O Futebol e a Tragédia das Mãos

Maos2

“Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.”

Nélson Rodrigues (O Divino Delinquente) 

Não há, hoje, quem duvide de que o esporte que convencionamos chamar futebol é o mais popular do mundo. Explicações para isso não faltam. Sua simplicidade (da qual particularmente discordarei); sua capacidade de transformar portadores de um físico breve em ídolos mundiais milionários; a possibilidade de praticá-lo com equipamentos de baixo custo ou mesmo quase nenhum; o fato de que nem sempre a melhor equipe vence a partida, fazendo com que fatores extra-campo, e.g. torcida, sejam fundamentais para uma vitória são, entre outras tantas, algumas das principais teorias explanatórias aventadas para justificar porque o futebol é praticado nos mais longínquos rincões do planeta. Se tantas há é porque nenhuma dá conta sozinha de explicar o fenômeno futebolístico, fato que sempre acaba encorajando incautos a lançarem suas próprias teorias. Segue, com o perdão da audácia, então, a minha.

Comecemos pelas palavras e pelas coisas, que são sempre um bom começo. O futebol que a tantos encanta hoje nasceu, claro, na Inglaterra, mais precisamente em 1863, batizado com dois nomes: association football. E aqui já nos defrontamos com nosso primeiro problema. Como é notoriamente sabido, adjetivos em inglês vêm antes dos substantivos a quem qualificam. Substantivos, por sua vez, podem, na língua bretã, ser adjetivados, e muitas vezes só o que nos resta para distinguir estes daqueles é sua posição na frase. Se digo, então, football association, a tradução correta para o português seria “associação de futebol” (ou “associação futebolística”, para adjetivar de vez o nome “futebol”). Mas, se digo association football, a tradução é “futebol da associação” (ou o horrível “futebol associativo”, ou mesmo “associado”, adjetivando o nome “associação”). Se isso é uma trivialidade para os anglófonos, tal particularidade linguística passou algo despercebida para nós, bravateiros de sempre do mundo da bola, de tal modo que aqui dizemos apenas “futebol”. Mas o nome completo do “esporte nacional” guarda consigo a certidão misteriosa de sua interessante origem e que não é de pronto visualizada na epítome brasileira. Tomemos como exemplo do que quero mostrar o nome da entidade maior da organização do futebol mundial: a famigerada FIFA. FIFA, cuja sigla vem do francês Fédération Internationale de Football Association (um barbarismo quase ininteligível, como são mesmo as coisas da FIFA), na língua de Shakespeare seria International Federation of Association Football, veja só (e aqui começamos a ver algo): a FIFA é, portanto, agora em bom português, a federação internacional do futebol da associação. O que nos leva à pergunta: com efeito, mas que diabos de “futebol da associação” é esse?

A Associação de Futebol

A Inglaterra da rainha Vitória (1837 -1901) vivia a Pax Britannica decorrente de seu sucesso econômico, estabilidade política e progresso científico-cultural sem precedentes. Esse clima de virtude quase-helênica constituiu estímulo necessário e suficiente para a criação de inúmeros jogos, coletivos e individuais, com objetivos educacionais, motivacionais e de entretenimento. Havia nessa época dezenas de jogos entre duas equipes, com número variável de jogadores, que levavam o nome de football, prática antiquíssima na Ilha e em geral caracterizados pela disputa violenta por uma bola, à época confeccionada com bexiga de porco. Normalmente, tratava-se de levar a bola com auxílio de qualquer parte do corpo, por meio de passes ou dribles, até um certo local no território do inimigo e, assim, marcar algum tipo de ponto. Todavia, por que chamar de football um jogo no qual o balão podia ser conduzido tanto com as extremidades inferiores quanto com as superiores? Para diferenciá-lo, ora. Os pés também eram permitidos, e nisso se constituía a novidade. O “normal” seria conduzir a bola com as mãos, e liberar os pés para correr. O fato é que tais jogos de football ficaram muito populares entre as escolas tradicionais inglesas e também entre operários das fábricas que, por sua vez, terminaram por fundar cada qual suas respectivas ligas e clubes. Entretanto, cada escola, bem como cada liga operária, tinha suas próprias regras, e as disputadíssimas “peladas” nas faculdades ou fábricas – com jogadores provenientes de diferentes localidades – geravam discussões intermináveis sobre o andamento das partidas, além de inviabilizar qualquer tipo de torneio. Foi assim que, em outubro de 1863, na Taverna dos Freemasons, em Covent Garden, Londres, fundou-se a Football Association – a Associação de Futebol – com o objetivo de unificar as regras do esporte tendo em conta a forma como o Trinity College de Cambridge, jogava seu football e que, segundo alguns, captava o verdadeiro “espírito do jogo”.

