Camisinha na cabeça

Todo ano, na época do Carnaval, faço no VQEB uma campanha pelo uso da camisinha. Esse ano, resolvi vestir a campanha e levá-la a todos os blocos do Rio de Janeiro. O resultado foi esse:

Para quem, como eu, passa o ano todo esperando pela folia, não deixe de aproveitar os últimos blocos que ainda sairão no final de semana. E use camisinha!

Foto: tirada no Aterro do Flamengo na saída da Orquestra Voadora; camisa da ‘Posto 9’ (confecção do italiano Ciccio Panza); cordão dos Filhos de Gandhi (porque mesmo no carnaval do Rio, meu coração bate pela Bahia) e cerveja do Vascão (que bateu, brilhantemente, de virada, o timininho por 2×1 há dois dias)

Por que as ostras são afrodisíacas?

“Ciência é difícil…”

“Ciência é chato…”

“Cientistas são chatos…”

Quantas vezes já ouvi isso… Tudo mentira! A ciência é o maior barato!

Sim, existe ciência e cientistas chatos. Assim como existem advogados chatos, bombeiros chatos e (meu deus, quantos) pedagogos chatos.

Saber ciência é divertido e eu vou provar pra vocês. Esse vídeo foi gravado ontem, no aniversário da belíssima Roberta Foster, minha amiga dos tempos de São José, quando fomos da 7a série H (a lendária ‘Equipe Cão’); na presença de outros ex-Maristas feras: a acupunturista Bia Korb, o alquimista Maurício Simão e a cantora Ana Cuba (mulheres de Holanda). Mas foi o advogado Paulo Melo que fez pergunta que gerou o primeiro podcast do VQEB.

“Mas Mauro, você que é biólogo…”

Faltou dizer exatamente o papel do Zinco, ainda que ele não seja exatamente conhecido.

Existem muitas evidências que o Zinco é necessário para manter os níveis normais de testosterona no plasma sanguíneo. A deficiência de Zinco pode impedir a liberação de hormônio luteinizante e do hormônio folículo estimulante pela glândula pituitária (hipófise), que estimulam as células de Leydig, nos testículos, a produzir a testosterona. Muitas estudos mostram que as concentrações de Zn estão diretamente relacionadas as concentrações de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) no sangue.

Mas a ação do Zinco poderia ser no próprio testículo: além da sua participação na síntese de proteína, o zinco estaria envolvido na ligação do T3 com o seu receptor nuclear. De fato, existem dois ‘Zinc Fingers’ na estrutura do domínio de ligação do Receptor Andrógeno humano. Os ‘dedos de zinco’ são muito bem conhecidos e receberam esse nome pela semelhança da estrutura que eles formam ao articular um átomo central de Zn com 4 cisteínas adjacentes que ajudam a estabilizar a ligação da proteína ao DNA, com os dedos de uma mão. Assim, a deficiência nos níveis de testosterona circulante seria causada pele redução na liberação de testosterona em consequência da inabilidade das células de Leydig em responder as gonadotrofinas.

O Zinco também inibiria a aromatase que converte o excesso de testosterona em estrogênio, fazendo com que ela funcione mesmo na ausência de excesso e levando ao acumulo de estrogênio (que diminui a libido e provoca aumento de peso, principalmente em homens mais velhos). Isso pode ser ainda mais agravado pelo consumo regular e excessivo de álcool, que diminui a carga corporal de Zn.

Chato é o Big Brother Brasil!

Afundados em pilhas de artigos – PhD Movie

O título é a tradução livre do título do filme Piled Higher and Deeper (PhD movie), dos mesmos produtores das famosas(!) tirinhas sobre a vida dos alunos de pós-graduação.

Se você nunca leu, não pode perder. Se você já leu, deve ter ficado, como eu (que não tem tanto tempo assim era aluno de pós-graduação também) curiosíssimo sobre o PhD filme.

Eu assisti o trailer no cinema e quando resolvi procurar onde o filme passaria, qual não foi a minha surpresa ao descobrir que ele NÃO PASSARIA. Não nos cinemas. Alguém, em alguma universidade, deveria organizar uma projeção do filme. Até agora a única no Brasil (de acordo com o site deles) tinha sido na UNICAMP em Novembro. Bom… como eu disse, eu queria ver o filme, então resolvi organizar uma sessão.

Achei que isso poderia ser um processo lento e doloroso. Mesmo assim, resolvi escrever para o pessoal do site, que prontamente me responderam. Também consegui com a secretaria da pós-graduação da Biofísica a reserva do Auditório Rodolpho Paulo Rocco, o Quinhentão, pra fazer a exibição. O preço foi salgado, mas decidi fazer uma boa ação de final de ano e dar a exibição de presente para todos os alunos de PG da UFRJ. Na verdade, para todos que couberem dentro do auditório. Talvez para homenagear minhas lembranças dos meus bons tempos de bolsista. Talvez porque o mundo precise que as coisas legais da ciência sejam mostradas pra todo mundo e divulgadas ao máximo. Talvez porque quisesse eu escrever, produzir, dirigir e estrelar um filme desses, mas como não dá, pelo menos eu posso exibir!

