Neurônios que perdem cromossomos

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Como vocês sabem, o DNA é a molécula que carrega o código genético, aquelas informações que fazem com que sejamos quem somos e que cada um de nos seja diferente do outro. Por isso, as possibilidades decorrentes do conhecimento e da manipulação desse código têm sido apresentadas em diversos estudos com os mais diversos tipos de organismos, tendo como exemplo mais ilustrativo a clonagem da ovelha Dolly.
Em 2001 foi anunciado o sequenciamento do genoma humano, e a possibilidade de cura de doenças, retardamento do envelhecimento etc, foram amplamente comentadas pela mídia. (ainda que alarde tenha sido um pouco maior do que a possibilidade científica de cura trazida pelo simples sequenciamento do genoma, mas sobre isso escrevo outro dia). Boa parte da importância dada ao sequenciamento do genoma reside no fato de todas as células de um organismo possuem não só o mesmo DNA como a mesma quantidade dele.
Ou seja, uma célula do cérebro tem o mesmo DNA, e na mesma quantidade, de uma célula do fígado. Elas são diferentes na sua aparência e função porque as partes do DNA (seqüências, genes) que estão ativas em uma são diferentes daquelas que estão ativas em outra.
Uma descoberta recente (mesmo, publicada no mês passado) de um jovem pesquisador brasileiro (lá pelos seus 30 anos) é de que as células do sistema nervoso de mamíferos não têm necessariamente a mesma quantidade de DNA, observadas pela ausência ou duplicação de alguns cromossomos (estruturas formadas pelo enovelamento do DNA para facilitar a sua duplicação e transferência durante a divisão celular).
Os neurônios, que são as principais células do sistema nervoso, apresentam uma característica especial: eles não se multiplicam (por isso, quando você toma um porre e o álcool destrói alguns dos seus neurônios causando dor de cabeça e preda de memória, você fica sem eles pra sempre). Já neuroblastos são células jovens, essas sim com capacidade de crescer e se dividir, que quando atingem seu estagio maduro ou adulto dão origem aos neurônios. Nesse estagio, para obter o alto grau de especialização necessário às funções de transmissão do impulso nervoso, elas abriram mão da capacidade de reprodução (não foi exatamente uma escolha, mas vamos manter a metáfora).
A descoberta do Dr. Rehen e seus colaboradores é que nem todos os neurônios apresentam o mesmo número de cromossomos, mesmo em organismos saudáveis. Esse resultado foi curioso porque ate agora a alteração no número de cromossomos estava relacionada com doenças bastantes serias, como o retardamento mental da síndrome de Down, causada pela trissomia do cromossomo 21. Os resultados da pesquisa mostram que 33% das células (neuroblastos) analisados (em um total de 212) haviam perdido ou ganho um cromossomo somático. Esse número é muito superior a taxa normal de aneuploidia de outros tipos celulares, como os leucócitos, que é de meros 3%. O artigo revela ainda que aproximadamente 5% das células do cortéx embrionário de camundongos machos perderam ou ganharam um cromossomo sexual . É possível inclusive que células de camundongos machos apresentem o genótipo XX característico das fêmeas, pela perda de um cromossomo Y e ganho de um X. No cérebro adulto, a frequencia de perda/ganho de cromossomos sexuais é de 1%, mas outros cromossomos também apresentam número de copias diferentes do esperado (que seriam duas, uma vinda do pai, e outra da mãe).
Um dos mecanismos observados pelo grupo para gerar essa diferença, é que, no momento da divisão celular dos neuroblastos (antes de virarem neurônios), alguns cromossomos migrariam de forma mais lenta (talvez por você ter bebido cerveja demais no dia anterior 🙂 para a célula “filha” acabando por ficar fora da nova célula. Permanecem a mãe com um cromossomo a mais e a filha com um a menos.
Como esse mecanismo seria controlado por fatores “externos” ao controle do DNA, ele geraria células com números diferentes de cromossomos meio que ao acaso. Como em geral esse tipo de variação ao acaso traria prejuízo para as células, não se pode saber ainda a natureza da função dessa diversidade cromossômica nos neurônios. Nem mesmo as conseqüências que ela pode trazer.
As hipóteses vão desde vantagens adaptativas geradas pela maior possibilidade de resposta das células diferentes a estímulos ambientais diversos, a propensão ao câncer e mal de Alzheimer (doenças classicamente relacionadas com números diferentes de cromossomos).
Esse mecanismo de diferenciação de células não coordenado pelo DNA poderia explicar, por exemplo, as diferenças encontradas entre gêmeos idênticos (que possuem o mesmo DNA por que são originados da mesma célula) e que também poderiam ser encontradas em futuros clones de uma pessoa.

