Design Inconsequente II
O raciocínio desenvolvido no início do post, as figuras e a concepção geral foram retiradas do sensacional artigo de John West.
Suponha que alguém peça a você que projete um dispositivo para resfriar algo, como um radiador de carro por exemplo. Um projeto poderia ser um tipo de uma bomba que fizesse circular um fluido resfriante, como a água, através de uma grelha com pequenos tubos. O ar quente que viesse do motor poderia ser empurrado através dessa grelha por um ventilador, resfriando, desta forma, o motor aquecido do veículo. Que beleza! Acabamos de inventar o projeto de radiador mais utilizado, com algumas sofisticações, até hoje na indústria automobilística.
Mas poderíamos escolher um outro projeto. Por exemplo, um no qual os pequenos tubos contendo o líquido resfriante estivessem inseridos em foles de forma que estes últimos pudessem ser inflados e desinflados. O ar nos foles seria aquecido e então expelido, resfriando o motor. Poderíamos até pensar num projeto no qual os pequenos tubos fossem eles mesmos, as paredes do fole! Sim, é um sistema complicado e propenso a problemas principalmente devido ao fato de os pequenos tubos constituirem mesmo o fole. Imagine! Ninguém faria um fole tão delicado. Um projeto assim provavelmente não teria custo-efetividade. Seria arriscado, para dizer o mínimo. Talvez até inconsequente…
Desafortunadamente, esse foi o projeto escolhido na licitação de nossos pulmões! O radiador pode ser encarado, grosso modo, como um trocador de gases, a exemplo dos pulmões. Ele troca ar quente por ar frio. No pulmão o que ocorre é uma troca de gás carbônico por oxigênio. É, portanto, um radiador no qual os pequenos tubos constituem o fole de forma bastante perigosa. Bom, mas deu certo, argumentariam alguns. Teríamos alguma outra alternativa que pudesse respirar ar melhor do que a escolhida? Lamento informar que, do ponto de vista médico – é sempre bom frisar – a resposta é: Sim. E bem melhor! Se não vejamos.
A figura ao lado, foi retirada do artigo de John West citado acima. Ela mostra os aspectos principais dos dois sistemas respiratórios em questão aqui. As duas alternativas evolutivas foram o pulmão broncoalveolar dos mamíferos e os sacos aéreos/parabrônquios das aves. Interessante que nos répteis temos misturas dos dois. Os crocodilianos têm um pulmão parecido com o dos mamíferos porém com espaços maiores. O das cobras lembram os dos pássaros.
Aqui devemos definir alguns termos antes de prosseguir. Existe uma diferença entre a respiração e a ventilação. A respiração é um processo bioquímico redução onde ocorre a quebra de moléculas complexas por meio da oxidação. A ventilação é um processo biofísico no qual o ar alveolar é trocado por ar fresco através da ação de músculos especializados. Após isso, ocorre a troca gasosa ou hematose, onde o gás carbônico do sangue venoso é retirado e eliminado e o oxigênio do ar alveolar é incorporado ao sangue. O transporte de oxigênio às células é chamado de “transporte de oxigênio”. Não respiração, como a Wikipedia insiste em português e inglês!
Qual a grande “sacada” do sistema respiratório das aves? O local onde ocorre a ventilação
(troca do ar “velho” pelo ar fresco) é separado do local onde ocorre a troca gasosa. Nos mamíferos e no homem, isso tudo é feito no alvéolo pulmonar. A figura ao lado (retirada daqui) mostra uma sequência de movimentos respiratórios em um esquema bem simplificado de pulmão de ave.
Numa primeira inspiração, o ar não se dirige diretamente aos parabrônquios (em vermelho na figura). Vai em direção caudal e preenche o saco aéreo posterior. Apenas uma pequena parte chega aos parabrônquios.
Somente quando a ave expira, o ar do saco alveolar atinge a área de troca gasosa. Durante uma segunda inspiração, o ar que estava em vermelho nos parabrônquios, se dirige ao saco aéreo anterior (agora em azul) e, após a segunda expiração é, finalmente expelido.
