Bioletim Script for Science Communication

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In 1993, when a group of undergrads in biology from the (Federal) University of Rio de Janeiro created the BIOLETIM journal, we were aiming to provide a space where students could write about their research, to become familiar with the ‘art’ of article publication.
Open parentheses: Art? No, writing is not an art, neither is a natural talent that you are born either with or without. Writing is practicing! Is training! It is not inspiration, it is transpiration! But at that time we didn’t know that and still many student don’t know that. It is common, for example, to see on the chronograph of a thesis project, the last two months ‘reserved’ for the manuscript preparation. But when the time arrives, the student sit in front of the computer kind of waiting for ‘divine illumination’ to control their fingers to put characters in the computer screen in a way that they make sense. A kind of psychography. Close parentheses.
When in 2007 we published the BIOLETIM online version which should be even more publication friendly (we can’t forget that a printed journal is much more expensive than a online one), we thought that we would have thousands of submissions. But it didn’t really happen like that. We had a beautiful, high tech website, but we had no authors.
There are many reasons for that, but one of these is, I’m sure, that writing is more difficult for the students than they actually think!
That’s why we created a script to get the students out of inertia, out of the ‘writer’s block’. The script is available online in Portuguese at the BIOLETIM website. (you need to register and loggin to access)
But when I was preparing one of my ISMEE classes, I thought that this script could be useful not only to Brazilian students, but for everyone. Thus, we created and English version. I really liked the result! The file is an electronic form in .doc format and is available to download here.
The ‘BIOLETIM script’ is strong influenced by the ‘Autoria (authorship)‘ method (only in portuguese), created by Sonia Rodrigues and if you want to practice even more your writing, we strongly recommend the ‘Almanaque da Rede’ (only in Portuguese) which I have already mentioned hereaqui.
Download the script and write your science communication article. If you have any doubts or comments, write it in here and we will get back to you. We will be flattered if after that you send your article to be published at the BIOLETIM.

Roteiro Bioletim para divulgação cientíca

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Em 1993, quando um grupo de alunos de graduação em Biologia da UFRJ criou a Revista BIOLETIM, nosso objetivo era disponibilizar um espaço onde os estudantes pudessem escrever sobre suas pesquisas, iniciando-se na ‘arte’ da publicação de artigos.
Abre parenteses: Arte? Não, escrever não é uma arte, nem um talento inato. Escrever é prática! É treino! Não é inspiração, é transpiração! Mas até então a gente não sabia disso e a maior parte dos estudantes ainda não sabe disso também. É comum, por exemplo, vermos projetos de tese onde o aluno separa os dois últimos meses para ‘escrever a tese’. E quando chegam esses dois meses, ele senta em frente ao computador esperando que a iluminação divina se manifeste através dos seus dedos, enchendo a tela do computador com caracteres que façam sentido. Como se fosse psicografia. Fecha parenteses.
Quando re-editamos o BIOLETIM em 2007, numa versão online que favorecia ainda mais a publicação de artigos (porque afinal de contas uma revista online é muito mais barata que uma impressa), achamos que teríamos uma chuva de publicações. Só que não foi bem assim. Tinhamos um site bonitinho, de alta tecnologia, mas não tinhamos autores.
Há várias razões para isso e não vou discutir todas aqui. Mas uma delas, tenho certeza, é que escrever é mais difícil para os alunos do que eles pensam!
Por isso, criamos um roteiro para tirar o pessoal da inércia, do ‘branco’ que dá na hora de começar a escrever. O roteiro está disponível em português, online, no site do Bioletim. (você precisa estar logado no site para acessar)
Mas quando eu preparava uma das aulas do ISMEE, eu pensei que esse roteiro poderia ser útil não apenas para os alunos brasileiros, mas também para todo mundo. Por isso criei uma versão em inglês. Eu acho que ficou ótimo! O arquivo é um formulário eletrônico em formato .pdf e disponível para baixar aqui.
O ‘Roteiro BIOLETIM’ tem forte influência do método ‘Autoria‘ de escrita criativa criado pela escritora Sonia Rodrigues e se você quiser expandir sua prática em escrita, nós recomendamos fortemente o ‘Almanaque da Rede’, sobre o qual eu já falei aqui.
Faça o download. e escreva o seu artigo de divulgação científica. Qualquer dúvida, coloque um comentário aqui que a gente responde. E depois, mande pra gente publicar no BIOLETIM.

