Um bom ano

Sempre escrevo uma mensagem de final de ano com algum aspecto científico da virada.
Mas quando papai noel se antecipou um pouco, e ao invés de deixar o meu presente no dia 25 de manhã deixou no dia 23, eu percebi que esse foi um bom ano. Então resolvi fazer um balanço. (Também resolvi fazer um jantar de comemoração com os alunos do lab, que arrasaram 4,5 kg de tomates; 1kg de massa; 0,5 kg de parmeggiano e 3 garrafas de vinho – fora os cantuccini – e eu tive sorte de sobrarem os pratos e copos – acima).
O resultado da bolsa de produtividade fui um acalento e também o reconhecimento de um esforço que já dura muitos, muitos anos. Mas voltando a 2009, conseguimos comprar uma máquina de PCR quantititativo que certamente dará um salto na produtividade e na qualidade do trabalho do laboratório que, esse ano, também é nosso. Depois de um ano e meio de processo nos tornamos um laboratório independente, o Laboratório Intermediário de Biologia Molecular ambiental. Alunos entraram no mestrado, no doutorado e outros defenderam tese. Nos aventuramos de forma bem sucedida no mundo empresarial e agora temos uma empresa de biotecnologia que contribuirá para a que possamos aplicar ciência e criar inovação para a sociedade. Unificamos as disciplinas de Biofísica para a Biologia da UFRJ e no final do ano iniciamos novo projeto de educação a distância. O Bioletim está ganhando uma nova roupagem e o Você que é Biólogo… entrou pro Scienceblogs.
O trabalho não foi pouco, mas, mais uma vez, me levou a lugares incríveis, como um congresso em Bordeaux na França (PRIMO XV) e outro em Arraial do Cabo (II EWCLiPo), além de tantas outras cidades onde o mais importante são os amigos que tenho chance de rever.
Escrevo um blog, toco sax numa banda e aprendo francês. Claro que não dá pra fazer isso tudo com dedicação e afinco, mas aqui me permito um pouco de superficialidade, porque ela me relaxa. Se não fosse assim, não conseguiria ter lido o monte de livros que li e bebido todos os bons vinhos que bebi.
Quando penso nesse bom ano, vejo que ele é resultado de um esforço meu, mas que seria impensável, ou improdutivo, se não tivesse a rede de apoio que tenho. Começando pela minha família. Acredito que tenha sido um ano especialmente difícil, individualmente, para todos eles. Mas ainda assim conseguem manter o encontro e a alegria do encontro.
No nosso país, é muito difícil se tornar um cientista sozinho. Seja pelo investimento que requer, seja pela dedicação. Ainda me lembro da 4a feira, 11h da noite, quando o telefone (fixo) tocou e era a Flávia dizendo que ouvira que o resultado do vestibular da UFRJ tinha sido liberado e sairia no dia seguinte, mas meu pai levou a gente pra redação do Jornal dos Esportes, onde ficamos sabendo em primeira mão que tínhamos sido aprovados. Não sei se dá pra dizer que começou ali minha carreira de cientista, mas certamente foi um marco.
Apesar de eu ser provavelmente o único em casa que possa dizer que foi um bom ano, e que não teria sido um bom ano sem eles, tenho certeza que esse é mais um motivo de felicidade para essas pessoas maravilhosas e que me permitem fazer de tudo. Obrigado a vocês!
Bons anos fazem boas safras. Em 2010 espero poder fazer mais por eles e tenho certeza que continuaremos fazendo muita coisa juntos.
Um bom ano para todos!
A trajetória de um biólogo II – Homenagem ao dia do biólogo


Bem na foto – Turma de 89/1 no laboratório de genética em 1990. Do alto à esquerda para baixo: Reo, Ana Paula Falcão, Marília, Vivi morena, Ricardo Barney e Helena. Ricardo Maiô, Rodrigo Magoo, Carla de Carli Silvia e Gisela. Deia, Mauro, Renato, Ronald, Betina e Marcos Vinícius (com a prof. Vera no estereoscópio).
(Continuação)
“Colei grau às 10h da manhã de uma terça-feira como biólogo marinho, e às 13h estava num ônibus para Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Tinha sido aprovado no mestrado em Oceanografia Biológica e passaria naquela fria e chuvosa cidade dois anos de grande crescimento pessoal e profissional.
Morar sozinho pela primeira vez foi um desafio. Ao meu lado tinha o benefício de ter a melhor bolsa de mestrado que esse país já viu. Eram os idos de 1994 e, com o Plano Real, R$ 800,00 equivaliam a U$ 800. Consegui até economizar um dinheirinho. Mas na Oceanografia as demandas que Química e Física alcançaram um novo patamar e tive que estudar muito para superar minhas deficiências em Matemática e Cálculo.
