O mais inteligente de todos

Irmão mais velho

Quando eu era Chubby


Tenho duas irmãs lindas. O que seria de mim se eu não fosse o mais inteligente?

Não me entendam mal. Minhas irmãs não são ‘loiras burras’ (ainda que uma adore ser loira). A Adriana é uma bem sucedida empresaria de gastronomia na França e a Letícia, com talento incrível para lidar com animais (excluindo os da raça humana), é a melhor veterinária do mundo! E ainda são lindas. Sobrou pra mim então ser o mais inteligente. Bom, pelo menos é o que elas dizem.

Mas não são só elas. Desde 1874 a relação sobre a ordem de nascimento e a inteligência é investigada. Na época, o autor, F. Galton, havia encontrado mais primogênitos em posições de destaque na sociedade do que ele atribuiria ao acaso. Desde então foram vários artigos, muitos deles em revistas prestigiosas como a Science (o que de maneira alguma garante a veracidade do estudo, mas ajuda).

Bom, já posso ver a minha amiga Daniela Peres exaltada, contra-argumentando que milhares de outros fatores podem ter levado os primogênitos a serem mais bem sucedidos. Bom, ela também não é a única, e muitos cientistas argumentaram que o ‘efeito primogênito’ seria na verdade uma falácia, uma relação falsa causada por fatores de confundimento dentro de famílias grandes. Mas as evidências eram tantas, inclusive vindas de estudos com gêmeos, que outros pesquisadores ainda, resolveram examinar a questão da falácia. Eles (esses últimos) mostraram, em novos artigos, que artefatos diversos não poderiam produzir os resultados observados (nem mesmo classe social das famílias): existe realmente uma relação entre a ordem de nascimento e a inteligência em nível populacional.

Abre parênteses: Em nível populacional, aqui, significa que na sua família especificamente, você pode ser o mais novo, mais bonito e mais inteligente dos irmãos, mas isso não muda o fato de se pegarmos muitas, muitas, famílias, a maioria dos mais velhos será mais inteligente que os caçulas. Fecha Parênteses.

Mas que teoria biológica poderia explicar isso? Que ‘princípio’ poderia estar na base desse fenômeno?Alguns pesquisadores sugeriram a hipótese do ‘ataque dos anticorpos maternos’: um fenômeno não comprovado mais (pouco) plausível, já utilizado para explicar outros fenômenos interessantes mas sem muito sucesso.

Então o grupo de Kristensen e colaboradores, do artigo que cito abaixo, mostrou uma coisa interessantíssima: nas famílias onde o primogênito morreu, o segundo irmão tem o mesmo QI dos primogênitos de outras famílias! E em famílias onde o primeiro e o segundo irmão morreram, o terceiro irmão apresenta o mesmo QI dos primogênitos de outras famílias (verdade seja dita, com uma variância muito maior). O fator não é biológico: é ambiental. Ou melhor, é cultural. Ou melhor ainda, familiar!

Os primogênitos estão mais expostos a linguagem adulta que os caçulas. Eles também assumem a tarefa de responder perguntas e explicar coisas para os irmãos menores. Diversos estudos já mostraram que a preparação para ensinar alguma coisa, um tema, é a que leva a melhor compreensão daquele tema.

Os irmãos mais velhos não são ‘naturalmente’ mais inteligentes. Eles ficaram mais inteligentes porque eram professores de seus irmãos mais novos.

Irmão mais velho

Kristensen, P., & Bjerkedal, T. (2007). Explaining the Relation Between Birth Order and Intelligence Science, 316 (5832), 1717-1717 DOI: 10.1126/science.1141493

Broadcast yourself or die!

Será que é possível, atualmente, dar uma disciplina na universidade sem que os alunos morram de tédio e  o professor de desgosto? E ainda mais, que os alunos estudem, trabalhem em grupo e sejam criativos? E ainda mais, que o material didático seja de qualidade, disponível na internet e acessível a todo mundo?

Parece sonho, mas com um pouco de disposição, muita coragem e o apoio do meu amigo e coordenador de graduação Marcelo Einicker, conseguímos fazer exatamente isso na disciplina de Biofísica da graduação em Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Apesar da apatia que sempre reinou, mesmo com meus esforços mais hercúleos, eu sempre soube que meus alunos (porque eu fui um deles anos atrás) tinham potencial (veja aqui a resposta sensacional a uma questão de prova criativa, postada por um aluno há dois semestres). Mas foi só quando eu vi o vídeo do Piruvato, feito por um ex-aluno meu, que eu percebi que estava apontando eles na direção errada. Discuti isso em um post no início do semestre e propús aos meus alunos a mudança do rumo do navio, mesmo com ele em curso.

invertemos tudo: as provas foram publicadas na internet e a cada semana uma das questões era discutida em sala de aula. Os alunos tinham até as 22h do dia anterior a aula para postarem na internet, no site da disciplina baseado em MOODLE, conceitos, idéias e materiais multimídia que pudessem auxiliar na construção da resposta em sala de aula no dia seguinte. A nota… era baseada simplesmente na presença em sala de aula durante a discussão da resposta: postou argumentos no site e estava presente durante a aula, ganhou o ponto!