As metáforas científicas no discurso jornalístico

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Hoje dei uma palestra sobre Escrita Criativa em Ciência na III Escola Temática de Química da UFRJ cujo tema era Divulgação Científica. Na palestra anterior a minha, um aluno perguntou que ferramentas poderiam ser utilizadas para sensibilizar o público da presença da ciência no nosso dia-a-dia.
Uma possível resposta para essa pergunta foi dada pelo nosso colega blogueiro e físico da USP-Ribeirão Osame Kinouche, com a psicóloga Angélica Mandrá, no ótimo artigo “Metáforas científicas no discurso jornalístico”. Meus amigos jornalistas deveriam adorar. Quando conversei com eles pela primeira vez sobre esse assunto, no I EWCLiPo, fiquei pasmo: era óbvio e eu nunca tinha pensado a respeito.
O que só torna a percepção deles mais genial: existem dezenas de termos utilizados na linguagem formal e informal cuja etimologia é científica.
As mais fáceis de reconhecer são termos da geometria Euclidiana como Ponto de vista; Linha de raciocínio; Traçar um paralelo; Analisar por outro ângulo; Volume de conhecimentos; Plano pessoal; Círculo de amizades e Triângulo amoroso.
É verdade que o oposto também é verdadeiro, e os cientistas se aproveitam de termos coloquiais com forte apelo imagético/sensorial para criar expressões científicas que possuem forte carga metafórica: barreira entrópica, relevo de energia, poço de potencial, ruído branco, paisagem rugosa, rede cristalina, buraco negro, supercordas. Termos mais simples como “carga”, “corrente”, “fio”, “pressão”, “resistência”, “campo” etc. também são etimologicamente anteriores ao seu uso científico.
Algumas vezes a comunicação tem ruído e as metáforas não funcionam bem. E com conseqüências relativamente sérias para o aprendizado de alguns conceitos em física: as palavras “aceleração”, “força”, “peso”, “trabalho”, “energia”, “calor”, tem sentidos coloquiais diferentes do técnico. Ou você não sabia que o que chamamos de ‘peso’ na verdade é a ‘massa’ de um corpo, e que o peso mesmo é a resultante da ação da gravidade nessa massa?! E dai?! Você pode dizer. Bom, você pode achar que isso não tem importância, mas dá um nó na cabeça dos alunos tanto no ensino médio quanto depois na faculdade de física. E nós já temos problemas suficientes para formar todos os físicos que o Brasil precisa.
A saída acha pelos cientistas para minimizar essa confusão não ajuda em nada a aproximar a ciência do cidadão leigo. Eles criam neologismos radicais, com um mínimo de sentido metafórico: quark, próton, entropia, entalpia, fractal, quasar etc. Mas mesmo assim, esses termos acabam chegando metaforicamente a linguagem comum, como já acontece com entropia (como metáfora para desordem) e fractal (como metáfora para organização em vários níveis). Não é um barato?!
Para vocês terem uma idéia, numa análise do número de vezes que os termos ‘pêndulo’ (física clássica) e ‘buraco negro’ (física moderna) são utilizados metaforicamente em aproximadamente 50% dos textos jornalísticos dos portais da Folha de São Paulo, do Estado de São Paulo e do G1 (confira o artigo para ver os números exatos).
O uso desses termos também demonstra que o uso metafórico de termos técnicos científicos serve para aumentar o potencial de expressão criativa do cidadão comum, ou mesmo um reconhecimento mais correto do mundo que o cerca, porque amplia ou expande a sua compreensão: termos como “forças políticas”, “equilíbrio de poder”, “fonte de atrito”, “tensão social”, sugerem a visão mecanicista da sociedade como uma máquina, que remete a física clássica determinística de Newton. No entanto, muitos desses fenômenos não tem nada de determinísticos. E a medida que aumenta a compreensão dos cientistas de fenômenos não lineares, como aqueles governados pela teoria do Caos, novos termos que expressam mais corretamente a incerteza relacionada aos fenômenos, como “efeito borboleta”, se incorporam a linguagem e permitem a representação mais correta dessas idéias.
Isso é muito importante porque, como dizem os autores, “Nosso repertório metafórico não apenas limita nossa capacidade de falar sobre tais sistemas, mas afeta nossa maneira de concebê-los e interagir com eles.”
Osame e Angélica terminam concluindo que o pensamento, o ato da cognição, é metafórico e usamos metáforas para compreender um conteúdo-alvo abstratos a partir de um conteúdo-origem concreto. Ao enriquecer o repertório conceitual da população, a educação e a divulgação científicas produzem novas metáforas no discurso comum, que permitem a melhor descrição de sistemas complexos como os sistemas sociais e econômicos.
Se você se interessa por ciência e por divulgação científica não pode deixar de ler.
PS: E olhem só, apesar de eu ter conversado apenas um pouco com um e outro tempos atrás pelo grande interesse que o assunto me despertou, ainda ganhei uma menção nos agradecimentos. Obrigado!

