Homens
Os gregos tinham pelo menos três palavras para dizer “homem”. Quando queriam dizer “homem” em oposição a mulher, dizia-se andrós. Andrós é o homem viril e herói, de onde vêm os nomes André, Alexandre (Alexandrus), Leandro e outros. “Homem” com o sentido de humanidade e em oposição aos animais era anthropos, de onde vêm as palavras antropologia e misantropo (o “anti-social”). Quando “homem” estava em oposição aos deuses, a palavra mais correta era brotós, ou thnetos, o que morre, cuja raiz gerou a tanatologia – o estudo da morte e do morrer.
Quem é o “homem” que adoece e ao qual o médico deve dispensar seus cuidados é uma pergunta interessante dentro desse contexto. Nas tragédias gregas é explorado justamente o aspecto finito do homem perante aos deuses e o brotós, predomina. Mas há referência a todos, dependendo de cada situação. Em que pese o fato de haver médicos andrologistas, aqueles que cuidam de fertilidade e disfunções sexuais masculinas, acho que o médico em geral cuida mesmo, ou pelo menos deveria, do brotós/thnetos. Qualquer doença desperta a consciência de que não somos eternos e podemos morrer a qualquer momento. Um médico não pode nunca esquecer-se disso, mesmo quando trata de doenças banais.