É proibido proibir!

A primeira tentativa de coibir a clonagem humana foi feita pelo antecessor de Mr. GW Bush, Mr. Clinton, em defesa de uma moral católica-ocidental (Israel conduz testes com clonagem humana já que ela não fere os princípios ideológicos do Alcorão), foi à proibição qualquer entidade pública ou privada que recebesse financiamento do governo de proceder tal tipo de empreitada, sob pena de perder o financiamento. Vale lembrar que no caso da ciência, mesmo da feita em entidades privadas, pelo menos alguma parte da verba é governamental. Falhou! E uma empresa totalmente privada a pouco tempo revelou o primeiro teste de clonagem de um embrião humano que sobreviveu poucos minutos.

Se você quer entrar nas discussões pseudoéticas e pseudomorais sobre clonagem tenha em mente alguns detalhes técnicos. Tá, tá, tá, eu aprendi com o Fritz Utzeri que não se deve indignar ao redigir um texto, mas sim relatar os fatos para que o leitor se indigne. No entanto eu não resisto e como não sou jornalista e estou escrevendo para uma revista que se chama “Sentando o Cacete” estou me dando esta licença jornalística. Fico indignado com essa pseudo moral, principalmente de um chefe de estado que não demonstra tal receio filosófico ao enviar tropas para os 4 cantos do mundo brigar guerras que não são dele.

Tudo bem, muitos de vocês, mas sensíveis a motivos religiosos, podem ter algo contra a clonagem. O fato é que sempre que autoridades judiciais, políticas ou eclesiásticas tentaram direcionar o desenvolvimento e o progresso da ciência o resultado foi perigoso ou desastroso (como a inquisição e a bomba atômica).

E para terminar, a ciência deve ser acessível a população para que essa possa não apenas usufruir dos seus benefícios, mas para que possa ser fiscalizada por ela também. Por isso temos que alfabetizar cientificamente nossa população e não proibir alguns tipos de pesquisa ciência.

O que você não tinha como saber sobre clonagem

Essa semana li nos jornais que o lesado do presidente dos EUA, Mr. Bush, está querendo proibir os testes com embriões clonados. Me vieram em mente duas questões. Primeiro que lideres políticos não deveriam se intrometer em assuntos científicos (mas abaixo comento o por quê) e segundo que muitos de vocês não devem saber de alguns detalhes importantes sobre a clonagem de seres vivos.

Então, se você está ansioso por clonar a si próprio, para viver todas as aventuras amorosas sem deixar nenhuma pra trás, ou para levar paz e prosperidade a todos os cantos da terra, saiba que:

