Por que o nariz do cachorro é frio?

A pergunta foi feita por uma borboleta para a tia Dani, que não sabia responder mas disse que tinha um tio biólogo que saberia. Então, inaugurando o VQEB das crianças, vamos a resposta.

Quem já não teve febre? E sentiu o corpo quase pegando fogo?

A temperatura ideal do corpo é em torno de 36 oC. Mas e quando a temperatura lá fora está em 15oC (fazendo frio) ou então em 42oC (fazendo o maior calorão)? Vocês já repararam que o nosso corpo matem mesma temperatura?

Boa parte da nossa energia é gasta sem que a gente precise correr ou brincar. Apenas, para manter a temperatura do corpo em 36 oC. E pra isso, a gente precisa então ter uma maneira de economizar calor quando está frio lá fora, ou de liberar calor quando está muito quente no corpo da gente.

Para o coração bater, o sangue circular, o pulmão respirar, e até para o cérebro pensar, você gasta energia. Essa energia, é o calor que esquenta o corpo. Quando está muito frio, essa energia não é suficiente pra esquentar a gente, então, temos duas escolhas, fazer mais exercícios, ou proteger a péle com uma conerta ou um casaco, pro calor não ir embora.

Mas porque a péle? Por que no corpo dos humanos, a pele é o principal órgão para equilibrar a temperatura. Quando sobra calor no corpo, ele vai, devagarzinho, saindo pela péle. Você nunca encostou a mão em uma pessoa e viu como ela é mais quente que uma madeira, ou uma barra de ferro? É o que a gente chama de “calor humano”?

Quando o corpo está muito muito quente, o calor sai mais rápido pela pele, e leva água junto com ele: é o suor! Por isso que a gente sua quando corre muito, para mandar calor embora e continuar com noss temperatura de 36 oC

A outra forma de perder água e calor é pela respiração. Quando a gente está com febre, o ar que sai do nariz está mais quente.

Mas vamos lá… e o cachorro? A péle do cachorro é toda recoberta de pêlos. Isso impede que ele possa trocar calor pela péle, que nem a gente faz. Ele manda calor para fora do corpo principalmente pelo ar que ele respira. E quando o ar vai embora, levando calor junto com ele, deixa o nariz do cachorro meio molhado (da água do ar que ele respira) e mais gelado (porque o calor está indo embora junto com o ar). Pela mesma razão o bico dos passaros é o único lugar onde eles “sentem frio”. Vocês nunca repararam nos pássaros que pra se proteger escondem o bico debaixo da asa?

O outro lugar de troca de calor é, blarght!, pela baba. Respirando pela boca e soltando muita baba, que funciona como o nosso suor!

Segundo os especialistas, O nariz gelado é um sinal de saúde. O nariz quente e seco é sinal de febre no cão e você deve levar ele logo a um veterinário.

As travessuras dos genes egoistas

Durante uma espera de 6h no aeroporto do Rio, que me levou direto para a livraria mais próxima (e depois pra pizzaria mais próxima e pro chopp mais caro do Rio), o título do novo livro do Mário Vargas Llosa me chamou atenção: “As travessuras da menina má”. O livro foi devorado em 3 dias.

Mas o que isso tem a ver com a biologia? O egoísmo da “menina má” e o altruísmo do bom menino, talvez pelo seu desmedimento, me levaram a pensar nessas duas características como estratégias de vida. Não, eu não sou o primeiro a pensar nisso. Existe todo um ramo da biologia chamado sociobiologia que fala muitíssimo a esse respeito. Nem sempre com muita propriedade, é verdade, mas fala (não sei se é exatamente uma falta de propriedade. Talvez apenas uma forçação de barra. Quando tentamos encontrar uma explicação para uma fato que já aconteceu, é sempre fácil encontrar uma que seja plausível). E a sociobiologia exagera.

A cooperação entre indivíduos da mesma espécie tem sido tema muito controverso. Veja as abelhas e as formigas. Parece que existe muita cooperação entre elas. Mas olhando por outro ângulo, o que existe é escravidão. E você pode pensar que a rainha é uma felizarda que come geléia real. Mas quem come geléia real mesmo são as larvas das abelhas, e a rainha é uma pobre coitada cuja única função no universo é colocar ovos. Um depois do outro! Até morrer.

Eu teria de ler novamente o “Gene egoísta” pra poder ir a fundo no tema com vocês, mas vamos tentar simplificar: O Richard Dawkins desenvolveu essa teoria de que nós somos maquinas, robôs desengonçados, controladas pelos nossos genes. E o único objetivo deles fazer maquinas cada vez melhores para desempenhas a sua função primordial: passar os genes adiante. Na verdade, essa não seria a função primordial e sim a única função! Comer, pensar, sentir… todo o resto serve apenas para gente poder passar os genes adiante. E tudo que entre no caminha desse objetivo primordial, deve ser relevado a segundo plano. Por isso, o egoísmo é a estratégia mais importante para o indivíduo. Somos egoístas por natureza, mas também por causa dos nossos genes. Então como explicar a cooperação entre os indivíduos? Como explicar o altruísmo?

