Tristeza Retumbante
Na última 6a feira fui ao Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ ouvir o diretor da área de ciências biológicas do CNPq, Paulo Sergio Beirão e o presidente da CAPES Jorge Guimarães, falarem sobre a inserção de jovens no sistema de C&T brasileiro.
Cheguei a cancelar minha aula na graduação e mandei todos os meus alunos assistirem. Eles são o futuro da ciência, certo? Aquilo deveria ser mais importante do que radiação e radioatividade.
Que tristeza. Ignoraram completamente o tema da palestra. O diretor do CNPq falou com orgulho do insipiente sistema de C&T, criado nos moldes do sistema americano (como todos os outros países do mundo), ainda que, atualmente, esse modelo esteja apresentando sinais de falência em todo o mundo. Mesmo nos lugares onde ele gera as inovações que importamos na forma de produtos com alto valor agregado.
Depois o presidente da CAPES mostrou que apesar do ínfimo número de cientistas do Brasil, deveríamos estar todos contentes porque o percentual de doutores desempregados está abaixo de 1%. Insinuou que os pós-graduandos deveriam aguentar as péssimas condições para se fazer um doutorado no país já que os salários de um doutor são, em média, 7x maior do que o de um graduado.
Ecoa na minha cabeça a frase do Titãs: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida a gente quer saída para qualquer parte”.
Certo está o Domenico de Masi: “Não podemos esperar que quem está no poder abra mão dele. O poder se toma com graça ou com a revolução”.