Neurônios que tocam saxofone

Outro dia assisti uma palestra muito, mas muito chata.

Minha professora de literatura, pela qual tenho muita admiração mas pouca solidariedade, diz que gostamos apenas do que nos interessa. Acho que não é bem assim e esse é um dos muitos exemplos de quando a realidade bate com o martelo em nossa fantasia. A palestra seria sobre a Autopoiese e sobre Humberto Maturana, dois assuntos que me interessavam muitissimo (a ponto de me fazer acordar mais cedo). Mesmo assim, o chileno que ministrou a palestra foi incrivelmente chato e meu interesse… despencou. Como algo que me interessava tanto pode despertar tão pouco interesse?

Minha professora também costuma ter algo a dizer sobre isso. Segundo ela, ‘problemas existenciais da classe média’ não dão boas histórias. Ela está certa. Ao invés de falar sobre o que levara Maturana a pensar sobre a teoria dos sistemas, o que ela é, ou como ela pode ajudar a resolver determinados problemas, ele resolveu contar qual foi a grande o problema existencial que ele identificou quando aprendeu autopoiese. Não tocou a platéia.

Porém, acabei não acordando mais cedo a toa aquele dia. O chileno contou como os pássaros machos jovens, quando entram na vida adulta, precisam aprender a cantar. Duas coisas são importantes. A primeira é arrumar um professor de canto. Geralmente eles escolhem um outro macho para copiar. A segunda, neurogênese. Apesar de termos aprendido a vida toda que neurônios que não se reproduzem, isso não quer dizer que não produzimos novos neurônios. Durante alguns períodos da vida o cérebro vira uma fabriqueta de neurônios. E em algumas áreas do cérebro, durante toda a vida, ele mantém uma oficina pronta a produzir novos neurônios continuamente.

No dia seguinte, fui pra aula de saxofone e o professor pediu para eu tocar uma música antiga, que eu não tocava há mais ou menos 1 ano. Apesar de tanto tempo sem mexer nela, parecia mais fácil tocar a música. Assim como tem sido mais fácil aprender uma nova música. Fiz a conexão na hora: meu cérebro tinha produzido neurônios saxofonistas!

Uma das vantagens de ser cientista é que a gente tem amigos cientistas de outras áreas. E durante o casamento de uma amiga ex-cientista, aluguei meu querido amigo neurocientista para me explicar essa neurogênese. O Stevens (que e é carioca apesar do nome de gringo), me explicou enquanto tomava a terceira caipirinha de motango, que meu cérebro estava incorporando o saxofone. Eu tinha feito neurogenese! Uau! Existe esperança de eu me tornar um verdadeiro saxofonista então.

Como eu sou um cara de muita sorte e tenho muitos amigos, e muitos são cientistas, acabei conversando sobre meu assombro da neurogênese com a Marília, outra amiga neurocientista. Ela foi bem mais detalhista e isso é bom, mas quer dizer também que eu não entendi tudo exatamente. Porém entendi o que era mais importante. Existe neurogenese sim, mas esse não é o processo mais importante no aprendizado. A plasticidade sinaptica é que é o quente. Não entendeu? Os neurônios parecem polvos. Na verdade uma rede de polvos, cada um com muuuuuuitos tentáculos e cada tentáculo encostando na cabeça de um outro polvo. Os braços do neurônio se chamam dendritos (tem também o axônio) e as junções entre dois neurônios se chamam sinapses. Os neurônios não se reproduzem, mas isso não quer dizer que eles sejam fixos. Eles se movem, podem produzir novos braços ou mudar o local onde os braços se ligam a outros neurônios. Essa é a plasticidade sinaptica. Uma memória é registrada pela reorganização de braços dos neurônios. O aprendizado de um instrumento musical, criam novas conexões que, conforme vão aumentando, diminuem a necessidade de processamento da informação pelo cérebro. A resposta ao estímulo é direta. Fica mais fácil tocar só de olhar para a partitura (no meu caso, para as cifras).


Com neurogenese ou plasticidade sinaptica, a martelada da realidade está na prática. A gente só aprende fazendo! Aprender a teoria não faz com que os sinais ambientais (nesse caso, o Fá sustenido que é a nota para começar Luiza de Tom Jobim) percorra os caminhos neuronais necessários (para que eu aperte as teclas corretas do saxofone, ao mesmo tempo que sopro o tudel, no intervalo de tempo justo e com a intensidade e volume corretos). Ninguém aprende a tocar só com a vontade. Só a prática coloca as sinapses nos locais corretos para facilitar o movimento. Sem tocar, constantemente e consecutivamente, ou seja, sem prática, não se aprende nada. É 1% neurogênese e 99% plasticidade sináptica. É 1% inspiração e 99% transpiração.