A lista de chamada… uma foto da turma tirada com o celular. Começaram a sair de sala? Dormiram? Outra foto. Como eu já discuti aqui, quem não consegue disposição para estar 2h por semana na minha sala de aula lépido e faceiro, não merece educação pública de qualidade e gratúita. Mas todo mundo queria ‘sair bem na foto’ e, e eu tive a maior frequencia em sala de aula desde 1849.

É claro que ainda tinha gente que não ia, que só assinava a chamada e escapava, que só ficava pra foto… que comia, que dormia, que namorava… Mas tinha um monte de gente trazendo conteúdo, tirando dúvidas, perguntando, explicando.  E transformarmos aquele momento que era frustrante para todo mundo, a aula presencial, em ‘um momento de qualidade’.

Mas o ponto máximo foi a aula de hoje, quando eles apresentaram seus “Projetos Artístico Científicos Culturais Criativo Educacionais”. No início do curso, eles receberam uma tarefa, que seria a principal nota do curso: Produzir um material didático alternativo, que pudesse ser disponibilizado na internet para todo mundo, que ensinasse um (qualquer um) tema ou aspecto da biofísica. O material deveria:

  • Ser publicado na internet (videos no youtube, textos em blog) com uma licença creative commons (utilizado, copiado e distribuido gratuitamente)
  • Videos não poderiam ter mais de 10 min. Os blogs não poderiam ter menos de 20 textos e cada texto não poderia ter mais de 500 palavras. Foto novelas e histórias em quadrinhos também eram permitidas.
  • O material poderia, deveria, ser engraçado, irreverente, bonito, provocante, surpreendente, sensual, criativo… mas como isso tudo é difícil de avaliar, o critério objetivo era: tinha que ensinar biofísica. E tinha que ter ensinado biofísica a quem tivesse preparado o material.

Ninguém estava acostumado a fazer isso, e ninguém deveria nascer produtor de cinema. Por isso, as idéias foram transformadas storyboards, os storyboards discutidos e transformados em roteiros, os roteiros discutidos e finalizados. Depois ensaiados, gravados, editados, finalizados e ‘subidos’ para a rede.

O resultado foi surpreendente. Todos cumpriram as instruções e levaram nota máxima (e ganharam livros “A Verdade Sobre Cães e Gatos“. Os vídeos estão na página da disciplina no Facebook. Vale a pena conferir!

Certamente existem outras soluções para o problema da apatia na sala de aula, mas posso dizer que fiquei muito satisfeito com essa. Estamos no caminho certo: Broadcast yourself or die!

 

O ritmo contagiante do Kuduro conquistou a todos. A letra dessa versão é brilhante: correta, inteligente, divertida… Notem os pequenos detalhes como a transferência dos ‘elétrons’ bolinha, a rotação da bomba de prótons e a distribuição dos ATPs. Mas quando Francisca Paiva entra em cena como ‘energia luminosa’… ninguém consegue se segura e as palmas explodem no salão!

Engraçadíssimo… Os ancoras Arthur Santana e Bruna Maria… a ‘contra-rega’ Camila Puga… o professor Pedro Feio… E claro… os sensacionais Poraquês! Dr. Chagas ficaria encantado com o vídeo.

Muito boa a mistura de Escolinha do Professor Raimundo, Chaves e Casseta & Planeta. Destaque para Isabela Espasandin fazendo a “Loira Burra” morena, carioca e inteligente. E para os malucos diversos do Interbio 2012. Ficou ótimo o efeito de ‘película’ na imagem. Tratamento professional!

Outro grupo criou o blog Teorias do Envelhecimento para discutir e explicar as teorias sobre o envelhecimento. Os textos são ótimos! Stevens Kastrup Rehen iria adorar! Tomara que eles continuem publicando.

Os personagens no estilo South Park são caricaturas dos alunos do grupo. A platéia não resiste e bate palmas no ritmo do refrão “onda, onda, olha onda – clap, clap”

Caras e caretas viram um alerta sobre os sintomas e problemas da contaminação por mercúrio em uma rodinha de violão.

A ecolocalização explicadinha. Chamar Batman e Aquaman para explicar o fenômeno comum em golfinhos e morcegos foi uma excelente idéia. Os personagens de massa de modelar ficaram ótimos!

O projeto foi feito para ajudar os alunos do vestibular comunitário da UFRJ e o destaque é a trilha sonora de Fernando Tuna.

