Para vencer a astrologia

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Em 1990 eu estava no segundo ano da universidade quando fui pela primeira vez a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Era o meu primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Biologia (ENEB). Fui com Milton Moraes, hoje coordenador da pós-graduação da Fiocruz e mais uma galera da Bio UFRJ. Ninguém sai impune de um ENEB e eu certamente não sai. Fui a todos os outros durante toda a minha graduação (e alguns depois dela também). Fiz ali amigos para o resto da vida como minha querida Nádia Somavilla, que então era aluna de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria. ‘Dançando Lambada’, do Kaoma, era o hit do momento (em todo o mundo) e eu lembro super bem de tantas coisas desse evento, que é de questionar se tudo que eu li esse ano sobre a fugacidade da memória é verdadeiro. Dormíamos no chão das salas de aula e o banho era frio, mas ali vi o Carlos Minc falar pela primeira vez e descobri o que era o movimento estudantil. Além, é claro, do Carimbó, com a sempre marcante delegação da UFPA. Lembro até de dirigir o FIAT UNO do Milton pelo campus, o que só aumentou hoje a minha surpresa, ao voltar a UFRRJ, quando me deparei com o belíssimo campus da universidade. Fui a convite da minha amiga, a jornalista e professora Alessandra Carvalho, falar sobre divulgação científica, dividindo a mesa com a também jornalista Eveline Teixeira, da Universidade Federal do Mato Grosso.

Eu não preciso de muito estímulo pra ir falar do meu blog. Principalmente agora que posso levar meu livro a tira colo. (fique até pensando, depois, se tinha alguma estória do ENEB no livro, mas acho que não. Ou será que falei daquela gaúcha de 1,90m da UFRGS que dançava lambada de mini-micro saia?) Mas quando cheguei lá, no cair da tarde, a beleza dos pastos e dos prédios me impactou.

UFRRJ - ático do prédio da reitoria 2Talvez por isso, apesar de ter falado bem (no sentido de conseguir dizer tudo que tinha pra falar), respondi pessimamente a melhor pergunta que foi feita na tarde. A pergunta era tão boa, que eu pedi para a Eveline deixar eu dar um aparte, mas como diria a minha irmã, eu sou daqueles caras que tem a resposta perfeita para um discussão, 2h depois dela ter acabado. A pergunta de um rapaz foi: “Todos os grandes jornais do Brasil e do mundo tem páginas e seções de horóscopo. Mas quase nenhum (mais) tem de ciência. Todos querem saber de astrologia e ninguém quer saber de astronomia. Por que perdemos tantos espaço para o esoterismo (hoje acertei Daniela Peres – na semana passada havia escrito esoterismo com ‘x’) e como podemos recuperar esse espaço?”

Essa pergunta está na raiz do problema! Ela é a principal razão pela qual precisamos divulgar ciência. A resposta da Eveline foi boa, mas foi padrão: “porque a ciência é difícil, está longe da vida das pessoas, enquanto o horóscopo… quem não quer saber se vai encontrar o amor da sua vida?”

Mas eu acho que não é só isso. Quer dizer, SEI que não é só isso. Não é a questão da dificuldade. Aprendi que as pessoas, as normais, não NERDS, só gostam e só se interessam por histórias. De preferência com outras pessoas. E é por isso que as pessoas gostam tanto de astrologia. Não, não tem nada a ver com astros, planetas, mapas, modelos malucos com cálculos absurdos: tem a ver com pessoas. Como se comportar em relação a você e em relação as pessoas a sua volta. Nada prende mais a nossa atenção do que isso!

E ai cometi a grande gafe: disse pro rapaz que não havia nada que pudéssemos fazer e que dificilmente ganharíamos da astrologia. A ciência é efetivamente muito difícil e está se afastando cada vez mais da escala das coisas que interessam as pessoas, para escalas, astronômicas ou moleculares, que pouquíssimas pessoas entendem.

E foi só duas horas depois, dirigindo, voltando para o Rio, que eu vi o quão errada foi a minha resposta. Caramba, toda a minha luta, método de trabalho, textos no blog, livro, é pra mostrar que SIM! A ciência não só pode ser interessante como ela É mais interessante que a astrologia. E SIM (!!!) nós vamos vencer o horóscopo! Fiquei tão empolgado que perdi a saída para a linha vermelha e fui parar dentro de Caxias.

UFRRJ - prédio da reitoria

O problema dos cientistas é que tiveram que estudar tanto para se super-especializarem nos seus assuntos, que criaram uma forma de transmitir conteúdo bastante prática, porém pouco intuitiva. Os artigos científicos tem tudo que precisamos saber de forma prática e segura. Mas fria e monótona. Só estudantes e profissionais altamente motivados (e eu garanto para vocês que o estresse de uma tese é um excelente fator motivador) conseguem superar a chatice dos artigos científicos (e do papo dos cientistas também).

