estou falando. Deve ser o mesmo sentimento do presidente Lula agora.
Um Pouco da Pós-Graduação em Medicina
Para publicar de forma regular e sustentada no Brasil, em geral é preciso estar vinculado a um serviço de pós-graduação. Esses serviços têm uma avaliação da CAPES que é muito respeitada. A CAPES dividiu a ciência médica em 3 grandes áreas. Medicina I, II e III, conforme as especificações abaixo.
Essa divisão tem por base a forma como é conduzida a pesquisa em cada área. Notemos pois, que as áreas cirúrgicas, para dar um exemplo, ficaram todas reunidas na Medicina III. A CAPES classifica os cursos de pós-graduação na grande área da saúde de acordo com os seguintes critérios e respectivos pesos: corpo docente (30%), corpo discente (30%), produção intelectual (30%) e inserção social (10%). A produção intelectual é a que nos interessa nesse momento. Constitui 30% da nota de uma pós-graduação e é constituída pelo número de publicações qualificadas do Programa por Docente Permanente (50%), pela distribuição de publicações qualificadas em relação ao corpo docente do programa (40%) e por outras produções, exceto à artística (técnica, patentes, produtos, etc) (10%).
Nesses quesitos, para atingir o conceito excelente (7,0) é necessário que o docente publique 6 ou mais artigos em Qualis internacional A ou B, sendo que pelo menos 03 sejam em Qualis A. Mas que é Qualis Internacional? “Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação”. Para isso, a CAPES hierarquizou os meios de divulgação da pesquisa da pós-graduação (ou seja, os jornais científicos). “A classificação de periódicos é realizada pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade – A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C – com peso zero”. Obviamente, o fator de qualidade de cada revista é o seu fator impacto.
O problema é que a divisão das revistas é desigual de acordo com as subáreas, medicina I, II e III. Por exemplo, em levantamento realizado por um professor e apresentado em Porto de Galinhas – PE no III Encontro Nacional de Pós-Graduação na área de Ciências da Saúde em outubro de 2009, a Medicina III tem o seguinte Qualis e respectivos fatores impacto conforme a tabela abaixo.
Já a Medicina I tem a seguinte classificação de periódicos (tabela abaixo):
Como é fácil notar, as revistas de áreas clínicas para serem classificadas no nível A1, necessitam de um fator impacto bem maior. A que se deve essa diferença? Ao tipo de ciência que serve de base a cada especialidade, provavelmente. Algumas áreas sofrem períodos de expansão rápidos, em especial quando se criam novas ferramentas e tecnologias. Nesses períodos, os jornais estão propensos a aceitar determinados assuntos. Pesquisadores experientes detectam essas ondas, aproveitando para “encaixar” papers em revistas de impacto maior. Mas há outras fontes de desigualdades. Um docente tem uma classificação de publicações de acordo com a tabela abaixo.
Mas isso não dependerá apenas da competência do pesquisador médico. Depende, como vimos, da subárea a qual ele pertence (se medicina I, II ou III) e também da facilidade que ele tem para publicar. Podemos imaginar que quanto mais periódicos tivermos com fator impacto A1, mais fácil será a esse pesquisador divulgar seus resultados. Mas quem é que disse que o número de periódicos obedece a essa classificação da CAPES? Vejamos a tabela abaixo.
No caso da medicina III que, como vimos, tem o nível A1 com revistas de fator impacto maior que 2,85, temos uma diferença enorme entre as especialidades. A Urologia tem 26% de suas revistas com a classificação A1, enquanto que a Otorrino tem ZERO! Eu pergunto, como um docente da Otorrino pode ganhar o conceito muito bom e assim melhorar o conceito do próprio programa de pós-graduação ao qual é vinculado? Só se publicar seus dados em outras revistas de fator impacto maior, mas isso não é nada fácil! A linguagem de cada revista é própria pois ela se dirige a um público-alvo que é relativamente específico. Os pesquisadores reclamam da dificuldade em publicar em revistas de outras áreas, como por exemplo, um cirurgião publicar os resultados de um tratamento cirúrgico inovador para o câncer gástrico em uma revista de Oncologia (que têm, em geral, elevado fator impacto). Se pensarmos que as verbas de fomento à pesquisa também são distribuídas de acordo com regras parecidas, ou no mínimo, são levados em consideração todos esses conceitos CAPES, temos um sistema que não é assim, um primor de igualdade.