O número de assentos é limitado, por isso, se você quiser assistir, se inscreva na página do evento no Facebook. Será dada preferência para os alunos de PG da UFRJ e se for necessário haverá distribuição de senhas antes do expetáculo (com sotaque carioca).

Divirtam-se!

Viagens

Contemplativo. Linda essa palavra, não é?! No final de semana em que completei 40 anos, viajei pra serra. Enquanto caminhava pelas trilhas e rios, admirava a paisagem e, de vez em quando, parava em algum lugar mais bonito para observar. Quem me via de longe poderia pensar: “que rapaz contemplativo”

Mas que nada. Minha mente estava agitada. Do mesmo jeito que a bela imagem da queda d’água é construída pelo inexorável fluxo de moléculas de H2O coordenados pelas leis da física e regidos pelas leis do acaso geram a imagem da cachoeira, a passagem de ions de sódio e potássio através da membrana plasmática dos meus neurônios geravam a agitação intelectual que não podia ser percebida por quem me via ali… hipnotizado por uma cachoeira… da mesma forma que ficamos hipnotizados pelo fogo da fogueira.

Inexorável. Outra bela palavra, dessa vez pela sua força.

E o que deveria me acalmar, me angustiou. Simplesmente algumas moléculas de água vão pela direita na bifurcação, empurradas por uma massa de moléculas de água exatamente iguais a ela, sem que haja nenhuma chance dela mudar seu rumo. Outras moléculas… seguem tem o mesmo destino, mas pela esquerda. O destino dessas moléculas foi determinado metros atrás, quando (pelo menos) algumas delas poderiam estar lado a lado uma da outra. Mas para outras moléculas de água, o destino direita/esquerda é determinado apenas após o choque com a rocha. Um choque de uma fração de tempo infinitamente pequena. E que, em última instância, se dá entre átomos de um lado (água) e átomos do outro (rocha). Um número incontável de vezes. Talvez um número inimaginável de vezes.

É por isso que tenho que assistir filmes do Steven Segal para relaxar. A contemplação é algo quase impossível para mim. Uma bela cachoeira me transporta para um mundo quântico onde a paz não existe. Mas que é o mesmo mundo do visível, onde a água inexorável e o rio se bifurca a cada nova rocha que encontra pela frente. Um rio que corre independente do mundo invisível, que somos nós: nossos pensamentos, de nossas angústias e de nossas vontades. E que agora mesmo, meses depois, continua lá: correndo contra o tempo e se chocando nas rochas.

Esses foram 15 minutos na vida do Mauro.

E depois me pergunto porque as pessoas não acreditam quando eu digo que não uso, nem nunca usei, drogas.

Qualquer gato vira-lata

Assisti ‘Qualquer Gato Vira-Lata (tem uma vida sexual mais saudável que a nossa)’. Uma graça o filme. Aqui, chegou a passar da marca de 1.000.000 de espectadores nos cinemas (a peça homônima de Juca de Oliveira já havia levado mais de 1.000.000 de pessoas aos teatros), mas eu achei que faltou aquele ‘burburinho’. Como o gerado por ‘Ele não está tão afim de você’ ou por ‘Big Bang Theory’. Sim, porque o filme é um tipo de ‘BBT’ da biologia.

Não, na verdade eu entendo porque não houve burburinho. Assistindo o filme parecia até que estava assistindo uma filmagem do VQEB. E como o tipo de coisa que eu escrevo aqui gera polêmica, porque o filme não haveria de gerar?

Polêmica?! Não sei se é a palavra correta. Descrença, talvez seja uma palavra melhor. Desconfiança, melhor ainda.

As pessoas resistem tanto, tanto, mas tanto mesmo, a aceitar a nossa natureza animal e a amoralidade da natureza. E as regras que ambos impõem.

“Não existem regras para o amor! É preciso respeito acima de tudo. As relações sempre vão ser únicas, porque cada pessoa tem uma bagagem diferente, costumes, valores diferentes. O interessante é tentar deixar de ser egoísta, ser mais parceiro, ser mais amigo. Mas o fato de que toda relação é única faz com que não existam regras” foram unânimes em afirmar os atores do elenco.

Não importa se nossos instintos de 1 milhão de anos digam outra coisa, não importa se nossas mudanças hormonais digam outra coisa, não importa se nossa anatomia diga outra coisa. As pessoas preferem negar essas influencias castradoras até a morte. Ou até o divórcio.

Sim, porque se não existem regras para o amor, certamente existem para o desamor. Ou é isso que as estatísticas mostram.