A verdade da ciência

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Outro dia dei uma palestra na Fiocruz sobre divulgação científica na internet. Casa cheia, muitas perguntas, horas falando sobre o blog, internet e ciência, que são coisas que eu adoro. Mas apesar de tudo ter saído melhor do que o esperado, me surpreendeu ver divulgadores de ciência defendendo que a ciência deve ser vista com moderação. Ou melhor (ou pior), divulgada com moderação. Isso porque, segundo eles, a verdade científica não pode ser vista como verdade absoluta. E segundo eles também, os cientistas, alguns pelo menos, ou pelo menos os mais famosos, quando fazem divulgação científica, fazem isso.
Mas será?
Quando é legítimo uma descoberta científica ser divulgada publicamente? Fizeram um encontro inteiro sobre esse tema no ano passado.
Eu também já escrevi sobre isso aqui, aqui e aqui.
Eu percebo que sempre que temas ligados ao comportamento humano aparecem na mídia são apresentados carregados de determinismo. Mas será que é por causa dos cientistas? Ou do jornalistas? Acho que é por causa do público. Não somos treinados para aceitar e muito menos para avaliar a incerteza. Na minha opinião, o determinismo é para quem lê.
A ciência fica cada dia mais difícil e por isso se afasta da sociedade. E o cientista precisa abrir mão do rigor científico para poder comunicar ciência a sociedade. Mas até que ponto? Eu não sei responder. Mas sei a ciência é um grande instrumento para ensinarmos as pessoas a lidar com incerteza. E assim, ao invés de procurar uma resposta para a pergunta, simplesmente acabamos com a pergunta.
Ainda assim, teremos sempre que conviver com o fato que pessoas que não são treinadas para a ciência não se irritem com argumentos científicos que levam a conclusões desagradáveis e sejam complacentes com argumentos não científicos que levam a conclusões aprazíveis.
E para isso, eu tenho muito pouca tolerância. Mas é uma coisa que preciso mudar.
Lembrei de uma outra palestra que dei, anos atrás, para alunos da universidade Federal de Rondônia, em uma chalana que subia o rio Madeira a caminho do Lago do Puruzinho. Nela eu mostrava uma citação do filósofo da ciência Paul Feyerabend:
“A compulsão humana para encontrar verdades absolutas, por mais nobre que seja, acaba, por muitas vezes, em tirania. (…) (a ciência) tem o potencial poder de eliminar a diversidade de pensamento e cultura humanos… De transformar jovens brilhantes em cópias apagadas e convencidas de seus professores”
Amém!

