Luz no fim do túnel


A questão é que os meninos (e meninas) não sabem reclamar. Não sabem argumentar. Não sabem quais são os seus direitos e deveres. E acham que eles merecem tudo e que o professor deve tudo a eles. Vão quebrar muito a cara quando se depararem com um concurso público ou uma entrevista de emprego. É como a Eliane Brum disse: “Meu filho você não merece nada!”

Mas de vez em quanto alguém se salva e mostra correção, concisão e criatividade no que escreve. Por exemplo, o aluno Paulo Rodrigues, inspirado pelo texto das “Aventuras de um carbono viajante” deu a resposta abaixo para a pergunta: “Qual a relação entre a estrutura de uma molécula e a sua origem, ação na célula, efeitos no organismo e disposição no ambiente?”
“No início, quando o universo ainda era jovem, os átomos de oxigênio descobriram que lhes faltavam 2 elétrons para que ficassem iguais a elite da química, os gases nobres, que esnobes por si só, não se ligavam a ninguém. Os oxigênios tentaram enganar os incautos hidrogênios, porém não adiantou que fossem altamente eletronegativos e por fim não conseguiram roubar os elétrons dos hidrogênios. Ficaram então os três ligados, com um oxigênio no meio de dois hidrogênios. Esses trios, chamados de água, descobriram que podiam viver agrupados como gelo, se ligando por pontes de H, ou até mesmo na forma de gás. E foi na Terra que essas moléculas decidiram viver no estado líquido (nem tão perto, nem tão longe). E foi justamente nesse planeta que elas deram uma forcinha para um movimento revolucionário antr-entropia: a vida. Precisa-se solvatar alguém? Chame a água. Precisa-se esfriar os ânimos perdendo calor? A água faz isso. O maligno O2 está sozinho no fim da fosforilação oxidativa? Mande ele virar água.
Desse modo, Gaia percebeu que esse trio chamado H2O tinha vindo para ficar e lhe ofereceu até um ciclo, mimando-o com diferentes coisas, como oceanos, rios, nuvens, geleiras e lençóis freáticos.”
Sensacional! Levou 10 e salvou meu dia.
Discussão - 5 comentários
Quem dera que meus alunos escrevessem algo assim.
Mas eu também não fui um bom aluno. =)
Ele, por acaso, fez a oficina de escrita criativa em ciência?
; )
Poxa, eu penso e escrevo coisas assim com frequencia, mas jamais faria em uma prova. Minha castradora racionalidade me impediria por não achar apropriado. .. 🙁
Alex, comece um blog então!
Acho deveras estranho um professor que supostamente quer passar conhecimento fazer predições como "vão quebrar a cara" e ainda falar em concurso público se isso fosse a razão de viver das pessoas. Cada pessoa tem que descobrir por si só se vai se interessar por aquele assunto ou não, e se o futuro dela não tiver a ver com aquela matéria e/ou não enxerga a sua importância? As pessoas por muitas vezes não querem enxergar as coisas, e se não querem tem os seus motivos pra isso. Pois bem, é incubencia do professor levar a alegria e a magia d'aquela matéria que ele propôs a ensinar e se não se interessarem o problema passa a não estar mais em suas mãos. O respeito deve prevalecer em ambos os relacionamentos, seja aluno-professor ou professor-aluno. A frustração causada pelo fato dos alunos não compreenderem a importância do que você está ensinando não lhe dá o direito de "desrespeitá-los" ou fazer predições futuras. Assim fizeram com Einstein e olha o grande 'concurso' em que ele foi aprovado. Um abração e continue com o bom trabalho que tem feito com o blog! 🙂