Os titulares e os reservas

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“Por que você quer ser um titular?”
Foi a única pergunta que a banca repetiu a todos os candidatos do concurso para professor titular onde foi selecionado Stevens Rehen. Nenhum deles estava realmente preparado para essa pergunta e as respostas variaram de um pífio “porque eu tenho o perfíl” até tentativas mais objetivas, mas que demonstravam claramente a falta de familiaridade com a função mais privilegiada da universidade.
Passei os últimos dois dias me debatendo com essa pergunta, porque ao tentar formular qual seria a minha resposta, descobri que também não sei e-x-a-t-a-m-e-n-t-e o que faz um titular. Se eu paro e olho a minha volta para ver os exemplos que conheço, não consigo encontrar um padrão de atitudes que possa caracterizar a função. Não um que justifique o título.

  • Não os vejo organizarem eventos que divulguem o nome do instituto para a academia ou a sociedade, tanto nacional quanto internacionalmente; certamente não mais do que seus colegas adjuntos e associados.
  • Não os vejo trazerem projetos e recursos que ampliem o capital e as fontes de financiamento da instituição; pelo menos não mais do que seus colegas associados e adjuntos.
  • Não os vejo criando espaços físicos e recuperando infra-estrutura; definitivamente não mais do que seus colegas professores sem o título.
  • Não os vejo estimulando jovens talentos a ingressar na carreira ou a assumir grandes responsabilidades na vida acadêmica. Ao contrário da maioria dos seus colegas adjuntos e associados, muitas vezes os vemos tolindo esses jovens.
  • Não os vejo utilizarem seu título e prestígio para trazerem talentos reconhecidos, do nível de um laureado Nobel, para dar cursos e conferências. Nada além do que conseguem trazer seus colegas associados e adjuntos.
  • Não os vejo vendo o futuro, estabelecendo estratégias de ação, criando vias de desenvolvimento e mecanismo de gestão, reconhecendo novas oportunidades, estimulando competências; definitivamente não mais do que qualquer um de nós, professores mortais.

Eu queria um titular que fizesse isso. Mas não tenho.
O título de titular concede acesso a instâncias e discussões privilegiadas. Ser titular se tornou a principal forma de administrar e fazer política universitária, geralmente em causa própria ou do próprio feudo. Na melhor das hipóteses, visão se manter na frente na corrida com seus pares pela mais alta qualidade das produções científicas, ou cargos administrativos em colegiados superiores como a FINEP e o CNPq. Em uma outra hipótese… não fazem nada… e vão curtir o seu título em suas escrivaninhas ou em uma casa nas montanhas. A vaga de titular virou moeda de barganha política nos institutos e não mais parte de um programa para realizar uma missão institucional.
Esses titulares estão merecendo mais é ir para reserva.

Aluno, Alumni, Alumnus

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Algumas pessoas sugerem que a palavra ‘aluno’ significa ‘sem luz’, pois derivaria do latim ‘alumni‘ em que ‘a‘ quer dizer ‘sem’ e ‘lumni‘luz’. Na verdade, a palavra se origina do latim ‘alumnus‘, que significa ‘criança de peito’ e é o particípio passivo perfeito do verbo ‘alere‘, que significa ‘alimentar‘. Uma visão romântica da etimologia da palavra concebe o aluno, portanto, como aquele que é ‘alimentado com conhecimento‘.
Como vocês podem imaginar, a diferença não é banal e gerou muitos problemas. Um deles foi a adoção da palavra ‘estudante‘ no lugar de ‘aluno‘, para retirar o caráter pejorativo de ‘não iluminado‘. No entanto, ‘estudante‘ e ‘aluno‘ não são exatamente sinônimos na língua portuguesa. De acordo com o dicionário Michaelis, estudante é ‘aquele que estuda‘. Assim, eu posso ser um estudante de Paulo Freire sem ter sido seu aluno; ou posso ter sido aluno de Freud sem ser seu estudante.
Um termo também utilizado para substituir aluno é a palavra ‘aprendiz‘, que deriva do particípio passado arcaico ‘apprendititum‘. O verbo ‘apprehendere‘ significa segurar, prender. Aprender significa tomar conhecimento de, reter na memória.
Mais outro termo utilizado recentemente é ‘cliente‘, apesar do preconceito com que ele é visto nos meios acadêmicos, devido à associação com as relações comerciais. Mas o seu significado é nobre. Cliente é aquele que tem confiança em quem lhe presta um serviço. Assim, o termo é mais comumente aplicado em relações profissionais com advogados, médicos e outros serviços. Mas por que não seria também na educação?
(Publicado originalmente no material didático para o curso de capacitação de professores em EAD da UAB)