Quando um cientista conta uma história… bem… é esse o problema: o cientista NUNCA conta uma história. Ele sempre transmite informação, mas nunca conta uma história. Só que a história é a melhor forma de transmitir informação! Não é a mais eficiente (como o artigo científico) mas é a mais eficaz! Quem ouve uma história, aprende alguma coisa. Já quem estuda um artigo… pode aprender se não pegar no sono antes.

Só que a história não é mais intuitiva ‘por que sim’. Ou ‘por acaso’. É ciência! Nosso cérebro foi programado pela evolução para interagir com outros seres humanos e tirar a maior vantagem reprodutiva possível. Em um mundo de coisas palpáveis. O nosso cérebro, capaz de linguagem, arte e música, é a nossa ‘cauda de pavão’: o instrumento de sedução mais eficaz criado pela natureza até hoje. E porque você nunca ouviu falar disso? Bom, primeiro porque está lendo horóscopo ao invés de livros como ‘a rainha vermelha’, ‘a mente copuladora’ e ‘a guerra dos espermatozóides’. Ou ‘A verdade sobre Cães e Gatos’. Mas também porque mesmo os hábeis autores desses livros, apesar de contarem muito bem a história da ciência e dessas descobertas, não conseguem criar histórias com o que se descobre dessa ciência. E ai… a comunicação da ciência fica capenga.

Vocês já ouviram a sinfonia 25 de Mozart? Ou o ‘Inverno’ de Vivaldi? São duas obras primas que  foram, obviamente, compostas pensando em sexo! Elas tem todo o ritmo de uma relação sexual perfeita! Já pensaram em um livro que conte a história da criação dessas duas músicas maravilhosas, inspiradas por mulheres por quem eles tinham um desejo incrível, subsidiadas pela anatomia e fisiologia da mente humana, evoluída desde os primatas para seduzir parceiros sexuais? Seria um best seller!!! Ia virar filme em Hollywood!!! Acho que vou até escrever esse livro 🙂

Então me deixem responder pro rapaz novamente: “Contando histórias! Nós vamos ganhar da astrologia contando histórias!”

Reflexo IN-condicionado

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(Essa é uma postagem casada e você pode querer ler o post anterior antes desse aqui)

Quanto tempo leva entre você querer mexer o seu braço, o seu cérebro se preparar para mexer o seu braço e o seu braço efetivamente se mexer? Você nunca deve ter pensado nisso, porque, a não ser que você seja NERD que nem a gente, isso não importa: cai tudo na definição de ‘automático’. Mas nós, cientistas NERDs, damos valor a diferenças bem pequenas, desde que elas seja consistente. Então vamos lá, todos sabemos que todo movimento voluntário começa no cérebro. Mas quando?

Bom, bravos cientistas foram medir. Mais precisamente, foram medir o ‘Potencial de antecipação’ (PR), que é uma pequena mudança na corrente elétrica passando pelo couro cabeludo antes (1s ou mais) de um movimento rítmico tanto involuntário (como o batimento cardíaco) quanto voluntários (como mexer o braço. Uma medida é feita pelo eletroencefalograma (EEG), que é parecido com o eletrocardiograma, só que é feito no cérebro, com um monte de eletrodos colados na sua cabeça (pesquise no Google pra ver as imagens).

Mas a pergunta que eles queriam responder era outra. Eles, os bravos pesquisadores, estavam da ‘urgência’ (W), também chamada de ‘preparação’ (W), termos definidos pela auto-consciência do movimento: aquele exato momento em que você sente que seu braço… vai se mexer. Você nunca percebeu isso? bom, como eu disse, é porque tudo acontece muito rápido e nunca paramos para notar. Mas apesar de  um evento subjetivo, sua existência é muito bem caracterizada e documentada. A estimulação de certas zonas do cérebro durante uma neurocirurgias de crânio aberto, induzem nos pacientes uma “vontade involuntária e inexplicável de rolar a língua” ou de “mexer o braço”. A questão é que o 1s entre a alteração no EEG e o movimento do braço, pareciam um tempo muito grande para uma ação voluntária e os pequisadores queriam saber se a urgência se ainda mais cedo.

Para isso bolaram o seguinte experimento:

Um grupo de voluntários ficava sentado confortavelmente, com eletrodos em suas cabeças e braços, olhando para uma parede onde um circulo, com raios parecidos com o de um relógio, estava desenhado. Como eu disse, parecia um relógio, mas não era. Os raios estavam nas mesmas posições 12 posições, mas um volta completa do ponteiro, na verdade um ponto de lazer vermelho, levava apenas 2,56 s para completar a circunferência.