O problema é que não houve um consenso (vejam que discussões e mesas redondas parecem fazer parte do DNA do esporte). Dentre os pontos de discordância, os principais foram as proibições do uso das mãos para conduzir a bola e da possibilidade de impedir a progressão do adversário chutando-o nas “canelas”, sinalizando para uma mudança mais radical na essência do jogo. Mesmo com algumas desistências, as regras do “futebol da Associação de Futebol” foram publicadas em dezembro de 1863 e logo se disseminaram pela Grande Londres. Seus praticantes diziam jogar o Assoc (pronunciado como ei-soc) football, que logo transformou-se em soc football e, finalmente, foi apelidado de soccer. Soccers eram também os jogadores do soccer, o que os diferenciava dos já conhecidos ruggers, alcunha dos que praticavam o Rugby football, provavelmente criado pela escola da cidade de mesmo nome, no qual a bola podia, claro, ser levada com as mãos por todos os jogadores, permitia-se o hacking (o ataque mais agressivo ao portador da pelota), além de contar com regras de off-side (impedimento) mais rígidas. O chute era (e é) permitido e, por isso, ele é também considerado um “tipo” de futebol.

O rugby seguiu seu próprio caminho, tendo que lidar igualmente com várias divergências relativas às regras, com a formação de ligas independentes e que, unificadas em 1871, permitiram a fundação da Rugby Football Union. Nas regras do “futebol da Associação” persistiam ainda menções sobre jogadas que, apesar de já não existirem, permanecem no rugby, no futebol americano e no futebol australiano, como o fair-catch (que, devido a modificações posteriores, veio introduzir o cabeceio liberando, assim, todas as partes do corpo como potencialmente utilizáveis para o jogo, exceto os membros superiores). Com a unificação, jogos entre várias equipes de diferentes localidades puderam ser disputados e as regras foram sendo aperfeiçoadas. O uso das mãos acabou por ficar restrito a apenas um jogador de cada equipe, o goalkeeper, transformando o “futebol da Associação” no único esporte coletivo praticado pela Humanidade no qual elas, as mãos, têm uma importância secundária, para dizer o menos.

As Mãos

De fato, a mão humana parece desempenhar um papel preponderante nos estudos sobre nossa evolução. A relação que sua incrível anatomia e seu funcionamento preciso têm com a confecção de instrumentos, criação de tecnologia e aquisição de vantagens evolutivas foi demonstrada por vários autores. Argumenta-se ainda hoje sobre o que teria vindo primeiro, se a potencialidade das mãos ou a necessidade dos utensílios, mas a nós interessa o fato de que o grande contingente manipulável de nosso mundo atual pode acabar mesmo por nos constituir como seres humanos [1]. Quem lida com um smartphone, martela um teclado de computador, dirige um carro, vira as páginas de um livro, toca qualquer instrumento musical ou simplesmente faz uma carícia no rosto da pessoa amada entende o que estou querendo dizer. As mãos, bem como seus complementos e/ou substitutos, que chamamos de instrumentos ou ferramentas, ocupam um grande espaço do que entendemos por humano. Sózinhas, representam um quarto do córtex sensitivo e um terço do córtex motor de nossa “massa encefálica”. Só abstraímos esse nosso modo “manual” de ser em pouquíssimas e raras situações. Uma delas é o futebol.