No Brasil, de 1940 até 1990, o percentual de pessoas divorciadas, na população em geral, aumentou 15 vezes (IBGE). O percentual de divórcios era de 1:9 em 1985, 1:4 em 1995 e se aproximou de 1:2 em 2005 (nos Estados Unidos o percentual é de 60% e na Inglaterra de 40%). Mais de 50% dos divórcios é causado por problemas financeiros (Instituto Gallup), 33% dos casais brigam com freqüência por dinheiro e 7,5% brigam sempre por esse motivo (H2R Pesquisas Avançadas). Além do dinheiro, a curiosidade e a fofoca também levam ao fim dos relacionamentos. Mais de 60% dos brasileiros checam o perfil do(a) namorado(a) em redes sociais (TNS Research), com o percentual subindo para 70% quando se trata do(a) ex. No fim de 2009, um em cada cinco processos da Divorce-Online trazia a palavra ‘Facebook’ nos autos.

Olha, eu não estou fazendo propaganda pró ou contra coisa nenhuma. Simplesmente me impressiona que, contra todas as evidências, biológicas e estatísticas, as pessoas continuam achando que o modelo de relacionamento inventado menos de 1 século atrás é o que deve ser. E que se não for, a culpa é nossa, como se dependesse da nossa vontade. Ou do amor. Quando se trata de relacionamento, há muito pouco livre arbítrio.

Queriamos ser bonzinhos, respeitadores, éticos, morais, altruistas, mas somos só humanos.

Isso também não significa que eu seja determinista, como meus amigos cientistas gostam de pensar que eu sou. Os posts do blog que tratam do assunto (veja por exemplo ‘A evolução da moda – parte I e parte II) quase sempre são motivados por conversas de bar entre cientistas, tem argumentação respaldada por diversas referências bibliográficas, divertem, mas são sempre rejeitados pelas mesmas pessoas que levantaram as hipóteses inicialmente.

Claro, cientistas estão acostumados a testas suas hipóteses com o rigor do método científico, e apresentam forte resistência a toda forma de ciência que não segue esse modelo. Mas em algumas situações, outras metodologias podem ser aceitas com quase tanta confiança. A epidemiologia não segue o método científico e auxilia enormemente na prevenção, tratamento e cura de doenças. A evolução por seleção natural não pode ser avaliada pelo método científico mas nem por isso existe qualquer dúvida quanto ao valor dela (bom, a não se entre os criacionistas). Estudar o comportamento humano do ponto de vista zoológico não é uma novidade e foi assunto de um livro incrível, publicado na década de 60 e que eu acabei de ler: ‘O macaco nu‘ de Desmond Morris.

Sexo, agressão, alimentação, colaboração, está tudo lá. Mas em uma das muitas passagens brilhantes do livro, Desmond sugere um pequeno conjunto de regras, que aplicamos em muitas situações. Veja:

“Assim, em qualquer dessas esferas – pintura, escultura, desenho, música, canto, dança, ginástica, jogos, esportes, escrita, discurso -, nos prosseguiremos, para nossa satisfação pessoa e ao longo de toda vida, complicadas e especializadas formas de exploração e de experimentação. Por meio de um treino elaborado, tanto os executantes quanto os assistentes somos capazes de sensibilizar a nossa capacidade de responder ao imenso potencial exploratório que nos é oferecido por tais atividades. Se pusermos de parte as funções secundárias dessas atividades (ganhar dinheiro, criar prestígio etc), elas representam biológicamente quer o prolongamento da na vida adulta das nossas brincadeiras infantis, quer a aplicação das ‘regras da brincadeira’, aos sistemas de informação-comunicação dos adultos.
Essas regras podem resumir-se assim:

  1. investigar o desconhecido até que este se torne conhecido;
  2. impor repetição rítmica daquilo que é conhecido;
  3. variar essa repetição de todas as maneiras possíveis e imagináveis;
  4. selecionar as variações mais satisfatórias para as desenvolver à custa dos outros;
  5. combinar essas variações entre si de todas as formas possíveis;
  6. fazer tudo isso pelo simples gosto de fazer, como fim, e não como meio.

Esses princípios aplicam-se de um extremo ao outro da escala, quer se treate de uma criança que brinca na areia, que de um compositor que trabalha numa sinfonia.”

Podem não ser regras bonitas, mas nos ajudaram a sobreviver por 1 milhão de anos. Achar que elas não servem para mais nada e não nos ajudam mais, é tão ingênuo quanto achar que elas são determinísticas e que vivemos apenas de acordo com elas, sem influência da nossa razão.

Vivemos em conflito. Vivemos tentando gerenciar o conflito. Viver isso é melhor do que viver fingindo que não é assim. Talvez você até se divirta mais.