A tarefa dos voluntários era simples: tinham de movimentar livremente, espontaneamente, quando quisessem o seu pulso e os dedos da mão direita (todos os voluntários eram destros). Quando fizessem esse movimento, olhando apenas para o relógio a sua frente, tinham de guardar (para relatar posteriormente – o que faz toda diferença em um experimento onde as variações ocorrem em milisegundos) a posição do ponto de luz veremelha no momento exato em que ‘percebiam’ a ‘preparação’. A ‘urgencia’ do movimento.

Vamos combinar, foi uma grande sacada dos pesquisadores (que eram psicólogos). O ponteiro de luz vermelha era emitido por um computador, ao qual também estavam conectados o EEG e o ‘eletromiograma’ (EMG), o sensor que media o potencial de ação do musculo esquelético do braço e que marcava o início ‘real’ do movimento. Com isso, ao relatar a posição do ponteiro de luz, como a anotação do tempo marcado no relógio para um evento, os pesquisadores foram capazes de transformar uma experiência subjetiva em uma medida computável. E assim, o momento da ‘preparação’ (W) pode ser comparado com o ‘potencial de antecipação’ (PR), anterior ao ato, no escalpo e com o momento da contração voluntária do pulso, medido pelo eletromiograma (EMG).

Abre parênteses: foram feitos diversos tipos de terinamentos e controles com os participantes, para reduzir tendenciosidade e outros tipos de interferências, ou de artefatos, nas medidas ou nos relatos.

Por exemplo, “Os movimentos foram voluntários, com instruções explicitas para que fossem o mais espontâneos possível (sem planejamento). Mas também, foram externos, induzidos por um observador que tocava as costas da mão a pessoa.” ou “Após 40 atos voluntários, os participantes eram questionados quanto a existência de algum movimento que não tivesse despertado a urgência (um tipo de movimento surpresa). Essas perguntas foram feitas para tentar eliminar Bias na reportagem de eventos por parte dos participantes e aumentar a confiança nos tempos que foram efetivamente reportados.” Ou ainda “Dois tipos de controle foram empregados. Um relato dos tempos de percepção de realização do movimento (M) e outro de percepção do estimulo na mão para a realização do movimento (S)”. De acordo com os autores, os participantes ainda eram capazes, facilmente, de diferenciar entre a ‘urgência’ e qualquer outro tipo de percepção planejadora ou que não levasse a um movimento. Vai entender…

Fecha parênteses.

Os resultados foram muito claros: os RP apareciam em torno de -500 ms, antes, dos potenciais de ação medidos pelo EMG, que foram tomados como ‘tempo zero’, para as medidas comparativas. Até ai tudo bem: o movimento do pulso (medido pelo EMG) era precedido por uma atividade cerebral (medida pelo PR) em aproximadamente 500 milisegundos. A coisa ficou estranha quando mediram os tempos de ‘urgência’ (W) (a percepção introspectiva e subjetiva da decisão de mover o braço): eles foram em media de – 200 ms (também em relação ao EMG)! Ou seja: A decisão sobre mover o pulso era percebido 300 ms DEPOIS do cérebro ter iniciado o processo de movimentação do pulso! As consequências são perturbadoras: se o cérebro começa a agir antes da decisão consciente, então… o livre-arbítrio pode simplesmente não existir!

Os autores fazem diversas ressalvas: “Os RP medidos no estudo, ainda que bons indicadores, representam a atividade de uma pequena área, a região motora suplementar no neocortex mesial” sendo que outras áreas poderiam estar sendo ativadas para a ‘decisão’ em outro local do cérebro. Na verdade, uma infinidade de mecanismos de ‘iniciação’ e ‘integração’ do sinal no cérebro, antes dele virar consciente e se tornar uma ação, poderiam atuar no cérebro. Um ‘pensamento’ não gera diferença de potencial suficiente para gerar um registro no EEG, e justamente por isso é tão difícil avaliar essa percepção subjetiva de forma objetiva. E é também por isso que os autores ressalvam : Podemos ainda especular que exista uma fase anterior da consciência do movimento que não sejamos capazes de recapitular, ou que não possa ser armazenada na memória recente, dado que a habilidade de relatar esteja vinculada a memória recente.” Mas nenhuma dessas ressalvas mudam o fato de que a decisão sobre o movimento  acontece de forma inconsciente. Nas palavras dos autores: “Concluímos que a iniciação de um ato voluntário no cérebro, como dos estudados aqui, pode começar, e usualmente começa, inconscientemente”

Abre parênteses: O termo inconsciente refere-se simpesmente a todos os processos que não são expressos como uma experiência consciente. Isso pode incluir, e não se distingue de, preconsciência, subconsciência e outros processos de inconsciência não reportáveis. Fecha parênteses.