O segundo dia do II Encontro de Blogs Científicos

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Domingo começou com a apresentação da neurocientista Suzana Herculano. Com 6 livros sobre neurociências para leigos publicados e uma esquete no programa Fantástico, ela é uma cientista pop e o melhor exemplo de cientista bem sucedido na tarefa de divulgar ciência. Suzana, que tem dois blogs (O cérebro nosso de cada dia e A neurocientista de plantão) chamou atenção dos cientistas blogueiros para que não fiquem apenas na internet porque existe um mercado real para livros de divulgação científica. Ela ainda defendeu a publicação de livros de ‘auto-ajuda científica’: “afinal, o objetivo da ciência não é tornar a vida das pessoas melhor?”. E isso ai.
Talvez pelo clima aprazível de Arraial e o aconchego do encontro, quando a jornalista Alessandra Carvalho (do Karapanã) subiu no palco com seu belo sotaque paraense não havia mais nenhuma dúvida de que jornalistas e cientistas devem divulgar ciência, que cada uma tem o seu espaço, mas que só tem a ganhar com a convivência. Ela relatou várias experiências bem sucedidas onde jornalistas ajudaram os cientistas a divulgar seus trabalhos.
Depois do intervalo, a jornalista Lacy Barca (que escreve no Minha amiga Jane) fez um incrível e delicioso panorama da ciência na TV, com apenas 8,5h por semana de programação (comparados a 50h de esporte e, acreditem, 190h de religião). Depois de trabalhar em programas como Globo Ciência ela é responsável pela recuperação do arquivo na Rede Brasil e mostrou pra nós trechos de vídeos dos primeiros programas de ciência na TV brasileira, remontando a década de 70, e falou sobre a mudança da linguagem na comunicação.
Foi a vez de Maria Guimarães (Ciência e idéias), cientista e jornalista da Revista FAPESP apresentar a sua visão de como cientistas escolhem seus temas de pesquisa e como jornalistas escolhem seus temas de reportagem: “minha paixão pela ciência não cabia em um só tema de pesquisa”. A platéia se encantou com a caçadora de roedores no doutorado que agora escreve até sobre astronomia. Para mim ficou o recado de que cientistas precisam aprender a contar, mesmo que só para os jornalistas, a história por trás de suas pesquisas, e os jornalistas não podem nunca esquecer a paixão por trás do tema de pesquisa de um cientista.
As meninas da Ciência Hoje não resistiram ao sol e fizeram muito bem ao almoçar camarão frito na praia enquanto alguns foram para as suas pousadas fazer o check-out e outros para o Saint-tropez se despedir da Muqueca de Dourado e da Lula Doré.
Mas as 15:30 estavam todos de volta para assistir Fábio Almeida, do Ciêncine falar sobre a importância dos documentários cinematográficos na divulgação científica. Mostrou trechos da entrevista com José Reis, ex-diretor do do Instituto Biológico de São Paulo e um pioneiro da divulgação científica rápida e eficiente. Fábio foi muito didático ao mostrar como a atividade científica e cinematográfica tem a ‘observação’ do mundo como ponto de partida e portanto, nada mais normal que os biólogos, ao registrar imagens em movimento para estudar fenômenos naturais, sejam os verdadeiros criadores do cinema. Aproveitou para mostrar o risco da divulgação irresponsável, que atribui aos irmãos Lumiére, criadores do cinema como espetáculo, a invenção do cinema como método. E terminou com uma alfinetada: os blogueiros tem que pensar em usar todo o potencial de outras mídias, porque ainda estão postando como se fossem uma revista impressa!
As 17h, sem tempo para uma despedida apropriada de todos os novos amigos que ser formaram ali, o ônibus partiu para o Rio levando convidados e agregados. Foram dois dias estimulantes e tenho certeza que todos voltaram pra casa com novas idéias para colocarem em prática nos seus blogs. Agora é esperar pelo próximo.
Obrigado a todos que ajudaram a tornar o evento um sucesso.

