Terminei de ler… As pontes de Madison

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Mais um livro que vocês vão dizer “O que que isso tem a ver com biologia?” pra depois de ler o artigo, descobrir que eu ainda sou mais nerd do que vocês pensavam.
Meu lado que chora em filmes sempre chora quando assiste ‘Grandes Esperanças‘ e ‘As pontes do Madison‘. São ou não são dois filmes lindos?
Por isso, quando alguém puxou o livro “As pontes de Madison” de Robert Waller da estante para ler uma citação (o que já sugere que minha noite de Reveillon foi super tranquila) eu sequestrei o livro. Como o filme, é um livro de grande sensibilidade e muito bonito.
Mas me chamou atenção como Francesca se impressiona legitimamente com Richard por sua grande ‘sensibilidade’ na frase a seguir:

“O motivo não era importante. Não era esse o modo pelo qual abordava a vida.
‘A análise destrói as coisas inteiras. Algumas coisas, coisas mágicas, devem permanecer inteiras. Se você olhar por partes, elas desaparecem.’ Foi isso o que disse.”
Apesar de ser uma frase muito bonita e de grande impacto, eu tenho minhas reservas se ela é realmente util.
Por isso me lembrei de uma coisa que li no livro “A Tripla Hélice“, de Richard Lewontin faz duas colocações que estão relacionadas a isso.
Ele começa assim:
“Para criar sua teoria da evolução, Darwin teve de dar um passo revolucionário nas concepções a respeito dos organismos e do ambiente. Até então não havia uma demarcação clara entre processos internos e externos.(…) Darwin promoveu uma ruptura profunda com essa tradição intelectual ao alienar o interno do externo: ao estabelecer uma separação absoluta entre os processos internos que geram o organismo e os processos externos, o ambiente, em que o organismos deve operar.”
E segue algumas páginas adiante:
“A alienação do externo em relação ao interno elaborada por Darwin foi um passo absolutamente essencial para o desenvolvimento da biologia moderna. Sem ela, ainda estaríamos chafurdando na lama de um holismo obscurantista que misturava orgânico e inorgânico em um todo impossível de ser analisado. Mas as condições necessárias para o progresso em um estágio da história transformam-se em obstáculos para o progresso em outros estágios. Vivemos em um tempo em que a continuação do progresso no entendimento da natureza requer que reconsideremos a relação entre externo e interno, entre organismo e ambiente”.
Como sempre, a esperteza na natureza não estar em escolher ‘uma’ ou ‘outra’ estratégia e aplicá-la com habilidade. Mas na habilidade de optar por uma ou outra a cada dado momento.

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