Camisinha na cabeça

Todo ano, na época do Carnaval, faço no VQEB uma campanha pelo uso da camisinha. Esse ano, resolvi vestir a campanha e levá-la a todos os blocos do Rio de Janeiro. O resultado foi esse:

Para quem, como eu, passa o ano todo esperando pela folia, não deixe de aproveitar os últimos blocos que ainda sairão no final de semana. E use camisinha!

Foto: tirada no Aterro do Flamengo na saída da Orquestra Voadora; camisa da ‘Posto 9’ (confecção do italiano Ciccio Panza); cordão dos Filhos de Gandhi (porque mesmo no carnaval do Rio, meu coração bate pela Bahia) e cerveja do Vascão (que bateu, brilhantemente, de virada, o timininho por 2×1 há dois dias)

Quem foi que disse?

Fiquei tão impressionado com a velocidade que meus leitores esclareceram a questão da autoria da frase “Me perdoe está longa carta, é que não tive tempo para escrever uma curta” (veja aqui) que e resolvi propor um no enigma: A Obesidade Mental!

O texto a seguir é um trecho do livro “Obesidade Metal” de Andrew Oitke:

“O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades: Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.”

O texto chegou até mim em um daqueles e-mails repassado por 587 pessoas. Mas a mensagem era importantíssima e eu comecei a usar a citação em aulas e palestras. Como eu não gosto de citar livros que eu não li (ainda que eu cite Homero sem ter lido a Ilíada e a Odisséia) achei por bem comprar o livro e lê-lo. Certamente haveria mais coisa interessante. Entrei no Submarino e… nada. Saráiva, FNAC, Cultura… nada. Recorri então a Amazon e… nada. Título em Português, título em espalnho, título em inglês… nada. Busca pelo nome do autor… nada também. Comecei a desconfiar que havia alguma coisa de errado. Se você digitar o título do livro e o nome do autor, aparecem muitas, muitas páginas, mas todas com o mesmo trecho do livro (uma variação mais extensa do excerto acima). Mesmo que em outro idioma, o trecho é o mesmo.

Entrei no site de Harvard, de onde teoricamente o autor é afiliado e… nada.

Finalmente conclui: o livro não existe e o autor não existe.

Alguns sites já comentam que o livro não existe, mas ninguém consegue identificar a fonte da história. Tem algum nome pra esse tipo de conto do vigário? Uma pena, eu gostaria de ouvir o que esse cara tem a dizer.

Foi o Google quem disse…

Essa eu tenho que dividir com vocês, principalmente com aqueles que consideram o ‘Google’ não mais uma ferramenta de acesso ao conteúdo e sim a ‘fonte’ do conteúdo em si. Não é! Mas o mais importante é ter clareza de que a frequência com que uma informação aparece no Google também não é um critério de veracidade dessa informação, como eu já falei aqui.

Estou escrevendo um capítulo sobre escrita criativa para o livro organizado pelo prof Eduardo Bessa e quis falar sobre a famosa citação: “Me perdôe a carta longa, não tive tempo de escrever uma curta”, que eu tenho escutado com cada vez mais freqüência. Hoje em dia a quantidade é cada vez mais um critério de qualidade, mas com uma relação inversamente proporcional: quanto menor você conseguir fazer o seu texto, melhor.

“A César o que é de Cesar”. Como eu sou um cara correto, quis dar ao autor da frase a celebridade que ele merece, e para isso fui consultar o ‘oráculo’.

Uma pesquisa no google usando os termos: “desculpe” “longa” “carta” “tempo” “escrever” “curta” traz as mais diversas referências, indicando as mais diversas personalidades como autores da célebre frase:
“Foi o escritor Mark Twain, que ao responder a um correspondente seu que reclamou do tamanho enorme de uma carta sua, disse: ‘Me desculpe, não tive tempo de escrever uma carta curta, por isso ela foi longa mesmo’.
‘Desculpe a longa carta, escreveria outra, menor, se tivesse mais tempo’ disse Descartes a um amigo.”
“Para eliminar o desnecessário, é preciso coragem e também mais trabalho. (Blaise) Pascal terminou uma carta de 4 páginas a um amigo dizendo: ‘desculpe-me tê-lo cansado com uma carta tão longa, mas não tinha tempo para escrever-lhe uma carta breve’.

“Por serem minhas postagens muito longas. Lembrei-me de imediato de uma frase de Voltaire: ‘Perdoe-me, senhora, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta’.
“…pois como disse um escritor respondendo uma carta ao amigo (acho que foi Fernando Pessoa) ‘desculpe minha resposta longa, mas não tive tempo para fazê-la mais curta’.