Sorriso Maracanã

DSCN0692.JPG

Apesar do brilhantismo vocal da nossa espécie, também apresentamos os mesmos padrões de comunicação básicos de outras. Eles estão relacionados com emoções primárias e são prontamente reconhecidos pelo seu propósito. E ao contrário das línguas e idiomas, esses sinais são independentes de raça ou cultura. Eles são o choro, o riso e o sorriso.
O choro é partilhando pela maioria das espécies. Gritos, lamúrios e guinchos e chios são uma forma clara de transmitir susto ou dor. Tristeza também, mas principamente nos adultos. Quando somos pequenos choramos também pela ausência de necessidades imediatas, pela perda de apoio físico ou frente ao desconhecido. Pensando bem, quando somos adultos também. Além da verbalização, o choro é acompanhado por uma série de sinais visuais, manifestados principalmente na face: tensão muscular, vermelhidão, abertura da boca, retração dos lábios, lacrimejar e exagero na respiração.
O choro poderia até ser um riso. E é. Ou melhor, o riso é que é um choro. Sabe quando dizem que ‘rimos até chorar’? O mais correto seria dizer que ‘choramos até rir’, porque aparentemente o riso é que se origina do choro.
Enquanto o choro está presente desde o momento do nascimento, o riso aparece apenas por volta do 3 mês de vida, quando começamos a reconhecer nossos pais. E mais precisamente, nossa mãe. “Antes de aprender a identificar o rosto da mãe e a distinguí-lo de outros adultos, um bebe pode gorgolejar e balcuciar, mas não ri. Quando começa a conhecer a própria mãe, começa também a ter medo dos outros adultos.” E ai o riso será importante.
Conforme começa a perceber o mundo a sua volta, o bebê aperfeiçoa o seu sentimento de medo. Convenhamos: é um mundo assustador! A mãe é a principal (senão única) fonte de conforto e segurança. Porém, como também a mãe é capaz de fazer coisas que assustam ao bebê, ele tem de administrar um conflito: chorar porque está assustado ou gorgojear e balbuciar porque está feliz? Perdido entre os dois, o bebê ri. Com o tempo (e a seleção natural), o riso se tornou uma resposta independente.
O riso é uma resposta dramática, que indica que um perigo existe, mas não é real. É um aval para uma brincadeira continuar, um sinal de confiança. Se a brincadeira causar maior desconforto, o riso vira choro e a resposta da mãe passa a ser de proteção. O riso indica que a pessoa está pronta para ultrapassar seus limites e explorar o mundo a sua volta.
Não somos apenas nós que rimos. O famoso úu-úu-úu dos chimpanzés também é o resultado da mistura da sua cara-de-felicidade (lábios projetados o máximo para frente) com a cara-de-medo (lábios retraídos com os dentes a mostra), que transforma o grunhido nesse som. Só que a medida que o tempo passa, os chimpanzés ficam mais sérios e brincam pouco quando se tornam adultos. Nós, por outro lado, continuamos brincalhões, e transformamos o ‘riso’ em uma importante arma social. “Rir é um duplo insulto, porque indica que o outro é assustadoramente esquisito e, ao mesmo tempo, que não vale a pena levá-lo a sério” afirma Desmond Morris no excelente livro ‘O Macaco Nu’.
Já o sorriso se diferenciou a partir do riso para se tornar uma resposta específica, um sinal de saudação entre membros da espécie. Enquanto uma saudação com um riso pode ser desconfortável (afinal, estão te chamando de esquisito) a saudação com o sorriso indica apenas amabilidade. Um bebê de 7 meses é incapaz de diferenciar um quadrado de um triângulo, mas reconhece perfeitamente esse leve alçar dos cantos da boca que configuram o sorriso.
“Todos os contatos sociais provocam pelo menos um certo medo. O comportamento do outro indivíduo na ocasião do encontro é sempre uma incógnita. Tanto o riso quanto o sorriso indicam a existência desse medo, associado com sentimentos de atração e bom acolhimento. (…) O sorriso mútuo assegura aos que sorriem que ambos estão num estado de espírito ligeiramente apreensivo, mas com atração recíproca. Estar ligeiramente receoso significa estar não agressivo e estar não agressivo significa estar amigável; dessa maneira, o sorriso constitui um dispositivo de atração amigável.”
A chave para entender o sorriso parece estar na nossa pele sem pelos (ao menos comparado aos outros primatas). Um bebê que começa a se desgarrar da mãe para explorar o mundo, quando quer voltar a segurança do convívio materno, tem sempre dois desafios: chamar a atenção da mãe e manter essa atenção. O primeiro é fácil, basta chorar. Qualquer mãe que esteja tentando dormir sabe disso. O segundo é mais difícil. Os macacos não precisavam se preocupar com isso, porque já nasciam fortes e quando a mãe se aproximava atendendo ao chamado do choro, eles logo se agarravam nela segurando no pelo. Pra não desgrudar mais. Como nós nascemos fracos e nossas mães não tem pelos, temos que usar uma outra estratégia para manter o foco da atenção da mãe: é ai que entra o sorriso. A mãe fica tão feliz de ver aquela coisinha sorrindo, que não consegue mais deixá-la. E sorri. O bebê fica tão feliz de estar com a mãe e vê-la sorrindo, que sorri mais ainda.
DSCN0834.JPGO sorriso diz para ambas as partes “Eu sou amigável, fique comigo”. Um gesto que dá origem a uma reação em cadeia de felicidade. Que ninguém sabia provocar como Danielli Pureza (in memoriam).

