Antes tarde do que nunca

“O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai acrescentar, na plataforma eletrônica Lattes, que traz currículos e atividades de 1,8 milhão de pesquisadores de todo o País, duas novas abas para divulgação pública. Em uma delas, os cientistas brasileiros informarão sobre a inovação de seus projetos e pesquisas; e na outra, deverão descrever iniciativas de divulgação e de educação científica.”

A matéria do jornal da ciência anunciando que finalmente o CNPq, o conselho nacional de ciência e tecnologia, vai reconhecer divulgação científica como produção científica é um alento para a sociedade, para os cientistas e para os blogueiros. A sociedade porque financia a ciência com os seus impostos mas não é capaz de entender os artigos científicos extremamente técnicos que órgãos financiadores exigem, e os cientistas porque vão poder divulgar seu trabalho e se aproximar do seu público sem que isso signifique ‘desperdício’ do tempo que deveria ser investido em artigos técnicos. Finalmente, para os blogueiros, que vêm fazendo essa divulgação sem nenhum apoio dos órgãos de fomento ou dos seus próprios pares. Tomara que os alunos de pós-graduação percebam a importância de divulgar seus trabalhos para a sociedade e, ao escrever, praticar a sua escrita.

Discussão - 6 comentários

  1. Saudades da NSF... disse:

    Se cada pesquisador dedicasse ao seu trabalho as horas que tem de dedicar para preencher todo o Lattes a ciência brasileira estaria bem melhor agora.
    É uma vergonha que ter que acrescentar manualmente entradas no Lattes e uma vergonha maior ainda para a ciência brasileira que o currículo do pesquisador seja utilizado na hora de jultar seu pedido de financiamento. O investimento deveria ser feito para os melhores projetos, e não para os currículos mais pomposos.
    O Lattes só serve para ajudar a encastelar a ciência nacional, alimentar egos, e dificultar o financiamento para os novos brilhantes cientistas.

    • Mauro Rebelo disse:

      Não deixo de concordar com você. Ainda que não ache uma vergonha usar o curriculo do pesquisador como parâmetro (como se faz em qualquer profissão). No entanto, que o currículo deveria ser outra coisa, isso deveria. Qualquer dia vou escrever sobre o capítulo do andar do bêbado que fala sobre as probabilidades que sucessos passados (registrados em curriculos) tenham sido obtidos por acaso e não por competência.

  2. rafael disse:

    Ótima notícia, somente um país que investir no entendimento em ciência vai avançar. Ciência não é a grande chatisse que ensinam no ensino médio. Precisamos chegar ao público jovem de maneira que eles estejam acostumados, por isso a divulgação na internet ser tão importante
    Seria legal também que todos alunos de graduação e pós escrevesse um pouco no Wikipedia.

  3. Mario Lira Junior disse:

    Vou discordar dos dois.
    Primeiro porque o Lattes, embora chato, cumpre uma função que não existe em quase todos os países ao permitir a comparação direta de pesquisadores de uma determinada comunidade. Concordo que poderia ser muito melhorado, e a importação de dados via DOI foi um passo neste sentido. Outro ponto que poderia ajudar seria permitir a importação mais fácil dos Lattes de co-autores, já que raramente temos um trabalho sozinho.
    No entanto, discordo veementemente do primeiro comentarista com relação a ser um absurdo levar o currículo do solicitante em consideração. Qual seria o outro critério viável para isto, considerando a competição por recursos escassos? Você acredita realmente que na NSF mencionada no seu apelido o currículo do pesquisador é desconsiderado? Isto não existe em canto algum do mundo. Lembro também ao Mauro Rebelo que um ou alguns poucos artigos podem realmente ser acidentes, mas isto normalmente é coberto em um prazo um pouco mais longo, como os cinco anos julgados normalmente pelas agências de fomento.

  4. Munique disse:

    Só falta agora a CAPES conceder bolsas fora do país para pesquisas em ensino de ciências. O Ciência sem fronteiras só abarca a área tecnológica. Adoraria que percebessem que aplicar em ensino de ciências de qualidade e efetivo é um investimento importante. Eu mesma adoraria fazer o doutorado (ou parte dele) em ensino de ciências vendo perspectivas novas e aprendendo coisas diferentes do que é praticado aqui. Trazer idéias legais, contribuir. Mas não. Ensino de ciências não tem valor.

    • Mauro Rebelo disse:

      Mas porque você quer fazer doutorado em ensino de ciências fora do país? Dá pra fazer aqui e muito bem. Mas se depois dá pra aplicar o que você aprender em sala de aula... ai é outra coisa.

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