O mesmo aconteceu quando precisei aprender Estatística de verdade para poder fazer minha tese. Descobri com meu colega de laboratório José Monserrat o quão interessante, útil e poderosa é a Estatística e hoje tenho certeza que é ela, e não a Física, que explica o mundo. Minha tese foi com o efeito de amônio na osmorregulação do caranguejo Chasmagnathus granulata (ainda hoje me lembro o nome de cor) e tenho muito a agradecer pelo que aprendi com todas as pessoas do departamento de Ciências Fisiológicas da Furg.
De volta ao Rio, não entrei para o doutorado direto. O CNPq havia lançado um novo programa chamado Desenvolvimento Científico Regional (DCR) para estimular a ida de pesquisadores para o Nordeste. Assim escrevi um projeto para trabalhar com a Dra. Iracema Nascimento na UFBA. Mas o CNPq perdeu o projeto e caí no temido limbo entre mestrado e doutorado.
Em 1996, acontecia um evento que mudaria a cara da sociedade: a internet saiu das universidades e começou a ser oferecida a população por provedores comerciais. Além de biologia, eu só sabia mexer com computadores. Ainda que superqualificado, comecei a trabalhar como estagiário em um provedor de internet. Foi muito divertido e aprendi muito sobre computadores (como abrir, montar e desmontar) e sobre informática (a lógica da máquina, protocolos, algoritmos, etc.). Ambos os conhecimentos seriam de suma importância quando entrasse no doutorado, seis meses depois.
Sim, ainda que eu pudesse muito bem trabalhar com informática a vida toda, isso teria de ter acontecido em outra vida, onde eu não tivesse tido contato com a ciência. Entrar no doutorado não tem a ver com ser biólogo, mas com se tornar cientista. Muitas pessoas não veem essa distinção. Termine o mestrado e se a tese foi um sacrifício para você, vá trabalhar na Bayer. O doutorado é um forte treinamento em ciência, mas também o estabelecimento de uma relação mais íntima com o meio acadêmico que, cá entre nós, não é para qualquer um.
Entrei para o doutorado do Instituto de Biofísica da UFRJ. A primeira coisa que aprendi no doutorado foi que ele é um caminho para alguma coisa e não um fim. Isso significa que a tese é um projeto de pesquisa e não um projeto de vida. Entender isso com clareza ajuda a poupar um monte de frustrações.
Mas provavelmente a decisão que mais influenciou minha vida acadêmica foi participar de uma reunião dos estudantes de pós-graduação onde me elegeram, por total falta de outro candidato, representante dos alunos no conselho deliberativo do IBCCF. Logo nas primeiras reuniões com os representantes dos departamentos (chamados de programas lá) e com os professores titulares, percebi o que era a academia no seu dia-a-dia. Foi bom, porque eu pude escolher e me preparar para o que me esperava: política e egos, como em qualquer outra profissão ou repartição, ainda que menos nobre.
Ainda no primeiro ano, a Capes e CNPq fizeram uma séria de visitas para avaliar os programas de pós-graduação, algumas vezes com comissões externas. Em uma dessas visitas, participei de uma reunião que ajudou a determinar minha relação com a academia. Eu, como muitos outros alunos de PG, já estava cansado de viver de bolsa por tantos anos e ansiava pelos concursos para professor assim que terminasse o doutorado. Mas o CNPq disse que não, que não queriam perder a nossa fase mais produtiva e por isso estimulariam a saída do país para o pós-doc logo após o doutorado, adiando ainda mais o nosso ‘projeto de vida’. Aprender a se resignar com o que você não pode mudar é uma coisa muito importante se você deseja ser uma pessoa produtiva.
Durante o doutorado, além da tese, preparei meu currículo, cuidando com muito carinho de publicações, cursos e congressos. Criei laços com professores e laboratórios, aprendi outras línguas e busquei um pós-doutorado. Mais uma vez as discussões com meus amigos eram, senão o principal , o mais constante desafio intelectual que eu participava. Meus amigos cientistas são parte da razão pela qual eu sou cientista.
Em 2002, fui para a Itália viver outro desafio: trabalhar em um laboratório moderno, com todos os recursos que precisava para fazer ciência de alta qualidade e competitividade. País, língua, cultura, comida e costumes diferentes, ainda tendo que fazer ciência no meio: será que eu ia dar conta? Dei. E quando voltei para o Brasil, em 2004, tinha muito mais do que alguns trabalhos na bagagem. Eu era um cientista.
Quando passei no concurso para professor no IBCCF naquele mesmo ano, realizei o sonho da criança que catava os peixes com baldinhos na lagoa. Era biólogo e cientista e meu projeto de vida estava só no começo. Hoje, os desafios são outros, mas de certa forma são os mesmos: aprender a reconhecer o que podemos mudar e o que não podemos e coragem para fazer o que tem de ser feito.
Coordeno o laboratório intermediário de biologia molecular ambiental, onde pesquisamos o efeito e o mecanismo de toxicidade de substâncias poluentes em organismos aquáticos. Você sabia que ostras têm câncer? Que camarões têm intoxicação alimentar e param de crescer? E que o ditado ‘a água não está pra peixe’ é justamente porque quando ela está suja eles fogem? Nós pesquisamos tudo isso.