Há duas referências imperdíveis para quem quer se aprofundar no assunto. A primeira é esse site. No final da página há uma animação que descreve esse processo de forma muito elegante. A segunda é o Pharyngula que faz a comparação com os pulmões dos dinossauros. Bem interessante.
Bem, mas faltou explicar porque esse processo é uma “grande sacada”. Os dois sistemas foram capazes de fornecer quantidades suficientes de suprimentos a animais de grande consumo energético. Entretanto, o pulmão dos mamíferos cria uma série de vulnerabilidades que o expõem a processos de malfucionamento, também conhecidos como doenças.
A mais comum e principal delas é que o pulmão dos mamíferos, exatamente por ter o “fole” associado à área de troca é uma estrutura delicada e pode murchar. O pulmão das aves não murcha. Qual é o problema disso? Bem, isso fica para o último post da série.
Merleau-Ponty, o Corpo, a Cabeça e os Transplantes
Fiz uma provocação. Depois, fiz outra. O 100nexos, com a categoria de sempre, respondeu com fatos. Eu, sem saber se consigo, responderei com uma reflexão. Reflexão que a ciência teima em não fazer para si. (Recomenda-se fortemente a partir daqui, a leitura dos textos anteriores antes de prosseguir).
O transplante de cabeça ou de corpo é um paradoxo apenas se encararmos o ser humano como uma dualidade corpo-mente, corpo-alma ou qualquer que seja.
A idéia de um transplante dessas proporções vai no âmago da questão de onde está o nosso “eu”. A tradição filosófica ocidental pensou o corpo mais como um instrumento, um sinal imperfeito da própria alma. Esse pensamento atingiu seu apogeu em Descartes como mostra a passagem abaixo (in “Ética e Corpo Próprio em Merleau-Ponty” – Maria Edivânia Vicente dos Santos):
“Há uma grande diferença entre o espírito e o corpo, pelo fato de o corpo, por sua natureza, ser sempre divisível e de o espírito ser indivisível. Pois, com efeito, quando considero meu espírito, ou seja, eu mesmo na medida em que sou somente uma coisa que pensa, nele não posso distinguir nenhuma parte, mas concebo-me como uma coisa única e inteira. E, conquanto todo o espírito pareça estar unido a todo o corpo, todavia, estando separados de meu corpo um pé, ou um braço, ou alguma outra parte (poderia ser todo o corpo!), é certo que nem por isso haverá algo suprimido do meu espírito. […] Mas é exatamente o contrário nas coisas corporais ou extensas: pois não há uma que eu não ponha facilmente em pedaços com meu pensamento, que meu espírito não divida com muita facilidade em várias partes e, por conseguinte que eu não conheça ser divisível.” (Descartes, Meditações Metafísicas, São Paulo, Martins Fontes, 2000, p. 128).
É essa a concepção de corpo que faz o transplante de cabeça ser um paradoxo. Se a ciência nos habitua a ver o corpo como uma reunião de partes, quando as separamos, simplesmente tornam-se partes separadas de um todo. O problema só surge quando resolvemos separar o que seria a “sede do espírito”: a cabeça. Esta, outra percepção originária da forma dual como dispomos e avaliamos nosso corpo.
Merleau-Ponty é um filósofo muito interessante para a medicina exatamente por ter teorizado sobre o corpo. Para Merleau-Ponty “a união entre a alma e o corpo não é selada por um decreto artibrário entre dois termos exteriores, um objeto, outro, sujeito. Ela se realiza a cada instante no movimento da existência”. Ainda no texto da profa. Maria Santos, “a consciência que tenho do corpo não é um pensamento, no sentido em que não posso decompô-lo e recompô-lo para formar dele uma idéia clara”, como em Descartes.