Força é igual a massa vezes a aceleração

No início do ano visitei a usina hidroelétrica binacional de Itaipu. Um dos projetos de pesquisa que participo envolve uma espécie de mexilhão invasora. O mexilhão dourado (Limnoperna fortunei). O que é uma espécie invasora, vocês vão perguntar?

Esses mexilhões são originários da China e chegaram pelas nossas bandas (mais precisamente no Rio da Prata em 1991 e na Lagoa dos Patos em 1998) transportados na água de lastro dos navios cargueiros. Imaginem, um navio parte do porto de Xangai para vir ao Brasil e levar soja de volta para os chineses. Mas se ele não estiver carregado com mercadorias, precisa se encher de água, a água de lastro, para equilibrar seu peso e, literalmente, não quebrar no meio quando estiver navegando. Ai, quando chega no porto de Rio Grande, o navio joga na Lagoa dos Patos a água do Rio Yangtze, cheia de larvas de mexilhões dourados (e outros bichos).

Sem predadores naturais, esses animais se desenvolvem enormemente nas nossas águas e criam toda sorte de prejuízos a embarcações, estações de tratamento de água, usinas hidroelétricas, sem contar as espécies locais de bivalves e a vegetação das margens.


Bom, mas voltando ao assunto, em Itaipu tem mexilhão dourado e ainda que isso (ainda) não represente um problema econômico pra eles, essa foi a razão da minha visita. Porém, quando chegamos lá, os mexilhões são o que menos chama atenção. É uma obra monumental. Liguei pro meu pai, e ele, engenheiro, ficava até emocionado de falar de uma obra tão imponente.

Não é para menos. Em 1982 a barragem represou o Rio Paraná, inundando uma região de 1.350 km2 e com mais de 200 km de extensão. Tudo bem, eles tiveram de inundar “Sete quedas” mas eu senti menos esse baque porque era pequeno demais. Mas me lembro até hoje da noite em que o Jornal Nacional mostrou as comportas se fechando as cachoeiras pela última vez.


Enquanto estavamos lá, o Rio Paraná, em uma cheia atípica, precisava ser escoado. Por isso, as comportas do lado esquerdo da barragem estavam abertas. A água saindo pelo chamado ‘vertedouro’ tem uma força impressionante. Tão grande que acabaria, simplesmente, escavando o leito do rio, que fica 180 m abaixo da linha d’água do reservatório, se despencasse direto lá de cima. Então a água desce por um tipo de escorrega, sendo lançada no ar pra dissipar toda a sua energia, antes de continuar seu caminho rio abaixo. Não deu pra entender direito? Dá uma olhada nas fotos e no filminho que eu fiz.

Mas toda essa introdução foi para dizer apenas um parágrafo. O que me emocionou, ou melhor, me assustou, ou melhor ainda, me comoveu de forma assustadora, foi ver a força da água descendo pelo vertedouro. A Força da Natureza, lado a lado com o enorme esforço de engenharia para conte-la. O vácuo que se forma na base do escorrega, capaz de arrancar os capacetes de nossas cabeças (como no filme), o rugido da água, a velocidade… é como se a água dissesse:

– Não esqueça que eu estou aqui!

A fera foi contida, mas não foi domada. É um equilibrio delicado. E quando venta, venta forte!

Quem quer ser cientista?

O tema desse mês na Roda de ciência é a representação social do cientista e eu não poderia deixar de participar de um tema tão importante e que me mobiliza há bastante tempo.

No mês passado descobri que poderia colocar uma enquete no Blog e o tema que escolhi justamente esse: O que você acha dos cientistas? Em mais ou menos um mês, 25 visitantes do blog votaram escolhendo entre as 4 opções de resposta:

São pessoas normais (25%);
São mais inteligentes que a média (31%)
São muito racionais e pouco emotivos (15%);
São malucos (28%).

Com uma pesquisa assim, meio de brincadeira, só podemos afirmar que felizmente já existem pessoas acham que o cientista é um cara normal, mas muitos ainda enxergam o estereótipo do cientista maluco.

Em 1998, o grupo do prof Leopoldo de Meis publicou um artigo mostrando como as crianças de 8 países vêem os cientistas. Eles analisaram desenhos respostas de 3053 crianças brasileiras e 1842 de crianças dos EUA, França, Itália, México, Chile, Índia e Nigéria. A partir dos 5 anos existe uma definição do que é um cientista e essa imagem está relacionada com um ambiente de trabalho cercado por instrumentos (especialmente vidraria) e equações matemáticas. Algumas vezes com o espaço. Palavras que apareciam relacionadas com os desenhos mostravam ‘descobertas’, ‘invenções’ e ‘experimentos’. A conclusão é que as crianças sabem o que é um cientista.

Mais ou menos como na nossa enquete, 20% das crianças se referiram ao cientista como um ‘humanitário que ajuda os outros’ enquanto outros 20% acreditavam que os ‘cientistas são malucos’ e que a ‘ciência é perigosa’.