Ti-ti-ti! A fofoca como instrumento de ensino

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Quando fomos para a África capacitar professores para a produção de material didático para o ensino a distância em Moçambique, vimos que o desafio seria grande. Tirando as questões relacionadas com infraestrutura, finanças e tempo, que estavam além do nosso controle, esbarrávamos na dificuldade relacionada a(s) língua(s), que eu já relatei aqui, e com a extrema formalidade dos docentes no trato conosco, com eles próprios e com os alunos. Com aquela formalidade toda, não se faz educação a distância. Mas e como convencer eles disso?
As boas aulas que demos com a nossa informalidade, não foram suficientes e vi que precisaria de mais argumentos, científicos, para convencê-los. Então montei uma apresentação, curta, mas embasada no ótimo livro “The Red Queen“, sobre o qual eu já falei aqui. O livro fala de evolução e quando eu o li, já tinha pensado que deveria organizar algumas idéias ali em um artigo, pra que pudessem ser aplicadas na educação.
Funcionou! Eu consegui que os professores rissem contando algumas fofocas sobre o meu companheiro de quarto, que não estava presente na aula, e depois de muita discussão conseguimos que eles escrevessem com um pouco mais de informalidade.
E agora, seis meses depois, o artigo está pronto e publicado no Bioletim. Não deixem de ler, tenho certeza que vão gostar e usar o que aprenderem em sala de aula. Ou em qualquer outra situação que queiram chamar a atenção de alguém.

Desmaiando de chatice

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Enquanto preparo o programa de aulas para o semestre que se inicia, me pego perdido em pensamentos: será que foram boas aulas? Será que os alunos gostaram?
Bom… essas duas perguntas não são complementares, porque dado que uma, nada garante a outra. E nada pode garantir que todos os alunos gostarão de uma aula, como já falei brevemente aqui.
Então me pergunto a única pergunta que posso responder: será que eu gostei?
Revejo o programa, revejo algumas aulas, revejo algumas atividades.
Sim, gostei de muita coisa. Mas não, não gostei de muitas coisa também. Tivemos tantas aulas… chatas!
Eu coordeno 3 disciplinas. O que quer dizer que monto o programa (com a contribuição de outros professores) e supervisiono as aulas. Dou várias aulas também, mas atualmente as disciplinas quase sempre envolvem mais de um professor. Na maior parte das vezes, por ser o entendido, especialista no assunto. Mas algumas outras vezes, porque justamente na falta de um especialista, sobrou pr’aquele pobre coitado falar do que ninguém mais queria falar.
Outra característica das disciplinas é a presença de alunos de pós-graduação dando aulas. Muitas vezes porque são muito bons e são, eles próprios, os especialistas nas diferentes áreas, e não o docente responsável. Mas várias vezes apenas para cumprir os pré-requisitos da bolsa da CAPES.
Os próprios alunos também dão aulas. Bem, na verdade não são aulas, são seminários, que não são exatamente aulas, mas que eles acabam apresentando como se fossem. Confuso? É exatamente isso que os seminários dos alunos são.
Então temos um pouco de tudo nas aulas. E apesar dessa ser uma possibilidade enriquecedora, o que temos é confusão. Quase caos!
Não há como requerer o mesmo conhecimento, o mesmo esforço ou a mesma habilidade natural para todos os professores. E muito menos para os alunos.
Alguns professores são claramente melhor que outros. Não só no conteúdo específico, mas principalmente no jeito de dar aula. Pode ser fruto de uma estratégia pensada, com resolução de problemas, planejando cuidadosamente a construção do conhecimento ou o que vai chamar atenção ou motivar os alunos. Outras vezes são ‘naturais’. Não precisam fazer nenhum esforço para manter atenção dos alunos. São encantadores de serpentes, sedutores de massas. É lindo ver um ‘natural’ dar aula. Mas são tão raros quanto os dedicados do início do parágrafo.
A maior parte dos professores acha que o que eles tem para ensinar é tão importante que o aluno não faz mais que a obrigação de prestar atenção e aprender. Talvez um dia tenha sido assim, mas não é mais. Hoje o professor tem que concorrer com MTV, cinema 3D, videogame, Vampiros, facebook e Google. O principal erro deles é não selecionar informação. Dão um monte de artigos para os alunos lerem, esperando que eles depreendam as coisas corretas, sem ter preparado eles pra isso. E esse, os 10 artigos, é só um exemplo. Mas eles podem fazer isso com qualquer coisa, até mesmo com uma pergunta em sala de aula, daquelas que com a escassez ou excesso de informação que foi dado, apenas ele, professor que fez a pergunta, e ninguém mais, tem como saber a resposta.São de uma chatíce infinita. E as aulas, de desmaiar.
Os alunos reclamam e com razão. Ou… não reclamam, e fazem o mais fácil: vão embora e não assistem a aula.
Sim, também vão embora das aulas boas, mas por outras razões, que certamente incluem vagabundagem, mas que não vêm ao caso aqui.
Abre parênteses: as salas de aulas estão cada vez mais vazias. Quando o professor faz chamada e é exigente com assiduidade e pontualidade, a sala pode até estar cheia, mas as mentes estão vazias. E quando ele é muito exigente na prova, os olhos até ficam grudados no quadro negro, aquele artefato antigo, ou no projetor multimídia, os cadernos podem até estar cheios, de anotações, mas as mentes continuam vazias. De um jeito ou de outro, as salas de aulas estão vazias e isso é um perigo. Fecha parênteses.
Os professores podem ser novos, mas os métodos de ensino são tão, tão velhos. Na palestra do Luli Radfaher ele menciona a parabola de Simon Paper, que fala do professor que adormeceu há 200 anos e quando acordou encontrou a escola… exatamente igual. Chata.
Por que será? Porque será que nada mudou na escola nos últimos 200 anos? Sim, porque quem acha que datashow é um grande avanço tecnológico se engana. O último grande avanço tecnológico na escola, nas palavras do Cristovam Buarque, foi o quadro negro (inventando em 1781), que permitiu que as aulas fossem ministradas para 40 e não mais 4 pessoas.
A resposta, na minha experiência, é que, apesar daqueles exemplos românticos do ‘professor que mudou a sua vida’, os alunos que ficam na escola e se tornam professores não são os melhores alunos e nem são os que tem mais iniciativa; são os que tiram boas notas porque são bons de imitação, já que imitando os professores ganham boas notas, e achando isso legal, se tornam eles também professores.
Deve ser isso. Qual é a outra explicação para tantos professores chatos? E tantos alunos com aulas chatas? Sim, porque os alunos podem ser muito críticos na hora de questionar a estratégia didático-pedagócia do professor, mas na hora que ele tem que dar uma aula… faz igualzinho. O que com falta de experiência, quer dizer PIOR!
Na sua grande maioria, as aulas dos alunos de pós-graduação são as piores. Desculpem, vou refrasear, são as aulas mais chatas.
Mas pode ser que eu esteja errado e haja outra explicação. A aula talvez tenha que ser chata mesmo. O nosso cérebro tem um esquema impresso no seu hardware e é o mesmo pra todo mundo. E é feito para aprender coisas muito diferentes de matemática. Talvez por isso, os professores preparam aulas há séculos da mesma forma. E os alunos, quando convidados a prepararem uma aula, fazem a mesma coisa. O que torna a aula chata então não é o formato da aula ou o conteúdo, é o fato que hoje, na universidade, o aluno está ali mas gostaria de estar em outro lugar.

