Diário de um Biólogo – Domingo 31/01/2010
Rio de Janeiro, praia do Leblon, vista do Morro dos Dois Irmãos, sol de rachar, temperatura da água 24oC… O que poderia dar errado em um dia desses? Só uma coisa.
Me expus demais, o que parecia natural no dia de hoje, e me queimei.
A grande farsa
Digo o por quê. Acontece que nosso tempo de observação dos fenômenos relacionados com o efeito estufa é muito pequeno e esses fenômenos acontecem em uma escala de tempo geológica e não humana, ou seja, muito, muito grande. Com isso, o que fazemos quando analisamos a composição química da atmosfera, ou a variação da temperatura de ano a ano, é como tirar uma fotografia instantânea desses fenômenos. Só que isso não é suficiente para uma boa modelagem que pretende dizer se o planeta vai acabar! Imagine olhar uma fotografia, de uma cena de um filme, que tem muitas, muitas, muitas horas de duração e com isso dizer o enredo e como termina o filme? Não dá!
Mas ainda estão fazendo pior que isso, estão des-considerando um monte de informações científicas importantes para poder gerar o alarmismo e as manchetes de jornal. Assisti uma palestra na 4ª feira falando que o sol, nossa sacra fonte de energia, com toda sua magnanimidade e seu brilho constante, nem sempre foi assim. Aparentemente a intensidade do seu brilho variou (para menos) durante 40 anos no século XVII e de acordo com os historiadores centenas de milhares de pessoas morreram (de fome) em função dessa mudança. Uma vez vi um jornal anunciar uma manchete em letras garrafais o degelo da calota polar, mostrando duas fotos de um pedaço do ártico, onde podíamos verificar a redução. Mas no final da mesma reportagem, em letras menores, eles chamavam a atenção que em outra enseada, a calota havia aumentado.
Desde o 3º período de biologia marinha a gente aprende sobre o sistema tampão de carbonato dos oceanos, que absorve grande parte do CO2 da atmosfera. Ninguém sabe exatamente quanto, nem exatamente qual a sua capacidade limite. Talvez nem haja limite. As medições precisas de temperatura da atmosfera começaram apenas nos últimos 50 anos. Talvez tenhamos registros mais ou menos precisos dos últimos 100 anos, mas antes disso… pouco provável que haja informação confiável. Podemos avaliar bem a liberação de CO2 pelos combustíveis fósseis, relacionar com a revolução industrial, com as queimadas na Amazônia e até com peidos de vacas.
Mas gente, vivemos em um planeta que passou por várias eras glaciais nos último milhão de anos (parece que vivemos algo entre 10.000 anos de quente para cada 90.000 anos de gelo). Só que ninguém sabe exatamente por que. Fala sério! É claro que podemos influenciar o aquecimento da terra. Assim como as vacas! Mas daí a coneguirmos prever essa influência, quando nossa compreensão de fenomenos naturais muito mais poderosos (em intensidade e duração) do que peidos, como as glaciações, alterações do sol ou dos oceanos; ainda comporta dúvidas da ordem de alguns poucos milhares de anos? Acho que por enquanto é pouquiíssiomo provável. Você sabiam que o Vulcão Pinatubo, que entrou em erupção na Indonésia em 1991, liberou na atmosfera mais CO2 em 3h do que a cidade de Nova Iorque liberaria em 30 anos?
Gente… nós somos pequenos! Presidentes podem contratar assessores (que em geral são pesquisadores ruins que por não saberem pesquisar dão consultoria sobre o que outros pesquisam) e ex-presidentes podem fazer filmes. Mas se os cientistas começarem a fazer alarme, pra que pessoas leigas entendam o potencial risco real do que a gente não pode efetivamente prever, em quem vamos confiar quando o dia de depois de amanhã chegar?