Diário de um biólogo – Sexta, 01/07/2011 – Blues Etílicos

IMG_1371.jpg

O que faz pessoas se reencontrarem depois de mais de 20 anos e descobrirem coisas em comum? Qualidade e Critério.
Mas me deixem começar do começo.
Três da tarde e eu entro em sala de aula. O ar-condicionado está desligado por causa da greve dos funcionários e o humor dos alunos não é o melhor. Ou seria o meu? Não, não estava de mau humor, só estava com pressa. Mas a aula era sobre homeostase, tema que tem grande potencial para uma boa aula, e isso me animou a respirara fundo e começar.
O potencial vem dos conceitos de fisiologia e toxicologia que trabalhamos como dose, limite, tolerância, resistência e resiliência. São conceitos importantes no nosso dia-a-dia e para toda vida. É fácil sair com algum exemplo que tire os alunos do torpor do último tempo de aula do dia e da semana. E me faça esquecer por duas horas que não tenho nada pronto para o super jantar que tenho de oferecer hoje a noite.
Quando falo sobre toxicologia é inevitável provocar os alunos com exemplos de substâncias entorpecentes. Sem dar um julgamento moral, discutimos como se metaboliza o THC e o Etanol. Acho que foi a leve dor de cabeça de fundo, fruto da ressaca e das poucas horas dormidas depois do reencontro na noite anterior com amigos do colégio que não via há mais de 20 anos, que me fez usar o álcool como exemplo. E deve ter sido a expectativa da primeira cerveja do final de semana que fez os alunos adorarem.
“Quando uma substância é essencial ao correto desenvolvimento de um organismo, a sua ausência caracteriza o que chamamos de deficiência…”

Nossa… será que eu falo assim desse jeito?!
Quem acha que o álcool não é necessário ao correto desenvolvimento de um organismo não considera felicidade como um elemento de correção. Humprey Bogart dizia que o “o homem nasceu 3 doses de whisky abaixo do normal”. Ou terá sido o Vinícius de Morais? Impossível de determinar consultando o Google, mas foi assim que começamos.
A concentração aumenta e chegamos a um estado ideal. O Álcool é um depressor do sistema nervoso central, mas felizmente, em pequenas doses, a primeira coisa que ele deprime são os centros de controle, causando estimulação e desinibição.
Esse estado pode ser mantido ainda que a dose aumente consideravelmente por causa dos nossos mecanismos de homeostase. O principal é o mecanismos de destoxificação, que quebra o álcool em aldeído e mantém o efeito sob controle.
Nos livramos rápido do álcool convertendo ele em Acetoaldeído. Temos 3 formas de fazer isso. A princípal é a enzima álcool desidrogenase, a segunda é o citocromo P450 2E1 (CYP2E1) e a terceira é a enzima catalase. Porque você deveria saber isso? Não consigo pensar em nenhuma boa razão nesse momento. A verdade é que eu acho divertido saber o que acontece com a gente e com o corpo da gente, mas isso me faz muito nerd, e eu procuro guardar pra mim essas motivações. Ainda assim, eu poderia dizer, por exemplo, que a via secundária do CYP2E1 é indutível, o que explica porque as vezes você está mais, ou menos, sensível ao álcool. Porque as vezes você pode tomar 10 chopps e fica bem e outras toma apenas 1 e já está legal. Se você ficar muito tempo sem beber, seus CYP2E1 ficam em baixa, e pouco álcool já é suficiente para causar a desinibição. Se você bebe constantemente, acumula CYP2E1 e isso faz com que você precise consumir mais álcool para ter o mesmo efeito. Ou que os japoneses possuem uma variável polimórfica dessa enzima que é menos induzida e menos eficiente, e por isso eles têm menor tolerância ao álcool. Mas continua papo de Nerd.
Horas depois, jantando com meus amigos, usamos todas as nossas desidrogenases, citocromos e catalases, mas ainda assim faltou para dar conta do Prosseco Voldobiene, do Primitivo da Manduria, do Mastro da Campania, do Rust en Vrede…
E quando seus mecanismos de homeostase não conseguem dar mais conta de tanto álcool, outros atores entram em cena: os efeitos. A metabolização do álcool consome muita água, que desidrata o corpo, levando a dor de cabeça e ressecamento da pele. A tonteira e o enjôo vem do efeito no fígado, a euforia passa para depressão, a alegria vira agressividade, e por ai vai. Nesse momento foi ultrapassado o seu limite de resiliência e a ressaca no dia seguinte é inevitável. Não há Engove que te salve (ainda que consumir muita, muita água durante a bebedeira, possa ajudar muito). Nossa capacidade de julgamento também se foi e… que Deus te proteja da ressaca moral dos seus atos nesse período. Seus mecanismos de resistência entram em ação, para tentar adiar o coma alcoólico, que será inevitável se você não interromper a ingestão. E é uma ilusão que a Glicose na veia pode reverter esse processo. Em geral quem apaga por causa de bebida é porque não comeu nada, então é sempre bom dar um gás antes de mandar o infeliz pra casa.
“Aonde vou conseguir tomates maduros pra fazer molho as 6 da tarde de uma sexta-feira?” eu pensava enquanto respondia para um aluno que nunca poderemos abrir mão dos testes com animais porque não há como prever quais são os limites de tolerância e resiliência sem testá-los, forçá-los e ultrapassá-los. E por isso não podemos nos tornar quem somos, e não podemos desenvolver nossos critérios, sem uma ou outra ressaca. Física e moral.
IMG_1366.jpgSaio da UFRJ e vou para COBAL, o único lugar que poderia salvar meu molho. Escolher os ingredientes certos é o que determina a qualidade e o sucesso de um jantar. E é uma questão de critério. Seguir a receita depois, é mole. Dar o ponto certo na massa também requer critério. E foi isso que me fez voltar para a bancada e colocar mais farinha no impasto. Atrasou, mas ficou ótimo.
Sob a égide de Baco, e mais abençoados por Champagne que por Champagnat, falamos sobre limites, sobre tolerância, sobre dose, sobre resistência e resiliência, sobre as euforias e as ressacas que nos tornaram quem nós somos.
Terminamos com Limoncello, Barbera Chinato, Amarula e… chocolate.
E se a ressaca é inevitável… relaxa e goza.

