Deu na CBN, de novo
Duas semanas atrás a assessora de imprensa do IBQm, veio no laboratório conversar com a gente sobre os projetos em andamento e preparou um release sobre o trabalho do Diogo. Ele está estudando no mestrado mecanismos de detoxificação de metais pesados nos camarões cultivados no Nordeste. Até agora, descobrimos que os camarões não utilizam as mesmas estratégias de descontaminação que a maior parte dos invertebrados marinhos. Mas descobrimos também a alta contaminação das rações por metais pesados. Várias marcas de ração, vários lotes da mesma marca, todos tinham concentrações de Mercúrio (Hg) , muito além do residual. Isso não é bom.
O Hg, claro, vai para nos tecidos do camarão. As concentrações ainda não são alarmantes (5% do valor máximo permitido por lei). Quer dizer, não são alarmantes para o consumo humano. Já para os camarões, isso é um problema. Nossa hipótese é que eles gastam tanta energia pra se livrar do Hg, que não sobra nada para crescer. Isso é ruim para o produtor, já que 70% do custo do cultivo é ração, que acaba sendo desperdiçada com animais que estão se descontaminando e não crescem.
As 6h parei tudo, dei uma olhada na versão da tese, revi os valores permitidos pela legislação. Dar entrevista ao vivo não é fácil. Inclusive por isso não deixei o Diogo falar. Cinco de cada oito palavras que ele fala são gíria. Dessas, 3 são conhecidas apenas pela rapaziada do Grajau. Não dava pra sair na CBN. Fiz algumas anotações para me livrar de um possível ‘branco’ e fiquei esperando o telefone tocar.
Você pode ouvir a conversa com o Heródoto Barbeiro aqui. Achei que ele tentou ser mais contundente do que os meus resultados realmente permitiam. Mas essa não é sempre a questão entre cientistas e jornalistas?