O que é Flexibilidade Adaptativa?

Durante toda a minha vida de estudante de biologia fiquei procurando uma tradução para um termo que, até então, aprendiamos apenas em Inglês: Fitness. Hoje o termo tem a ver com malhação, mas naquela época estava relacionado com a capacidade de um organismo se adaptar ao seu ambiente.

Estava andando pela orla de Aracajú, discutindo com minha querida amiga bióloga Cristine sobre coisas da vida, acompanhado da ilustre Sonia Rodrigues, quando querendo dar uma de erudito falei: Cris isso é flexibilidade adaptativa! Sonia, enquanto literata, e autora da frase que mais tenho usado ultimamente (“A palavra não é casa da mãe Joana”) perguntou imediatamente: O que é flexibilidade adaptativa?

Enquanto Biólogos, recorremos a pool gênico, adaptação ao ambiente, seleção natural pra explicar que é a capacidade de um organismo de se adaptar ao ambiente onde ele vive. Se adaptar, principalmente, as mudanças bruscas nesse ambiente. Essa capacidade de adaptação envolve o estoque de genes que um organismo tem para poder “ativar” ou “desativar” em caso de necessidade (o pool gênico). Esse estoque de genes é, geralmente maior em organismos que tem reprodução sexuada. E quem tem o maior estoque, tem maiores probabilidades de ser “escolhido” pela seleção natural. E pensar que passei vários anos procurando a tradução de fitness com ela bem na minha cabeça.

Mas a Sonia não é “física”, é “poeta” e nada disso, ainda que estivesse super correto, alcançava a sua alma poética. Ela tentou mais uma vez, agora a seu jeito. Queria aprender essa coisa “nova”. E todo mundo que dedica tempo para aprender uma coisa nova, e que eu sei ensinar, ganha toda a minha atenção. Foi quando a sonia recitou um poema (Se – If – de Rudyard Kipling, do qual eu reproduzo uma parte para vocês) e pediu para dizermos se ele representava ou não a flexibilidade:

“Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.”

E perguntou, então é isso flexibilidade adaptativa?

Ainda não, mas foi uma ótima colocação. A meu ver esse poema explica o que é tolerância. Que também é um conceito importante adaptativamente, mas que não é o mesmo que flexibilidade.

A diferença entre os dois é que a tolerancia pode ser aprendida, mas flexibilidade não. Depende do conjunto dos seus genes. Ou você tem, ou não tem!

Ser tolerante é passar um dia sem comer pão, ser flexível é aprender a comer biscoito. Ser muito tolerante, é poder passar vários dias sem comer o pão que você tanto gosta. Ser muito flexível é passar a gostar mais de biscoito do que você gostava antes de pão. E no dia que acabar o biscoito… ai você pode dar um pitti, porque… vai ser flexível assim na puta que o pariu!

PS: Tanto o original do poema If em inglês quanto a tradução Se em português são fáceis de achar com o Google.

PS2: Não entendeu as fotos? Se você estiver na água, nade; se estiver na terra, corra; se tiver uma bicicleta, pedale porque você vai chegar mais depressa e se cansar menos. Isso é flexibilidade adaptativa!

Discussão - 1 comentário

  1. Sonia disse:

    Mauro, sei que é perigoso extrapolar conceitos físicos, materiais para contextos humanos, mas o ser humano que é, por exemplo, orgulhoso e é obrigado, por contigências materiais, a um exercício de humildade, sem ficar ressentido, em demasia, com isso está demonstrando flexibilidade adaptativa? Adorei esse e o texto sobre o tempo. Eureka eu já conhecia.

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