O primeiro dia do II Encontro de Blogs Científicos

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O ditado diz que tudo o que é bom, dura pouco.
E durou mesmo. Acabou ontem as 17h o 2o EWCLiPo. Foi organizado, num lugar lindo (Arraial) com um tempo maravilhoso, gente inteligente, discussões pertinentes e … diversão. O que mais eu poderia querer?
Tudo começou na 6a feira com Milton Moraes do ‘Confraria da Boa Companhia‘ falando sobre gastronomia e ciência. Ele usou os novos conceitos de gastronomia molecular para mostrar como a ciência vem mudando a culinária. Ferran Adrià, considerado atualmente o melhor ‘chef’ do mundo, é um químico de formação que aperfeiçoa a sua cozinha com conceitos científicos. Como um professor em uma aula prática, impressionou a platéia extraindo DNA de morango ao vivo usando apenas produtos encontrados na cozinha e aplicou conceitos da gastronomia molecular para fazer drinks como caipirinha sólida e mousse de caipirinha.
A seguir o coquetel de abertura teve um risoto de frutos do mar preparado pela chef Janaina Jan do Chez Naná. Quando os marinheiros do Hotel Ressurgência começaram a ficar nervosos com aquela movimentação toda as 11:30 da noite, nos transferimos para o Saint-Tropez, no final da Praia dos Anjos.
O dia amanheceu belíssimo, confirmando as previsões da meteorologia, apesar da chuva pesada de 5a e 6a feira e qual não foi a minha surpresa quando as 9:30, com apenas meia hora de atraso, estavam todos prontos para ouvir esse que vos conta, Mauro Rebelo do ‘Você que é biólogo…’ falar de Escrita criativa.
A palestra tratou dos 7 pontos problemáticos na escrita de alunos (e outros cientistas) no processo de autoria de textos: sejam eles respostas a perguntas de provas, ou a elaboração de artigos, dissertações e teses. Fez um paralelo com a 2a lei da termodinâmica para questionar aqueles que acreditam que escrever depende de ‘inspiração’: escrever depende de ‘investimento energético’, porque a maior parte do tempo você precisa gastar re-escrevendo o que escreveu, até ficar bom. Seja na tese, no blog e até mesmo no twitter.
Depois Sonia Rodrigues do ‘Inclusão Digital’ falou da sua experiência no ‘Poesia para físicos’, no ‘sei mais física‘ e no ‘almanaque da rede‘: iniciativas para a inclusão digital de jovens e adolescentes. Quando você tenta fazer inclusão digital para jovens, descobre que o problema é anterior a universidade, onde eles chegam dom deficiências difíceis de consertar, o que ficou claro no ‘poesia para físicos’. Foi então que ela resolveu atacar o problema em crianças e adolescentes da escola pública, se deparando com os problemas que a falta de cidadania gera para esse público, principalmente em áreas de risco. As vezes R$100 para a passagem de ônibus e 1h de acesso a internet em uma Lan House é a diferença entre uma criança com 90 pontos no índice de Raven conseguir chegar ao vestibular em física na UFF.
Foi então que blogueiro profissional Carlos Cardoso do ‘Contraditórium‘, ‘Meio bit‘ e uns outros 5 blogs subiu no palco para falar aos blogueiros de ciência sobre os desafios da profissionalização. Com 5000 visitas únicas por dia em apenas um de seus blogs e muito conhecimento do assunto, ele tinha conhecimento de causa. Só que ainda era muito divertido: “Bom dia, meu nome é Carlos Cardoso, e eu sou um NERD”. Entre as dicas para ganhar dinheiro com um blog a associação com sites de vendas de livros nos textos com resenhas foi a que mais fez sucesso com os blogueiros científicos, mas a apresentação também levantou outras questões como a perseguição de grupos fundamentalistas e outros ‘stockers’. O mesmo tema voltaria a tona no dia seguinte na palestra de Suzana Herculano.
