O que você já aprendeu com um best-seller?

Vejam que legal. Uma amiga escritora viu o VQEB e me convidou pra escrever em uma oficina literária onde ela orienta alunos de literatura e física a terem uma linguagem comum de aprendizado, a literatura. Eu então, pra não fazer feio, pensei muito no assunto e vi que ele renderia não só um texto, mas, me arrisco a dizer, uma revolução no ensino. Eis o texto que mandei para o site dela:


Enquanto os cientistas se aprofundam cada vez mais em descobertas inacessíveis ao público leigo e se sentem incapazes (acham desnecessário ou são incompetentes) para transmitir o conhecimento das suas descobertas para o público leigo, os autores de ficção estão contando histórias que transmitem essas informações de uma forma suave e divertida.

Atualmente se segue uma ordem compartimentalizada para comunicar a informação. Primeiro se publica em formato e linguagem científica, os artigos científicos; depois se divulga em linguagem para leigos, os artigos de jornais e revistas, alem de alguns programas de televisão; em terceiro na forma de manual, o material didático; e por fim, a totalmente inexplorada propaganda das descobertas científicas: o marketing científico.

Existem profissionais para cada uma dessas atividades, mas nenhum que passeie por todas elas. Os cientistas escrevem seus artigos chatíssimos e totalmente inacessíveis em revistas especializadas. Os jornalistas tentam divulgar a informação para os leigos, mas a velocidade dos meios de comunicação como jornal e televisão, impedem que a informação científica seja verificada e transmitida com cuidado requerido pelo pesquisador que gerou essa informação. A divulgação de informações científicas equivocadas por parte da imprensa tem sido motivo de atrito entre pesquisadores e jornalistas por muito tempo, e afastado a ciência dos noticiários. É verdade que muitos jornalistas, atrás do furo, acabam tratando descobertas científicas como se fossem ficção científica (ou seja, com sensacionalismo). O material didático por outro lado é sempre antiquado e de renovação lenta. E nem de longe acompanha a velocidade das novas descobertas (e viva as iniciativas como a século 21, que tentam suprir essa falha do material didático) e o marketing… acho que os publicitários nunca ouviram falar de ciência na faculdade. Nem se interessam por isso. Enquanto para os cientistas isso parece ser a forma de transmissão do conhecimento menos importante, comparada as outras. Um erro que pode estar sendo fatal.

Por que um de nós não pode preencher todos os quesitos e comunicar, de uma só vez, a informação acessível a todos os grupos? Não seria a narrativa a ferramenta que viabilizaria esse desafio? Se a narrativa e uma ferramenta importante para o ensino, então o best-seller “O Código da Vinci” deveria ser um livro didático. E é!

Em seus 4 livros, Dan Brown comunicou mais ciência e história (e para mais pessoas) do que todos os artigos científicos e livros didáticos que li no último ano. O mesmo vale para outros livros como “O enigma do 4” e “Aqueles malditos cães do Arquelau”. “O mundo de Sofia” conseguiu me ensinar mais (alguma) filosofia enquanto do que todos os livros citados pelo autor que eu tentei ler. Quem nunca aprendeu sobre lei e justiça lendo livros como “O peso da verdade”?

Tem uma lenda urbana que diz que a primeira vez que Einstein foi comunicar sua teoria da relatividade especial, ninguém entendeu. Então ele tentou simplificar um pouco e contou a estória de novo. Ninguém entendeu ainda. E ele simplificou mais e mais e mais vezes, até que, quando a platéia conseguiu entender o que era, não era mais a teoria da relatividade especial.

Como estabelecer o vínculo entre a fantasia e a realidade, para que as informações científicas não sejam incorporadas erroneamente ou super simplificadas durante a narrativa? O professor(!) vira peça fundamental nesse processo. E na ausência do professor, o computador e a Internet podem preencher a lacuna com aulas virtuais, acesso aos as fontes da informação e criando um ambiente virtual de discussão dos alunos.

Não é uma questão do aluno ser autodidata e aprender com livros de narrativa, mas do professor ensinar com esses livros. E do pesquisador “comunicar” com eles. Enquanto a TV, o cinema, o computador e a Internet bombardeiam os jovens com linguagens cada vez mais dinâmicas e interessantes, estamos apegados a um modelo de ensino fadado a… monotonia.

E nós podemos perdoar um monte de coisas, mas a chatice não é uma delas!

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