Ao dissolver as dualidades sujeito-objeto, corpo-alma, Merleau-Ponty coloca no corpo uma antecedência a nossa experiência externa. Isso significa que só entendemos, sentimos, pensamos, a partir da vivência que temos de nossos corpos. O corpo é o nosso “ponto de vista sobre o mundo”. Eu não tenho um corpo. Sou um corpo.
Isso tudo quer dizer que a experiência radical de um transplante de corpo (este, o correto) só serviria, como serviu em primatas, para manter o indivíduo vivo por alguns dias. Querer colocar a cabeça de Stephen Hawking em outro corpo, mesmo que pudéssemos reconectar a infinidade de ligações neurais, musculares e ósseas que uma cirurgia como essa implica, e, mesmo que pudéssemos mantê-lo vivo indefinidamente, seria transformar Hawking em outra pessoa, que obviamente não seria o doador. Nós somos corpos!
Diriam os cientificistas: “Mas esse cara é filósofo. O que ele entende de neurofisiologia e tecnologia médica?” Eu perguntaria o que um tecnólogo ou neurofisiologista entende de ética?
Foto de Merleau-Ponty retirada do sensacional site francês da Academie Grénoble.
Brócoli e Helicobacter

Talvez pensando nesse tipo de comportamento preconceituoso por parte da humanidade, não é de hoje, cientistas começaram a procurar utilidades para a famigerada verdura. E acharam.
O Helicobacter pylori é uma bactéria que resiste ao pH extremamente baixo do suco gástrico (aproximadamente 2). Recentemente, foi vinculada ao aparecimento de úlcera péptica e também do câncer gástrico. Por incrível que possa parecer, a úlcera, que num passado recente era tratada com a retirada cirúrgica do estômago, passou a ser tratada com antibióticos. Isso foi tão surpreendente que seu descobridor ganhou o Nobel de Medicina em 2005. O complexo e engenhoso mecanismo de ação da infecção pelo Helicobacter é esboçado na figura abaixo retirada da Nature Pois bem, brotos de brócoli podem minimizar os efeitos da infecção do Helicobacter nas mucosas gástrica e duodenal. Alguns exagerados, já afirmam que pode prevenir o câncer, mas daí a isso ocorrer de fato, ainda é um caminho longo.
O cidadão da foto acima é Jed Fahey, cientista da Johns Hopkins que descobriu em 2002 que brotos de brócoli contém uma substância chamada glucorafanina, precursora de um potente bactericida chamado sulforafano. Em ratos, a substância bloqueia o mecanismo responsável pela inflamação. Um pequeno estudo piloto com 48 pacientes foi conduzido com intuito de demonstrar que a ingestão de aproximadamente 70 g diários de broto de brócoli poderia reproduzir esses efeitos em humanos. Através de medidas indiretas de quantificação da infecção, foi possível demonstrar uma redução da quantidade de bactérias e de seus subprodutos metabólicos.
A infecção por Helicobacter pylori afeta um número de pessoas que está atualmente na casa dos bilhões ao redor do mundo. Se tal estudo de fato se consolidar como uma alternativa às terapias atuais (inibidores da bomba de próton e antibióticos) será mais uma arma na prevenção do que hoje é considerada uma epidemia de câncer gástrico. A esperança é tanta que foi criada uma empresa pela Johns Hopkins que produzirá brotos de brócoli em escala industrial. Pensando bem, dá para entender a admiração de Jed Fahey pela discriminada verdura. Ele é um dos sócios.
(Créditos: Cortesia da imagem: Johns Hopkins Medical Institutions)
Medicina Baseada em Filantropia
São vários os critérios de escolha de um consumidor por um produto desta ou daquela indústria. Um dos critérios de importância crescente é, sem dúvida, o fato de determinada indústria ter ou não uma atuação ambiental consistente. Muitas ainda têm essa atuação vinculada a seus departamentos de marketing, mas já há ações bastante sérias e projetos interessantes. Para saber mais sobre isso recomendo a leitura do Ecodesenvolvimento e do Rastro de Carbono.