O futebol, esse mesmo, o association football, extirpou, em meados do século XIX, o “conceito de mão humana” do jogo. Ele é, portanto, anti-mão, já que elas foram alijadas “filosoficamente” daquele que viria a se tornar o maior de todos os jogos. No futebol, as mãos são estraga-prazeres. Tocar a bola com elas é passível de punição, seja com a marcação de uma falta ou mesmo de uma penalidade máxima, seja com o desprazer do gol não concretizado, gozo interrompido pelas mãos do guarda-metas que, assim, nos castiga. (A reposição da bola ao campo de jogo por meio do arremesso lateral é realizada com as duas mãos e segue regras muito rígidas de execução o que a torna um movimento bastante anti-natural). A ausência das mãos em qualquer ato humano é a negação de uma nossa própria essência. As mãos humanas são como a visão da águia ou o faro do cão. Impeça-os de usá-las e o que veremos é um misto de desorientação e impotência. Essa talvez seja a grande razão do sucesso do futebol pelo mundo. Ele já é em si uma superação.

Conduzir a bola com os pés e correr ao mesmo tempo não é prático, nem simples, nem natural. A conclusão é que o futebol é trágico e sua tragicidade consiste exatamente em criar uma guerra na qual se proíbe o uso de nossa melhor arma, mas que, apesar disso – agora já com requintes de crueldade -, permanece bem ali, muito próxima, tentadoramente à-mão. Sua anti-naturalidade atávica desencadeia o desejo pelo poder proibido das mãos e permite apenas uma saída satisfatória: sua conversão em superação estética. Mas, não seria essa a velha e já tão conhecida fórmula que volta-e-meia nos ajuda a driblar um dos nossos mais antigos e terríveis adversários? Talvez seja mesmo essa a razão do júbilo e do gozo ao vermos que nossa consciência da finitude, como um zagueiro tosco ou volante brucutu, cai vítima de uma bola entre as pernas, um chapéu ou desconcerto humilhante qualquer impingido pelo craque, que assim nos redime e eterniza.

Para delírio da torcida.

 

[1] Refiro-me aqui aos conceitos heideggerianos de Vorhandenheit, estar-aí, e Zuhandenheit, à-mão, cuja discussão o filósofo alemão usa não só para compreender a temporalidade como para ilustrar seu entendimento da questão do Ser, em Ser e Tempo.

Síndrome Pós-Pólio

Joaquin_Sorolla_Triste_Herencia

Por Meire G. (do Salada Médica) e Karl

Poliós (πολιός) em grego quer dizer “cinza”; myelós (µυελός), medula. Em 1874, o médico alemão Adolph Kussmaul (1822-1902) cunhou o nome da doença a partir de achados patológicos da medula espinhal de pacientes com a paralisia. A pólio já era conhecida dos egípcios constando em inscrições de 1400 AC, mas entrou para o hall da fama das moléstias humanas apenas na década de 50. A pandemia de poliomielite tomou de assalto a Europa e os EUA tendo como características peculiares, o alto número de casos do que foi chamado de pólio bulbar, no qual o paciente, a grande maioria crianças, perde a força da musculatura respiratória necessitando ventilação mecânica para não morrer sufocado.

O vírus da pólio é muito semelhante aos rhinovirus (RV), um dos causadores do resfriado comum, chegando a ter 45-62% de semelhança em seus genomas diferindo, entretanto, na construção da capa viral. Isso impede que o RV penetre na mucosa do intestino, mantendo-o nas vias aéreas superiores. Partilham entre si, no entanto, a alta infectividade de humano para humano, e daí as consequências desastrosas para o caso da pólio.

O último caso de poliomielite no Brasil data de 1990, tendo sido considerada erradicada das Américas em 1994. Em 2000 foi declarada oficialmente eliminada de 37 países do Pacífico Ocidental incluindo China e Austrália. A Europa foi declarada livre da pólio apenas em 2002. Em 2012, a pólio permanecia endêmica somente em três países: Nigéria, Paquistão e Afeganistão, muito devido a problemas religiosos associados à distribuição das vacinas à população. Infelizmente, o vírus da Polio acometeu muitas pessoas no Brasil deixando um número considerável delas com a conhecida deficiência física. Por outro lado, boa parte das pessoas com sequelas adaptou-se à limitação, cresceu, teve filhos, trabalha. Assim como outras pessoas com necessidades especiais, elas brigaram por seus direitos e hoje há reserva de vagas para elas em concursos públicos e em empresas privadas.