Batendo o martelo

IMG_1346.jpg

Alguns de meus alunos eram extremamente inteligentes.
Eu sabia que entrariam no mundo profissional e criaram novos e fantásticos programas de computação, projetos de animação e recursos de entretenimento. Mas eu também sabia que que eles tinham o potencial para frustrar milhões de pessoas no processo.
Nós, engenheiros e cientistas da computação, nem sempre criarmos coisas fáceis de usar. Muitos de nós somos terríveis quando explicamos tarefas complexas de modo simples. Já leram algum manual de instruções de um videocassete? Então já viveram a frustração a que me refiro. Por isso sempre quis enfatizar a meus alunos a importância de pensarem nos usuários finais de suas criações. Como eu poderia tornar clara para eles a necessidade de não criarem uma tecnologia frustrante? Arranjei um meio sensacional de lhes prender a atenção.
No primeiro dia de aula eu levava um aparelho de videocassete funcionando. Colocava o aparelho sobre uma mesa, na frente da sala, pegava uma marreta e o destruía. Em seguida, dizia:
“Quando se constrói algo difícil de usar, as pessoas se aborrecem. Ficam tão irritadas que querem destruí-lo. E nós não queremos criar objetos que as pessoas queiram destruir”.
Sensacional esse trecho do texto “Atraia a atenção das pessoas” de Randy Pausch (do livro “A lição final”, presente da minha querida amiga Cristine Barreto.
Mas não são apenas os engenheiros que constroem coisas difíceis de usar. Alunos de pós-graduação em geral fazem isso. Constroem teses dificilíssimas de ler. Por isso lembrei desse texto, porque foi exatamente assim que eu me senti depois de ler uma tese essa semana: vontade de pegar um martelo e destruí-la!
Porque as pessoas querem fazer coisas que ninguém entende depois? Ou pior, como é que aluno e orientador podem ler um trem daquele e achar que está bom? Preguiça, só pode ser preguiça. E ai passam a responsabilidade pro revisor.
Dá vontade de martelar.

A primeira impressão é a que fica

smackdown_tug_of_war-e1280514048904.jpgResearchBlogging.org

O que os mamíferos e as plantas com flores e frutos (Angiospermas) tem em comum? Não vale dizer que você tem são aquelas mangas da Mangueira que você tem no quintal.

 A pergunta é ampla e por isso possivelmente difícil de responder mas está no centro de uma polêmica que envolve você diretamente, seu passado, presente e futuro: o ‘Imprinting parental’. Imprinting‘ é o nome dado a capacidade que alguns genes (o genótipo) tem de forçar a expressão da sua característica (o fenótipo) no filho de acordo com a origem desse gene: paterna ou materna. Se o gene que se manifesta veio do pai, então a característica será uma. Se veio da mãe, a característica será outra. Você pode achar que isso é a mesma coisa que a relação de ‘dominância’ que você aprendeu na escola, quando o alelo ‘A’ que determina olho escuro era dominante sobre o alelo ‘a’ que determinava olho claro. Mas não  é, porque a dominância do ‘A’ se mantém independente dele ter vindo da mãe ou do pai. No ‘imprint‘ quem determina se a característica será manifestada não é a informação do gene em si, mas as ‘marcas’, um verdadeiro programa ou software, que não está gravado no seu código genético.