No nosso caso específico, as indústrias farmacêuticas não tem tido uma boa imagem junto aos consumidores. Isso é devido a vários fatores. Desde a retirada de medicamentos não rentáveis, até acusações de manipulação de resultados de pesquisas científicas. Mas também temos iniciativas interessantes nesse campo.
A boa notícia agora é que a britânica GlaxoSmithKline PLC ou simplesmente GSK, doou 800 patentes de medicações para o que convencionou-se chamar doenças negligenciadas. São várias doenças para as quais não há o interesse econômico nem as luzes de uma publicação badalada – o que normalmente é bem mais atraente a um pesquisador. A notícia foi divulgada por meio de uma pequena nota no Wall Street Journal e repicada em vários outros sites, sem maiores repercussões. Só fiquei sabendo por contato dentro da própria indústria farmacêutica (obrigado, Sérgio!). As patentes serão abertas a grupos de pesquisadores que se interessem em desenvolver medicações para as doenças negligenciadas.
A GSK já era considerada a primeira grande indústria farmacêutica no ranking da filantropia segundo o índice do Access to Medicine – um importante orgão internacional de monitorização do acesso a medicações por populações carentes. Com essa iniciativa deve, com certeza, ganhar muitos pontos na escala. Pena não termos acesso ainda a quais patentes foram liberadas e que a notícia não tenha ganho a mídia comum. Seria uma forma de pressionar as outras indústrias a fazerem o mesmo. Além disso, quem sabe os médicos, a exemplo do consumidor ambientalmente consciente, não se animam a trocar canetas, jantares e viagens pela ajuda humanitária às populações carentes que empresas que fabricam os medicamentos que prescrevemos possam oferecer? É sonhar muito alto?
Ver o gráfico retirado do Access to Medicine aqui View image
Tempo de Não Tremer
Miguel Nicolelis emplacou outro artigo. Desta vez na Science. O estudo, considerado uma nova esperança para pacientes com o mal de Parkinson, foi conduzido na Univesidade de Duke, onde ele chefia um laboratório de pesquisa de ponta em neurociência.
Em ciência, às vezes os estudos empacam em determinado ponto. Os cientistas ficam girando em torno do problema, as publicações se repetem. Tentativas cada vez mais sofisticadas de aplicação do conhecimento adquirido são sintomáticas desse período. De repente, por alguma razão, alguém reconfigura o conhecimento. Rearranja os mesmos dados num formato diferente e enxerga o que ninguém via antes. Foi mais ou menos isso que aconteceu com esse estudo.
Miguel reconfigurou dados e aproximou o mal de Parkinson de outro monstro mitológico da neurologia: a epilepsia. Como o próprio Miguel disse em entrevista: “Foi um momento de súbita iluminação. Estávamos analisando a atividade cerebral de camundongos com Parkinson e, de repente, me lembrei de uma pesquisa que fiz sobre epilepsia uma década antes. A partir dali, as idéias começaram a fluir”. A atividade cerebral nos modelos experimentais de Parkinson se assemelha a convulsões leves e de baixa frequência observadas em modelos de ratos com epilepsia.
Por mais inusitada e genial que possa parecer essa idéia, ela não é totalmente original. No filme Tempo de Despertar o personagem de Robin Williams, o Dr. Malcolm Sayer reconta a história verídica de Oliver Sacks, neurologista que na década de 60 imaginou que pacientes catatônicos poderiam ter um tipo de mal de Parkinson com tremores tão finos, que seriam imperceptíveis. Ao tratá-los com L-dopa, medicação utilizada na época para o tratamento do Parkinson, obtem melhora impressionante dos pacientes. O filme gira em torno do drama da melhora brilhante com os efeitos colaterais da droga que viriam a inviabilizar seu uso a longo prazo.