Muitos desses adultos estão enfrentando uma segunda grande batalha da doença: a síndrome pós-poliomielite (SPP). Boa parte dos médicos brasileiros em atividade hoje – nos quais nos incluímos – nunca viu um caso de pólio aguda, mas todos conhecemos suas sequelas. Agora é necessário uma atualização para o diagnóstico dessa complicação tardia de modo a dar o encaminhamento correto aos nossos pacientes. Há um interessante manual sobre isso disponível em pdf para download aqui.

A SPP vai se instalando devagar, depois de muitos anos: a perda de funções que as pessoas  tão bravamente conseguiram manter ocorre por volta dos 35 anos anos de idade, justamente na fase em que estão se estabilizando na vida e cuidando dos seus filhos.

O que ocorre?

A pessoa começa a apresentar um declínio das funções do membro acometido pela Polio no passado. Pode haver, em maior ou menor grau, cansaço, dor, alteração na mecânica do corpo, sintomas psicológicos, déficit de memória e piora da atrofia muscular, inclusive com osteoporose associada. Nos casos mais sérios pode haver inclusive alteração na deglutição e na respiração.

O enfoque principal do tratamento é a fisioterapia motora, além dos cuidados de se evitar exposição a agentes tóxicos para o tecido nervoso, como as bebidas alcoólicas. Evitar o excesso de peso e uso de órteses de compensação, com bengalas, por exemplo, são estratégias que não podem ser esquecidas. Outra coisa importante: a exposição a baixas temperaturas é um agravante para a dor.

Os trabalhadores sintomáticos devem passar por consultas com médicos do trabalho a fim de, preferencialmente, serem reabilitados para uma função compatível com o novo quadro. Os trabalhadores em situação de invalidez devem ser encaminhados para exame médico-pericial, de acordo com o regime de previdência ao qual estejam vinculados.O trabalhador em alto risco social e que não esteja vinculado a nenhum seguro sendo, portanto, excluído do direito à percepção de benefícios por incapacidade, deve entrar com um requerimento de Amparo Social junto ao INSS, através do telefone 135.

A atual geração de médicos, esperamos, seja a última a ver tais casos. Tomara a SPP seja o último suspiro da nêmesis humana que foi a poliomielite e que ela sobreviva apenas em interessantes obras ficcionais como a de mesmo nome de Philip Roth. A SPP e as obras de arte servem para lembrarmos do medo e da tristeza que ela espalhou e ora espalha, para comemorarmos nossas conquistas e jamais esquecermos daqueles que trabalharam para que nos víssemos livres. Ao menos desse mal.

wyeth_christina

~ o ~ o ~

Figura acima. Triste Herência. de Joaquín Sorolla (1863-1923). 212 cm × 288 cm, 1899. Coleção privada. A obra representa uma cena real da praia de Cabañal na cidade de Valência na Espanha. Nela são representadas crianças com problemas locomotores em um banho de mar em busca de suas propriedades curativas. A figura central é muito sugestiva de uma criança com as características sequelas da poliomielite, bastante comum na época, sendo amparada por um religioso da Ordem de San Juan de Dios.

Figura abaixo. Christina’s World de Andrew Wyeth (EUA, 1917-2009) de 1948. Têmpera em painel gessado. 81,9 x 121,3 cm. Museum of Modern Art, New York. Anna Christina Olson (1893-1968) foi acometida por uma doença degenerativa que a impediu de andar por volta de 1920. Apesar de não ter o diagnóstico correto, a paralisia foi atribuída à poliomielite. Wyeth a conheceu quando ela tinha aproximadamente 50 anos, apresentada por sua futura esposa, Betsy. A figura feminina que rasteja em direção à sua casa da fazenda, de fato a propriedade dos Olson, tem as pernas de Christina e o jovem torso de Betsy, à época, com pouco mais que vinte anos.

O Esquema Brasileiro de Citações e a Vira-Latice

Citation Stacking

Figura do artigo da Nature citado abaixo.