Eles terminam o artigo comparando a visão das crianças com a que os professores tem dos cientistas, e que os cientistas tem deles mesmos, e concluem que a visão dos jovens é similar a que o cientista têm de si próprios hoje, e que por isso a ciência não deve mudar nas próximas gerações.

O problema é que a maior parte dos cientistas se desenhou no ambiente de trabalho ou perdido em pensamentos. Ou os dois. O cientista se vê como um ser anti-social. Quem vai querer ser cientista?

Outro dia uma amiga escritora estava se debulhando em elogios para o livro de Oliver Sacks “Um antropólogo em Marte”. Isso porque nos agradecimentos, o autor descreveu as circunstâncias em que escreveu o livro: após uma cirurgia que imobilizou seu braço direito. Com isso, segundo ela, ele humaniza o cientista, e permite empatia do leitor. Não é mais um cientista escrevendo, é uma pessoa. Como um ‘Agora você já pode ler!’

Ter um amigo cientista deve ser legal. Mas ir à uma festa de cientistas deve ser meio pesado. Minha namorada que o diga! Por outro lado, os cientistas parecem achar qualquer festa que não seja de cientistas, um saco. Eu que o diga!

Cria-se um círculo vicioso: visão que a sociedade tem do cientista é influenciada pela visão que o cientista tem da sociedade. E essa, em geral, é distante.

No seu livro, “O quadrante Pasteur – a ciência básica e a inovação tecnológica” Donald Strokes levanta muitas questões relacionadas com o “acordo” selado entre sociedade (governos) e cientistas (comunidade científica) depois da II guerra mundial.

“Essa afirmação (…por um apoio público vigoroso à pesquisa básica pela simples reafirmação dos argumentos a favor da ciência pura nos termos do paradigma do pós-guerra) coloca cada vez mais a comunidade científica no papel de um grupo de interesse procurando apoio para uma atividade que reflete suas próprias necessidades essenciais, em vez de mostrá-la no papel de um porta-voz capacitado de um interesse geral importante.” Mas a resposta da sociedade é clara: Não importa o quanto a comunidade científica se encante e lute pelo ideal de autonomia da investigação pura, esse não é mais um bom argumento para convencer a sociedade a financiar pesquisa!”

Só tem uma chance da gente quebrar esse vício: Nos aproximarmos da sociedade. Não só divulgar, mas popularizar a ciência. O mundo moderno vai ser construído pela informação. Precisamos que mais crianças saibam que a ciência é legal, mas que quando elas crescerem e se tornarem cientistas, não vão se tornar também seres anti-sociais.

Os dois textos mais lidos do VQEB (esse e esse) são de perguntas feitas pela Maria, essa menina linda sentada no meu colo. A curiosidade é inerente ao ser humano. E ser cientista, e explicar o mundo, é a profissão mais linda de todas. Tomara que a Maria concorde comigo.

Por favor, comentários aqui.

Forças da natureza

Já falei aqui e aqui sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. Apesar de adorar citações, eu procuro reduzir ao mínimo textos originais de outras pessoas. Mas não resisti à colocar esse samba, que é uma ilustração do que eu venho dizendo nos textos. Somos muito pequenos!

Usei ele há algum tempo atrás como questão de prova de ecologia e hoje, revirando alguns papéis, me deparei com ele de novo.

Pra vocês verem que não precisa ser cientista pra saber que as forças da natureza são mais fortes que nós. Mas precisa ser artista pra transformar isso em música!

As forças da Natureza (Paulo César Pinheiro e João Nogueira)

“Quando o sol
Se derramar em toda a sua essência
Desafiando o poder da ciência
Pra combater o mal

E o mar
Com suas águas bravias
Levar consigo o pó dos nossos dias
Vai ser um bom sinal

Os palácios vão desabar

Sob a força de um temporal
E os ventos vão sufocar
O barulho infernal

Os homens vão se rebelar

Dessa farsa descomunal
Vai voltar tudo ao seu lugar
Afinal

Vai resplandecer

Uma chuva de prata do céu vai descer, lá, lá, iá
O esplendor da mata vai renascer
E o ar de novo vai ser natural

Vai florir

Cada grande cidade o mato vai cobrir, ô, ô
Das ruínas um novo povo vai surgir
E vai cantar afinal

As pragas e as ervas daninhas

As armas e os homens de mal
Vão desaparecer nas cinzas de um carnaval.”