Em seguida, Carlos Hotta do ‘Brontossauros em meu jardim‘ e Átila Iamarino do ‘Rainha Vermelha‘ movimentaram a platéia falando sobre a experiência de ‘síndicos’ do Science Blogs Brasil. As vantagens de se andar em bando são muitas, e o que suscitou a discussão foram justamente os critérios para se entrar no grupo, principalmente agora que o grupo está se aproximando do seu limite de número de blogs. Um condomínio não deixa de ser um ‘selo’, mas esse selo não deve ser o único. É importante que outros condomínios de blogs científicos se formem em torno de temas comuns, e que blogs importantes continuem em suas trajetórias individuais. Viva a diversidade! Átila ainda falou sobre o Research Blogging, uma ferramenta para aumentar a credibilidade da informação publicada que dá um ‘selo’ ao texto que é publicado fazendo referência (e disponibilizando) o artigo original ao que se refere ao informação.
Caminhada pela praia, almoço no Saint-Tropez, é incrível que novamente as 15:30 estivessem todos reunidos novamente para ouvir Osame Kinouchi do ‘SemCiência‘ falar sobre ‘Redes de informação e a blogsfera científica’. O conceito de redes complexas é fundamental para um blogueiro compreender como a informação flui na grande rede e como o qual o comportamento da informação publicada no seu blog. Ele ainda falou das mudanças na autoridade ‘technorati’ geradas pelo aparecimento do Twitter e deu um panorama da blogsfera científica brasileira, que hoje conta com aproximadamente 250 blogs, considerados como blogs ‘vivos’ aqueles que sobrevivem publicando após os primeiros 3 meses de empolgação, blogs ‘mortos’ aqueles que deixaram de publicar há seis meses e extintos os que saíram do ar.
Então Leandro Tessler do ‘Cultura Científica‘ falou da anti-ciência, o efeito negativo causado pela ciência de má qualidade publicada em jornais de grande circulação. Para ele o problema pode estar nos conflitos que a rede (internet) criou com relação a hierarquização, autoridade, e da informação. Ele acha que temos que tentar regular isso, eu acho que não dá: vamos ter que aprender a conviver com isso.
Depois de mais um intervalo, Bernado Esteves, editor da ‘Ciência Hoje on line‘ falou do espaço do blogs na divulgação de ciência e mostrou com muita clareza o papel de jornalistas e cientistas nessa divulgação, antecipando a discussão de Domingo. Para ele cada um tem sua especialidade e da mesma forma que um jornalistas não pode entrar em um laboratório e se propor a ensinar o pesquisador como operar um espectrômetro de massas, um pesquisador deveria ter mais cuidado ao propor como deve ou não deve ser o texto de um jornalista. Muita gente deveria vestir essa carapuça. Para ele, os cientistas tem um papel fundamental na divulgação ao publicar sobre o que é interessante, mas não necessariamente importante (como o funcionamento de um mecanismo molecular dentro da célula), enquanto o do jornalista é informar sobre o que é importante, ainda que não seja tão interessante (como a distribuição de verbas para a ciência no próximo ano).
O dia terminou com Osame Kinouchi distribuindo os prêmios de melhor blogs científicos eleitos por votação popular organizada pelo ‘Anel de Blogs Científicos‘.
Como a 6a feira tinha terminado tarde, resolvemos todos ir direto para o Saint-Tropez tomar uma cerveja (porque ninguém é de ferro) e tentar voltar mais cedo para a pousada. Foi uma ótima idéia, mas não funcionou. Fomos todos dormir tarde. Cardoso se apaixounou pela filha do dono do Saint-Tropez, uma loira linda com um micro shortinho que trabalhava no caixa e que ele apelidou carinhosamente de Penny, em homenagem a loirinha que anda com Nerds no seriado ‘The Big Bang Theory‘.