Diário de um biólogo – 5a feira 25/03/2010

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Eu sei que ninguém aguentava mais o texto do carnaval. Me desculpem a demora em atualizar o blog, mas o mês de início das aulas é sempre um mês complicado.
E vai continuar sendo complicado pelo próximo mês, mas eu tive que parar hoje pra contar uma coisa pra vocês: Adoro ser professor!
Ontem dei a primeira aula da disciplina Biofísica no curso de graduação em Biologia. E quando voltava pro laboratório, com as mãos e a camisa sujas de giz, que apesar da alta tecnologia nas apresentações que eu preparo e no site que controla o conteúdo, eu insisto em usar, eu sorria, feliz de ter dado uma boa aula. Feliz que ao final de duas horas continuava todo mundo dentro da sala (que é o maior desafio de um professor hoje em dia). Feliz com a certeza que os alunos saíram de lá sabendo coisas que eles não sabiam, sabendo onde buscar informação para saber mais, e tendo se divertido um pouco (que é outro grande desafio para o professor). Adoro ser professor!
Na sexta-feira da semana passada minha aluna Juliana Americo defendeu sua tese de mestrado, que estava um espetáculo, e que levou nota 10 e conceito A de ponta a ponta. A Juliana é uma aluna brilhante. Já era antes de entrar no laboratório 3 anos atrás, mas tenho certeza que o orientador dela ajudou a lapidar esse trabalho, principalmente na hora de colocar ele no papel. E por isso, enquanto a banca elogiava o manuscrito, eu ria de ponta a ponta, porque eu tinha cumprido bem o meu papel.
Adoro ser professor!

Pelo buraco da fechadura


“O professor chegou com 15 min de antecedência e as 10 horas em ponto já estava tudo pronto para a aula começar. Mas não havia nenhum aluno. No quadro negro, o nome da disciplina, o nome do professor e o título da aula. Também havia uma pergunta, a primeira que ele queria fazer a seus alunos. Mas não havia nenhum aluno. Já havia visto aulas, e já havia dado aulas, para três, dois, até para um aluno. Mas sem nenhum aluno… não há aula.

Então o professor se sentou, abriu seu livro preferido e esperou que os alunos chegassem. Eles tinham que chegar! Não era um curso qualquer: era um curso de pós-graduação, em uma instituição de excelência, com professores gabaritados e, ainda por cima, gratuito. Os alunos, todos eles também professores, foram selecionados com base em critérios exigentes. Então cadê o aluno?