  • O DNA é muito fino, mas muito comprido. Em algumas células ele pode ter até dois metros. Na hora da célula se dividir e duplicar, ele se encolhe e se espreme em estruturas que chamamos de cromossomos. O cromossomo parece um X. As cromátides são as pernas do cromossomo, formadas pelo DNA enroscado. No meio o centrômero. Em cada uma das cromátides existem estruturas chamadas telômeros. Uma enzima, a telomerase, tem a função de retirar um telômeros da cromátide a cada vez que a célula se divide e se multiplica. Já que multiplicação é a forma utilizada para o organismo crescer, isso faz com que o número de telômeros seja uma forma de calcular a “idade” da célula. Toda essa historia é pra dizer que quando se pega uma célula qualquer de um organismo adulto e separa-se o seu DNA para ser inserido em um óvulo “vazio” para dar início a clonagem, geramos um bebê com a idade celular de um adulto. Um clone será sempre igual, porém mais velho, que o ser original. É por isso que a Dolly sofre de envelhecimento precoce.
  • Além disso, quando se pega um óvulo e se retira o seu material genético, esvaziando-o para receber o material genético da célula adulta do organismo a ser clonado, a célula não esta realmente vazia. Ficam, assim como todas as outras organelas celulares, as mitocôndrias. Mas ao contrário das outras organelas (lisossomas, retículo endoplasmático, ribossomas etc) as mitocôndrias, que acredita-se foram bactérias simbiontes em um passado distante, possuem seu próprio DNA. Assim, o clone possui o DNA do seu doador a ser clonado, mas possui o DNA mitocondrial da célula mãe que hospeda o clone. Os dois materiais genéticos podem apresentar conflitos que levem a doenças e a morte da própria célula. Ou seja, até agora, o clone não é totalmente um clone.
  • Por fim, os genes do clone carregam a mesma informação do clonado, mas a forma como essa informação é “lida”, “processada” e “interpretada” pelo maquinário enzimático da célula é muito dependente do ambiente onde a célula se desenvolve. Os estímulos externos como calor, temperatura, pH, até luz, mas principalmente determinados sinais químicos, podem fazer com que um determinado gene seja ativado e outro seja desativado. Especialmente durante as fases de desenvolvimento. Ou seja, um clone não será, necessariamente, igual ao seu original.

Ciência e Deus

Uma vez fui convidado para dar uma palestra na Vale do Rio doce sobre ‘O que é ser Biólogo’. Fui com muito prazer, por que, vaidoso como sou, adoro falar de mim e da minha profissão. Era um seminário para filhos de funcionário, em idade de vestibular, um tipo de teste vocacional.

Depois da minha apresentação uma menina me perguntou sobre direito ambiental, outro rapaz sobre os trabalhos de campo. Mas um especial me chamou atenção. Depois de todos irem embora ele se aproximou e disse que gostaria de fazer uma pergunta em particular, pois não queria me intimidar. Perguntou como eu poderia acreditar que o mundo tivesse realmente começado de uma explosão, e que Deus não havia criado Adão e Eva. Nem na defesa da minha tese de doutorado eu acho que tive uma pergunta tão difícil pra responder.

Minha primeira tendência seria de identificar que se tratava de um seguidor de uma dessas religiões evangélicas as quais eu não dou o menor crédito ou atenção, com uma leve tendência, não ao total descrédito, mas a verdadeira ridicularização.

No entanto, tenho uma preocupação de não me tornar preconceituoso. Carl Sagan chama a atenção para a polarização do movimento cético. Um Nós contra Eles. Um sentimento de que nós céticos temos o monopólio da verdade e que todas as outras pessoas que acreditam em doutrinas estúpidas são imbecis. Que se elas tiverem bom senso vão nos escutar, e se não o fizerem, pobres miseráveis, nunca alcançaram a verdade. Isso condena os céticos a uma situação sempre de minoria. É importante reconhecer as raízes humanas da pseudociência e da superstição. Quase todas as sociedades humanas acreditam em um mundo de Deuses e Espíritos, mesmo que algumas não valorizem nenhum dos 10 mandamentos cristãos. E sempre existe uma tentativa de conciliar um mundo de mito e metáfora com um mundo prosaico, sendo as arestas dessa união consideradas “fora do nosso alcance ou compreensão”. Muitos cientistas fazem isso. Compartimentalizam os dois mundos e conseguem movimentar-se sem esforço entre o mundo cético da ciência e o mundo crédulo da crença religiosa sem perder o compasso.

