O encontro dos presidenciáveis com a ciência
O que espera a Ciência do Brasil nos próximos anos? Graças a Deus (aquele no qual eu não acredito) o governo do Efêagá esta terminando. Quando da época do pareamento do real com o dólar, o orçamento do CNPq era de USD 642 milhões. Hoje é de R$ 642 milhões. Além disso, o governo federal contingenciou 45% do valor que seria repassado este ano.
Em uma tentativa de tentar responder a pergunta no inicio do parágrafo anterior, a sociedade brasileira para o progresso da Ciência (SBPC) em sua 54ª Reunião Anual, no campus da Universidade Federal de Goiás, elaborou o ‘Encontro com os Presidenciáveis com a ciência’ realizado na última quinta-feira. Um fracasso! Apenas o candidato, José Maria, do PSTU, compareceu, e pôde apresentar livremente todas as suas idéias, por mais polêmicas que fossem.
Garotinho, que tinha garantido presença, na última hora, como tem se repetido com alguma freqüência nas suas participações em reuniões científicas, foi impedido por um “problema grave” no Rio de Janeiro (compreensível). Mas tudo bem; Garotinho mandou seu principal assessor para a área de C&T, Wanderley de Souza, cientista de renome e ex-secretário de C&T/RJ, que apresentou o pronunciamento inicial, previamente elaborado, do candidato. Alem disso, a atuação de Garotinho frente a fundação de amparo a pesquisa do Rio de Janeiro, FAPERJ, nos seus quase 4 anos de governo foi muito louvável. Ele aumentou em muito os recursos do estado para a pesquisa, criou uma estrutura para dedicar definitiva e diretamente verba do tesouro estadual para a instituição, que por sua vez conseguiu recuperar a credibilidade frente à comunidade cientifica Fluminense.
Lula, que tinha garantido participação, foi sorteado para falar ao ‘Jornal Nacional’ da Rede Globo justamente na hora do evento da SBPC. É… a corda rompeu do lado mais fraco (compreensível). Mas o candidato do PT ao menos tinha comparecido no evento na segunda-feira, dia 8. Lula conversou com a presidente da SBPC, Glaci Zancan, e com a reitora da UFG, Milca Severina Pereira, e explicou os motivos de sua ausência no programa desta quinta-feira. E o principal: Lula deu publicidade às idéias básicas de seu programa de governo para a área de C&T.
O que fizeram Ciro Gomes e José Serra? Logo que a assessoria de Ciro recebeu a carta-convite da SBPC, de 13 de maio, o senador Roberto Freire, presidente do PPS, partido de Ciro, respondeu a um telefonema da assessoria de imprensa da SBPC e confirmou a participação de Ciro. Posteriormente, a assessoria de Ciro disse que ele viria e depois disse que não viria. A carta-convite da SBPC não mereceu a consideração de uma resposta por escrito. Quanto a Serra, seu coordenador de agenda enviou à SBPC um fax, daqueles primores de comunicação formal e burocrática (uma resposta padrão), apenas 3 horas antes do evento, alegando que ‘o senador’ estava ‘impossibilitado de comparecer por conta de compromissos anteriormente assumidos’. E esse era o ministro da saúde!
De qualquer forma, mais ou menos, a gente sabe o que a ciência pode esperar de cada candidato.
Mas, na ausência dos presidenciáveis, a comunidade teve tempo suficiente para discutir e elaborar propostas que serão entregues aos presidenciáveis
O básico: que o Brasil tenha diretivas de C&T em longo prazo! E que elas sejam respeitadas. Pedem um pouco mais de consideração com as instituições que ajudaram a colocar o Brasil na 17ª posição no ranking mundial de produção científica, sendo um dos 20 paises que contribuem com uma produção científica superior a 1% da produção mundial. No que se refere ao desenvolvimento tecnológico, nossa situação é pior, pois ocupamos hoje a 43a posição em um ranking elaborado pela ONU. Isso por que complexo técnico-científico brasileiro está localizado principalmente nas Universidades públicas e em centros de pesquisas públicos e foi, em sua quase totalidade, criado à margem do sistema produtivo.
Que a área econômica entenda que a manutenção dos recursos para ciência e tecnologia precisa ser permanente. Que “Não podem ser vistos como custo. Mas como investimentos”. Ex: Há cerca de 10 anos o Brasil remetia algo em torno de 300 milhões de dólares a título de importação de tecnologia; hoje, essa despesa já representa cerca de 2,5 bilhões de dólares, sem que necessariamente esse aumento extraordinário se devesse às demandas de nosso desenvolvimento.