É claro que a evidência de iniciação inconsciente de um ato voluntário relatada nesse artigo se aplica a um número muito limitado de atos. No entanto, um simples ato motor voluntário como o relatado aqui sempre foi considerado com incontroversamente e exemplo ideal de um ato engdógeno e livremente voluntário.

“Essas cpnsiderações parecem limitar o potencial dos indivíduos para exercer controle consciente (como iniciar) sobre seus atos. Considerando que atos voluntários espontâneos possam ser iniciados inconscientemente, ainda poderíamos imaginar duas condições em que um controle consciente poderia ser exercido: um ‘veto’ consciente que ‘aborta’ o processo espontâneo inconsciente (o que parece encontrar evidência mesmo nos resultados desse experimento) e em processos onde os atos voluntários não são espontâneos e nem de resposta rápida.”

Na melhor das hipóteses, assustador. Mas pelo menos agora você tem a desculpa perfeita para aquela olhada para o lado quando passa um bum-bum bonito ou um decote mais ousado.

Libet B, Gleason CA, Wright EW, & Pearl DK (1983). Time of conscious intention to act in relation to onset of cerebral activity (readiness-potential). The unconscious initiation of a freely voluntary act. Brain : a journal of neurology, 106 (Pt 3), 623-42 PMID: 6640273

Agindo sem pensar

Eu tenho um amigo, que tem um primo, que conhece um cara… que mesmo tendo como namorada a garota mais bonita da festa, não conseguia NÃO olhar pra qualquer rabo de saia que passasse na sua frente. Não, não estou dizendo que ele fazia isso na frente da namorada. Isso ele até dava um jeito de controlar. Estou falando de quando ela pra pista de dança e ele, por uma música ou duas, ficava sozinho com sua cerveja. Era ali, naquele momento, onde os riscos – e também culpa – eram mínimos, que ele se impressionava com a sua completa incapacidade de resistir a ‘querer’ olhar para qualquer garota. Alta ou baixa, gorda ou magra, feia ou bonita… Ele olhava justamente procurando o que nela poderia chamar a atenção dele de maneira que justificasse o desejo ‘gratúito’ que ele tinha por ela.

Esse amigo do primo do cara já tinha feito anos e anos de análise e sabia que não tinha nada a ver com inseguranças, desejos ocultos pela mãe ou revolta com o pai, não era porque tinha tomado um pé na bunda da sua namorada mais querida e nem porque outra tinha ficado com o seu melhor amigo. Também não era porque as meninas tinham sim, interesse nele; ou porque ele, ainda que não fosse lindo, tava acima da média dos caras com quem deveria competir. Não, não era nada psicológico, social ou cultural. Não sei se vocês conseguem entender e me acompanhar: ele não conseguia parar de pensar ‘naquilo’. Era biológico!

Ele não estava sozinho: “Eu acredito que existam dois tipos de homens: os que pensam em mulher 90% do tempo e os que pensam em mulher 99% do tempo”.

Não, não foi Woody Allen ou outro pervertido que disse isso: foi James Watson, isso mesmo, um dos descobridores da dupla hélice do DNA. “Eu era do primeiro grupo e acho que só por isso consegui ganhar um premio Nobel” escreveu no seu livro ‘Genes, Garotas e Gamow’.

Mas claro que eu não citei Woody Allen a toa. é dele, no filme ‘Desconstruindo Harry’ de 1999, a melhor frase de todas: “Eu não consigo olhar para nenhuma mulher na rua sem pensar como ela é nua e como seria fazer amor com ela.” (Nota do autor: na verdade essa era a frase como eu me lembrava dela. A frase mesmo foi: “Na verdade, nunca olhei para uma mulher, sem me perguntar como é que ela seria na cama”). 

E se vocês me permitem mais uma citação, vou tentar subir um pouco mais o nível, para tentar tirar o ‘Oh’ de ultraje das minhas leitoras. é do jornalista carioca Carlos Eduardo Novaes, em um livro seu antigo, que caiu na minha mão não sei como: “A vida, para mim, só faz sentido quando temperada pelo encontro, o desejo, a paixão. Sem a mulher, vejo o mundo como um míope (18 graus) sem óculos. Tudo me parece fora de foco. O único luger que me permito frequentar sem me preocupar com a presença da Mulher é o estádio de futebol, Tainda assim, no intervalo do primeiro para os egundo tempo arriscu um olhar à minha volta. Nos demais – igrejas, bancos, batizados, supermercados, quadras de volei, velórios, praias – estou sempre à procura da Mulher que dará um novo signifícado à minha presença no local. Quando a descubro – nem que seja para contemplá-la -, o lugar se transforma como que tocado por uma varinha de condão.”