Abre parênteses: Se você não lembra mais o que são ‘alelos’, ‘genótipo’ e ‘fenótipo’ não tem problema: Você sabe que nós somos diplóides, ou seja, possuímos dois conjuntos de genes, um de origem materna e outro de origem paterna. Então cada gene do nosso corpo, que, você sabe, é responsável pela produção de uma proteína (bom, não é exatamente assim, mas serve para a nossa discussão hoje) possui duas cópias, uma vinda do pai e outra da mãe. Cada cópia de um gene para uma mesma proteína é chamada de ‘alelo’. Então, como cada gene determina uma proteína, a sequência de nucleotídeos desse gene (aquelas letrinhas A, C, T e G) é que é o ‘genótipo’ e o produto final da manifestação desse genótipo, que nesse caso é a proteína que ele produz, é o ‘fenótipo’. Em geral usamos o termo ‘fenótipo’ para uma característica visível, como ‘olhos castanhos’, ou ‘cabelo ruivo’, mas como cada uma dessas características é dada por proteínas, então podemos dizer, especialmente aqui, que a proteína é o fenótipo. Fecha parênteses.

 Os genes que você importou do seu pai e mãe funcionam em conjunto, na grande maioria dos casos, sendo expressos ao mesmo tempo, produzindo as proteínas que, também agindo em conjunto, ajudam a te fazer quem e como você é. 

Abre parênteses: Na ‘expressão monoalélica‘, o fenótipo também é determinado pela expressão de apenas um dos alelos, o do pai ou da mãe. A diferença é nesses casos essa definição é aleatória, ao acaso, e no ‘imprinting‘ ela acontece em resposta a uma programação. Fecha parênteses.

Em geral essa mistura é boa, porque com característica combinadas da sua mãe e do seu pai, você tem melhores chances de enfrentar os problemas de adaptação ao ambiente do que eles tiveram. (e esse é o grande argumento da reprodução sexuada). Mas alguns genes não são assim. Eles não gostam dessa ‘mistura’. Na verdade detestam ela e são capazes de brigar, e muito, para que sejam expressos sozinhos, sem nenhuma manifestação ou interferência da copia do mesmo gene do outro genitor.

Mas por que isso? Se a reprodução sexuada é importante justamente para termos as características do pai e da mãe; e é tão importante a ponto de só podermos reproduzir se conseguirmos um conjunto de genes do sexo oposto, por que os genes então os genes combateriam para eliminar esses mesmo genes que, tantas (nossa, tantas e tantas) vezes, passam por grandes desafios para conseguir?

A resposta a essa pergunta é longa, então eu vou dar apenas parte dela. É que apesar de homens e mulheres colaborarem para terem um filho, em cada evento em que isso acontece, não significa que essa colaboração atenda aos interesses maiores de um e de outro. As estratégias reprodutivas de homens e mulheres (machos e fêmeas) são muito diferentes e não são conciliatórias. Colaboração em meio a competição. Isso é o que melhor descreve o relacionamento entre os dois sexos do ponto de vista biológico. Já sei, você acredita em almas gêmeas, unha e carne, feitos um para o outro… Bom, acho que se você for discutir com seus amigos na mesa de bar vai encontrar muito mais exemplos de um grande amor que te passou a perna (quando você então deixou de considerá-lo um grande amor) do que de um grande amor que se confirmou como tal. Não só na sua experiência, mas como na dos seus amigos e amigas também. O fato é que machos e fêmeas precisam colaborar para produzir a prole, mas ambos estão com as antenas ligadas para se aproveitarem um do outro na primeira oportunidade.

E o Imprint parental é uma dessas estratégias. Uma ‘rasteira epigenética‘ que machos e fêmeas tentam passar um no outro logo depois da fecundação. Os ‘genes de imprint‘; trazem ‘marcas’ do seu genitor, seja ele o pai ou a mãe. Como as cicatrizes que o Lamarck achava que poderíamos passar de uma geração para outra. Essas ‘marcas’ são grupamentos metil que são adicionados no DNA durante a meiose para a formação do gameta. A ‘metilação‘ do DNA é um código, um programa, que vai influenciar na expressão desses genes ao longo do desenvolvimento do embrião. Ops, mas peraê, quer dizer então que podemos transferir informação ‘adquirida’ para as próximas gerações sem que elas estejam gravadas no código genético? Exatamente! São os mecanismos epigenéticos, mas isso é uma outra história, para ser contada um outro dia.

O ‘imprint‘ começa a ser programado no corpo do genitor, durante a espermato e ovogênes. Os ‘genes de imprint‘ são metilados diferencialmente, um programa que é capaz de resistir até mesmo a ‘limpeza do zigoto’ que é o grande evento de desmetilação que acontece assim que o óvulo é fecundado, para apagar todas essas ‘marcas’ hereditárias. Logo depois da grande limpeza, lá estão de volta os genes de imprint todos metilados novamente. São essas marcas epigenéticas, esses nucleotídeos metiladosque levarão a expressão diferencial dos genes.

Ops, peraê, divergi. 