Longe de desmerecer a estupenda descoberta, prefiro enveredar pelo caminho da religação dos saberes. Cada vez mais, ultraespecialistas darão lugar a cientistas que saibam buscar respostas nas mais diferentes áreas do conhecimento humano. Mesmo que seja da ficção. Aliás, quem disse que ficção não é conhecimento?
Seria a Informação Científica uma Commodity?
Acho que morando no Brasil, o país dos pacotes, entendemos o suficiente de Economia para saber o que é uma commodity. Todos sabemos, por exemplo, que a “commoditização” do etanol é um assunto estratégico. Como todo conceito, o de commodity é sustentado por um arcabouço teórico que permite sua instrumentalização pelos agentes das negociações nas quais estão envolvidas. Tem gente que produz, tem quem venda, tem quem compre. Há, digamos, uma “fisiologia” que pode ser entendida nesse processo todo, pois há uma certa lógica de procedimentos.
Volta e meia, surge alguém que aplica conceitos provenientes de outras áreas do conhecimento humano em determinado campo e abre uma nova avenida interpretativa. A Medicina é especialmente propensa a receber essas análises alienígenas devido a, creio eu, sua ampla margem de atuação.
Quais interpretações poderiam ser hauridas se aplicarmos os conceitos econômicos envolvidos na teoria das commodities na forma como a ciência, em especial a médica, caminha nos dias de hoje? Foi a pergunta que Neal S. Young, John P. A. Ioannidis, Omar Al-Ubaydli tentaram responder. Grandes defensores do Open Access, os autores se notabilizaram pelo estudo da influência do capital na ciência médica. Os resultados dessa estranha análise foram publicados no Plos Medicine em 7 de Outubro e produzem um certo tipo de vertigem. Isso porque, fazem bastante sentido e permitem uma interpretação das distorções científicas que sabemos, estão ocorrendo. Vejamos o arrasador primeiro parágrafo:
“This essay makes the underlying assumption that scientific information is an economic commodity, and that scientific journals are a medium for its dissemination and exchange. While this exchange system differs from a conventional market in many senses, including the nature of payments, it shares the goal of transferring the commodity (knowledge) from its producers (scientists) to its consumers (other scientists, administrators, physicians, patients, and funding agencies). The function of this system has major consequences. Idealists may be offended that research be compared to widgets, but realists will acknowledge that journals generate revenue; publications are critical in drug development and marketing and to attract venture capital; and publishing defines successful scientific careers. Economic modelling of science may yield important insights.”
Particularmente, não compartilho com essa grosseira divisão entre idealistas e realistas, porém devo admitir que a pesquisa tem, em algumas situações, a mesma fetichização de um widget. O artigo enumera seis propriedades econômicas das commodities que podem ser aplicadas em informação científica: maldição do vencedor, oligopólio, herding, escassez artificial, incerteza e branding. (Vale ver a tabela para maiores explicações). Isso nos faz ver coisas interessantes. Por exemplo, o viés de publicação (leia-se preconceito) dos estudos negativos, ou seja dos estudos nos quais a hipótese inicial não conseguiu ser demonstrada, poderia ser explicado, ao menos em parte, pela postura dos revisores das grandes revistas científicas:
“The authority of journals increasingly derives from their selectivity. The venue of publication provides a valuable status signal. (…) This is essentially an example of artificial scarcity. Artificial scarcity refers to any situation where, even though a commodity exists in abundance, restrictions of access, distribution, or availability make it seem rare, and thus overpriced. Low acceptance rates create an illusion of exclusivity based on merit and more frenzied competition among scientists “selling” manuscripts.” (grifos meus)
Se, por um lado, essas propriedades aplicadas às commodities ajudam a explicar porque alguns seres humanos passam fome e outros jogam comida fora – distorções exaustivamente apontadas pelos críticos do capitalismo tardio -, por outro, quando aplicadas às atuais políticas de publicação científica, ajudam a entender, pelo menos em parte, distorções científicas que, por sua vez, não são criticadas com a visibilidade que mereceriam.