Alarmismo não, pessimismo


Vocês sabem que sou um ferrenho combatente contra o alarmismo como argumento para divulgação científica. Defendo que a gente conheça os graus de incerteza relacionados com cada evento, para tomar a melhor decisão possível. É assim que venho tratando o tema do aquecimento global.Alguns meses atrás assisti, relutante, confesso, o badalado documentário do Al Gore “Uma verdade inconveniente”. Relutava porque achava que estaria repleto de campanha política para presidente dos EUA (e está, com aval do Oscar). Mas foi interessante e aprendi muitas coisas.
Na 4a feira passada, o Dr. Sergio Besserman, economista brasileiro que participa do IPCC (o painel global da ONU para mudanças climáticas) veio falar à Biofísica sobre Aquecimento Global. Gostei muito! E aprendi muito também, de novo. Primeiro porque ele começou apertando a tecla que eu venho batendo insistentemente: “Nós somos irrelevantes para o planeta. Ainda que consigamos destruir tudo, tudo voltará novamente. Os únicos prejudicados pelo aquecimento global somos nós mesmos”.
Nós e essa nossa mania de sermos o centro do mundo, e que por sermos inteligentes conseguiríamos resolver todos os problemas.
“Daqui alguns milhões de anos vai tudo estar muito mais interessante do que hoje, e para terra, vai ter passado apenas mais um minuto na sua história”, Besserman continuou. E ainda foi mais fundo: “Na verdade, são só os pobres do mundo vão sofrer!” De novo. Mais ainda.
Ele está certíssimo.
Quando a maré subir, não vai ser Nova Iorque que vai se afogar, como no filme. Nem Copacabana (mas não seria mal lavar a Narcisa Tamborindeguy da nossa orla, não é Dudu?). Amsterdã vive abaixo do nível do mar. Parece, inclusive, que os holandeses já estão fazendo propaganda em todo o mundo de que possuem a tecnologia necessária para as casas não afogarem. E tem mesmo. Só vai custar caro. E não sei se Bangladesh vai conseguir pagar.
Os pobres é que vão penar!
Quando eu chamei o aqui o aquecimento global de farsa, eu estava criticando o alarmismo científico. Mas tenho de reconhecer que me faltavam informações. E que as evidências de que os níveis de CO2 na atmosfera hoje são os maiores de todos os tempos, baseados nos registros históricos observados através das pequeníssimas bolhas de ar que ficam presas nas geleiras da Antártica e Ártico, são muito científicas.
Ainda assim, fico pensando… será que o aquecimento global pode ser tão poderoso para mudar a forma do planeta quanto um movimento de placas tectônicas? Quando me lembro que em 1991, durante a erupção do Pinatubo na Indonésia, uma das maiores dos últimos séculos, o vulcão liberou mais CO2 na atmosfera em 3h que a cidade de Nova Iorque liberaria em 30 anos, é difícil acreditar que o planeta nunca passou por outros eventos naturais mais importantes que a atividade humana. E imaginar que uma especiezinha como nós, recém-nascidos em termos evolutivos, só porque alcançou os 6 bilhões de indivíduos, possa causar esse estrago todo.
Mas pelo visto pode. É a tal história mostrada no filme (e também na palestra do Besserman) sobre novas tecnologias e velhas atitudes.
Mais pensei em outra coisa. Um pouco mais sombria que só alarmismo.
Nas aulas de ecologia, ensino sobre estratégias de utilização de recursos (energia). Algumas espécies usam uma estratégia chamada de r e são classificadas de oportunistas. Quando essas espécies encontram recursos disponíveis em abundância, utilizam esses recursos até a sua exaustão e depois, inevitavelmente, perecem. A população então sobrevive com um número mínimo de indivíduos até os recursos se renovarem (o que pode levar algum tempo), e elas poderem executar um novo Bloom demográfico. Essas espécies apresentam curvas de crescimento exponenciais e desaparecimentos bruscos. Sabe com o que parece a curva? Com os batimentos do coração no eletrocardiograma, com aqueles picos de subida e descida. Ao longo do tempo, essas espécies repetem esse comportamento sempre que os recursos se renovam, ou quando invadem um novo ambiente. Repetem isso não porque não são inteligentes. É só a estratégia delas. E não conseguem fazer diferente.
Não preciso reler meu texto, nem minhas aulas, para ver que nós agimos como estrategistas r.
Mas o pior não é isso. Eu também escrevi aqui, sobre os mecanismos de tolerância e resistência. Quando ultrapassamos o limite dos mecanismos que permitem nossa vida fora das condições ótimas, ativam-se outros mecanismos, mas que não tem a capacidade de trazer a gente para um novo equilíbrio. E morremos.
Quando Besserman mostrou que o problema do efeito estufa não são apenas os gases que estão sendo produzidos agora, mas o acúmulo de todos os gases já produzidos até hoje (na verdade, os gases permanecem na atmosfera por uns 100 anos), que levam um tempo até se integrarem na atmosfera e começarem a agir… aquilo ficou na minha cabeça… até que a ficha caiu.
Com 6 bilhões de pessoas que devem virar 9-12 bilhões nos próximos 5 anos, com a China crescendo 11% ao ano e com a radical mudança de comportamento que seria necessária para, não diria reverter, mas amenizar as emissões… ferrou! Superamos a capacidade de tolerância do ambiente e entramos nos mecanismos de resistência. Nossa extinção é inevitável!
Vamos levar algumas outras espéceis conosco, mas nada que vá afetar demais o planeta.
Pode parecer radical. Deve ser por isso que o outro chamou de “Uma verdade inconveniente”.
Mas a verdade mesmo é essa: Ferrou!