Na abertura da reunião da SBPC, o ministro de Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, se disse “constrangido” com a atual situação financeira do MCT. Para um país onde estima-se que existam cerca de 200 mil pessoas envolvidas em atividades de C&T, o que representaria cerca de 0,13% da população (índice este ainda muito baixo quando comparado até mesmo com nossos vizinhos), esperamos mais que isso dos nossos ministros e futuros presidentes.
É proibido proibir!
A primeira tentativa de coibir a clonagem humana foi feita pelo antecessor de Mr. GW Bush, Mr. Clinton, em defesa de uma moral católica-ocidental (Israel conduz testes com clonagem humana já que ela não fere os princípios ideológicos do Alcorão), foi à proibição qualquer entidade pública ou privada que recebesse financiamento do governo de proceder tal tipo de empreitada, sob pena de perder o financiamento. Vale lembrar que no caso da ciência, mesmo da feita em entidades privadas, pelo menos alguma parte da verba é governamental. Falhou! E uma empresa totalmente privada a pouco tempo revelou o primeiro teste de clonagem de um embrião humano que sobreviveu poucos minutos.
Se você quer entrar nas discussões pseudoéticas e pseudomorais sobre clonagem tenha em mente alguns detalhes técnicos. Tá, tá, tá, eu aprendi com o Fritz Utzeri que não se deve indignar ao redigir um texto, mas sim relatar os fatos para que o leitor se indigne. No entanto eu não resisto e como não sou jornalista e estou escrevendo para uma revista que se chama “Sentando o Cacete” estou me dando esta licença jornalística. Fico indignado com essa pseudo moral, principalmente de um chefe de estado que não demonstra tal receio filosófico ao enviar tropas para os 4 cantos do mundo brigar guerras que não são dele.
Tudo bem, muitos de vocês, mas sensíveis a motivos religiosos, podem ter algo contra a clonagem. O fato é que sempre que autoridades judiciais, políticas ou eclesiásticas tentaram direcionar o desenvolvimento e o progresso da ciência o resultado foi perigoso ou desastroso (como a inquisição e a bomba atômica).
E para terminar, a ciência deve ser acessível a população para que essa possa não apenas usufruir dos seus benefícios, mas para que possa ser fiscalizada por ela também. Por isso temos que alfabetizar cientificamente nossa população e não proibir alguns tipos de pesquisa ciência.
Curiosidades da Itália
Fazer ciência não é só ficar trancado no laboratório. Ao desenvolover nossa capacidade crítica de observar a natureza e questionar o que encontramos, também acabamos por examinar essa parte mais peculiar da natureza que são os seres humanos.
Por circunstâncias diversas, vim parar nesse país famoso por suas obras de arte e importância histórica. Uma benção para alguns, mas nem tanto para aqueles cujo objetivo de vida é correr na avenida da praia fechada para o transito de domingo e depois ir para a Roda de Samba do Estephanio’s… Enfim, sou compelido a contar para vocês algumas curiosidades daqui.
Quis o destino, e o fato de um dos pesquisador mais renomado na minha área trabalhar aqui, que eu viesse parar em Alessandria, principal cidade da província de Alessandria, nomeada assim em homenagem ao papa Alessandro não sei das quantas. Please, não tem nada a ver com a histórica Alexandria, que fica no Egito.
Ao se chegar de trem já percebemos a peculiaridade. Mais ou menos 5km antes da cidade entramos em um nevoeiro que me faz sentir em Avalon, am referência a ilha mágica do conto de Marion Zimmer Bradley. Assim como no conto 5 km depois da cidade o nevoeiro desaparece. Nada a ver com magia, apenas uma inversão térmica que retêm vapor d’água e poluentes na camada mais inferior da atmosfera e que os ventos fracos (ou deboli como se diria em italiano) não conseguem dissipar. Quis o destino que esse fenômeno acontecesse com maior intensidade justamente na cidade onde esse Carioca da gema veio parar.