Mas além da pesquisa, eu, como discípulo de Carlos Chagas Filho, acredito mais do que nunca no seu lema: ‘na universidade se ensina porque se pesquisa’. Minhas atividades didáticas cresceram e continuam crescendo, dentro e fora da universidade. Dentro tenho duas disciplinas na pós-graduação e coordeno as disciplinas de Biofísica para a Biologia, um curso moderno e dinâmico, com um ambiente virtual próprio e um programa renovado. Fora, estou envolvido com a capacitação de docentes em EAD para a Universidade Aberta do Brasil.
Completando o tripé da universidade, coordeno um ambicioso projeto de extensão que envolve divulgação científica e treinamento de jovens cientistas. O portal Bioletim (www.bioletim.org) foi montado para recuperar a revista de divulgação científica homônima que nasceu no âmago da nossa turma (DRE: 891), quando éramos todos alunos de graduação do Instituto de Biologia da UFRJ, em 1993. Além da proposta inicial, hoje o portal é um poderoso gestor de conteúdos, com uma plataforma de EAD que atende atualmente a 10 disciplinas e com uma estrutura de rede social que já lhe valeu o carinhoso apelido de Orkut científico. Mas a menina dos olhos do projeto é o roteiro que ajuda os autores novatos a organizarem as informações para a construção online, em poucas horas, de um artigo que pode ser submetido a revistas.
Mas essa experiência não veio do berço. Escrever é treino e prática. Noventa e nove por cento transpiração e um por cento inspiração. Por isso tenho um blog com quase 200 textos científicos para leigos e amantes da ciência: o ‘Você que é biólogo…’ (scienceblogs.com.br/vqeb ).
Para quem está começando agora a sua trajetória na biologia e na ciência, eu diria que a fórmula do sucesso na academia está na regra do 80:10:10, inventada por uma americana que preferiu não citar o seu nome. A regra diz que 80% do seu tempo você deve trabalhar da melhor forma possível, 10% do seu tempo deve investir em desenvolvimento pessoal e nos conhecimentos que serão importantes nos próximos 5-10 anos e 10% do seu tempo você passa dizendo para o maior número possível (e importante) de pessoas o quanto você trabalha bem e é competente. E é claro, é bom contar com um pouco de sorte.”
A trajetória de um biólogo I – Homenagem ao dia do biólogo
E que esse ano ainda é mais especial para mim, porque esse mês serei homenageado pelo Conselho Regional de Biologia no XVIII ENBio (Encontro Nacional de Biólogos) pelas contribuições a profissão.
Fiquei pensando nas minhas ‘contribuições a profissão’. Pensei que a indicação pode ser porque vou com a mesma disposição falar para doutores em um congresso internacional, professores de 2o grau em um curso de reciclagem, um auditório lotado de alunos de uma universidade privilegiada, ou uma sala incompleta de alunos de uma faculdade menos favorecida. Mas talvez não seja porque eu faço isso, mas sim o porquê eu faço isso: porque nenhuma das minhas contribuições é maior que o amor que tenho pela biologia e por ser biólogo. Torço para que tenha sido essa, ainda que seja um variável pouco analítica, a razão da indicação.
Lembrei de um texto que escrevi para a revista do Instituto de Ciências Biológicas da UFRJ a convite da minha querida amiga Marília Zaluar, sobre o que é ser biólogo. O texto se chamou ‘A trajetória de um biólogo’ e eu coloco ele aqui pra vocês.
Feliz 3 de setembro!
“Comecei a ser biólogo como os antigos naturalistas: catando bichinhos por aí. Também tem aqueles que começaram catando plantinhas, mas dessas eu nunca gostei muito. No meu caso específico, eram os peixes da Lagoa de Araruama, em São Pedro da Aldeia. Pegava-os nadando de bobeira pela margem e colocava no meu baldinho. Às vezes tentava levar para casa achando que poderia guardá-los até ficarem grandes, para descobrir sempre no dia seguinte que eles não sobreviviam à água da bica.
Ganhei meu primeiro aquário com 8 anos, que foi também meu primeiro laboratório. Aprendi sobre as necessidades especiais de cada peixe, sobre a temperatura, pH e oxigênio da forma tradicional: tentativa e erro. Infelizmente sacrifiquei muitos peixinhos e também toda a minha mesada nessa empreitada.
Quando chegou o fatídico momento de marcar a cruzinha na quadricula de ‘opção de carreira’ do vestibular, eu não tinha dúvida, queria ser biólogo.
Mas o que é ser biólogo? Naquela época eu certamente não sabia. Na verdade, para o que eu achava que era, aquariofilista estava muito bem. Tanto que quando meu pai me perguntou: “Mas como você vai ganhar a vida como biólogo, meu filho?” Eu respondi que ia trabalhar com criação comercial de peixes e camarões, que significava, trocando em miúdos, trabalhar em um grande aquário. Mas vá lá, a única referência que eu tinha, e que qualquer um durante muito tempo sempre tem de biólogo, eram os professores de biologia, e não era exatamente isso que eu queria ser.