Futebol, Shopping e Medicina
“Quando eu era criança pequena”, morava no Butantã, bem ali, na entrada do campus da USP. O trânsito da região era bem outro e costumávamos jogar bola no asfalto da Rua Catequese. Mas esse “estádio” era para embates de pequeno porte. Os grandes clássicos eram disputados no “Areião”, pois era a única cancha que comportava um “11×11” ou mesmo “12×12”. Mas, isso era um evento raro. Eram necessários muitos moleques e o que acontecia apenas de vez em quando. Além do que, para irmos ao “Areião”, era preciso atravessarmos a ponte Eusébio Matoso que cruza a Marginal do Rio Pinheiros e depois a própria Eusébio, o que mesmo para essa época, já não era muito simples.
Aos fins-de-semana, o “Areião” era impossível para nós. Os campos, num total de nove, eram tomados por legiões de times amadores, marmanjos, que jogavam até acabar a iluminação natural. Ficávamos olhando e, como eles punham redes nos gols, aproveitávamos os intervalos para chutar bolas e bater alguns pênaltis, com intuito único de “estufar o barbante”, até sermos enxotados pelos grandalhões, e voltar a nossa posição de espectadores.
Eis que, um belo dia, depois da aula, resolvemos bater uma bolinha no “Areião”, não tínhamos um time completo mas, mesmo assim, optamos pelo “estádio” para nos acostumarmos ao gol oficial. Bicicletas, bola, o Rogério foi em casa pegar as luvas, tudo pronto. Alguns iam na garupa da Caloi, em pé; outros “tabelando” pela calçada. Atravessamos a ponte, depois a Eusébio Matoso, que não tinha passarela e começamos a notar uma movimentação anormal. Ao nos aproximarmos, a surpresa. O “Areião” estava tomado por tratores, máquinas escavadeiras e caminhões. Os gols haviam sido arrancados e jaziam, empilhados num canto. O Edvaldo cogitou levar um. Perguntamos na casa de quem ia ficar e ele desistiu. A mãe dele era muito brava. Saímos cabisbaixos, com o Edvaldo praguejando contra as poderosas máquinas e contra quem as mandara destruir nossa querida praça esportiva.
Logo um enorme shopping center foi construído e inaugurado no ano seguinte (1981). Ficamos sem os campos de futebol mas, ganhamos cinema, sorveteria. Restou, porém, uma enorme nostalgia dos campos do “Areião”.
A secretária colocou o seu Manuel, 88 anos com sua cuidadora no consultório. Muito bem vestido, de terno e gravata, apesar das sequelas motora à direita e de fala, contou, com um identificável sotaque português, toda sua história com detalhes impressionantes. Fora dono de uma grande rede de supermercados, bastante famosos em São Paulo. No final da década de 70, entrou num empreendimento revolucionário e bastante ambicioso. Devagar, foi me contando de sua vida, o estresse enorme que passou na época, até que, finalmente, disse que teve um derrame 15 dias após a inauguração de seu maior projeto: um shopping na zona sul, às margens da Marginal Pinheiros! Eu não aguentei e disse: – Seu Manuel, desculpe, mas o Edvaldo não teve a intenção!
Foto de Gilson Camargo.
Chocolate: Pecado ou Remédio?
