Publicado
1 de fev de 2009
Por trás da pergunta aparentemente inocente do último post, está uma questão que só pode ser respondida quando ampliamos o conhecimento médico com conceitos evolutivos, coisa pouco frequente, como já se disse.
A pressão arterial tem obviamente a função de perfundir tecidos e mantê-los metabolicamente ativos através do fornecimento de fontes energéticas e do próprio oxigênio; pode-se entender isso seja no nível celular ou microcelular (mitocondrial). Todos os animais citados no último post e o próprio homem têm pressão arterial de 120 x 80 mmHg, independentemente da posição ereta ou prona. Em relação às aves, a coisa não difere muito. Seguem exemplos de pressão arterial média em mamíferos e aves.
Modificado de Altman P L, Dittmer D S. Biological handbooks: Respiration and circulation.
Federation of American Societies for Experimental Biology, Bethesda, 1973
Quando analisamos répteis, anfíbios e peixes temos uma surpresa. A tartaruga tem pressão arterial de 34×29 mmHg. Os sapos, em média, 35×24. Os peixes têm a PA medida na aorta ventral, tudo em mmHg, são exemplos: bacalhau (29×18); dipnóicos (40×25), salmão (81×48); truta (40×32); cação (30×24). Por que pressões tão baixas e nos mamíferos e aves, tão altas? A questão hidrostática parece realmente ser a determinante no caso da girafa, mas e quanto ao inexplicável peru? Essa ave “natalina” tem a mesma pressão da girafa e quando não frequenta os fornos de fim-de-ano não é infrequente morrer de rutura espontânea de aorta por hipertensão! A pressão de perfusão tampouco parece dar conta de toda a explicação. Se considerarmos a diferença entre a pressão sistólica e a diastólica, no caso do homem, temos 120 – 80 = 40 mmHg, que é a pressão de perfusão média do organismo. Por que uma pressão tão alta se poderíamos ter a mesma pressão de perfusão com 80×40 ou mesmo 40×0 mmHg como no caso dos peixes?
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