Comecei a ler… Almanaque da Rede

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Ontem fui assistir a Sonia Rodrigues falar sobre o seu novo livro, Estrangeira, na Livraria Saraiva do Praia Shopping. Eu não escondo de ninguém o quanto sou fã dela e o quanto aprendi com ela. Por isso, foi uma grata surpresa quando o Beto Largman pediu pra ela falar do Almanaque da rede, livro que a Sonia também está lançando.
O debate foi ótimo, porque a Sonia, além de escrever muito bem, fala muito bem. Comprei os dois livros e ganhei dois autógrafos, com dedicatórias. Comecei a ler “Estrangeira” no mesmo dia e fiquei impressionado, como só ela sabe deixar, com o sofrimento do amor.
Fui pro Almanaque da rede e ai fique impressionadíssimo. Como ela diz, na primeira página, “O que você tem nas mãos é a soma do que aprendi sobre escrever histórias e expressar opiniões. É o que aprendi nos livros que li e também nos livros, peças de teatro e roteiros que escrevi. Aprendi muito também nos jogos de Roleplaying game que pesquisei no doutorado em Literatura e nos jogos ‘Autoria’ que criei ou ajudei a criar.”
Tudo que você precisa pra re-aprender a escrever está lá. É, na minha opinião, ainda melhor do que o jogo ‘Autoria‘, porque o espaço pra escrever está lá, já que o livro tem um formato de agenda. “Um blog de papel”, como ela disse.
E aprender a escrever é isso: escrever, escrever e escrever! De nada servem as dicas se você não colocar a mão na massa. Todos os dias.
Mas enquanto ouvia a Sonia falar sobre transmídia, que é, como o nome diz, quando a história transcende a mídia e passa de um veículo para outro (como a personagem principal de Estrangeira, Eilenora, que tem perfil no facebook, um blog de verdade e está escrevendo uma graphic novel também) e discutindo com o público sobre o desafio de escrever para diferentes mídias, eu fui percebendo um monte de coisas.
Para a Sonia, escrever é escrever. Quer dizer, não existem diferentes formas de escrever, ainda que haja diferentes mídias. Claro que seu texto é de um jeito em um livro, de outro em um blog, no twitter ou quando escreve uma SMS. Mas o resultado não é ‘para’ a mídia e sim ‘por causa’ da mídia. Não deixe passar desapercebida a diferença.
O que é limitada é a mídia e não a forma de escrever. E se você escreve de um jeito para cada mídia, meu palpite é que você ainda não percebeu isso. Mas tá, e daí? Qual é o problema? O problema é que se você não percebeu isso, talvez seja porque não percebe as limitações das mídias.
Quais são as limitações? As vezes coisas simples, como o limite de caracteres do Twitter (140 caracteres) ou de um SMS (160 caracteres). E o Twitter está mostrando que é incrível o que você pode fazer com 140 caracteres se souber escrever.
A conclusão é que se você sabe escrever e sabe respeitar os limites das mídias, então poderá escrever, para sempre, em qualquer mídia que venham a inventar, o que quiser.
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Nessa hora (foto acima), Sonia estava novamente falando da “Estrangeira”, e foi então me toquei que, a mesma importância que respeitar os limites tem para ser criativo na escrita, tem para ser feliz.
Da mesma forma que muitas pessoas não conseguem escrever porque perdem mais tempo questionando o enunciado da pergunta do que trabalhando na história, muitas, as vezes as mesmas pessoas, passam mais tempo questionando a justiça das coisas da vida, dos limites que nos são impostos pelos outros, do que partindo pra outra, para serem felizes.
Perguntaram para a Sonia o que ela, com uma tese de doutorado em literatura e RPG, acha dos games. Lembrei, como muitas vezes lembro, da palestra do Roberto da Matta na FLIP: “O futebol salvou o Brasileiro! Ensinou ela a ter disciplina”. Sim, porque não importa o quanto o seu time deveria ganhar ou o quanto você queria que ele ganhasse. O jogo acontece entre 4 linhas, não vale colocar a mão e o que vale é bola na rede. Não importa o quanto você queira que o seu time ganhe, ou o quanto um minuto a mais ou a menos mudaria o resultado: o seu time tem 90 min pra ganhar o jogo. Nem mais, nem menos.
Nos games (sejam os videogames de hoje ou o WAR que eu jogava), ninguém pode mudar as regras e ninguém questiona a instrução. E todo mundo aceita. E por isso as pessoas superam as fases e os desafios.
Então porque nas perguntas de prova, entrevistas de emprego e, porque não dizer, no amor, as pessoas preferem ficar questionando a matéria do professor, a pergunta do entrevistador e, porque não dizer, as razões do amante. Tomam pau na prova, pé na bunda no emprego e… chifre. O resultado é que são menos felizes.
O “Almanaque da Rede” pode ajudar as pessoas a superar os desafios, respeitar os limites para escrever, escrever melhor e serem mais felizes!

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