Ao entrar no supermercado algumas coisas chamam atenção. A menor seção de todas é a de desodorantes, acompanhada logo pela de sabonetes, shampoos e pela de refrigerantes. Isso explica de cara por que é insuportável o cheiro de CC no laboratório onde trabalho. Quanto mais perto das 5 da tarde, maior o cheiro de CC. O banho relaxante em banheiras dos romanos e japoneses é milenar, mas o banho como conhecemos hoje tem menos de um século. Foi Paster que sugeriu o banho com água corrente para limpar o corpo dos microorganimos que causavam doenças de grande importância na saúde publica do início do século XX. Claro, quis o destino que fosse um francês a inventar a chuveirada, mas certamente não pra evitar aquele “Cheiro de Corpo” como explicava o comercial dos anos 50 e que se tornou o popular CC. Não é a toa que os Franceses e italianos tem perfumes maravilhosos.
Nunca vi a TV russa ou Afegã, mas quando forem 4 da tarde de sábado e você quiser ver um programa legal, mas não tem NADA na TV brasileira, lembre-se que na Itália a TV sempre parece sábado a tarde e a qualquer momento estará sempre passando um programa pior aqui do que ai. Eles usam e abusam de programas de auditório, com pegadinhas etc. Imaginem 382 variações diferentes do Domingão do Faustão, Show do Bolinha, programa Raul Gil espalhadas em todos os canais e em todos os horários. Não é a toa que eles elegeram o Berlusconi presidente.
Ao contrário do que todo mundo comenta sobre as maravilhas de se viajar de trem pela Europa, não é bem assim. Viajar de trem é caríssimo. Muito mais caro do que viajar de ônibus e muitas vezes do que de avião. O conforto também não é o forte, já que a maior parte dos trens são antigos e lentos, muito lentos. Se você quiser o trem confortável e rápido, prepare seu bolso. Custa em média 5 euros por hora de viagem nos trens convencionais e 10 euros por hora de viagem nos trens Eurostar. Quer um conselho: Pegue um ônibus, como a gente faz no Brasil.
Tá, Tá, Tá, nem tudo é ruim. Aqui a gente não paga remédio. Isso mesmo, aqueles 200 reais por mês básicos que qualquer um de nós gasta na farmácia não seriam gastos aqui. Na maior parte dos casos, você vai ao médico e junto com a receita do medicamento necessário você recebe um ticket que troca na farmácia pelo remédio. Ainda não precisei ir ao médico, mas vai ser muito legal quando eu for e não tiver que pagar nem médico nem remédio e nem plano de saúde.
Todo o café é expresso. Peça um lungo que vem em maior quantidade e não tão forte (como a gente está acostumado). Todo Capuccino é gostoso. Mesmo que tradicionalmente eles não venham com chocolate como a gente esta acostumado no Brasil. É um café com leite e espuminha. Meu primo italiano deu a dica pra simular um expresso. Pegue a primeira água do café que sai do filtro de café, só um pouco, coloque na xícara com um pouco de açúcar bata com a colherzinha até espumar. Depois coloque café a gosto. Não é a mesma coisa, mas como nosso café é mais gostoso, a gente fica na média.
Italianos e italianas são um caso a parte. Na média, a ilusão que temos de um povo caliente é totalmente equivocada. Ninguém puxa papo com ninguém na rua. Ninguém nem olha pra sua cara. Os italianos tratam mal suas mulheres. São super machistas e elas, por sua vez, um tanto submissas (já que continuam com esses caras). Um exemplo exagerado que não pode ser considerado regra é de uma amiga que foi colocada dentro da lixeira, em um bar lotado, pelo namorado, que saiu rindo junto com os amigos. Eles se vestem de forma engraçada. Apesar de ser um dos paises da moda, existe muita liberdade pra se vestir. Coloque qualquer coisa, seja uma calça jeans com olhos pintados enormes, com uma echarpe rosa de pelúcia e óculos amarelos e ninguém vai te achar um ET. Talvez seja por que os preços de tudo são altíssimos, talvez seja porque eles são assim mesmo. Por via das duvidas (e por impossibilidades financeiras) continuarei comprando roupas quando for ao Brasil.
Se você gosta de bundas em geral (tanto faz a que sexo você se refere) esqueça. Italianos não tem bunda, e por isso não malham perna, e conseqüentemente, da cintura pra baixo não tem nada de bonito pra olhar.