Relendo o texto vejo que não respondi a pergunta que formulei 3 parágrafos atrás: porque sufocar os genes que nos esforçamos para conseguir misturar? E pior, que servem tanto para machos e fêmeas de mamíferos quanto de angiospermas?

O conflito entre machos e fêmeas vem do fato da fêmea carregar o filhote no ventre e ter certeza que todos os seus filhos, são seus filhos. Isso faz com que a infidelidade da fêmea seja pior para o macho do que a infidelidade do macho é para a fêmea. Ou você acha possível que uma fêmea crie a prole da infidelidade do macho achando que os filhotes são dela? Não tem como. Já o macho… pode muito bem estar criando um filhote que saiu da barriga da fêmea dele, mas que não é dele. Só para vocês terem uma idéia, em humanos essa taxa está em torno de 10-15%. Que é baixa, porque nós temos muitos mecanismos para iludir os outros, mas muitos mecanismos para evitarmos de ser iludidos também.

Em outros animais, esse percentual é muito maior. O imprint parental não pode ajudar a garantir a fidelidade, mas pode ajudar que ela seja menos profícua.

No embrião humano, as camadas externas são responsáveis pela formação da placenta. As plantas com frutos tem a estrutura chamada ‘endosperma’, que em geral é a parte suculenta do fruto, aquela que a gente come. Apesar das diferenças, o endosperma e a placenta tem a mesma função: transferir nutrientes da mãe para o embrião, seja ele um bebê ou um grão de milho. Uma placenta desenvolvida dá origem a um bebê maior e mais forte, que tem mais chances de sobreviver, mas enfraquece tanto a mãe quanto os outros filhotes que ela possa estar carregando na mesma gestação. Ainda que em humanos isso seja mais difícil, não é difícil de perceber a idéia por trás. Em muitos mamíferos, como os cãezinhos de estimação, a fêmea é capaz de carregar filhotes de diferentes machos em uma mesma gestação. Se um filhote carrega um gene do pai que estimula a formação de uma placenta grande, então aquele filhote receberá mais nutrientes que os outros, e nascerá com  mais chances de sobreviver. Para o filhote e para o pai dele é ótimo, mas para a mãe e os outros filhotes dela (meio-irmãos do ‘placentudo‘), é muito ruim.

Como a mãe tem sempre certeza que os filhotes são dela, ela quer mais é variar o macho, para ter uma prole diversificada, e com mais chances de ter seus genes se fixando na população. Para isso, ela quer garantir que os recursos energéticos que pode investir na reprodução, sejam divididos igualmente entre os filhotes, sem que ela aumente o risco de morte durante o nascimento ou seja prejudicada nas próximas gestações.

Para o macho, essa diversificação da fêmea não é interessante, porque criar futuros competidores para os seus genes. Então ele, além de cuidar para que ninguém mais fecunde a sua fêmea, coloca nos seus espermatozóides genes que vão explorar os recursos energéticos da fêmea e minimizar as chances de sucesso de outros filhotes dela que não sejam seus.

A mesma coisa acontece nas plantas com frutos. Os genes da planta macho querem um endosperma grande e suculento, para que os seus genes, presentes na semente, possam germinar com tranqüilidade. Já a planta fêmea, quer distribuir seus recursos em endospermas equivalentes para todos os frutos, garantindo a germinação de todas as sementes que ela produzir.

Sinistro, não é mesmo?!

Um ‘cabo de guerra’ até que a morte os separe.

Reik W, & Walter J (2001). Genomic imprinting: parental influence on the genome. Nature reviews. Genetics, 2 (1), 21-32 PMID: 11253064
Moore, T. (1991). Genomic imprinting in mammalian development: a parental tug-of-war Trends in Genetics, 7 (2), 45-49 DOI: 10.1016/0168-9525(91)90230-N

"Fazem tudo o que podem"

failure_954598_66222675.jpg

Lendo esse excelente texto da Ana Arantes sobre Realengo, lembrei do que escrevi aqui sobre a natureza humana e aqui sobre a dificuldade das pessoas em aceitarem conclusões que lhes são desagradáveis. Que em muitos casos, é aquela muito bem bem sintetizada por Boris Yellnikoff, o personagem de ‘Tudo pode dar certo‘ de Woody Allen (‘Whatever works‘ 2009):
“Os ensinamentos básicos de Jesus são bem bonitos… assim como era a intenção original de Karl Marx. O que poderia dar errado? Todos vivendo em igualdade. Fazer pelos outros. Democracia. O povo governando. […] São ótimas idéias, todas elas… mas todas sofrem de uma específica falha fatal. Todas elas são baseadas na idéia falaciosa de que as pessoas são, essencialmente, decentes: ‘Dê a elas a chance de fazer o certo e elas farão’. Elas não são estúpidas, egoístas, gananciosas, covardes e pequenas. Fazem o que podem.[…] Só estou dizendo que as pessoas fazem a vida ser pior do que É. E, acredite, já é um pesadelo sem a ajuda delas. Mas, no geral, lamento dizer, somos uma espécie fracassada.”

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM