A Morte de um Leão

A  L.F.P.F

Lição de Biologia Comportamental – quando um leão morre, os outros leões, de juba sensivelmente menor, ficam cabisbaixos. Leões mais velhos ficam como que por apreender o sentido que seus pelos brancos no focinho não traduziram em signos inteligíveis. O leão morto jazz on the ground. O sentido se descola da coisa-em-si, como se algum dia estivesse unido à ela, hehe. Aquele chumacinho preto de pelos da ponta do rabo do leão, que já não tinha nenhum significado, não tem o menor propósito ali, no chão. O bando caminha de um lado para o outro sem querer chegar a lugar nenhum. É curioso o andar dos leões. Eles dobram a pata mais do que o necessário para caminhar. Isso, às vezes, dá um ar jocoso ao andar mas, sem dúvida, elegante. Leões são preguiçosos e não costumam andar à toa. Matam e não lidam com a morte.

De repente, um leão mais jovem lança um rugido terrível. Um rugido de dor e sentimento. Magnetizados, leões e leoas, filhotes, hienas, macacos, toda a variedade de pássaros e passarinhos se orienta pelo vetor do rugido. Em Biologia Comportamental moderna isso pode muito bem ser interpretado como uma tentativa de demarcação territorial e liderança. Em leonês, é saudade mesmo.

Tchau, Leão.


Toca do Leão (hoje de manhã)