Falta 1 dia para o II EWCLiPo

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O II EWCLiPo começa amanhã, mas nós já estamos indo pra Arraial arrumar tudo pra esperar vocês. Ainda dá tempo de se planejar. A programação está imperdível.
PS: Se o tempo continuar assim chuvoso, o encontro será um sucesso! 🙂

Falta pouco para o II EWCLiPo!

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Folder-Ewclipo_2009.pdf
Fechamos o programa do II EWCLiPo e ficaram prontos (e belíssimos) o folder e o cartaz do evento feitos pela designer Patrícia Kiss. Imprimam e divulguem em suas instituições! Os inscritos aumentam a cada dia e . Além do time de palestrantes de primeira categoria, teremos outras personalidades na platéia como o cientista pop das células tronco Stevens Rehen. O II EWCLiPo é uma iniciativa dos blogueiros de ciência reunidos no Anel de Blogs Científicos e tem apoio do Instituto de Biofísica da UFRJ, do IEAPM, com financiamento do CNPq e secretaria de divulgação científica do MCT. Não perca! Esperamos por você em Arraial do Cabo!

II EWCLiPo – Encontro de Weblogs Científicos em Língua Portuguesa

Praia do Forno em Arraial do Cabo (RJ)

O segundo encontro de blogueiros de ciência acontecerá em Arraial do Cabo (RJ) de 25 a 27 de Setembro de 2009, com financiamento do CNPq e apoio da UFRJ e do IEAPM. E você não vai ficar fora dessa, não é mesmo?!
Mas por que fazer um encontro de blogs científicos?
A WEB 2.0 mudou a forma de fazer jornalismo, negócios e política, e está ganhando agora a academia. A redução das redações de ciência nos grande jornais e o aumento dos escritórios de relações públicas em instituições científicas é o cenário onde emergem os próprios cientistas se comunicando diretamente com o grande público através de blogs e se firmando como uma importante fonte de informação científica confiável para a população, com conseqüências diretas no ensino e na aprendizagem de ciências e não só. O encontro promete, em sua reedição, discutir essas temáticas e oferecer aos participantes opções de caminhos para a blogsfera científica em língua portuguesa.
O site BlogPulse que monitora a dinâmica e o conteúdo de blogs na internet recorda 106,612,056 blogs monitorados; tendo sido 55,010 novos blogs nas últimas 24 h com 265.000 novos posts nas últimas 24 h. E a ciência é uma tema mais postado que outros concorrentes de peso como política e religião. Segundo o levantamento do “Anel de Blogs Científicos” da USP de Ribeirão Preto, existem em torno de 120 blogs de ciência no Brasil. A Revista ciência hoje publicou reportagem recentemente sobre o crescimento dos blogs científicos no Brasil.
E ainda há muito espaço para crescer. A Recente pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT – mostra que ainda é incipiente a comunicação de ciência pela Internet. A população se informa mais sobre ciência primeiro pela televisão, com jornais e revistas em segundo, e conversas com amigos em terceiro. A Internet vem apenas em 4º lugar. Além disso, 77% dos entrevistados nunca leram nada na Internet. A tendência é que esses números se revertam nos próximos anos, com a inclusão digital, o avanço da educação à distância e a disponibilização de Internet em banda larga para a população.
Um artigo publicado na revista Nature (vol 458, Março de 2009) mostra que muitos jornais estão fechando suas seções de ciência enquanto jornalistas científicos ficam sobrecarregados e cada vez mais dependentes dos press releases de RPs. Ao mesmo tempo, os cientistas estão partindo diretamente para o grande público através da internet, não só para publicar seus trabalhos, mas também para ‘traduzir’ os temas científicos para o público leigo. Em um país de tantos excluídos, essa ‘Exclusão Científica'” é uma das mais graves, mas as pessoas estão ouvindo falar de genoma, vacina gênica, transgênicos, mutantes, clones, células tronco… sem ter noção de como avaliar o quanto as informações que chegam até elas são verdadeiras. Os blogueiros se consideram uma fonte de informação científica confiável para o grande público.
Mas escrever nesse meio não é trivial. Vivemos em um mundo saturado de informação e precisamos aprender a selecionar melhor a informação. A Internet facilita o armazenamento, acesso e divulgação do conteúdo, mas não a seleção do que deve ser publicado. Os conteúdos são ‘depositados’ ao invés de ‘publicados’. O presidente da Apple, Steve Jobs, diz que na internet “a maioria de nós continua apenas consumidores, ao invés de autores”. Um dos principais desafios para o aumento da qualidade dos conteúdos é a seleção da informação.
Aprender a selecionar o que divulgar é também aprender a selecionar o que investigar e o que produzir! Uma divulgação científica de melhor qualidade leva a uma melhor produção científica e acadêmica, que leva a uma divulgação científica ainda melhor, para combater a exclusão científica, digital e social.
Mais informações sobre o(s) encontro(s) na página do II EWCLiPo.