A questão é que nós temos genes em comum com outros indivíduos da nossa espécie. Condividimos 50% dos nossos genes com nossos pais e irmãos, 25% com nossos primos e assim por diante. Se continuássemos na verdade chegaríamos a razões ínfimas de compartilhamento de genes (com um primo de 8º grau chegaria a 1/250), mas alguns estudos mostram que temos pelo menos 1/8 dos nossos genes semelhantes aos de qualquer outra pessoa na rua. É justamente essa semelhança que faz com que os nosso genes, “egoístas” por natureza, nos permitam esses comportamentos altruístas.

Quais comportamentos? Os pássaros que quando encontram um predador ao invés de se esconderem e salvar a própria vida, gritam, chamando atenção para si, mas salvando as vidas dos outros indivíduos do bando, por exemplo. Mas todos vocês devem ter um monte de outros exemplos de atos de altruísmo, até de heroísmo.

Não acho que precisamos dos genes para explicar os comportamentos sociais. Mas com o mundo lindo e estranho em que vivemos, é tentadora a idéia de que o altruísmo é apenas uma outra face do egoísmo. Ainda que não expliquem a “niña mala” ou o bom menino do Vargas Llosa, porque afinal não dá pra explicar maus tratos e tortura, ainda que psicológica, daria pra explicar muitas das belezas estranhas que encontramos no nosso caminho.

Somos todos egoístas. O que determina a nossa capacidade para o altruísmo é nossa história de vida. Talvez o número de “niñas malas” ou “bons meninos” que a gente encontra pelo caminho.

O importante é que você não seja apenas egoísta ou altruísta. Ser apenas egoísta ou apenas altruísta é uma estratégia ruim (por ruim devemos entender, menos eficiente a longo prazo), que uma mistura balanceada dos dois. E por isso a gente quebra a cabeça tentando determinar o equilíbrio exato entre um e outro.

O que eu acho que é mais importante é a gente não se enganar. Se você quer ser egoísta, tente não disfarçar de altruísmo. Criar confusão é uma estratégia ruim se o seu objetivo não é despistar, confundir e fugir. Pensando, pensando, vamos ver que os meninos bons devem ser mais egoísta que as “niñas malas”.

Reconhecer nossos egoísmos é reconhecer nossa humanidade. E nossa natureza animal. Mas exercitar o altruísmo, alem de bonito, e útil também.

Mil


O Blog ultrapassou o milésimo acesso. Não posso negar que me sinto feliz e orgulhoso. As pessoas que aqui chegam em geral gostam do que lêem, muitas vezes voltam e algumas vezes, se tornaram assíduas. Os comentários e as perguntas ainda são poucos, é verdade, mas vamos melhorando um passo de cada vez.

Mas vocês já se perguntaram porque o número 1000 exerce todo esse fascínio? Seja na virada do milênio, seja no dia que seu Blog chega a mil acessos?

Na época da virada do milênio, li um livrinho (mesmo, tinha aquele formato de bolso) chamado “O milênio em questão”, de um biólogo evolucionista espetacular chamado Stephen J. Gould. Ele mostrava que a natureza humana, em sua incansável busca por explicações, razões ou compreensões, acabou determinando arbitrariamente a importância desse número sem que ele determinasse absolutamente nada na natureza.

Alias, muitas outras questões relacionadas com contagens e calendários são puramente arbitrárias. Os dias da semana em sete, as estações do ano em 4… a lista segue.


A natureza nos brindou com 3 ciclos: os dias (voltas da terra em torno de si mesma), as lunações (voltas da lua ao redor da terra, que são ligeiramente parecidas com nossos meses) e os anos (voltas da terra ao redor do sol).

Mas eles não se encaixam de nenhuma maneira. Exatamente por isso, o Carnaval cai cada ano em um dia diferente, sendo que nunca vai ser em Agosto, mas nunca vai ser dois anos na mesma data: O carnaval cai sempre entre o solstício de verão e a próxima lua cheia.

A nossa matemática decimal, com base 10, pode derivar do fato de termos 10 dedos nas mãos, ainda que muitas outras culturas tenham sistemas numéricos distintos (a informática usa a base hexadecimal – 16 – por isso seu computador tem memória de 256 e 512 Mbytes – todos múltiplos de 16). Os Maias, por exemplo, tinha a base 20 (e como o livro brinca, talvez eles contassem os dedos dos pés e das mãos). E isso se soma ao grande grupo de evidências que sugere essas foram decisões arbitrárias para ajudar a reduzir a ansiedade do ser humano com relação as coisas que ele não controla. Como se o a cada segunda-feira os problemas da semana anterior desaparecessem e tivéssemos a cada 7 dias, uma chance de recomeçar. O que serve para os anos, séculos e especialmente, milênios.

O 1000 parece menos importante quando pensamos no 10 da camisa do Pelé, ou no 100 de uma nota de US$100. Mas a bíblia está recheada de questões dessa natureza e muitas ligadas ao apocalipse. Apesar disso, tivemos a chance de viver um dia que mudou de semana, ano, século e milênio, sem que nossas vidas tenham mudado em função disso.

Vocês podem pensar que resolvi comemorar o acesso mil escrevendo um texto chato, mas acho que essas são questões que revelam muito sobre a natureza humana. O que nós somos. Angustiados e massacrados pela indiferença da natureza ao nosso redor! Mas pra comemorar minha natureza humana, vou fazer umas mudanças no visual do Blog pra deixar ele mais agradável pra vocês. Obrigado!

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