É bem verdade que nos idos de 1988, a engenharia genética já estava dando o que falar. Começavam a aparecer as primeiras ratazanas que produziam leite de vaca e coisas desse tipo. Muito impressionantes para um adolescente que achava até então que ser biólogo era ser como o seu professor do 2º grau.
Na faculdade, a visão romântica do biólogo que fica o tempo todo coletando bichinhos e plantinhas desmoronou. No primeiro período, tínhamos Cálculo, Química e Física. Depois, Bioquímica e Biofísica. O curso da UFRJ tem uma sólida formação em História Natural, herança do tempo em que esse era o nome da faculdade, com quatro zoologias e quatro botânicas, mas que significa estudar animais e plantas que você nunca encontrará pela frente, pelo resto da vida.
Com toda a importância que eu reconheço hoje na Taxonomia, não posso deixar de concordar que a sistemática é um desafio para o aprendiz de biólogo, e motivo suficiente para um sem número de desistências. A biologia não era para qualquer um (que o digam as meninas na aula de dissecção de baratas). E tinha que estudar. Tinha que estudar muito!
Aí entra outro fator, que eu não acredito que possa ser generalizado, mas que vale a pena comentar. Minha turma era uma turma especial. Só tinha crânio. Eram de diferentes idades, cidades e classes sociais, mas todos eram muito inteligentes. Eu percebi nas primeiras festinhas que se bobeasse ficaria para trás. Os papos eram sobre livros que eu nunca tinha lido e filmes que nunca tinha assistido. Descobri que, como eu não gostava do colégio onde estudava, nunca gostei de estudar. Nunca tinha sido um aluno aplicado e isso agora estava fazendo falta. Mas a minha decisão foi firme: recuperaria o tempo perdido! Passei a ler mais e descobri que tinha a habilidade de prestar atenção no que os outros diziam e a aprender com isso. Servia para aulas, palestras, mas também para histórias. Aprendi muito ouvindo as histórias dos meus amigos.
Bom, e havia as festas. Uso ‘festas’ como um termo genérico que além do sentido estrito, inclui encontros estudantis e congressos científicos. Eu fui a todos as festas, excursões, acampamentos, ENEBs, EREBs, Interbios, etc. Fiz amigos biólogos em todo o Brasil e várias dessas amizades, cultivadas anos a fio com cartas escritas a mão, antes do e-mail, permanecem até hoje. Fui Dj, campeão de truco, delegado de comitiva, chefe de torcida e até ganhei uma medalha no Interbio de 1990 correndo 5000 m (não tinha mais ninguém que quisesse participar da prova), já que nunca fui uma maravilha nos esportes coletivos. E sim, namorei bastante também.
Meu primeiro estágio foi realmente em uma fazenda de cultivo de camarão. Fiquei lá tempo suficiente para aprender que ganhava dinheiro quem comprava e vendia camarão, mas não quem criava. E que esses cultivos de moda (rãs, avestruzes, minhocas…) só servem para dar dinheiro a quem dá curso e escreve livro.
Despido da minha fantasia de biólogo infantil, tive que arranjar uma outra. Enquanto todos os meus amigos tinham estágios em laboratórios na universidade, eu respondi a um anuncio que dizia ‘estágio com bolsa’ na Bayer do Brasil. Descobri que havia um mercado de trabalho para biólogos que era grande e crescente. Ser biólogo não era só ser professor afinal, nem ser o cara das plantinhas e dos bichinhos. O trabalho consistia em avaliar a toxicidade de efluentes industriais e produtos químicos comerciais. Trabalhar com poluição era instigante, mas trabalhar em uma indústria não. Depois de quatro meses, não tinha mais nada para aprender e o trabalho virou um eterno repetir. Eu, que nunca tinha gostado muito de estudar, estava sentindo falta de teoria, de estudo e de descobertas. Descobri que meu lugar não era ali, eu era da academia. E se eu queria seguir a carreira acadêmica não havia tempo a perder.” (continua)
"Senhoras e senhores, eu podia estar robâno, eu podia estar matâno…"
… mas há dias que não faço outra coisa a não ser escrever pedidos de financiamento para todas as agências de fomento a pesquisa do Brasil. Sem contar as prestações de contas para poder pedir novos financiamentos. Foram 4 até agora no mês de agosto, e a previsão de mais 4 até o final de setembro. Isso porque escolhi alguns editais apenas. Certo, vocês podem dizer que isso é um bom sinal, de que há dinheiro para financiar pesquisa. Mas quase todos são ‘pequenos dinheiros’, em curtos, que não são suficientes para realizar um trabalho científico de qualidade. Ai temos que ficar custurando recursos e resultados, o que dá mais trabalho e toma mais tempo do que a pesquisa em si. E é claro, não sobra tempo para ir pra bancada no laboratório.