Quando contei pelo menos 5 autores completamente diferentes pela sua origem, período de vida, atividade etc, desisti. O critério de frequência (número de vezes que um autor aparece) me colocaria entre Mark Twain e Blaise Pascal, o de antiguidade me remeteria a Descartes, mas dado que Pascal viveu na mesma época, poderia ter sido ele também.

Dessa vez, não deu. Nem com minhas habilidades arqueólogo-internauticas eu consegui identificar o autor. Daqui pra frente, acho que vou fizer que fui eu quem disse.

Diário de um biólogo – segunda, 13/02/2012 – Assembléia

Chego em casa e como um pacote de amendoins. É segunda-feira e a maldita piscina está fechada (ela passa mais tempo fechada do que aberta, apesar do quanto deve custar ao condomínio) e eu estou cansado demais para correr. Recorro ao amendoin, me controlando para não abrir uma cerveja. Não resisto, pego mais um pacote de amendoins e abro uma cerveja.

Sai de uma reunião de 4 horas com o corpo docente da pós-graduação do Instituto de Biofísica da UFRJ. Uma reunião longa e tensa.

“Somos um curso de pós-graduação grande, que fez a opção de se manter multidisciplinar enquanto outros se fragmentaram criando cursos com diferentes níveis de qualidade” disse a coordenadora.

Sabe quando uma empresa grande quebra, por má administração, e ai se transforma em duas, uma com a parte boa pra ser vendida e outra com a parte ruim que acaba falída na conta de algum credor (em geral o governo)? Mais ou menos a mesma coisa. Colocam o Filet mignon de laboratórios, orientadores e orientados em um curso nota 7 (a nota máxima conferida pela CAPES) e deixam os outros em cursos 5, 4, 3… Uma vergonha!

“Nossas atividades diversificadas contam muito como critério de qualidade, o diferencial para que um curso nota 5 se torne um curso nota 6 ou 7. Mas para que um curso se torne 5, ele precisa atender alguns critérios de quantidade…”

Tudo é dose… já falei sobre isso aqui! Qualidade demais te dá pouca quantidade. Quantidade demais, te dá pouca qualidade. Mas como qualidade é subjetivo, então… temos um grande problema.

“Precisamos que nossos docentes publiquem mais, precisamos também que eles publiquem em revistas melhores. E precisamos ainda que nossos alunos sejam autores. Mas temos cada vez menos alunos se inscrevendo na pós-graduação e cada vez menos sendo aprovados nos processos seletivos.”

Até aqui, apesar das notícias não serem boas, eu não estava me preocupando. Eu conseguia identificar claramente o problema que, verdade seja dita, já se anunciava no horizonte.

O problema é que nem todo mundo vê o problema do mesmo jeito.

“Se sua unica ferramenta é um martelo, você tende a ver todo problema como um prego” disse Abraham Maslow.

Isso ficou muito claro hoje com relação as propostas que foram apresentadas. Elas não solucionavam efetivamente os problemas, mas eram as ferramentas que estavam a disposição. Só que… NÃO ADIANTA! O problema não vai desaparecer por causa da nossa boa vontade em resolvê-lo!

Eu sou um cara prático. Tive que aprender a ser prático, porque sempre gostei de conviver em meio aos grandes. E os grande… bem, eles tem muito pouca tolerância com os pequenos. Então se aprende a ouvir muito e falar pouco, a saber distinguir entre o que é viável e o que não é, e, principalmente, quais lutas enfrentar e quais lutas abandonar. É verdade que nunca se sabe o suficiente sobre isso, mas acho aprendi muito. E hoje vi que aprendi mais do que muitos dos grandes que eu achava que tinham a ensinar.

Mas falar sobre o conflito de gerações hoje seria justamente perder o aspecto prático da discussão. Ele existe, está lá, e desejar que ele não estivesse é pouco prático: o conflito de gerações continuará lá! Eu deveria aprender a lidar com ele. A questão, é que isso não é prático também.

Eu não sou comunista. Também não sou capitalista. Não sou a favor da tirania, mas também não sou a favor da democracia. Eu só acredito nas ‘Estratégias Evolutivamente Estáveis’ (sobre as quais eu já falei aqui). Podemos discutir amplamente um problema em busca de idéias, mas não em busca de consenso! Consenso é muito bonito na teoria, mas na prática é muito mais difícil do que almeja a nossa vã humanidade, e mesmo quando ele é possível, em geral chega tarde demais.

