Missão dada é missão cumprida!

Essa semana três experimentos falharam porque meus alunos não cumpriram o protocolo. A primeira não obedeceu a concentração de magnésio em um PCR. A segunda não colocou as cultura celulares na placa de petri, mas ‘inventou’ uma camara de incubação que congelou as células e o terceiro, não preencheu todos os campos do formulário.

Quando bandidos malvados são libertados por um erro no processo ficamos bravejando, que uma banalidade burocrática não deveria impedir a justiça. A gente esquece que o processo, o protocolo, existe justamente para tentar garantir que a justiça exista, e não dependa de variações no procedimento.

Da mesma forma, ciência feita com protocolo aumenta precisão e acurácia. Economiza tempo (ainda que não imediato) e dinheiro.

Nem sempre o protocolo está escrito (um problema que estamos tentando corrigir no laboratório). Por isso, muitas vezes, o protocolo é o que eu digo pra eles que é. Ás vezes o protocolo não existe. Especialmente nesse caso, é importante seguir o que eu digo. Ou porque eu tenho mais conhecimento, ou porque de vez em quando tenho boas idéias. Não é democrático, mas a ciência não é uma democracia.

Cumprir as ordens, ás vezes, é a melhor maneira de alcançar um bom resultado. E por isso o laboratório ganhou hoje um cartaz do ‘Tropa de Elite’: “Missão dada é missão cumprida.” Pelo menos enquanto eu estiver são e não estiver pedindo nenhuma maluquice.

Mas por que os alunos, ou todos nós sempre que estamos na posição de alunos, questionamos os protocolos (foi assim com os professores do curso de capacitação da UAB, está sendo assim no curso de narrativa, onde eu sou aluno também)? Por que?

Vou dar a resposta do dr. David Greb, o chimpanzé filósofo semiótico humanista da sociedade simiesca que Will Self criou no seu livro “Grandes Símios”. É ótima!

“Da mesma forma, a capacidade humana de gerar até cinqüenta fonemas diferentes e – acreditava-se – interpretá-los devia, Grebe afirmara, ser um exemplo de como o desenvolvimento neural humano tornara-se um mal-adaptativo. Uma parte tão grande da vasta capacidade cerebral humana devia se ocupar com a atividade de interpretar esses sons confusos, que não houve oportunidade de ocorrer o ‘Bing Bang’ que se deu na evolução símio-antropóide.

Ao contrário dos Chimpanzés, cuja competência sinalizadora evoluíra ao longo de 2 milhões de anos de seleção contínua, determinando a interação cérebro-signo, o humano atolara em um perverso e clamoroso jardim sonoro, sua capacidade de gesticulação efetiva tão atrofiada e deformada quanto seus dedos das mãos e dos pés atrifiados e deformados. Esses argumentos situram Grebe solidamente no âmbito de de Noam Chomsky e outros psicossemiólogos que afirmavam que a sinalização era atributo único do compacto cérebro chimpanzé. Dada a incrível plasticidade do cérebro primata, seria de admirar que uma supersuficiência neural levasse a seleção natural a ser incapaz de trabalhar capacidades cognitivas?

Assim, a capacidade humana de processar informação e desse modo aprender tarefas ficou ironicamente circunscrita pela falta de circunscrição. Em termos simples: o humano estava perdido dentro da própria cabeça. Incapaz de criar uma mente integralizada; condenado a obedecer para sempre os inúteis ditames da memória filogenética e os grosseiros gorgolejos de suas promíscuas vocalizações sem propósito.”

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