O cientista Pop das células tronco
Foram 3 dias com a participação de grandes personalidades da ciência como a presidente da FeSBE, Dora Fix Ventura; o presidente da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz; o diretor do instituto de Biofísica, Antônio Carlos Campos de Carvalho; o prof emérito, Darcy Fontoura de Almeida; e ainda Roberto Lent, Leopoldo de Meis entre outros. O então governador do Rio Anthony Garotinho faltou na última hora, mas na presença do secretário de ciência e tecnologia Wanderley de Souza, os organizadores sugeriram idéias que hoje são programas consolidados da FAPERJ como o “Jovens cientistas do nosso estado” e o “Bolsa nota 10”.
Hoje todos aqueles jovens estudantes são professores entusiasmados e batalhadores. Eu, Marcelo Einicker e Jennifer Lowe no Instituto de Biofísica da UFRJ; Marília Zaluar Guimarães no ICB/UFRJ, Milton Moraes no IOC/Fiocruz e Rodrigo Bisaggio no CEFET/RJ.
Mas a idéia do simpósio partiu daquele que é hoje o cientista mais badalado do país. Stevens Rehen, o Bitty (ele não conseguia pronunciar o próprio nome quando era pequeno e inventou o próprio apelido), professor do ICB/UFRJ e chefe do Laboratório Nacional de Células Tronco do Ministério da Saúde. Foi o grupo dele o primeiro no país a conseguir transformar células tronco não embrionárias em pluripotentes (aquelas que podem se transformar em qualquer outro tipo de célula).
Mas para quem já conhece ele de longa data (estudamos juntos no São José – apesar de que naquela época eles não gostavam de mim) sabe que os seus sucessos científicos são consequência inevitável da sua inteligência e trabalho duro. Mas os outros sucessos que a gente não contava é que eu quero falar aqui.
O Bitty sempre defendeu a desqualificação da imagem formal do cientista, taciturno, autista. Hoje ele é um simbolo pop. Tá toda hora nos jornais (ainda que meio desequilibrado em cima do skate – que ele não deve andar já tem uns 10 anos) e no ano passado, no auge do debate das células tronco (devido a pendenga no STF), foi convidado para o Debate MTV, mediado pelo Lobão, onde apareceu usando uma camiseta da banda de reggae do seu irmão (Ponto de Equilíbrio). Gente… um cientista na MTV! O máximo.
Ele é um exemplo a ser seguido. E quando penso nisso, me faz rir ver alguns cientistas seniores, os Sarneys da ciência, os Coronéis do saber, bradarem em reuniões de departamento que são a ‘Vanguarda’ de suas instituições.
Minha única crítica ao Bitty é que ele está trabalhando demais e não tem ido nos ensaios da própria banda onde toca percussão. Mas pelo menos agora ele entrou no Twitter a podemos sempre saber os passos dele.
Dawkins, uma desilusão.
Por isso, quando a programação da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) desse ano trouxe o nome de Richard Dawkins, sabia que não podia perder a chance de ver de perto um dos meus ídolos vivos.
Dawkins é o autor de “O gene egoísta” que foi um um livro determinante para mim quando o li pela primeira vez em 1990, então estudante dos primeiros anos de Biologia na UFRJ. Com riqueza de exemplos e grande criatividade, Dawkins sugere uma razão, na verdade uma justificativa, para a evolução das espécies (o egoísmo dos nossos genes, que nos usam como máquinas de procriação) usando nada mais que a seleção natural proposta por Darwin 150 anos atrás.
Nessa mesma época, eu tinha meus primeiros sérios embates com a religião. Eu fui criado em um ambiente politeísta, estudava em um colégio católico mas frequentava também a Umbanda com minha mãe, que sempre gostou de ‘bater tambor’. Eu já não acreditava mais em um ‘Deus tradicional’, mas ainda tinha dificuldade de abandonar a idéia do “sentido da vida”. O livro de Dawkins me ajudou a ver a beleza de uma ‘vida sem sentido’.
O livro ainda foi importante para me ajudar em outro embate (o primeiro de muitos que se seguiriam), dessa vez com um rapaz evangélico que estagiava comigo na carcinocultura (cultivo de camarões) da Fazenda Santa Helena. O rapaz (que o nome eu sinceramente não me lembro) era um abastado estudante de uma escola agropecuária e, como não tinha formação científica, nós debatíamos questões técnicas e pessoais, armados com nossos livros de cabeceira: eu com o ‘Gene egoísta’ e ele com a ‘Bíblia sagrada’. A fé do garoto era de uma irracionalidade tão forte, que ajudou a fortalecer a minha razão.
Talvez por isso, quando Dawkins lançou o livro “Deus, um delírio”, não me interessou. Sabia que o livro não era para mim, que já havia me convertido ao ateísmo com o “gene egoísta”. Sabia que o livro era para os não cientistas que, como eu, precisavam de uma boa argumentação para encontrar a beleza na vida sem razão de ser.
