O que é a vida?

A mais manjada das definições de ser vivo, que todo mundo lembra do 2o grau, é que ele nasce, cresce, se reproduz, e morre.
E na verdade, desde o segundo grau desse que voz fala, e provavelmente de muitos de vocês, a definição não mudou. Obviamente, estou ignorando qualquer discussão sobre vida metafísica e vida extraterrestre.
À definição de vida, na Terra, devemos adicionar o ponto de vista bioquímico (entidades que possuem metabolismo), genético (entidades com capazes de auto-replicação e evolução) e até termodinâmico (sistemas abertos onde a entropia tende a diminuir). Todos essas definições encontram problemas para explicar algumas exceções: algumas vezes máquinas apresentam essas mesmas características, outras vezes alguns seres vivos falham em apresentar alguma delas.
Mas para minha linda advogada, preocupada com os homens e não com os bichos, a questão era ainda mais complicada. Quando a vida começa? E meu primeiro pensamento foi de responder com outra questão: de que ponto de vista? Bioquímico, genético ou termodinâmico? Mas acho que advogados não gostam muito de pontos de vista diferentes e isso não resolvia o problema dela. Comecei a sugerir que era no momento da fecundação, mas essa vida não era independente. Depois falei do parto, mas no final já estava arriscando “aos 5 anos de idade” que é a idade a partir da qual acreditam que um ser humano seja capaz de se alimentar sozinho. Foi ai que ela me veio com uma outra pergunta: quando a vida acaba? Já estava me dando por derrotado quando então lembrei do “princípio Ana Karenina”.
O princípio não tem nada a ver com biologia, mas sim com romance. De acordo com ele, o um relacionamento entre duas pessoas só pode funcionar se uma série de fatores funcionarem concomitantemente. A falha em qualquer um desses fatores, leva ao fim do relacionamento. Por isso, que tantos relacionamentos terminam: é muito difícil encontrar todos os fatores necessários para que duas pessoas funcionem juntas.
Para que haja vida independente, é necessária a conjunção de uma série de fatores. E a falha em qualquer um deles, ainda que não diretamente, vai levar a morte.
Acabei gostando da definição. E (d)ela também!
Placebos
Hoje a pergunta, de um amigo de meu pai, veio disfarçada: “Mauro, você…” e não completou, “…me diga uma coisa”. Quando ele nem completou, eu já sabia que boa coisa não podia vir. Mas como ele foi uma das duas únicas pessoas que assistiu espontaneamente a reportagem que a Globonews fez comigo uns anos atrás, eu não franzi a testa e deixei ele perguntar:
“Enquanto eu estava morando nos EUA, tomava um remédio como acessório para o controle da minha diabetes. Como era um remédio muito caro, de volta ao Brasil resolvi pesquisar se o encontrava por aqui. Na Farmácia, consegui o mesmo remédio, na mesma dosagem. Então como se explica ele ter tirado meu sono e aumentado meu apetite?”
Não sou médico, não entendo de diabetes e não conheço o remédio que ele falou, mas uma das coisas que ele falou me chamou atenção: remédio acessório. Na verdade a dúvida do amigo de meu pai era como, exatamente o mesmo remédio, podia causar um efeito tão diferente quando comprado nos EUA ou aqui. A questão é que o remédio não era um remédio. Me lembrei de dois outros causos que terei mais facilidade pra explicar a questão.