A Clinics, revista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP teve, juntamente com outras 4 revistas brasileiras, conforme noticiado aqui há 2 meses, a divulgação de seu fator impacto suspensa por 1 ano por práticas de citação anômalas. O professor Maurício Rocha e Silva, editor-chefe da revista, enviou uma carta-resposta a este blog, publicada em 27 de Junho do corrente ano, dando suas explicações. Desde então, nenhuma outra manifestação foi ouvida ou publicada; ao menos ao que nos foi dado saber. Até que, em 29 de Agosto, o jovem e ativo editor-assistente de notícias da fleumática NatureRichard Van Noorden, publicou um artigo em tom não muito elogioso, sobre o que foi chamado de “esquema brasileiro de citações”. O artigo mostra o processo de stacking citation (citação cruzada) utilizado pelas revistas brasileiras para inflar suas avaliações (ver figura acima). Deixa também claro que a forma com a qual a CAPES julga as publicações de seus bolsistas – o sistema QUALIS – do qual já falamos aqui e aqui, e no qual o fator impacto (FI) tem grande importância, gerou uma “adição” dos pesquisadores brasileiros ao alucinógeno FI. Segundo Van Noorden deixa transparecer por intermédio de declarações escolhidas de Rocha e Silva, tais distorções seriam fruto dessa política de avaliação da CAPES.

Não acho, particularmente, que uma coisa justifique a outra, nem, tampouco, a explique e esse é o verdadeiro problema. Além disso, nessa discussão ninguém citou o fato de que há um preconceito velado contra publicações latino-americanas. É muito difícil para um pesquisador brasileiro publicar seus estudos em jornais internacionais de grande impacto, mesmo quando o estudo é bom. Pior, mesmo que tal façanha ocorra, seu índice de citações é mais baixo do que o de seus pares do hemisfério norte, como mostra o interessante estudo dos professores Rogério Meneghini e Abel Packer citado abaixo (e que também já comentei). Por outro lado, fiquei sabendo, oficialmente, que o prof. Rocha e Silva não era mais o editor-chefe da Clinics pela Nature. Isso é um absurdo! Em todos os três posts nos quais divulguei e discutimos a notícia sobre a suspensão das revistas brasileiras venho cobrando uma manifestação oficial dos editores. Essa manifestação ainda não havia ocorrido até onde sei.

Hoje, 30 de setembro, recebi o email que publico integralmente abaixo (no original, em inglês):

POSITION STATEMENT

Wagner Farid Gattaz, Edmund Chada Baracat

In the light of the recent facts, we are working together with the Governing Council of Hospital das Clínicas and the Dean of Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, on implementing a new structure for the Editorial Board, which will consist of a joint Editorial leadership shared by a Scientific Editor, an Administrative Editor, and Associate Editors. Area Editors and the Editorial Office structure will not be altered.

All efforts are being made to ensure that Clinics continues to be one of the most important Brazilian scientific journals, and to reaffirm our commitment to high level scientific research, ethics, and transparency. CLINICS citation data will be permanently monitored and made available to all.

We look forward to returning to the Journal Citation Report (JCR) in June 2014, and to receiving a promising Impact Factor for 2013.

Esta carta está estampada na homepage da Clinics. Nenhuma menção à saída do prof. Rocha e Silva foi feita. Apenas um evasivo “à luz dos recentes fatos…” e uma declaração de compromissos com o batido “todos os esforços estão sendo feitos…” Eu insisto em uma explicação mais declarada do ocorrido, um pedido de desculpas, uma revolta contra a miséria intelectual do fator impacto, um libelo contra a Thomson Reuters, a exemplo aliás do boicote contra sua rival a Elsevier, um manifesto contra a CAPES e o QUALIS, um ode ao Open Access, ao modelo PLoS, sei lá…  Muita gente utilizou o artigo do Van Noorden como a pá de cal no FI. Eu vi nesse lastimável episódio de “falcatruas citacionais” a possibilidade de uma reação, de uma exposição de nossa situação terceiro-mundista frente as grandes potências científicas e suas “reservas de mercado”. O Brasil poderia liderar um grupo de vozes contra o monopólio das editoras e índices que nos dizem o quanto um pesquisador é bom ou mau, que estabelecem o preço absurdo das assinaturas de revistas e que, por fim, são quem determinam o maior viés de publicação.

Uma carta desenxabida e colonizada como esta só faz crer mesmo no pior.

Referências

Van Noorden R (2013). Brazilian citation scheme outed. Nature, 500 (7464), 510-1 PMID: 23985850

Meneghini R, Packer AL, Nassi-Calò L (2008) Articles by Latin American Authors in Prestigious Journals Have Fewer Citations. PLoS ONE 3(11): e3804. DOI:10.1371/journal.pone.0003804