A massa. 1o quesito em que os italianos são totalmente imbatíveis. Foi Marco Pólo quem trouxe o macarrão da China, e em Nápoles eles tiveram a grande sacação de colocar o molho feito com tomates vindos da América em cima. Foi uma das descobertas mais geniais de todos os tempos. Mesmo assim, prove o Pesto, o Aglio e Oglio, o Quattro formaggi, o com fungi, ou só com manteiga. São todos sensacionais. Alias, tudo é cozido com óleo de oliva extra-virgem. E quase todo mundo conhece alguém, que conhece alguém que tem uma oliveira em casa e espreme seu próprio óleo. Azeite doméstico é imbatível. Quanto a ao molho de manteiga, cuidado apenas com uma pegadinha da língua italiana em relação ao português. Manteiga em italiano quer dizer Burro em português (mesmo que não seja muito usado). Já Burro em italiano, é a palavra pra Manteiga em português.
Vamos ao segundo ponto em que eles são imbatíveis. Todo sorvete é SE-MA-SA-CI-O-NAL. Alguns são realmente imbatíveis. Prove o sabor Bacio (que quer dizer beijo), uma mistura de chocolate com avelã deliciosa. E você ainda pode fazer uma gracinha pra garçonete pedindo um bacio.
A ciência é a gente que faz
O mesmo país que é o segundo contribuinte mundial no volume de informações sobre o seqüenciamento do genoma do câncer, ficando atrás apenas dos americanos (responsáveis por 30% de toda a produção científica mundial), assiste a uma epidemia de dengue, causada por um mosquito (Aedes aegypti) que havia sido aparentemente erradicado no início do século XX por Oswaldo Cruz.
Essa é apenas uma das aparentes contradições do país, que atualmente responde por 1,2% da produção mundial de ciência, mas passou da 28ª para a 17ª posição no número de artigos científicos e técnicos publicados entre 81 e 2000, à frente de todos os demais países latino-americanos e também da Bélgica, da Escócia, de Taiwan, Israel, da Polônia, da Dinamarca e da Finlândia. Entretanto, apenas 10% população entre 18 e 24 anos que concluiu o ensino médio está na faculdade e há 20 vezes mais pessoas na graduação do que na pós-graduação.
O crescimento qualitativo e quantitativo da produção científica, apontado de forma quase unânime como muito significativo, levou o país a formar 6,3 mil doutores no ano passado e, neste ano, segundo o secretário executivo do Ministério da C&T, Carlos Américo Pacheco, esse número deve chegar a 7 mil.
Para a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Glaci Zancan, o percentual de doutorados em relação aos docentes de nível superior no país é bem menor do que em nações vizinhas, como a combalida Argentina, em que todos os professores universitários têm titulação.
O dado é contestado pelo secretário executivo do MCT. Pacheco afirma que a Argentina forma 600 doutores por ano quando, proporcionalmente à sua população, deveria formar cerca de 2,5 mil. ‘Nossos números, não são de envergonhar, de modo algum’, garante ele.
De acordo com Glaci, porém, um dos grandes nós que o Brasil têm que desatar nos próximos anos é o da alfabetização científica. Para isso a SBPC lançou o Projeto Brasil 2006, que pretende ‘demarcar metas mínimas modestas, porém objetivas e verificáveis, que nos permitam avançar de forma absoluta’, conforme documento elaborado pela entidade.
Glaci ressalta que ‘por alfabetização científica entenda-se que todo brasileiro, até 2006, tem de saber o porquê de lavar as mãos antes de comer’. Na opinião dela, há um despreparo até mesmo do magistério para a elucidação dessas simples e essenciais questões. ‘Esse é um dos motivos das doenças reemergentes no país.
O jornalista Ulisses Capozoli, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), aponta soluções na mesma direção. Ele afirma que a prática mais extensiva do jornalismo científico ajudaria a estabelecer uma mentalidade nova entre a população brasileira.
‘A função do jornalismo científico é ajudar no processo da alfabetização científica. Com isso, as pessoas se situariam melhor no país e na comunidade em que vivem e poderiam tomar atitudes mais cidadãs.’
Para ele, o jornalismo científico é ‘quase uma prestação de serviço, mas a imprensa brasileira ainda não percebeu isso. Os jornais não têm um suplemento de ciência, embora tenham cadernos de turismo ou de televisão. Há, também, um analfabetismo científico dentro das próprias redações.’
E destaca outra vitória internacional da ciência brasileira: ‘Como nas vinhas da Califórnia há uma praga cuja bactéria é uma prima da ‘Xylella‘, a associação americana contratou o mesmo grupo que fez nosso genoma para fazer o deles – isso é espetacular, uma inegável afirmação de maturidade dos pesquisadores brasileiros’, destaca Landi.