Sempre que alguém, amigo cientista ou pesquisador da área de humanas, discute comigo sobre a força da cultura ou do social eu sou obrigado a contestar. Sim, controlamos nossos impulsos, mas eles estão lá. “A vida é sorte e circunstância” diz a Sonia Rodrigues. Claro, preparo e competência são importantes, mas isso todo mundo, como mais ou menos esforço, pode ter. E ai… estar no lugar certo, na hora certa pode fazer toda diferença. Bom, eu acho que é isso também com os instintos. Eles deixam que nós controlemos eles até que eles sejam mais necessários ou… sorte e circunstância: se aparece uma oportunidade e ninguém está olhando, uma enxurrada de hormônios dominam (e determinam) nossas ações.

E agora que eu tenho uma assinatura da revista Scientific American, acabo sempre esbarrando em coisas legais que dão suporte científico as coisas que eu pensava e observava, ainda que com olhar de cientista, sem constatação factual. Foi o caso do artigo de Christof Koch ‘Encontrando o livre-arbítrio’ no número 2 (vol 23, maio/junho de 2012) da edição americana.

Ele usa uma situação onde um homem (mas poderia muito bem ser uma mulher) bem casado, que diante de um encontro fortuito, mesmo tendo plena consciência racional do erro do ponto de vista moral e ético, da baixa probabilidade de sucesso (medido em termos produtivos ou de felicidade) e o alto risco de desastre para diferentes vidas, dá início a uma cadeia de eventos que leva a um caso. Nessa situação, tão típica (afinal, todo mundo tem um amigo, que tem um primo, que conhece um cara que já passou por isso 😉 ele resolveu deixar pra lá todo a discussão filosófica milenar sobre o tema para buscar uma resposta apenas no que a física, neurobiologia e psicologia tinham a oferecer. Mas isso vai ficar pro outro post.

Moscas de bar

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Como fazer para superar a perda de um grande amor? “Um outro amor” vai responder o seu melhor amigo garçon, enquanto te serve uma dose. Pois é, parece que esse não é um privilégio dos humanos (e vocês sabem que eu adoro quando descobrimos que os comportamentos humanos tem raízes ancestrais, muito mais instintivas e animais do que gostaria que fosse a nossa vã sabedoria e os cientistas sociais).

Cientistas da California (tinha que ser) descobriram que até mesmo as moscas-de-fruta (a famosa Drosophila melanogaster) ficam deprimidas quando são rejeitadas pelo sexo oposto e se embebedam para ‘esquecer’! Bom, se não é exatamente para ‘esquecer’, pelo menos é para ‘compensar’ a rejeição.

O experimento é simples e nem por isso menos interessante: os pesquisadores colocaram insasiáveis machos de mosca com fêmeas relutantes, porque haviam acabado de copular. Fizeram isso várias vezes.  Mais precisamente, foram sessões de 1h de rejeição, 3 vezes ao dia, durante uma semana. Por outro lado, alguns machos sortudos tiveram sessões de 6h de cópula com multiplas virgens (um tipo de paraíso islâmico). Depois eles ofereceram aos machos suculentas porções de ração: sem ou com 15% de etanol. O resultado foi claríssimo e os machos que não transaram enchiam a cara de banana com cachaça, que em termos científicos pode ser descrito como ‘apresentaram índice de preferência por etanol significativamente maior’. Fêmeas que copularam também tiveram uma menor necessidade de encher a cara do que fêmeas virgens, que preferiram também a banana com cachaça.

Abre parênteses: A rejeição é tão poderosa, que machos de Drosophila que passaram por um processo contínuo de rejeição ficam mais sensíveis e tem dificuldade de se aproximar mesmo de fêmeas virgens, disponíveis e dispostas. Fecha parênteses:

Na verdade os dois grupos, rejeitados e bem sucedidos, apresentavam diferenças em vários aspectos além do consumo de álcool, segundo os pesquisadores: preferência por ficar sozinho ou em grupo, atitude frente a rejeição em uma situação social e exposição a feromônios de aversão das fêmeas copuladas.

Se os machos cresceram isolados ou em grupo, não faz a menor diferença: se transaram ficam felizes, se não transaram enchem a cara. Já se poupamos os pobres machos da rejeição de fêmeas satisfeitas, ainda que sem deixar eles transarem (o que é feito com a mórbida prática de coloca-los com fêmeas virgens decapitadas – que não possuem o feromônios de rejeição acetato de cis-vaccenyl cVA, mas também não são capazes de copular), eles também enchem a cara. E não é nem o cVA em si, já que se for exposto ao composto purificado em laboratório, o consumo de álcool também é elevado. A privação sexual, mais do que a rejeição, leva ao consumo de álcool!  Então os pesquisadores fizeram o experimento óbvio, que era permitir que alguns dos machos rejeitados pudessem também copular com fêmeas virgens enquanto outro, pobres coitados, continuaram sem sexo. E… a preferência pelo álcool foi significativamente reduzida nas moscas que puderam transar!