No primeiro, namorava uma menina que sofria muito de cólicas e depois de penar em meio a uma crise terrível de TPM dela, uma amiga sugeriu que eu indicasse Artemísia para ela, dizendo que não existia nada melhor para a cólica. Fui numa dessas lojas de natureba e encontrei as gotinhas. No rótulo estava escrito: “Indicado para cólicas menstruais, blá, blá, blá”. No contra-rótulo estava: “Nenhuma contra-indicação. Não existe nenhuma comprovação científica dos efeitos da Artemísia.” Pronto, bastou para eu devolver o frasco para a prateleira e correr na farmácia pra comprar Buscopa.
Minha mãe, que andou sofrendo de artríte nos dedos por fazer suas belas pinturas, pediu uma vez que eu comprasse a última novidade para as dores nas articulações. Fui na farmácia, mas ninguém conhecia o tal do Sulfato de Glicosamína. É que ele fica na prateleira das vitaminas. O troço promete maravilhas: “diminui a dor nas articulações” e “aumenta a flexibilidade e a amplitude dos movimentos”; custa caríssimo, mas nas letras pequenas está dizendo “essas afirmações não foram testadas pela FDA. Não existe comprovação científica dos efeitos relatados”. Fala sério gente!
O que eu vou fazer aqui, é explicar pra vocês o que quer dizer o “Não existe comprovação científica”. Isso quer dizer que, quando eles ministraram a droga para um monte de pessoas com dores nas articulações, umas sentiram melhora, mas outras… não. Quando eles repetiram o experimento, novamente algumas pessoas sentiram melhora e outras não, só que o percentual dessa vez era diferente. Pode ter sido ainda que em outras repetições do experimento, pra gente encurtar a estória, numa vez todos sentiram melhora, mas na outra… ninguém. O que importa não são as variações pra maior ou menor. O importante é que eles não conseguiam repetir o resultado. E isso, um resultado que não pode ser repetido, a ciência não admite! Com um resultado assim, não podemos provar nada.
Não dá pra provar que não faz bem, mas mal também não faz e… acaba-se conseguindo uma licença pra vender a porcaria. Mas ao invés de vir escrito em letras garrafais que apenas 13,87% das pessoas que consomem o medicamento observam alguma melhora, eles colocam uma embalagem linda e escondem em letras minúsculas que não há comprovação científica. E vendem pra grande parte da população, com a aprovação do governo, um placebo de luxo. Caríssimo!
Podemos discutir porque alguns remédios, com efeitos comprovados, realmente apresentam variação na resposta de pessoa pra pessoa (isso tem a ver, por exemplo, com a ativação dessas drogas pelos Citocromos P450 no fígado) mas o problema é que a força da ciência não é páreo para a propaganda. E nem para a especulação. Por isso que temos mais igrejas do que universidades, mais astrólogos que astrônomos, e os homeopatas e ortomoleculares crescem em meio aos médicos, que são cada vez mais arrogantes e despreparados para lidas com os seres humanos.
Pacientes são chatos é verdade, principalmente os com dores. Mas mais ainda, aqueles com dores com as quais os médicos não sabem lidar. A forma que eles tem achado para isso, é ministrar remédios com comprovação de resultados discutível, torcendo para que seus pacientes se encaixem nos 13,87% dos que apresentam melhoras, ou simplesmente, nos 42% que se contenta de estar tomando um remédio caro e melhoram só por isso, ou em algum outro percentual dos que param de reclamar.
Minha mãe tem menos dores nas articulações, mas o amigo de meu pai não teve tanta sorte e por algum motivo, o placebo dele não funcionou. Mas o laboratório o médico, a farmácia e o laboratório ficaram felizes nos dois casos.
"A Lua, quando ela roda, é nova, minguante e meia-lua, é cheia"