“Quando se tenta resolver um problema técnico de forma política, muitas vezes acabamos com dois problemas: o técnico que não foi resolvido e o político que foi criado”. A frase (algo parecido com isso) é de Phillip Howard, autor do livro ‘A morte do bom senso’, sobre o qual eu já falei aqui.

Me desespero, primeiro com as opiniões das pessoas que, em princípio, deveriam saber mais do que eu;  mas depois me desespera simplesmente o fato das opiniões serem tantas e tão variadas que é óbvio que o consenso é impossível. E ainda que as pessoas concordassem quanto ao problema, ainda restaria estabelecer as prioridades. E nunca… nunca, jamais, em tempo algum, haverá consenso quanto as prioridades.

É preciso uma mudança radical de olhar, é preciso inovação, é preciso pensar ‘outside the box’, é preciso coragem! A solução depende de algumas outras coisas, mas basicamente do que se está disposto a abrir mão e do quanto estamos dispóstos a nos comprometer com a solução do problema.

E foi ai que eu me toquei… e que o desespero se abateu sobre mim.

Não tem solução! Vivemos em um país que tolera a corrupção de tal maneira, que crianças são aprovadas automaticamente nas escolas para criar indicies de escolaridade que beneficiem os governantes. Se algo tão deplorável é aceito pelos políticos, e pela sociedade, que esperança podemos ter que os valores das bolsas de pós-graduação serão revistos? Minha aluna de IC ganha menos que um pedinte no sinal, minha aluna de mestrado menos que minha faxineira e meu aluno de doutorado menos que meu porteiro! Que esperança podemos ter do problema das importações ser resolvido? De termos alojamento, transporte e alimentação decentes para os alunos que vem (do e) de fora do Rio?

Não, a universidade é engessada demais para poder resolver esses problemas. A solução terá de vir de outro lugar. Não sei ainda que lugar é.

Oficina de Escrita Criativa em Ciência 2012

Vai rolar a primeira oficina de escrita criativa em ciência do ano. Aproveite! Veja o convite abaixo e inscreva-se.

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Por que as ostras são afrodisíacas?

“Ciência é difícil…”

“Ciência é chato…”

“Cientistas são chatos…”

Quantas vezes já ouvi isso… Tudo mentira! A ciência é o maior barato!

Sim, existe ciência e cientistas chatos. Assim como existem advogados chatos, bombeiros chatos e (meu deus, quantos) pedagogos chatos.

Saber ciência é divertido e eu vou provar pra vocês. Esse vídeo foi gravado ontem, no aniversário da belíssima Roberta Foster, minha amiga dos tempos de São José, quando fomos da 7a série H (a lendária ‘Equipe Cão’); na presença de outros ex-Maristas feras: a acupunturista Bia Korb, o alquimista Maurício Simão e a cantora Ana Cuba (mulheres de Holanda). Mas foi o advogado Paulo Melo que fez pergunta que gerou o primeiro podcast do VQEB.

“Mas Mauro, você que é biólogo…”

Faltou dizer exatamente o papel do Zinco, ainda que ele não seja exatamente conhecido.

Existem muitas evidências que o Zinco é necessário para manter os níveis normais de testosterona no plasma sanguíneo. A deficiência de Zinco pode impedir a liberação de hormônio luteinizante e do hormônio folículo estimulante pela glândula pituitária (hipófise), que estimulam as células de Leydig, nos testículos, a produzir a testosterona. Muitas estudos mostram que as concentrações de Zn estão diretamente relacionadas as concentrações de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) no sangue.

Mas a ação do Zinco poderia ser no próprio testículo: além da sua participação na síntese de proteína, o zinco estaria envolvido na ligação do T3 com o seu receptor nuclear. De fato, existem dois ‘Zinc Fingers’ na estrutura do domínio de ligação do Receptor Andrógeno humano. Os ‘dedos de zinco’ são muito bem conhecidos e receberam esse nome pela semelhança da estrutura que eles formam ao articular um átomo central de Zn com 4 cisteínas adjacentes que ajudam a estabilizar a ligação da proteína ao DNA, com os dedos de uma mão. Assim, a deficiência nos níveis de testosterona circulante seria causada pele redução na liberação de testosterona em consequência da inabilidade das células de Leydig em responder as gonadotrofinas.

O Zinco também inibiria a aromatase que converte o excesso de testosterona em estrogênio, fazendo com que ela funcione mesmo na ausência de excesso e levando ao acumulo de estrogênio (que diminui a libido e provoca aumento de peso, principalmente em homens mais velhos). Isso pode ser ainda mais agravado pelo consumo regular e excessivo de álcool, que diminui a carga corporal de Zn.

Chato é o Big Brother Brasil!

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