Quantas vezes o Vasco ainda vai perder do Botafogo?


Uma das coisas que me irrita nas transmissões de futebol são as estatísticas. Só perdem pro Galvão Bueno.

“Desde 1932, Vasco e Botafogo se enfrentaram 763 vezes, com 22% de vitórias para um, 44% de empates e 34% de vitórias para o outro”. Não, não sei se esses são os números corretos. Está tarde e estou com preguiça de procurar. Mas não importa.

E não importa porque, nesse caso, essa estatística não se aplica!

A probabilidade pode ser calculada para eventos repetitivos. Um dado sendo jogado muitas vezes permite apenas um determinado número de possibilidades, eventos, que se repetem exaustivamente. Esse é um evento repetititvo, onde todo o universo de possibilidades é conhecido.

Mas mutios outros eventos, a maioria dos eventos da vida real, não são repetitivos e as probabilidades associadas a eles não dependem de quantas vezes você repete, mas sim da aquisição de novas informações.

O fato de chover todo o dia 15 de junho nos últimos 23 anos, não define nenhuma probabilidade de que va chover hoje. As massas de ar, pressão atmosférica, temperatura, umidade… isso sim, pode te ajudar a decidir se vai sair com guarda chuva ou não

“O Botafogo não perde para o Vasco há mais de 10 jogos”

Essa parece uma estatística um pouco melhor. Porque os times devem ser os mesmos, assim como os técnicos, táticas de jogo… Mesmo assim, basta um jogador torcer o pé, outro comer feijão demais que… acaba toda a ‘repetibilidade’ do evento.

As estatísticas furadas são mais um motivo para você desligar o som da TV quando está assistindo futebol. Elas não ajudam a prever… NADA! E com isso só posso torcer para que a maré de sorte do Botafogo termine logo!

Sangue bom!

Uma vez comprei no Pelourinho uma camiseta que dizia: 50% negro, 30% branco, 20% índio e 100% brasileiro. Ontem o pesquisador Sérgio Pena da UFMG colocou o carimbo de verdade(!) nela. Os jornais deram destaque a pesquisa com 120 negros (sendo 9 famosos), mostrando que metade deles têm, pelo menos, um ancestral europeu. A ginasta Daiane dos Santos, por exemplo, tem uma contribuição européia ligeiramente maior do que africana. Ano passado Ivete Sangalo e Marcos Palmeira também tiveram seu DNA analisado, mostrando que apesar dos seus 99% de descendência européia, os 0,5% de negro e 0,5% de índio fazem toda a diferença.

Em 2000, esse mesmo grupo já havia publicado um estudo parecido, mostrando que os brancos (ou caucasianos), que segundo o IBGE representam um pouco mais de 50% da população brasileira, têm sangue materno de origem indígena ou africana. Mas praticamente não existem genes negros e índios de origem paterna. Os nossos pais ancestrais são quase todos europeus.

Para fazer esses estudos, são examinados segmentos do DNA que são altamente conservados de geração para geração, ao mesmo tempo que são específicos em diferentes grupos, chamados “Marcadores genéticos”. O DNA está dentro do núcleo da célula, geralmente na sua forma desorganizada, chamada eucromatina. Quando a célula vai se dividir, então o DNA se organiza em cromossomos. Todos os seres humanos possuem 23 pares de cromossomos: 22 cromossomos autossômicos e 2 cromossomos sexuais. As mulheres possuem dois cromossomos sexuais X (portanto XX) enquanto os homens possuem um X e um Y.

Daqui poderíamos partir para vários pontos. Da mesma forma que se tirarmos uma perninha do X ele pode virar um Y, a teoria mais aceita é de que o cromossomo Y realmente se originou da perda de material do X (mais uma evidência de que ambos os sexos se originaram do sexo feminino). “Imprint Parental” que determina se é o material genético herdado da mãe ou do pai que vai determinar uma característica, é uma das muitas nuances que temos entre o nosso material genético e nossas características físicas e psicológicas. Nas mulheres, existe a teoria de que os dois cromossomos X “lutem” para determinar quem vai controlar quais características. E seria por isso que as mulheres NUNCA conseguem se decidir!