Foi então que ele viu um aluno olhando pelo buraco da fechadura. Via os olhinhos se revezando, mas nenhum deles entrou. “Ué? Será que eles não me viram aqui? O Professor, o quadro negro, a pergunta? Será que não reconheceram a sala de aula?

Dois chegaram a abrir a porta e entrar na sala, mas saíram antes mesmo que o professor pudesse dar bom dia. Será que é isso? O professor deveria ter escrito ‘Bom dia’ no quadro? Ele lembrou da piada do Joãozinho onde a professora sempre que entrava em sala de aula era saudada pela turma com um “Bom diaê, professora” e no final ficou comprovado que ao mesmo tempo que todos da turma davam ‘bom dia’, Joãozinho mandava pra professora: “vai se fudê”.

Com isso ele sabia lidar. Alunos bagunceiros, alunos barulhentos, alunos que não sabem respeitar o professor por esse ou por aquele motivo. Já tinha sobrevivido a várias tentativas de motim em sala de aula. Mas aos alunos que não entram na sala? Isso ele não sabia como lidar.

Ai aconteceu algo realmente estranho. Uma aluna entrou disfarçada de carteira escolar. Sim, ela estava disfarçada de carteria. Luvas e meias compridas da cor de madeira e uma tábua de madeira colada nas costas e outra na barriga e ficou ali, de quatro no meio das outras mobílias acadêmicas por alguns minutos, tentando ver se acontecia alguma coisa. Se a aula começava.

Apenas um segundo antes de revelar o disfarce da aluna e perguntar o que estava acontecendo, ele se lembrou de quando ele era aluno e que um professor reclamou de algo parecido. Os alunos não entravam na sua sala para tirar as dúvidas que ele sabia que eles tinham. A porta estava sempre aberta, ele falou, mas ninguém entrava. Eu era aluno e apesar de não ter aquelas dúvidas, eu sabia porque ninguém entrava: todos tinham medo dele.

Curiosidade e medo. Só mesmo a confluência dessas duas poderosas emoções podem levar um aluno ao ridículo de se disfarçar de cadeira para tentar entrar em uma sala de aula desapercebido. Uma curiosidade tão forte, e um medo tão grande de errar, que anulam o ridículo do disfarce de cadeira.

Então ele deixou a menina ali. Um pouco porque se comoveu com aquela situação, outro porque não havia mais ninguém na sala mesmo, mas também por curiosidade de ver o que aconteceria se outro aluno entrasse e tentasse se sentar naquela cadeira. Na pior das hipóteses, ao ver que nada acontecera com aquela aluna em uma situação ridícula, outros alunos se animariam a entrar na sala, ainda que com outros disfarces. E ele então teria sua turma e poderia dar a sua aula.”

Uma situação parecida aconteceu comigo. Não, não teve aluna disfarçada de cadeira, mas os alunos resistiam a entrar na sala de aula e eu pensei se eu não estaria sendo assustador.

Vai… quem olha pra minha foto ai do lado vê que eu não tenho como ser assustador. Sou até bonitinho!

Mas olhei ao meu redor e vi: Minha sala de aula era assustadora. Mouse, tela, cabos, modem, seqüências de 00001001111001110010101110011 bites e bytes. Fórum, chat, e-mail. Parece a Matrix.

Mas mais que isso: na minha sala de aula virtual existe a palavra! O que se escreve ali fica registrado, guardado nesse baú com tranca de ‘zeros e uns’ e que ainda confundem tanto as pessoas. O que assusta mesmo é a palavra. A autoria do pensamento. A escrita. A crítica.
O que foi dito pode ser retirado, ainda que com dificuldade. O que foi escrito, não. E é isso que apavora.

Descobri que minha sala de aula é mais assustadora do que a ‘mansão de Amityville’!

A sala de aula virtual desperta a curiosidade de todos os professores, mas todos tem medo das suas palavras. O resultado é tão bom quanto uma aluna disfarçada de cadeira.

Pensando bem, vou lá acabar com a farsa dela agora mesmo. Que futuros professores podem ser tornar alunos que tem tanto medo do erro? Ou pior, que tipo de professores eles já são?

A Posteriori

O lema do instituto onde eu trabalho é “Aqui se ensina porque se pesquisa” . Não tenho dúvida de que quem pesquisa, ensina melhor.

No semestre passado, enquanto explicava a toxicodinâmica de metais pesados para uma atenta turma de biologia, no meu desconhecimento de um exemplo adequado de ‘substituição específica‘ – quando o problema biológico é causado pela substituição de um elemento específico que faz parte da composição de uma enzima, por outro elemento qualquer que não faz parte dela – criei o meu próprio exemplo. Mas será que eu posso criar meus próprios exemplos?