Abre parênteses: evidências não científicas sugerem que nas mulheres a privação de sexo afeta a busca por chocolate 😉 Fecha parênteses.

Os autores quiseram ir mais a fundo e entender como as duas coisas estavam ligadas. Então foram estudar o Neuropeptídeo F (correspondente na Drosophila do NPY dos mamíferos e, acreditem, do NPR do C. elegans) que regula o consumo de etanol, para ver se ele era afetado de alguma forma pela experiência sexual. Em mamíferos se sabe que o estresse pode afetar esse gene e levar ao alcoolismo. Mas em moscas deprivadas de sexo… ninguém sabia o que poderia acontecer. Bom, aqui a coisa fica técnica demais, mas acreditem em mim quando eu digo que manipulando genes, usando morfolinos e outras técnicas, eles demonstraram que sim, que esse gene (NPF) tinha sua expressão reduzida pela privação de sexo e que isso levava ao alcoolismo. Provavelmente como uma expressão do sistema de recompensa do nosso cérebro. Pouco sexo leva a uma baixa de NPF que ativa um comportamento (através da ativação do sistema de dopamina) de busca por recompensa como o consumo de álcool, transformando os bichinhos em ‘moscas de bar’. Comparativamente, a copula cria um superávit de NPF que minimiza o comportamento de busca por recompensa e consequentemente por álcool. Eles também testaram e confirmaram essa hipótese.

O artigo é sensacional sem ser sensacionalista e, para mim, é um excelente exemplo de como se pode fazer ciência simples, interessante e divertida.

Shohat-Ophir, G., Kaun, K., Azanchi, R., Mohammed, H., & Heberlein, U. (2012). Sexual Deprivation Increases Ethanol Intake in Drosophila Science, 335 (6074), 1351-1355 DOI: 10.1126/science.1215932

Entre instintos, Rieslings e razão

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“- Não é, não é! Não existe essa diferença entre razão e instintos. É tudo cérebro!”

disse minha amiga neurocientista Marília Zaluar, enquanto caminhávamos pela Gerbermühlstrasse em busca do recomendadíssimo restaurante Gerbermüehle. Fomos pra Feira do Livro de Frankfurt, aprender mais sobre livros didáticos digitais, mas como não poderia deixar de ser, aproveitamos pra comer e beber bem, o que adoramos fazer. E discutir ciência, o que não conseguimos deixar de fazer.

A frase dela marca uma discussão antiga que se acalora porque, naturalmente, temos a tendência de “puxar a sardinha, cada um, para a nossa brasa”. Os cientistas sociais dizem uma coisa e os biólogos dizem outra. Mas o que estou descobrindo é que cada biólogo também diz uma outra coisa diferente. Quem trabalha com o cérebro, favorece o cérebro e encontra as explicações para que tudo seja definido com base nos mecanismos neuronais. Eu trabalho, de certa maneira, com evolução, então acredito que a forma como o cérebro está organizado, como foi organizado evolutivamente pela seleção natural, influencia, determina, como o cérebro é capaz de responder. E isso impõe limitações, em nível de forma, intensidade, tempo e espaço, as respostas que o cérebro pode dar a estímulos externos. O fato dessas limitações serem flexíveis o suficiente para nos dar a ideia de que podemos ‘qualquer coisa’, não nos permite, efetivamente, ‘qualquer coisa’.

Alguns eventos permitem um alto nível (ou grande quantidade) de processamento para tomada de decisão antes de gerar a resposta, o que eu chamaria de razão. Outros, menos. E por menos, quero dizer que em algumas situações, pode ser processado, outras não. E outras situações, pode ser processado um pouco apenas. Mas em certos casos, não há processamento nenhum, nunca, como no caso da dor, que gera uma resposta motora de arco-reflexo. Se dói, é ruim e você não precisa de raciocínio pra saber, conscientemente, racionalmente, que deve se afastar. Por isso o reflexo motor foi desenvolvido pela seleção natural há milhões de anos e é compartilhado por muitos animais.

É verdade, nosso cérebro é muito, muito diferente dos outros animais. É muito melhor, é quase inacreditável E pode mesmo fazer ‘de um tudo’. Nós somos frutos da nossa cultura, porque nosso cérebro se adapta as necessidades e valores de cada tempo e de cada geração. Mas com relação aos mecanismos biológicos, não é tão diferente assim: Camundongos também fazem neurogênese (produção de novos neurônios, que ajudam consolidar aprendizagem e adaptar a novos ambientes). E nem por isso pensam, ou deixam de agir por instinto.

“- Você não acha que existem esses mecanismos ‘parcialmente processados’? E não posso chamar eles de instintos? E os plenamente processados de razão?” eu perguntei.