Mas para voltarmos a questão da descendência é importante lembrar que se apenas os homens possuem o cromossomo Y, então, ele passa sempre de Pai para filho (e nunca de pai para filha). Com isso, o meu cromossomo Y é praticamente identico ao do primeiro macho ancestral da minha árvore genealógica. Assim como o seu, caso você seja um “ele”, é do macho ancestral da sua árvore. O cromossomo X passa de mãe para filha, de mãe para filho e de pai para filha. Com isso, tudo vira uma bagunça e é impossível fazer um rastreamento da mãe ancestral através do X.

Mas as mulheres tem seu trunfo. Durante a fecundação, apenas a cabeça do espermatozóide que contem o DNA do macho, é utilizada para fecundar o óvulo (a cauda do sptz fica do lado de fora). Assim, o macho contribui apenas com o material genético. Todo o “aparato celular” do zigoto é feminino. Por aparato celular, podemos entender toda a maquinária bioquímica da célula: ribossomos, aparelho de golgi, retículo endoplasmático e as mitocôndrias. As mitocôndrias, todo mundo já ouviu no 2o grau, são a “usina elétrica” da célula, queimando carbono para produzir energia.

A teoria mais aceita ainda hoje é de que essas organelas eram bactérias simbiontes em um passado muito, muito remoto. E uma das evidências mais fortes para essa explicação, é o fato delas possuírem um material genético próprio: O DNA mitocondrial. Então, da mesma forma que o cromossomo Y é sempre passado de pai para filho, o DNAmt é sempre passado ao filho ou a filha pela mãe. Com isso, o meu DNA mitocondrial remonta ao da “fêmea fundadora” da minha linhagem.

É claro que com o passar do tempo, esse material genético pode sofrer mutações aleatórias, além de simplesmente perder material. Mas com sorte, os pedaços que servem para fazer as análises estão intactos.

Então se pegarmos o cromossomo Y e o DNA mitocondrial (que podem nos levar ao macho e a fêmea fundadores de nossas linhagens) e juntarmos pedaços de cromossomo Y e de mtDNA que são específicos para caucasianos, negros e ameríndios… conseguimos ótimos marcadores genéticos.

O que o estudo não fala é que nada disso interessa. Esses marcadores genéticos servem para comprovar linhagem, mas não se encontram em nenhum gene que determine características fenotípicas, características ativas. Eles se encontram no chamado DNA lixo, que compões 95% do nosso genoma e até semana passada não servia para nada (digo até semana passada porque o estudo de um brasileiro mostrou o papel de algumas dessas seqüencias na regulação da função de genes). Não comprovam inteligência, habilidade específica, capacidade imune… nada! 99,99% do DNA de um caucasiano é igual ao de um negro ou um ameríndio. O DNA de um caucasiano pode ser inclusive apresentar mais diferenças com relação ao de outro caucasiano do que de um ameríndio (ou negro). Genéticamente, o conceito de raça não existe na espécie humana!

Minha tatuagem pode fritar na ressonância magnética?


Eu tenho uma irmã loira e linda. Na verdade tenho duas irmãs e as duas são lindas, mas atualmente, só uma é loira. Minha sobrinha, essa sim, loira de verdade, é a mais linda. Mas a minha irmã, que, não deixem ninguém saber, nem é loira de verdade (mas é realmente linda), pediu para eu escrever um texto respondendo a sua pergunta, apesar de eu já tê-lo feito ao telefone. “Não, mas você tem que escrever um texto pra mim, só pra mim, sem mencionar mais ninguém. Quero uma resposta exclusiva!” Esse senso de exclusividade das mulheres ainda vai levar a humanidade à extinção!

Um belo dia desses, depois de falar horas pelo Skype com o maridão que está nas Arábias, ela estava, lá pelas 19h, assistindo House, o médico pedante, azedo e brilhante (não necessariamente nessa ordem) do Universal Channel; quando solta um grito e desmaia.

No episódio (que eu também já assisti porque fiquei viciado em House) um presidiário tem de fazer uma Ressonância Magnética. Um exame que quase todo mundo já fez. Não dói, não arde, não queima. O máximo que pode acontecer é uma claustrofobia de ficar dentro da máquina (mas atualmente já existem umas abertas). A enfermeira que acompanha o exame apenas te informa que você não pode usar nada metálico. Brincos, anéis, pulseiras, botões de calça jeans. Apesar do presidiário da TV estar só com o avental do hospital, a médica informa ele que sentira suas tatuagens queimando, e que não havia nada a fazer.

Minha irmã, linda porem louca e escandalosa, com suas 3 enormes tatuagens no corpo (uma ave do paraíso na cintura, um cavalo na nuca e uma serpente no pé) desmaiou na hora. Ela teria de fazer uma ressonância magnética dali alguns dias e… nenhum diagnóstico preciso valia a perda das tatuagens. Alguns dias depois do susto, foi que ela se tocou de perguntar: “Mas porque a ressonância fritaria as tatuagens?” A pergunta é de loira, mas o biólogo explica e responde.