O peso da evidência


Esse final de semana assisti “O curioso caso de Benjamin Button“. O filme é muito rico e cheio de conexões, que te levam a pensar em tantas outras coisas, com as quais, tenho certeza, vou me entreter por algum tempo.

Mas queria comentar uma coisa me chamou a atenção no filme: a falta de espanto e curiosidade quando as pessoas encontravam um ser que rejuvenescia ao invés de envelhecer.

É certamente uma incongruência, sobre a qual já comentei aqui. Mas o excelente texto de 1948 de Bruner não explica diretamente COMO resolver o problema do reconhecimento da incongruência característico da natureza humana (e não só).

A resposta é: com evidências!

Tão forte quanto a nossa vontade de negar evidências que contrariam nossos paradigmas, é nossa capacidade de reconhecer que essas evidências contrariam o paradigma. “É assim que se fazem as revoluções científicas!” diria Thomas Khun, do outro lado da sala, encerrando a discussão.

As pessoas não questionavam o rejuvenescimento de Benjamin simplesmente porque ele era uma evidência inquestionável. Dia após dia, ano após ano, todos podiam observá-lo quebrar o paradigma que regia todos a sua volta. E como o próprio personagem diz: “Você pode se irritar o quanto quiser, mas no final, só nos resta, sempre, aceitar”. Ou algo desse tipo.

Eu já ouvi todo o tipo de metáforas para questionar meu ceticismo. Tem uma que eu gosto mais que as outras. Uma vez um cara me disse que nós eramos como peixes. Um peixe vive em um mundo particular sem poder acessar um outro mundo que está acima da superfície do seu. Porém, isso não significa que esse mundo não exista (como nós, na argumentação dele, sabemos existir). Se é assim para os peixes, porque não poderia ser assim conosco?

O problema dessas metáforas é que elas não trazem um argumento, apenas tentam justificar a ausência dele. Não há evidência, apenas a justificativa ausência delas. Ainda assim, a metáfora não se sustenta. Ligassem os peixes para paradigmas, perceberiam que do firmamento deles cai de tudo, de anzól a pneu velho, passando por migalhas de pão e latinhas de coca-cola. Talvez não chegassem nunca a compreender ou conhecer esse mundo, mas as evidências dele são inegáveis.

Benjamin Button seria uma revolução científica. Mas enquanto não tivermos evidências de extraterrestres e vida após a morte tão incontestáveis quanto latinhas de coca-cola no fundo do mar, Benjamim Button continuará sendo possível apenas no cinema, e eu continuarei cético e feliz.

PS: Esse texto faz parte da Roda de ciência. Por favor, comentários aqui.

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