“- Acho que na verdade vocês dois estão falando da mesma coisa, é só uma questão semântica…” mas apesar do meu sócio Ricardo Prado ser uma maquina de falar, nesse dia estávamos inspirados e ele não teve a menor chance de continuar. A discussão seguiu acalorada, pela tortuosa via que levava ao restaurante.

Eu também acho que é tudo cérebro. Que está tudo no cérebro. Mas acredito que temos duas forças conflitantes, a razão e a emoção, que competem para prevalecer nas nossas decisões. Como vivemos em uma determinada condição social onde a colaboração impera, a nossa razão também impera no nosso comportamento. Se vivessemos em uma outra condição social… imperaria um outro equilíbrio.

“- Então… é a cultura moldando o cérebro…” retomou o argumento ela. “- Não, não é…” tentei consertar quando…

“- Olha só…”, disse novamente meu sócio, agora irritado, não pelo alto tom de voz e empoglação que beirava a irritação, mas porque o ‘Gerbermüehle‘ não chegava nunca.

“- Quem estava certo era Fernando Pessoa” e começou a recitar de cabeça:

“Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,

É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:

As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.”

Felizmente chegamos no Gerbermüehle, não porque se encerrou a discussão, mas porque estávamos morrendo de fome. E jantamos muitíssimo bem! Mas depois continuei, e mesmo agora ainda continuo, pensando sobre essa conversa. Não concordo totalmente com nenhum dos meus dois queridos amigos. Mas que é muito melhor discutir tomando uma garrafa de espetacular Riesling Alemão com pessoas inteligentes, isso é.

Cego, surdo e mudo

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“Nossos impulsos reprimidos são tão humanos quanto as forças que os reprimem”

Essa frase de um famoso psicólogo (Symons, 1987) descreve bem o equivoco que muitas pessoas comentem ao acreditar que a nossa consciência é nossa, mas nossos instintos não são.
O mesmo raciocínio permite o equívoco na direção contrária, ao defender ações com base na emoção, em contrapartida ao uso da racionalidade.
Na foto acima, tirada ontem em copacabana, o relógio de rua serve de outdoor para a nova campanha publicitária da Diesel, uma marca fashion de produtos diversos que vão de óculos à calças jeans, de perfumes à bolsas. Uma tradução livre dos dizeres no letreiro é:
“Os espertos escutam a razão. Os idiotas escutam o coração. Seja idiota!”
Eu responderia: Idiotas, fiquem espertos, quem escuta o coração, está escutando é a razão!
O coração não ouve e não fala. Quem vê, fala e ouve é sempre, e somente, o cérebro.
Esses equívocos são estimulados pela crença infantil que nossa razão e emoção estão em locais diferentes. Como eu já escrevi aqui, o coração era tido pelos antigos egípcios como a residência da alma, o responsável pelas emoções. Mas isso porque eles não tinham como dissecar uma pessoa para saber que na verdade o coração é apenas uma massa muscular que não faz outro a não ser bombear sangue, para o pulmão e para os outros órgãos e tecidos.
Meu coração partido não está no meu coração, está no meu cérebro.
Assim como todo o resto. Amor, lógica, raiva, álgebra, empatia, aritmética, filosofia, dúvida, decisão e geometria.
O ser humano precisa tanto de estabilidade quanto de variedade. Quem escolher usar sempre a razão, da mesma forma que um aluno que resolve responder a opção A para todas as questões de uma prova, sempre acertará, ainda que ao acaso, um monte de vezes. Da mesma forma, quem optar por usar sempre a emoção, marcando B em todas as respostas da prova, também vai acertar muitas vezes. Mas ninguém faz isso. Nem que queria.
Somos máquinas de reconhecer padrões, cujas decisões são baseadas em uma série de parâmetros que são captados conscientemente pelos nossos 5 sentidos, mas também uma série de outros parâmentros, coletados pelos mesmos 5 sentidos, mas processados inconscientemente (expressões faciais e corporais, timbre da voz, odores, por exemplo). O processamento dessas informações, tanto o consciente quanto inconsciente, depende das experiências e expectativas, imediatas e distantes, que cada organismo, cada pessoa, está submetido em um determinado momento.
O que eu quero dizer é que a grande dica é: idiotas, escutem sua razão quanto a qual o melhor balanço entre razão e emoção para resolver uma determinada situação em um determinado momento. E fique esperto!
Mas todo mundo é esperto, porque em um grau ou em outro, já faz isso.
Idiota mesmo é só quem paga R$1.000,00 por um jeans da Diesel.

"Seu cérebro de ostra!"