Primeiro a gente tem que explicar o que é a ressonância magnética. O magnetismo é um fenômeno simples, porém pouco intuitívo. Ele tem a mesma origem da eletricidade. Cargas elétricas estáticas produzem um campo elétrico, cargas elétricas em movimento produzem um campo magnético. O As cargas elétricas dos átomos são produzidas pelos seus elétrons (a eletricidade que chega a nossas casas é quase toda transferida pelos elétrons de cobre nos fios). Uma das formas de avaliar a carga das partículas é ver como elas são influenciadas (que significa desviadas no percurso de um tubo com paredes de imãs) por campos magnéticos. E controlando o campo eletromagnético da parede do tubo, podemos controlar o comportamento dos átomos carregados. De forma oposta, quando átomos neutralizados (sem carga elétrica) são submetidos à um campo irregular deveríamos observar um comportamento aleatório. Uma nuvem de particular que migraram aleatoriamente no tubo. Mas o que se vê é que ainda existe um desvio em duas direções, sugerindo ainda a presença de cargas positivas e negativas nos átomos neutralizados. Como as cargas não poderiam vir dos elétrons, a explicação é que os núcleos se comportavam como minúsculos ímãs. Isso porque eles giram, assim como os elétrons, em torno de si mesmos. Para um lado ou para outro.

Com o tempo foram descobrindo que os núcleos dos átomos eram capazes de absorver energia de ondas de rádio por ressonância. O que é ressonância? Imagine que duas coisas estão vibrando próximas uma da outra, como cordas de um violão. Quando essas duas coisas vibram na mesma freqüência, então elas podem trocar energia através de suas vibrações. Isso é ressonância. Como os núcleos de cada elementos são diferentes, eles absorvem a energia de ondas de rádio específicas que ressonam na mesma freqüência que eles. Todos esses fenômenos, que são a base da maquina de ressonância magnética nuclear que você já freqüentou, foram observados no início do século XX.

Para gerar uma imagem por ressonância magnética, um campo magnético muito forte é utilizado para emparelhar os átomos de hidrogênio da água presente no corpo. Depois, ondas de rádio com freqüências específicas são aplicadas de diferentes direções e os muitos espectros obtidos são reunidos por um computador para formar a imagem tridimensional.

É por causa desse campo magnético super forte que não podemos utilizar nada de metal durante o exame. Influenciaria na imagem e poderia até mesmo ser atraído pelo aparelho.

Tudo bem, mas onde entra a história da tatuagem do presidiário? A resposta foi dada 5s depois do desmaio pela própria médica do seriado. Muitas tintas possuem metais pesados em sua composição. Quanto mais barata a tinta, mais chumbo, cádmio, zinco e outras porcarias ela possui. Ao que parece, as tintas de tatuagens de prisão são baratas e cheias de metais. Quando o corpo do paciente é submetido ao inofensível campo eletromagnético, o metal dentro das células começa a se agitar, querendo migrar para o aparelho. A sensação não deve ser boa.

Minha irmã loira fez suas tatuagens no Chico Tatoo, em Búzios. Não acredito que elas tenham metais pesados e acho que ela pode fazer o exame sem problemas. E ela nem teria de perguntar se tivesse assistido o episódio até o final. Mas sem Pitty… não seria ela.

Tôme ciência

Engana-se quem acha que só se faz ciência no laboratório.

Ciência se faz no butequim, em casa, na praia. Podemos fazer ciência no shopping, descansando ou praticando esporte. Se faz ciência no cinema, no restaurante e no metrô. Também fazemos ciência no desfile das escolas de samba, no alto da pedra Bonita antes do pulo de asa delta e no PAN.

Muito mais do que os laboratórios farmacêuticos, que compram ciência, nos fazemos ciência no vermelho do cheque, no roxo do sem ar e no branco de susto. Fazemos ciência em pé na bancada, sentado na sala de aula e deita dormindo em casa. As vezes meio deitado dormindo na rede no barco na expedição a Amazônia.

Os adultos fazem ciência, os idosos fazem ciência, as crianças fazem muuuuuita ciência. Os adolescentes estão muito ocupados com os hormônios para fazer ciência, mas experimentam muito dela o tempo todo. Motoristas, carpinteiros, pedreiros e, sem preconcêito, até porteiros, fazem ciência.

Tias em geral tem dificuldade para entender ciência, mas mal sabem elas que já fizeram muita ciência na vida. Os amigos preferem, em geral, tomar ciência. Principalmente se estiver bem gelada. Astrólogos cartomantes e pedagogos fazem menos ciência, mas só porque a filosofia lhes consome quase integralmente. Ainda assim, tentam legitimar suas atividades com o selo das ciências sociais, ciências ocultas e outras logias mais.