Todo mundo gosta de saborear uma boa barra de chocolate. Infelizmente, essa atitude, em geral, é acompanhada de uma boa dose de culpa. Não seria muito bom se descobríssemos que chocolate é bom para saúde, ao invés de apenas engordar? Os efeitos do chocolate sobre o sistema circulatório têm sido sugeridos por vários estudos dos quais, poucos são bem conduzidos. Recentemente, uma prestigiosa revista de coagulação e trombose (Journal of Thrombosis and Thrombolysis) publicou uma revisão dos efeitos circulatórios e antitrombogênicos do chocolate amargo (dark chocolate). É essa revisão que comentamos abaixo.
Os efeitos benéficos do chocolate são provenientes de polifenóis chamados flavonóides que estão presentes em quantidades significativas no alimento com biodisponibilidade suficiente para causar o efeito farmacológico. Acredita-se que o potencial benefício do chocolate amargo ao sistema cardiovascular seja causado por um aumento da capacidade antioxidante dos flavonóides, em especial das catequinas, epicatequinas e procianidinas no sangue. Esses efeitos são divididos em metabólicos, anti-hipertensivos, moduladores da função endotelial, anti-inflamatórios e anti-trombóticos, como mostra a figura abaixo (retirada do original).
Desde a primeira descrição dos efeito antioxidantes dos polifenóis do cacau contra a oxidação da LDL (o colesterol de baixa densidade cujo nível sérico é altamente associado à aterosclerose) em 1996, estudos vêm se acumulando sobre seus efeitos cardiovasculares, principalmente associados ao uso do chocolate amargo (dark chocolate). Dada a gigantesca penetração do chocolate em nossa cultura, é importante estabelecermos os efeitos de sua ingesta. Numerosos estudos, epidemiológicos e biológicos, agora dão conta de um efeito complexo, multifacetado e consistente dos polifenóis presentes no chocolate sobre o sistema cardiovascular. Esses estudos ainda necessitam ser confirmados por ensaios clínicos randomizados, controlados, com múltiplas dosagens diferentes de modo a definir qual a proporção mais vantajosa de polifenóis mono, oligo e poliméricos. E, então, o simples prazer associado ao consumo do chocolate pode também ser justificado sob uma perspectiva saudável e por seus efeitos psicológicos (funcionamento cognitivo e melhora do humor). Entretanto, como é demonstrado no artigo, o chocolate amargo tem níveis bem mais elevados de flavonóides do que o chocolate ao leite, além do que, as proteínas lácteas podem inibir a absorção dos polifenóis. Por essa razão, e por razão dietéticas, é preferível consumir chocolate amargo do que ao leite. Sempre em quantidades “civilizadas”.
Lippi, G., Franchini, M., Montagnana, M., Favaloro, E., Guidi, G., & Targher, G. (2008). Dark chocolate: consumption for pleasure or therapy? Journal of Thrombosis and Thrombolysis, 28 (4), 482-488 DOI: 10.1007/s11239-008-0273-3
Homens
Os gregos tinham pelo menos três palavras para dizer “homem”. Quando queriam dizer “homem” em oposição a mulher, dizia-se andrós. Andrós é o homem viril e herói, de onde vêm os nomes André, Alexandre (Alexandrus), Leandro e outros. “Homem” com o sentido de humanidade e em oposição aos animais era anthropos, de onde vêm as palavras antropologia e misantropo (o “anti-social”). Quando “homem” estava em oposição aos deuses, a palavra mais correta era brotós, ou thnetos, o que morre, cuja raiz gerou a tanatologia – o estudo da morte e do morrer.
Quem é o “homem” que adoece e ao qual o médico deve dispensar seus cuidados é uma pergunta interessante dentro desse contexto. Nas tragédias gregas é explorado justamente o aspecto finito do homem perante aos deuses e o brotós, predomina. Mas há referência a todos, dependendo de cada situação. Em que pese o fato de haver médicos andrologistas, aqueles que cuidam de fertilidade e disfunções sexuais masculinas, acho que o médico em geral cuida mesmo, ou pelo menos deveria, do brotós/thnetos. Qualquer doença desperta a consciência de que não somos eternos e podemos morrer a qualquer momento. Um médico não pode nunca esquecer-se disso, mesmo quando trata de doenças banais.