Otimista, o presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp afirma que se o Brasil conseguir atrair Universidades particulares e criar sistemas de garantia de ensino nelas, grande parte do problema de produção científica no Brasil estará solucionado. Capozoli diz que a iniciativa privada no Brasil não costuma investir em pesquisa científica básica.
‘Nós temos uma mentalidade de que o Estado deva bancar tudo e a iniciativa privada só faça a coleta dos benefícios. Mas nos últimos 20 anos, desde a criação do MCT, em meados dos anos 80, tem sido feito um esforço sistemático para atrair a iniciativa privada. Ao que parece, as coisas começam a mudar, porque o empresariado se deu conta de que essa é uma área em que se pode ganhar muito dinheiro.’
Mônica ressalta que, apesar dos inegáveis avanços, falta massa crítica de cientistas, opinião compartilhada pela presidente da SBPC.
‘Precisamos de mais gente para trabalhar, por exemplo, no problema da dengue, de uma política para o desenvolvimento científico da Amazônia. Temos de aumentar nossa massa crítica em tudo. Mudando o espírito de que a ciência seja apenas informação, poderemos ensinar as pessoas a pensar em soluções criativas para nossos imensos problemas’, conclui Glaci.
A ciência como nós a conhecemos hoje…
Darwin também causou rebuliço quando, em uma época de grande poder da igreja católica, afirmou que os humanos descendiam dos macacos como resultado de uma guerra evolutiva conhecida como seleção natural. A partir daí a teoria atômica de Bohr, a relatividade de Einstein e a mecânica quântica de Planc e a dupla hélice do DNA de Watson e Crick causaram um fenômeno, talvez, até então não percebido: as áreas estudadas pelos grandes nomes da ciência eram muito distantes da realidade cotidiana do publico em geral, o que contribuiu certamente para o distanciamento do cientista da sociedade e vice-versa.
Antes de Einstein nunca um cientista tinha sido uma celebridade, dado autógrafos ou fugido de tietes. O próprio Watson (o do DNA), reclama em sua recente biografia que, apesar do sucesso de sua descoberta, ninguém o convidava para nenhuma festa.
A sociedade não percebe (e talvez com razão) que a ciência que estuda o 5o pleópodo dos copépodos e descreve o desvio da luz causado pela distorção do espaço próximo a corpos de grandes massas, é a mesma ciência que possibilitou todos os avanços tecnológicos que permitiram o aumento da expectativa e da qualidade de vida. A imagem do cientista recluso que foi Newton (que inclusive nunca se casou e segundo as más línguas morreu virgem) e dos cabelos desgrenhados de Einstein, permeiam o imaginário popular com a idéia de que todos os cientistas são loucos. Isso não é só inferência, mas o resultado de uma pesquisa coordenada pelo prof. Leopoldo de Méis do instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, um dos cientistas mais respeitados do Brasil, com crianças e adolescentes de diversas classes sociais.
Os cientistas de hoje são pessoas normais: adoram tomar chope no buteco, jogar futebol no final de semana e pensam em sexo 98% do tempo, como quase todo ser humano. Sua única loucura talvez tenha sido escolher fazer ciência no Brasil, onde nos últimos 10 anos conseguimos entrar no seleto grupo dos 20 paises que são responsáveis por mais de 1% da produção científica mundial, mas as verbas para ciência são consideradas supérfluas já que o governo considera mais interessante comprar tecnologia do que formar cérebros e cidadãos.
Verdade seja dita, os cientistas tem que fazer sua parte, e dedicar mais tempo para atividades sociais, a terceira perna do tripé universitário conhecido por ensino, pesquisa e extensão. A vaidade científica (talvez a pior das vaidades profissionais, já que dinheiro algum pode comprar o tesão de “saber”), tem feito os cientistas se isolarem em seus laboratórios: “me dêem financiamento e me deixem trabalhar já que vocês não conseguiriam mesmo entender o que estou fazendo”.
Precisamos divulgar o conhecimento científico, fazer marketing com a ciência e dissemina-la para todas as pessoas. Essa é a única forma de combatermos os bispos Macedo, os “Big Brother Brasil”, os Tarots e as Roseanas que adentram nossas casas e derretem pouco a pouco o nosso cérebro todos os dias sem que tomemos consciência disso. É isso que essa coluna pretende daqui por diante.