A biologia não é como o direito, por exemplo, onde você pode exemplificar um contrato de compra de veículo usando um gol 1.0 ou um PT Cruiser, que dá no mesmo (ainda que não dê no mesmo para quem compra um ou outro). Lá, as regras que se aplicam a um objeto, se aplicam também ao outro. Na biologia, na maior parte das vezes, as regras mudam de acordo com os objetos.

Uma das proteínas, se não mais importantes, mais abundantes no nosso corpo é a hemoglobina, que tem a nobre função de transportar o oxigênio pelo corpo, viajando nos glóbulos vermelhos do sangue: as hemácias. A hemoglobina possui um núcleo estrutural e funcional, a molécula chamada “Heme” que tem o seu cerne, um átomo de ferro (Fe).

O ferro faz melhor, o que todos os outros metais podem fazer em alguma instância: trabalha tanto como doador, quanto como receptor de elétrons. No caso do ferro ele pode mudar de Fe2+ para Fe3+, e de volta para Fe2+, com muita facilidade. Essa habilidade é importante porque permite ao ferro fazer uma coisa bem difícil: pegar o oxigênio em um lugar e soltar em outro. Tudo bem que a abundância de oxigênio nos pulmões ajuda ele a pegar e a carência de oxigênio nos tecidos ajuda ele a largar. Mas em se tratando de divisão de elétrons com o oxigênio… doar é fácil, mas pegar de volta é bem difícil.

Calma, já vamos voltar ao problema do exemplo em sala de aula.

O ferro não está solto na molécula do Heme. Como vocês podem ver na figura abaixo, ele é ancorado por quatro nitrogênios. Só tem um elemento que o ferro gosta mais do que o nitrogênio e o oxigênio: o enxofre. E não só ele, mas todos os metais. Não é por acaso que quase todas as proteínas possuem os 3 elementos.


Não… não estou exagerando na bioquímica. O que eu estou fazendo é explicando a regra do jogo. Se você é advogado, psicologo, engenheiro ou tem outra ocupação, basta substituir essa regra por outra que a moral da história será a mesma.

Como eu estava dizendo, a regra do jogo é: os metais gostam de N, O e S. O ferro é o preferido, mas em determinadas condições (quando você está intoxicado) qualquer um deles pode entrar no lugar do ferro. E era exatamente pra explicar isso que eu precisava de um exemplo na hora da aula.

Talvez por que analisei a quantidade de Zn em mais de 1800 ostras da Baía de Sepetiba durante o doutorado, acabei falando que o Zn poderia substituir o Fe no Heme. Vou no quadro, desenho os 4 nitrogênios (como na figura acima), desenho o Fe, olho para a turma, espero uns 5 s, apago e coloco o Zn, olho para a turma de novo, dessa vez com olhar de “Tchan, tchan!!!“. Ai explico que Zn e Fe não tem o mesmo tamanho, que não trocam elétrons com a mesma facilidade… e algumas outras razões para que o Heme com Zn não funcione. Tudo era meio hipotético, mas pela cara deles, minha explicação funcionara e todos haviam entendido, hipoteticamente, uma ‘substituição específica‘.

Ótimo. Até que na prova eu pergunto um efeito dos metais pesados e os meus quase 60 alunos respondem, em peso: a substituição do Fe pelo Zn na anel porfirínico do Heme. Gelei! Todo mundo tinha tomado como verdade o meu exemplo fictício. E agora?! Lembrei da responsabilidade do professor como ensinada pela profa. Marlene Benchimol: “Um erro é multiplicado por muitos“.

Fui fazer então o que deveria ter feito antes da aula: estudar! Livro de toxicologia pra cá, livro de bioquímica pra lá… artigos novos, artigos antigos… e finalmente encontro. Ela… linda… a Zinco protoporfirina!

A ferroquelatase, a enzima responsável por colocar o ferro dentro do anel porfirínico durante a síntese do Heme, na falta de ferro (como por exemplo na anemia) coloca um atomo de Zinco no centro do Heme. Em certos animais, como as galinhas, que tem a atividade da ferroquelatase baixa (menor que nos camundongos) o Zn em excesso entra de forma não enzimática no Heme!!! Eu sei que vocês não vêem razão para tantas exclamações, mas é lindo!!! E é um exemplo perfeito, e real, do exemplo que eu havia criado em sala de aula!!!

Isso me fez pensar: a intuição é um pouco como a criatividade. Pegue as coisas que você tem armazenadas no seu cérebro e use bem de acordo com as regras que você conhece, e o resultado deve ser bom. Se você conhece muitas coisas, e sabe muitas regras, o resultado pode ser surpreendente. E quem faz isso bem? O pesquisador! Certo, você não vai acertar sempre (afinal, não há como saber todas as regras e nem todas as condições de reação), mas não vai fazer ‘bruta figura’ com os seus alunos. E eles todos vão se dar bem na prova.