Lembro também de uma festa, já cursando biologia, quando um amigo totalmente ateu e cético falava da inutilidade de acreditar em Deus. Eu achava absurda a idéia de uma existência sem propósito nessa vida. Sem missão. Descordava veementemente dele. No entanto, com o passar do tempo, fui conhecendo o mundo natural, A idéia de um Deus que se preocupasse apenas com os homens me parecia mais e mais distante. Deus deveria se preocupar tanto com os homens quanto com os animais. O que dizer então das almas das moscas e formigas? Um vez, em um congresso um ser da sociedade protetora dos animais alemã falava da necessidade de controlar o numero de peixes utilizados em experimentos, quando um outro pesquisador perguntou quem se preocupa com as Salmonelas (bactérias também utilizadas em experimentos)? Foi aclamado por algum tempo. Mas continuando, a questão das almas de moscas e formigas começou a me entrigar. De onde viriam tantas almas?Para onde iriam? Bastou um pouco de estudo de psicologia para começar a considerar as sessões de Umbanda grandes rituais de Hipnose coletiva (tambores, palmas, velas) onde seções escondidas dos sub conscientes das pessoas se manifestam. Com um pouco, realmente muito pouco, de história, se desacredita em qualquer religião. As atrocidades cometidas pela igreja católica (certo, em outro contexto cultural e social, que impossibilita seu julgamento atualmente) ou descritos na Bíblia e no Alcorão.

Estudando um pouco de filosofia, realmente muito pouco, cheguei na metodologia cientifica. A diferença entre o conhecimento religioso, baseado na fé, o filosófico, baseado na lógica do pensamento, e o científico, baseado em evidencias, foi o argumento definitivo para eu me tornar um exemplo de ceticismo. Depois me lembrem de contar sobre o curso de historia e filosofia das ciências, e a geração de padrões pelo acaso. (uma historia interessante pra responde aquele adesivo absurdo que se lê nos carros “O acaso não existe. Leia Kardek”.)

Desde então só tenho ouvido, de amigos queridos e pessoas que considero muitíssimo, como meu pai e minha mãe, que é altamente religiosa, mas não duvida do DNA, baboseiras sobre todo o tipo de fenômenos sobre naturais. Uma menina tentou vender no sinal a um grupo de amigos (incluindo eu) que iam a um congresso, um conjunto de canetas. Ela começou dizendo: “Oi… Eu faço parapsicologia”. Meu amigo ao volante disse…: “Começou mal…”E seguimos viagem sem comprar nada. Minha irmã, a do meio, foi curada de um tumor na bexiga por uma suposta cirurgia mediúnica. Ainda acho que alguém errou violentamente na ultra-sonografia que mostrava o pólipo. Meu amigo relata ter visto uma entidade que recebia Picasso e pintava como ele, mas um especialista disse que os quadros eram falsificações etc etc etc.

Hoje eu não acredito em alma, espírito, força suprema, diabo ou Deus (mesmo que evite ver filmes de terror 🙂 Não acredito em moral ou no bem e no mal. O que existe, para mim são estratégias que funcionam a curto e longo prazo. Minha avó tem 82 anos. Vocês conhecem algum traficante de drogas com 82 anos? Não é que Deus ou qualquer força o castigue e o mate antes disso, mas se você usa a violência como estilo de vida, então aumenta as chances dela ser a única forma com que os outros lidem com você.

Mesmo assim eu não fui capaz de dizer a mãe de meu amigo de infância que morreu em um acidente de carro aos 19 anos que Deus e vida após a morte não existem, e que naquele momento os fungos e bactérias da espécie X estavam degradando o corpo dele. A ciência trás esclarecimento, mas nem sempre consolo. Especialmente para quem não está preparado.

Pegando emprestado mais uma vez de Sagan: “Em uma vida curta e incerta, parece cruel fazer qualquer coisa que privar as pessoas do consolo da fé, quando a ciência não pode remediar suas angustias. Aqueles que não conseguem suportar o peso da ciência tem liberdade para ignorar seus preceitos. Mas não podemos fazer ciência aos pedacinhos, aplicando-a quando nos sentimos seguros e ignorando-a quando nos sentimos ameaçados. Provavelmente não temos a sabedoria para caminhar nessa estrada tortuosa”.