Só não faz ciência quem já morreu!

PS: Esse post pode, e será, sempre atualizado.

Vamos afogar a Amazônia


Bom, parece que o governo tem medo do EIA-RIMA. Tanto que no dia 25/04/2007 anunciou o desmembramento do IBAMA, criando um novo instituto para cuidar apenas do licenciamento ambiental.

O órgão que fiscaliza e cuida do meio ambiente, criado por Sarney em sua gestão 85-90 cresceu em importância nos últimos 20 anos, assim como o ambiente para o país. É verdade que é atravancado como qualquer outro gigante estatal, e limitado por uma legislação que é ao mesmo nova e obsoleta (já nasceu cheia de problemas). Apesar disso, e da crescente preocupação com o ambiente em todo o mundo, Lula transforma o IBAMA no bode expiatório da sua frustrada empreitada pelo crescimento: o PAC (plano de aceleração do crescimento).

Eu dei aula muitos anos, e continuo dando, de Desenvolvimento sustentável. a primeira coisa que eu ensino é que não existe “Crescimento” Sustentável. Vivemos em um universo finito, o que se constitui em ecologia, para vários aspectos, um sistema fechado (no que tange entrada e saída de energia). Isso quer dizer que o crescimento contínuo levará, inevitavelmente, ao esgotamento dos recursos.

O primeiro recurso que irá se esgotar é a energia. Para que esse esgotamento não apareça enquanto ele for evitável, ou não for conveniente, parte importante do PAC é a construção de duas hidroelétricas no Rio Madeira: Jirau e Santo Antônio. Eu já estive em Santo Antônio (foto), acima de Porto Velho (RO) e já andei pelo Rio Madeira (vejam as fotos dessa expedição aqui). Li muuuuitos artigos de jornal antes de preparar esse texto.

É verdade que o Madeira é um dos maiores corredores de biodiversidade da amazônia, e por isso que a estória dos “bagres” serem a razão da negação da licença só mostra ingenuidade de quem faz essa acusação. Também é provavelmente verdade que o EIA está subestimando as áreas impactadas pelos lagos e pelo represamento dos rios, tanto no Brasil quanto na Bolívia e no Peru. Também é verdade que o Madeira não tem esse nome a toa: a água é cor de madeira (veja foto comigo ironizando o de caprio) por causa da grande quantidade de material em suspensão que inevitavelmente vai assorear o lago. É verdade ainda, que as audiência públicas foram insuficientes (eu tenho amigos que participaram delas) dadas a extensão da área e a importância do assunto.


Mas eu queria dizer um pouco mais do que esses muitos artigos. A idéia de um PAC é totalmente contrária a idéia de um Brasil moderno. Como podemos ter um plano de crescimento que prevê um aumento da capacidade energética da ordem de 3 MW por ano? Não há crescimento que dê conta disso! Com um plano desses estaremos sempre correndo atrás do Brasil do futuro, porque ele nunca vai chegar! Nós começamos essa corrida tarde, importamos tecnologias obsoletas, e investimos na idéia de um desenvolvimento industrial que desde os anos 50 não tem dado certo. Não vai ser agora que vai funcionar. Só pra vocês terem uma idéia, um professor da USP mostrou que 60% da energia que as duas usinas iriam produzir, e que o governo julga fundamental para que não haja risco de apagão em 2010, poderia ser obtida atualizando a capacidade (basicamente trocando as turbinas) de usinas existentes. Os outros 40% poderiam vir do melhoramento das redes de transmissão, que desperdiçam em torno de 15% da energia que transmitem.

O Brasil do futuro vai ser afogado em imensos lagos de hidroelétricas!

O Brasil moderno, mas também tradicional, deveria investir em industrias limpas, mas que também são a sua vocação: turismo e Biodiversidade. As companhias farmacêuticas sabem muito bem disso. Estima-se que apenas 30% das espécies da Amazônia são conhecidas. Por outro lado mais de 90% dos princípios ativos de medicamentos em todo o mundo vieram de vegetais. Outra grande parte de organismos marinhos (Apenas um menor percentual foi efetivamente inventado pelo homem). Ao invés do governo investir pesado em “conhecer para controlar” sua biodiversidade, fica querendo construir hidroelétrica no norte, para mandar energia para o sudeste (e centro-oeste, onde pretende construir uma siderúrgica no Pantanal).

Enquanto isso o ex-presidente da Celera Genomics, a companhia privada que sequenciou o genôma humano, corre o mundo em um iate filtrando água do mar para sequenciar o genôma de TODAS as bactérias do oceano. Mais do que desenvolvimento sustentável, é riqueza certa.

O Brasil faz tudo ao contrário e afoga a maior biodiversidade do planeta. Mas de novo, se só eu vejo isso, devo estar errado. Mas acho que não!

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