Minha professora de ciências


Hoje inicio minha participação no grupo “Roda de ciência” um site onde blogueiros de ciência discutem diferentes assuntos através, cada um, de seu blog. O tema desse mês é “Ensino básico, criatividade, curiosidade” e algo me diz que essa pode ser minha primeira e última participação, porque minha opinião a esse respeito não é muito formal.

Me veio em mente a imagem da professora de ciências, falando de experiências dissecando girinos, contando histórias mas…Tenho discutido muito educação, por causa da minha participação nos projetos de capacitação de professores para educação a distância do CEDERJ e da UAB. Com as oficinas de escrita criativa, comandadas pela Sônia Rodrigues e de designe instrucional, comandadas pela Cristine Barreto, o que temos visto é o seguinte: A escola anda formatando o HD da moçada! Limpando o que existia antes e colocando um conteúdo padronizado. “Esquecemos que aprendemos a falar e a nos comunicar com o mundo contando histórias. Desaprendemos o modelo narrativo que tem funcionado por 25 séculos” como diz a Sonia; e passamos apenas a repetir um conteúdo imposto e programado. Estamos matando a criatividade e a fantasia.

Criatividade é um tema que eu adoro e investigo, mas o que eu tenho visto não me deixa muito animado. Vamos por partes:

Primeiro o livro didático. O Brasil deve ter um dos maiores programas de livros didáticos do mundo, ou alguém conhece outro país que distribui, todos os anos, quase 10 milhões de livros. O programa mantém ainda um sério comitê de avaliação da qualidade do conteúdo dos livros didáticos, que ainda assim, conseguem apenas, evitar grandes absurdos, como livros que propõe as crianças experimentos com facas, fogo e mutilações. Nossos livros estão longe de propor experiências e atividades criativas.

Depois a escola. Quando estive na Amazônia, dei aula em uma escola ribeirinha, uma casa de madeira, em palafitas, de apenas um cômodo, onde crianças de 2 a 12 anos têm aulas todas juntas, com um professor que tem apenas ensino médio. Essa escola, como muitas outras, não tem eletricidade e os alunos têm de percorrer, a pé ou em canoa, grandes distâncias para chegarem até lá. Não é a toa que uma das principais metas do PAC da educação é: eletrificar todas as escolas brasileiras. Gente… eletrificar! Imaginem quando poderemos pensar em levar água potável e esgoto…


Finalmente o professor. Recentemente, um grande amigo professor me contou a história do filho do caseiro, aluno muito deficiente no Rio de Janeiro, com alto índice de repetência, que por determinadas circunstâncias volta com a família para a cidade natal do nordeste, onde virou professor da escola da comunidade. Voltamos ao PAC da educação e a uma das suas outras metas: elevar o piso salarial dos professores de ensino médio para R$ 850,00 dentro de alguns anos.

A imagem da minha professora de ciências vem em mente como um grande romantismo que apenas um filho da classe média estabelecido como eu pode se dar ao luxo de ter. Apesar disso, não tenho nenhuma lembrança de pergunta instigante, que certamente teríamos dificuldade de encontrar mesmo dentro dos cursos de ciências das universidades hoje. A criatividade está morrendo dentro das escolas do ensino médio e dentro da universidade, condenada, até mesmo, pela obesidade intelectual que vivemos. É tanta informação a qual estamos expostos, e que temos de consumir, que não sobra espaço para pensarmos com independência. Para criar.

No seu tratado sobre criatividade, Domenico de Masi diz que as diferentes noções de paraíso dadas por cada cultura, em cada tempo, são uma das primeiras manifestações da criatividade humana. Desde um paraíso onde ninguém precisa trabalhar, até um paraíso onde as maquinas funcionam perfeitamente, passando por aqueles onde virgens exuberantes servem os homens por toda eternidade. Isso mostra o quanto o contexto social e ambiental é importante para o conhecimento criativo que é gerado por um determinado grupo de pessoas. Além disso, o autor defende que sem um ócio, que deveria ser cada vez mais permitido em função da capacidade das maquinas de realizarem o trabalho dos homens, não poderemos organizar as informações que recebemos do ambiente e integra-las, interagi-las de forma que novos conhecimentos criativos possam emergir.


Me volta a imagem das escolas da Amazônia. Com toda precariedade de infra-estrutura, as crianças tem dificuldade de realizar, como nossas pesquisas observaram, os mais básicos dos testes de QI. No entanto, sua habilidade manual para desenhar e modelar massa, além de criar brinquedos com os materiais que podem ser tirados da floresta, mostra que certamente elas são (tão, ou) mais criativas, do que qualquer criança urbana.

Quem tem de aprender com quem?

PS: Visite o Roda de Ciência e deixe lá seu comentário.

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