Eu disse ao rapaz que sua crença em Deus ou na religião necessita apenas de fé. Que acreditava que a fé trouxesse conforto, e por isso, muitas vezes fosse boa. Mas que evidências tem uma força muito grande, e que ele não deveria levar tudo que está escrito na bíblia ao pé da letra. O mundo realmente nasceu de uma explosão e nos realmente descendemos dos macacos e a vida realmente começou de um acaso químico. Ele não deu muita importância ao que eu disse e foi perguntar a fonoaudióloga se o Axel Rose voltaria a cantar novamente.

Curiosidades da Itália

Fazer ciência não é só ficar trancado no laboratório. Ao desenvolover nossa capacidade crítica de observar a natureza e questionar o que encontramos, também acabamos por examinar essa parte mais peculiar da natureza que são os seres humanos.

Por circunstâncias diversas, vim parar nesse país famoso por suas obras de arte e importância histórica. Uma benção para alguns, mas nem tanto para aqueles cujo objetivo de vida é correr na avenida da praia fechada para o transito de domingo e depois ir para a Roda de Samba do Estephanio’s… Enfim, sou compelido a contar para vocês algumas curiosidades daqui.

Quis o destino, e o fato de um dos pesquisador mais renomado na minha área trabalhar aqui, que eu viesse parar em Alessandria, principal cidade da província de Alessandria, nomeada assim em homenagem ao papa Alessandro não sei das quantas. Please, não tem nada a ver com a histórica Alexandria, que fica no Egito.

Ao se chegar de trem já percebemos a peculiaridade. Mais ou menos 5km antes da cidade entramos em um nevoeiro que me faz sentir em Avalon, am referência a ilha mágica do conto de Marion Zimmer Bradley. Assim como no conto 5 km depois da cidade o nevoeiro desaparece. Nada a ver com magia, apenas uma inversão térmica que retêm vapor d’água e poluentes na camada mais inferior da atmosfera e que os ventos fracos (ou deboli como se diria em italiano) não conseguem dissipar. Quis o destino que esse fenômeno acontecesse com maior intensidade justamente na cidade onde esse Carioca da gema veio parar.

Ao entrar no supermercado algumas coisas chamam atenção. A menor seção de todas é a de desodorantes, acompanhada logo pela de sabonetes, shampoos e pela de refrigerantes. Isso explica de cara por que é insuportável o cheiro de CC no laboratório onde trabalho. Quanto mais perto das 5 da tarde, maior o cheiro de CC. O banho relaxante em banheiras dos romanos e japoneses é milenar, mas o banho como conhecemos hoje tem menos de um século. Foi Paster que sugeriu o banho com água corrente para limpar o corpo dos microorganimos que causavam doenças de grande importância na saúde publica do início do século XX. Claro, quis o destino que fosse um francês a inventar a chuveirada, mas certamente não pra evitar aquele “Cheiro de Corpo” como explicava o comercial dos anos 50 e que se tornou o popular CC. Não é a toa que os Franceses e italianos tem perfumes maravilhosos.

Nunca vi a TV russa ou Afegã, mas quando forem 4 da tarde de sábado e você quiser ver um programa legal, mas não tem NADA na TV brasileira, lembre-se que na Itália a TV sempre parece sábado a tarde e a qualquer momento estará sempre passando um programa pior aqui do que ai. Eles usam e abusam de programas de auditório, com pegadinhas etc. Imaginem 382 variações diferentes do Domingão do Faustão, Show do Bolinha, programa Raul Gil espalhadas em todos os canais e em todos os horários. Não é a toa que eles elegeram o Berlusconi presidente.