Mas ainda assim, como ateu, cientista, leitor e fã (não necessariamente nessa ordem), eu não poderia perder a palestra de Dawkins na FLIP. E, provavelmente, pelas mesmas razões, fiquei tão desiludido com ela.
Mesmo com o Edu avisando dos perígos da FLIP, eu tinha convicção que seria um evento imperdível. A mediação do respeitado jornalista Silio Boccanera, correspondente internacional da Globo por mais de 30 anos, parecia perfeita para introduzir a personalidade internacional ao público e a FLIP o evento mais aproximar um cientista ao público leigo.
Mas não foi.
Dawkins parecia ter pressa. Começaram a entrevista avisando que ele apenas ‘assinaria o nome’ nos livros durante a sessão de autógrafos que se seguiria (nenhuma outra fila da FLIP andou tão rápido). Assim como parecia temeroso da reação da plateia, provavelmente tão católica quanto o resto do nosso país, que é reconhecidamente um dos países mais católicos do mundo (tanto que estava circulando por Paraty com guarda-costas!). Mal sabia ele que o público de ‘descolados’ da FLIP aplaude, entusiasticamente, qualquer coisa que seus autores falem.
Silio foi conivente com esse Dawkins apressado e apreensivo. Colaborou para que ele pudesse se expressar superficialmente, no que mais parecia um FAQ (aquela lista de ‘perguntas mais frequentes’) das críticas mais comuns a ciência, ao ateísmo e as suas idéias. Só que era uma FAQ para um público de radicais de Oklahoma e ele mostrou um total desconhecimento do público brasileiro. Um daqueles ‘bonecos do posto’ faria uma mediação tão boa quanto Silio, que pra completar, resumiu e distorceu minha pergunta que, como vocês podem ver abaixo, era sobre o fim da seleção natural e não da evolução.
Abre parenteses: A pergunta, que por escrito era “A medicina cura deficiências genéticas ou causadas pelo ambiente, humanos em posições hierárquicas mais altas na sociedade estão reproduzindo menos que aqueles em posições mais baixas, porque têm menos tempo. Será o fim da seleção natural do mais adaptado como Darwin concebeu?” foi resumida como “Será que ainda estamos evoluindo?”. Essa resposta eu mesmo já sabia. Fecha parenteses.
Os aplausos entusiasmados da platéia ao final não me comoveram, nem me consolaram (eu cheguei a comentar a ba-ta-lha que foi para conseguir o ingresso?).
Para mim, Dawkins continua sendo um gênio, mas a serviço da divulgação científica, não chega aos pés de Carl Sagan. E a serviço do mercado editorial internacional, não é mais digno da cátedra de “Compreensão Pública da Ciência”, criada para ele em Oxford em 1995 e que ele deixou em 2008.
Da próxima vez que ver o nome dele em uma palestra, seguirei o conselho do próprio Dawkins na dedicatório do livro “A grande história da evolução” (que eu comprei para depois ele acabar autografando com um rabisco) ao grande biólogo John Maynard-Smith (veja abaixo), e se o velho Maynard-Smith não estiver na platéia (o que é infelizmente impossível desde 2004) nem me disporei a assisti-la.
Se você não acredita em mim, ouça você mesmo como foi.
Dawkins na FLIP 2009. Início (25 min)
Dawkins na FLIP 2009. Meio (25 min)
Dawkins na FLIP 2009. Fim (21 min)
PS; Dawkins escreve na dedicatória: “Não ligue para as conferências e seminários, deixe para lá as excursões guiadas aos pontos turísticos, esqueça os recursos audiovisuais sofisticados, os radiomicrofones. A única coisa quer realmente importa em uma conferência é que John Maynard Smith esteja presente e que haja um bar espaçoso e acolhedor. Se ele não puder comparecer nas datas que você tem em mente, trate de remarcar a conferência […]. Ele vai cativar e divertir os jovens pesquisadores, ouvir as histórias deles, inspirá-los, reacender entusiasmos que talvez estejam arrefecendo e os mandará animados e revigorados de volta a seus laboratórios ou lamacentos campos de pesquisa, ansiosos para experimentar as novas idéias que ele generosamente compartilhou”.
Quando é legítimo uma descoberta científica ser divulgada publicamente?
Isso me lembrou de parte do texto que escrevi na proposta para solicitar fundos para o II EWCLiPo (o encontro de blogueiros de ciência em português). É sobre a diferença no enfoque da ciência pelo cientista e pelo jornalista.
Um artigo publicado na revista Nature (vol 458, Março de 2009) mostra que muitos jornais estão fechando suas seções de ciência enquanto jornalistas científicos ficam sobrecarregados e cada vez mais dependentes dos press releases de RPs. Isso tem acontecido nos estados unidos, Europa e também no Brasil.
