PRIMO XV

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A cada dois anos acontece uma edição do congresso de “Pollutant Responses in Marine Organisms” ou PRIMO, como ficou carinhosamente conhecido.
A edição de 2007 foi em Florianópolis e esse ano, em Bordeaux, na França. Nosso laboratório não podia deixar de participar e estivemos presentes em peso: Lia saindo pela primeira vez do Brasil com seu trabalho sobre culturas primárias de hemócitos de ostras; Thiago com seu ‘Estranho caso do Hippostomus sp‘, o peixe que quebra o paradigma do P450 em peixes; João Paulo trazendo um pedaço da Amazônia e eu pela primeira vez como Chairman de uma sessão (Young researchers).

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Muitos antigos amigos e muitos novos amigos. Mas esse ano, feliz ou infelizmente, o melhor do PRIMO foi o vinho de Bordeaux.

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Museu a céu aberto

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Passear por Florença é passear por um museu a céu aberto.
Jardins, igrejas, palácios, Michelangelo, Da Vinci, Botticelli, Caravaggio, todo mundo passou por lá. E nem precisa entrar nos museus… você dobra uma esquina e pode dar de cara com ‘O rapto das Sabinas’, escultura lindíssima de Gianbologna, contemporâneo de Michelangelo, exposta na ‘loja’ na ‘Piazza Signorina’. Com sua forma espiralada, foi uma quebra de paradigma na época, já que todas as esculturas, inclusive o David, tinham ‘frente e verso’. Um lado ‘certo’ para ver. Sendo em espiral, cada lado é sempre certo e ao mesmo tempo, um novo angulo e uma nova mesma escultura. A submissão do velho etrusco pelo jovem romano também pode ter muitas interpretações.
Mas além de uma viagem pela história e história da arte, uma passeio por Florença também é um passeio pela história da ciência. A começar pelo próprio ‘Museo di Storia della Scienza’.


Os planos inclinados que Galileu usou para estudar o movimento, os primeiros astrolábios, lentes, telescópios e microscópios, dínamos… O museu é pequeno mas muito, muito charmoso.
E por sorte, no Palazzo Strozzi estava acontecendo a exposicao O ceu de Galileo: da antiguidade ao telescopio. Essa uma exposicao riquissima, com muitos instrumentos mas tambem obras de arte como o ‘Atlas’ (que carrega o mundo nas costas) de Barbieri e o ‘Saturno’ (que devora um de seus filhos) de Goya.


O tema não poderia ser mais bem escolhido, porque nada representa melhor a história da ciência que a evolução do conhecimento do firmamento acima de nós. Mostra como observações mais cuidadosas, instrumentos mais avançados e cálculos mais precisos levaram o homem de um céu estático com as estrelas do starfix que eu colava no teto do meu quarto quando era criança, até as sondas espaciais que temos hoje.
Mais que a história, é a vitória da ciência.
Nada poderá tirar meu prazer de caminhar por Florença.

Porque é difícil inovar?

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Meu pai diz que na próxima encarnação quer vir biólogo. Isso porque eles viajam bem mais que os engenheiros eletrônicos. Minha tia diz que tem um sobrinho muito inteligente, porque vive viajando.
Eu não posso reclamar, porque minha profissão sempre me permitiu conhecer lugares e pessoas interessantes. Me permitiu, por exemplo, ir assistir ontem a mostra dos modelos reconstruídos (de acordo com os originais) das maquinas inventadas por Leonardo da Vinci, descritos no Código Atlantico, no Palazzo della Cancelleria, em Roma. Não é o máximo?!
A exposição mostra o grande espírito inventivo e inovador de Da Vinci, o que me levou a lembrar da minha experiência com inovação nos últimos meses.
Há um tempo atrás, um professor me disse “É professor Rebelo… os grandes dinheiros para pesquisa, agora estão na FINEP”. Só fui entender o que ele quis dizer agora, dois anos depois. A Financiadora de estudos e projetos é um orgão do governo federal para estimular inovação científica e tecnológica. Enquanto os recursos no CNPq e nas FAPs ficam cada vez mais escaços, na FINEP eles ainda são abundantes (e muitas vezes, mal empregados – seguindo critérios políticos e não técnicos).
Minha percepção é que em pouco tempo, todo cientista que quiser ter acesso a recursos para fazer ciência de ponta (ou seja, recursos abundantes) terá que se envolver com inovação. Teremos todos de ser um pouco Da Vinci.
O problema é que essa mudança não está se dando progressivamente, mas sim de uma hora para outra. Agora nos deparamos com o dever de inovar, sem termos nunca sido preparados para isso.
Na época de Da Vinci inovar era bem mais fácil.
Ele tinha uma idéia e colocava ela no papel. O que já significava que a idéia era dele e estava publicada (ainda que não fosse). Não precisava provar que ela funcionava (como a bicicleta que só anda em linha reta). A patente era automática também.
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Mais que Da Vinci, temos que ser Pasteur. Por que esse sim, fez coisas que funcionavam. Resolveu os problemas da fermentação do vinho (Graças a Deus!) e depois com o que aprendeu sobre microorganismos inventou a vacina. Pasteur era inventivo e inovador porque não acreditava apenas na ciência básica e nem na ciência aplicada. Acreditava que uma movia a outra. A aplicação da ciência movia a descoberta do conhecimento, que depois gerava a aplicação da ciência.
Para ser criativo, e para inovar, Domenico de Masi diz também que é importante ter um grande senso estético. A busca da beleza é inovadora.
Mas além da inventividade, hoje temos de saber e fazer muitas outras coisas. Hoje temos que abrir uma empresa, o que já significa um monte de gastos e uma burocracia enorme. Pesquisa de nome, junta comercial, CNPJ… Se você coloca a palavra produto no objetivo da empresa então paga ICMS, mas se tira, não precisa. E se coloca ‘licenciamento’ no objetivo, ai fica tudo mais fácil, porque você cai em um limbo fiscal e nem estado, nem município, sabem como tributar essa atividade que não é produto nem serviço.
Mas quem é que ensina isso pra gente na faculdade? Ninguém. Nem agora, que quase todas as oportunidades de financiamento de pesquisa passam por inovação, continuam ensinando. Ninguém fala sobre isso na faculdade de Biologia (ou outra faculdade de ciência que eu conheça). Plano de negócio?! Nem pensar.
Mas nisso eu sou um pouco Da Vinci. Vamos colocar no papel e depois a gente da um jeito de fazer funcionar. Depois de superados os entraves burocráticos, Está aberta a Bio Bureau, empresa que se propõe a construir organismos geneticamente modificados para remover poluentes de efluentes industriais. FINEP, ai vamos nós. Da Vinci que se cuide!

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