Ao contrário do que todo mundo comenta sobre as maravilhas de se viajar de trem pela Europa, não é bem assim. Viajar de trem é caríssimo. Muito mais caro do que viajar de ônibus e muitas vezes do que de avião. O conforto também não é o forte, já que a maior parte dos trens são antigos e lentos, muito lentos. Se você quiser o trem confortável e rápido, prepare seu bolso. Custa em média 5 euros por hora de viagem nos trens convencionais e 10 euros por hora de viagem nos trens Eurostar. Quer um conselho: Pegue um ônibus, como a gente faz no Brasil.

Tá, Tá, Tá, nem tudo é ruim. Aqui a gente não paga remédio. Isso mesmo, aqueles 200 reais por mês básicos que qualquer um de nós gasta na farmácia não seriam gastos aqui. Na maior parte dos casos, você vai ao médico e junto com a receita do medicamento necessário você recebe um ticket que troca na farmácia pelo remédio. Ainda não precisei ir ao médico, mas vai ser muito legal quando eu for e não tiver que pagar nem médico nem remédio e nem plano de saúde.

Todo o café é expresso. Peça um lungo que vem em maior quantidade e não tão forte (como a gente está acostumado). Todo Capuccino é gostoso. Mesmo que tradicionalmente eles não venham com chocolate como a gente esta acostumado no Brasil. É um café com leite e espuminha. Meu primo italiano deu a dica pra simular um expresso. Pegue a primeira água do café que sai do filtro de café, só um pouco, coloque na xícara com um pouco de açúcar bata com a colherzinha até espumar. Depois coloque café a gosto. Não é a mesma coisa, mas como nosso café é mais gostoso, a gente fica na média.

Italianos e italianas são um caso a parte. Na média, a ilusão que temos de um povo caliente é totalmente equivocada. Ninguém puxa papo com ninguém na rua. Ninguém nem olha pra sua cara. Os italianos tratam mal suas mulheres. São super machistas e elas, por sua vez, um tanto submissas (já que continuam com esses caras). Um exemplo exagerado que não pode ser considerado regra é de uma amiga que foi colocada dentro da lixeira, em um bar lotado, pelo namorado, que saiu rindo junto com os amigos. Eles se vestem de forma engraçada. Apesar de ser um dos paises da moda, existe muita liberdade pra se vestir. Coloque qualquer coisa, seja uma calça jeans com olhos pintados enormes, com uma echarpe rosa de pelúcia e óculos amarelos e ninguém vai te achar um ET. Talvez seja por que os preços de tudo são altíssimos, talvez seja porque eles são assim mesmo. Por via das duvidas (e por impossibilidades financeiras) continuarei comprando roupas quando for ao Brasil.

Se você gosta de bundas em geral (tanto faz a que sexo você se refere) esqueça. Italianos não tem bunda, e por isso não malham perna, e conseqüentemente, da cintura pra baixo não tem nada de bonito pra olhar.

A massa. 1o quesito em que os italianos são totalmente imbatíveis. Foi Marco Pólo quem trouxe o macarrão da China, e em Nápoles eles tiveram a grande sacação de colocar o molho feito com tomates vindos da América em cima. Foi uma das descobertas mais geniais de todos os tempos. Mesmo assim, prove o Pesto, o Aglio e Oglio, o Quattro formaggi, o com fungi, ou só com manteiga. São todos sensacionais. Alias, tudo é cozido com óleo de oliva extra-virgem. E quase todo mundo conhece alguém, que conhece alguém que tem uma oliveira em casa e espreme seu próprio óleo. Azeite doméstico é imbatível. Quanto a ao molho de manteiga, cuidado apenas com uma pegadinha da língua italiana em relação ao português. Manteiga em italiano quer dizer Burro em português (mesmo que não seja muito usado). Já Burro em italiano, é a palavra pra Manteiga em português.

Vamos ao segundo ponto em que eles são imbatíveis. Todo sorvete é SE-MA-SA-CI-O-NAL. Alguns são realmente imbatíveis. Prove o sabor Bacio (que quer dizer beijo), uma mistura de chocolate com avelã deliciosa. E você ainda pode fazer uma gracinha pra garçonete pedindo um bacio.

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