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Já ouvi pessoas fazendo esse tipo de ofensa umas as outras. Mas será que é realmente uma ofensa ter um cérebro de ostra? Ou pior, ostra tem cérebro?
A pergunta parece boba mas não é simples de responder. Pelo menos 3 dos meus amigos maiores especialistas em neurobiologia, incluindo o Dr. Stevens Rehen, a Dra. Marília Zaluar e a maior especialista do mundo em sistema nervoso de invertebrados, a Dra. Silvana Allodi, não sabiam, de cara, a resposta. Tive então eu que me virar pra descobrir.
A ajuda, mais demorada que inesperada, veio de um antigo livro de 1964 sobre (e entitulado) “A ostra americana Crassostrea virgínica” de Paul Galsoft. Essa é a prima norte americana da ostra de mangue, Crassostrea rhizophorae, que pode ser vista na foto acima e que eu tenho certeza que tantos de vocês apreciam na praia ou em restaurantes chiques. O livro traz um capítulo inteiro sobre o sistema nervoso das ostras.
Mas curiosamente, a primeira coisa que me chamou atenção não foi a solução do mistério. Foi a linguagem do texto. Vocês, que como eu acabam lendo muito sobre ciência, também não percebem a diferença gritante no estilo de escrita dos artigos e textos técnicos dos anos 40-60 para os atuais? Sem a pressão do ‘Publicar ou Percer’ nas costas, os cientistas eram ótimos contadores de histórias, e a ciência era muito melhor comunicada. Os textos eram sim mais longos, mas não por isso prolixos. Eram contextualizados e tinham o necessário para serem fluidos, como uma legibilidade (aprendi ontem essa propriedade dos textos) difícil de encontrar hoje em dia.
Galsoft começa falando que o sistema nervoso é bastante simples, com um gânglio cerebral na parte anterior (perto da ‘dobradiça da ostra, onde também está a boca) e um gânglio visceral na parte posterior (onde a concha se abre e onde estão tambémoutros órgãos importantes como as brânquias, o músculo adutor, intestinos, etc). Ambos estão conectados por uma longa fibra nervosa e deles partem diversos nervos para as outras partes do corpo.
Mesmo simples, ou talvez justamente por isso, é um lindo sistema nervoso. Não estou brincando… é L-I-N-D-O! Veja o esquema abaixo. Se fosse uma tatuagem nas costas de uma menina na praia todos estariam perguntando quem teria sido o designer de um tribal tão bacana (bom, talvez não usassem uma gíria antiga como essa). Mas tenho certeza, que jamais imaginariam que eram os neurônios da ostra.
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Diferente de outros bivalves, de vida (mais ou menos) livre, como mexilhões e vieiras, as ostras não possuem pé (sim, os mexilhões tem pé) e olhos (sim, os coquilles tem olhos) e seus únicos órgãos dos sentidos são mínusculos tentáculos na borda do manto.
Abre parênteses: o manto é um órgão dos bivalves com muitas funções: secreta a concha, participa da reprodução e ajuda a proteger os órgãos internos. Fecha parênteses
Apesar de pequenos, os tentáculos são muito sensíveis se retraindo com a passagem de sombras ou feixes de luz, e capazes de perceber mínimas quantidades de drogas, excesso de material particulado em suspensão variações de temperatura e de composição da água do mar.
Em uma seção de métodos, pouco frequente em um livro texto que não seja um manual, ele fala sobre a grande dificuldade de se estudar o sistema nervoso, e dá uma receita para se observar os nervos explicando também o porquê e o para quê de cada passo, como minha querida amiga Cristine gostaria que fossem todos os protocolos.
Ele diz: “Em preparações bem sucedidas, o nervo violeta escuro é visível contra a massa visceral semi-transparente.” E com uma impressionante sinceridade, impossível em um artigo nos dias de hoje, continua: “Na minha experiência o método se mostrou caprichosamente laborioso e não completamente confiável”.
Mas o mistério mesmo da história do ‘cérebro’ das ostras é o Órgão Palial. Pequenino, no formato (e no tamanho) de uma vírgula, – como esta aqui que passou, só que com muitos cílios na cabeça arredondada -, até 1964 nenhum experimento tinha sido capaz de explicar a sua função ou o seu funcionamento. Por isso, as especulações iam desde “um importante papel no controle da frequencia da respiração” até a “detecção de perturbações mecânicas” ou de alterações químicas na água.
E foi tentando elucidar esse enigma que me deparei com o final feliz, que não está no sistema nervoso, mas sim no circulatório. Como nas ostras o manto, além das funções que eu já listei, também dá uma mão na respiração, é necessário um complexo movimento de vai-e-vem do sangue (na verdade hemolinfa) nas veias e artérias dessa região. E para controlar esse movimento, a ostra possui dois ‘corações auxiliares’, que funcionam independente do coração principal. Mas fraco no inverno, e como bom carioca, mais forte no verão.
Então, se algum dia alguém disser que você tem cérebro de ostra, torça, pelo menos, pra ter coração também.

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