Apesar das queixas dos jornalistas de ciência, as redações dos jornais mostram duas coisas: primeiro que as seções de ciência não dão lucro (e por isso estão fechando). O público tem uma grande afinidade com a ciência, mas não busca ciência todos os dias (uma tendência medida nos sites dos grande jornais do mundo). A segunda, e bem mais triste, é que os jornais perceberam que podem capturar audiência com ciência de má qualidade e sensacionalismo. Na maior parte dos casos, seria melhor não ter ciência alguma.
Hoje grande parte do jornalismo científico é feito com base em press releases e existem algumas agências de notícias que se especializaram até mesmo em publicar citações de cientistas famosos, para que os jornalistas possam ‘referenciar’ os press releases. Para que se dar ao trabalho de perguntar ao cientista se uma agencia já coloca na sua mão o que ele disse?
O artigo da nature continua dizendo que a ciência, como toda empreitada humana, está sujeita a (e cheia de) falhas, preconceitos e egos inflados; e precisamos muito de jornalistas para filtrar esse tipo de coisas. Mas o diálogo entre pesquisador e jornalista é muito difícil. Enquanto o jornalista quer a contundência, o cientista não abre mão da incerteza; enquanto o jornalista tem pressa, o cientista tem cautela. Os jornalistas querem que os cientistas reconheçam suas necessidades, mas não querem reconhecer as necessidades dos cientistas.
O resultado é que quem escreve os press release tem grande influência sobre o que o público vai ler sobre ciência, e por isso as instituições de pesquisa estão contratando os jornalistas científicos e montando assessorias de imprensa e escritórios de relações públicas científicas. Para escapar desse tiroteio, os cientistas estão mirando no grande público através da internet. Não só para publicar/divulgar seus trabalhos, mas também para ‘traduzirem’ os temas científicos para o público leigo, principalmente através de blogs (como esse!).
Os (nós) blogueiros se consideram uma fonte de informação científica confiável para o grande público. E são! Atualmente, mais que os jornalistas.
Mas vejam, os blogueiros não querem substituir (e nem poderiam) os jornalistas. Principalmente porque querem ter compromisso apenas com eles mesmos e publicarem o que quiserem. E por mais essa razão, sempre será necessário ter jornalistas profissionais sendo pagos para escreverem sobre o que está sendo publicado em um determinado momento.
De qualquer forma, em um país de tantos excluídos, a “exclusão científica” da população é uma das mais graves, porque as pessoas estão ouvindo falar de genoma, vacina gênica, transgênicos, mutantes, clones, células tronco… sem ter noção de como avaliar o quanto as informações que chegam até elas são verdadeiras.
Acredito que a descoberta científica é um processo e que esse processo possui marcos e que é legítimo que o cientista divulgue o processo e os marcos, mesmo antes da descoberta. Para aumentar ainda mais a credibilidade, seria importante que esses marcos fossem determinados a priori, no momento em que se estabelece o desenho de um experimento ou de um projeto, evitando rompantes de exibicionismo. Mas não deve haver a menor dúvida da importância de se divulgar essas descobertas, tanto para prestar contas a sociedade (que é a grande financiadora da atividade científica) quanto para mostrar a sociedade a importância do pesquisador.
Espero que esses assuntos sejam discutidos amanhã, e estarei lá pra ver.
PRIMO XV

A edição de 2007 foi em Florianópolis e esse ano, em Bordeaux, na França. Nosso laboratório não podia deixar de participar e estivemos presentes em peso: Lia saindo pela primeira vez do Brasil com seu trabalho sobre culturas primárias de hemócitos de ostras; Thiago com seu ‘Estranho caso do Hippostomus sp‘, o peixe que quebra o paradigma do P450 em peixes; João Paulo trazendo um pedaço da Amazônia e eu pela primeira vez como Chairman de uma sessão (Young researchers).

Muitos antigos amigos e muitos novos amigos. Mas esse ano, feliz ou infelizmente, o melhor do PRIMO foi o vinho de Bordeaux.

Museu a céu aberto

Passear por Florença é passear por um museu a céu aberto.
Jardins, igrejas, palácios, Michelangelo, Da Vinci, Botticelli, Caravaggio, todo mundo passou por lá. E nem precisa entrar nos museus… você dobra uma esquina e pode dar de cara com ‘O rapto das Sabinas’, escultura lindíssima de Gianbologna, contemporâneo de Michelangelo, exposta na ‘loja’ na ‘Piazza Signorina’. Com sua forma espiralada, foi uma quebra de paradigma na época, já que todas as esculturas, inclusive o David, tinham ‘frente e verso’. Um lado ‘certo’ para ver. Sendo em espiral, cada lado é sempre certo e ao mesmo tempo, um novo angulo e uma nova mesma escultura. A submissão do velho etrusco pelo jovem romano também pode ter muitas interpretações.
Mas além de uma viagem pela história e história da arte, uma passeio por Florença também é um passeio pela história da ciência. A começar pelo próprio ‘Museo di Storia della Scienza’.


Os planos inclinados que Galileu usou para estudar o movimento, os primeiros astrolábios, lentes, telescópios e microscópios, dínamos… O museu é pequeno mas muito, muito charmoso.
E por sorte, no Palazzo Strozzi estava acontecendo a exposicao O ceu de Galileo: da antiguidade ao telescopio. Essa uma exposicao riquissima, com muitos instrumentos mas tambem obras de arte como o ‘Atlas’ (que carrega o mundo nas costas) de Barbieri e o ‘Saturno’ (que devora um de seus filhos) de Goya.


O tema não poderia ser mais bem escolhido, porque nada representa melhor a história da ciência que a evolução do conhecimento do firmamento acima de nós. Mostra como observações mais cuidadosas, instrumentos mais avançados e cálculos mais precisos levaram o homem de um céu estático com as estrelas do starfix que eu colava no teto do meu quarto quando era criança, até as sondas espaciais que temos hoje.
Mais que a história, é a vitória da ciência.
Nada poderá tirar meu prazer de caminhar por Florença.
Porque é difícil inovar?


Meu pai diz que na próxima encarnação quer vir biólogo. Isso porque eles viajam bem mais que os engenheiros eletrônicos. Minha tia diz que tem um sobrinho muito inteligente, porque vive viajando.
Eu não posso reclamar, porque minha profissão sempre me permitiu conhecer lugares e pessoas interessantes. Me permitiu, por exemplo, ir assistir ontem a mostra dos modelos reconstruídos (de acordo com os originais) das maquinas inventadas por Leonardo da Vinci, descritos no Código Atlantico, no Palazzo della Cancelleria, em Roma. Não é o máximo?!
A exposição mostra o grande espírito inventivo e inovador de Da Vinci, o que me levou a lembrar da minha experiência com inovação nos últimos meses.
Há um tempo atrás, um professor me disse “É professor Rebelo… os grandes dinheiros para pesquisa, agora estão na FINEP”. Só fui entender o que ele quis dizer agora, dois anos depois. A Financiadora de estudos e projetos é um orgão do governo federal para estimular inovação científica e tecnológica. Enquanto os recursos no CNPq e nas FAPs ficam cada vez mais escaços, na FINEP eles ainda são abundantes (e muitas vezes, mal empregados – seguindo critérios políticos e não técnicos).
Minha percepção é que em pouco tempo, todo cientista que quiser ter acesso a recursos para fazer ciência de ponta (ou seja, recursos abundantes) terá que se envolver com inovação. Teremos todos de ser um pouco Da Vinci.
O problema é que essa mudança não está se dando progressivamente, mas sim de uma hora para outra. Agora nos deparamos com o dever de inovar, sem termos nunca sido preparados para isso.
Na época de Da Vinci inovar era bem mais fácil.
Ele tinha uma idéia e colocava ela no papel. O que já significava que a idéia era dele e estava publicada (ainda que não fosse). Não precisava provar que ela funcionava (como a bicicleta que só anda em linha reta). A patente era automática também.

Mais que Da Vinci, temos que ser Pasteur. Por que esse sim, fez coisas que funcionavam. Resolveu os problemas da fermentação do vinho (Graças a Deus!) e depois com o que aprendeu sobre microorganismos inventou a vacina. Pasteur era inventivo e inovador porque não acreditava apenas na ciência básica e nem na ciência aplicada. Acreditava que uma movia a outra. A aplicação da ciência movia a descoberta do conhecimento, que depois gerava a aplicação da ciência.
Para ser criativo, e para inovar, Domenico de Masi diz também que é importante ter um grande senso estético. A busca da beleza é inovadora.
Mas além da inventividade, hoje temos de saber e fazer muitas outras coisas. Hoje temos que abrir uma empresa, o que já significa um monte de gastos e uma burocracia enorme. Pesquisa de nome, junta comercial, CNPJ… Se você coloca a palavra produto no objetivo da empresa então paga ICMS, mas se tira, não precisa. E se coloca ‘licenciamento’ no objetivo, ai fica tudo mais fácil, porque você cai em um limbo fiscal e nem estado, nem município, sabem como tributar essa atividade que não é produto nem serviço.
Mas quem é que ensina isso pra gente na faculdade? Ninguém. Nem agora, que quase todas as oportunidades de financiamento de pesquisa passam por inovação, continuam ensinando. Ninguém fala sobre isso na faculdade de Biologia (ou outra faculdade de ciência que eu conheça). Plano de negócio?! Nem pensar.
Mas nisso eu sou um pouco Da Vinci. Vamos colocar no papel e depois a gente da um jeito de fazer funcionar. Depois de superados os entraves burocráticos, Está aberta a Bio Bureau, empresa que se propõe a construir organismos geneticamente modificados para remover poluentes de efluentes industriais. FINEP, ai vamos nós. Da Vinci que se cuide!