Como é possível? Lembre-se que seus olhos não vêem nada, eles apenas capturam as ondas eletromagnéticas que refletem nos objetos. Quem vê é o seu cérebro! Não fosse a sua experiência de associar significado as coisas, essas ondas que chegam na sua retina não fariam algum significado. Então, ainda que seja o seu cérebro que veja, ele pode se confundir de vez em quando.
Você não acredita? Experimente fechar os dedos e formando uma luneta, e olhe a lua no horizonte por entre a luneta. Viu?! Ela tem o mesmo tamanho de quando você a vê na abobada do céu!
O que você faria?

Animado com a possibilidade de iniciar seus trabalhos com os recursos oferecidos por Dr. Farias e de orientar Anthony, Dr. Arnold aceita a proposta. No início, Anthony se mostra muito interessado e aplicado. No entanto, com o passar do tempo, Dr. Arnold percebe que Anthony teve uma formação científica deficiente, com muitas lacunas em conceitos fundamentais. Sua base teórica é fraca, muitas de suas iniciativas são equivocadas e o esforço que ele emprega na bancada não se reverte em resultados positivos. Paralelamente, Dr. Farias oferece mais recursos a Dr. Arnold e propõe a co-orientação de um segundo aluno, Brian, que tem mais tempo para planejar seus experimentos e parece ter uma formação mais sólida, com potencial para realizar efetivamente um bom trabalho. Mas quando chega o momento de Anthony escrever a tese, o resultado é pior ainda. A sua dificuldade em colocar em palavras todo o conhecimento adquirido na revisão bibliográfica e em discutir seus resultados, torna a tese de difícil leitura e Dr. Arnold teme pela sua aprovação. Dr. Farias por outro lado acredita que os resultados de Anthony são suficientes para a defesa. Alem disso, Anthony já foi aprovado para o programa de doutoramento em sua instituição.
Dr. Farias então pede a Dr. Arnold que tome parte da banca e monte uma comissão julgadora que minimize as dificuldades de Anthony para que ele possa ser aprovado. Preocupado com o futuro da colaboração que envolve o trabalho de Brian e efeito que a reprovação na tese causaria no prosseguimento da carreira de Anthony, Dr. Arnold, juntamente com outro colega, resolvem aprovar a deficiente tese de Anthony.”
Na sua opinião, a decisão de Dr. Arnold envolveu a proteção do futuro e do trabalho de Brian, ou os recursos provenientes de Dr. Farias?
Como você vê a decisão de Dr. Farias de aprovar para o doutorado um aluno com tantas deficiências como Anthony?
Água mineral verde?

Outro dia me perguntaram, por que a água mineral do meu garrafão fica verde?
Segundo o revendedor, seria por causa do sol, na área onde os garrfões ficariam guardados. É verdade, o sol poderia ‘despertar’ as algas que estão na água. Peraí… mas tem algas ná água potável? Não deveria ter!
Bom, essas algas só poderiam se reproduzir se tivessem nutrientes. Principalmente P (fósforo) e N (nitrogênio) que são altamente limitantes em condições normais. Em geral, eles deixam de ser limitantes quando a água está, digamos, suja. Na verdade contaminada com esgoto doméstico (que pode ser representado pelos coliformes fecais). Peraí… á água mineral é suja? Não deveria ser!
Pode ser que alguma confluência de fenomenos complexos faça a sua água mineral ficar verde. Mas o mais provável, é que essa fonte seja uma porcaria.
Quem me perguntou comprou água de uma outra fonte, e ela nunca mais ficou verde!
A que a ciência se propõe?

De acordo com alguns autores, temos 3 esferas de conhecimento: o religioso, o filosófico e o científico. Sim, nessa ordem de importância.
O conhecimento nasce, de forma inerente, da observação da natureza. O principal método para o aprendizado da natureza, por milhares de anos, foi a observação direta dos eventos. Como a observação não era metódica, pouco conhecimento podiam extrair delas. Os fenômenos pareciam inexplicáveis e eram atribuídos a entes superiores: deuses. A religião nasce como uma forma de compreender e se comunicar com esses deuses. Cultos para agradar os diferentes deuses, aplacar sua íra etc…
O conhecimento religioso não necessita de muito para ser comprovado, apenas de fé. Um conhecimento que necessita apenas de fé não pode nunca ser testado. Não precisa mudar nunca.
Os filósofos foram grandes observadores. E queriam encontrar formas de explicar a natureza que não envolvessem, pelo menos diretamente, os Deuses (apesar de mesmo filósofos como Kant sempre encontrarem uma forma de colocar Deus por uma porta dos fundos pra não desagradarem a Igreja). Desenvolveram uma ferramenta muito interessante para testar esse conhecimento: a lógica. Infelizmente, a lógica se mostrou limitada para a busca da verdade. A lógica não pode ser testada. E se uma teoria não pode ser testada… então não é uma teoria!
A busca da verdade ganhou força com o modo científico de pensar. Os primeiros cientistas, que também eram um pouco filósofos e um pouco magos, usavam alem da crença e da lógica, uma outra ferramenta para testar suas observações da natureza: a experimentação. A tentativa e erro foi a forma original e mais simples de experimentação. E Galileu Galilei foi o maestro dessa obra.
Com o tempo, houve a necessidade de sistematizar a observação dos fatos, a experimentação e a comprovação das observações. E Descartes nos presenteou com o método científico.
Com o desenvolvimento do método e a sistematização da produção de conhecimento, o mundo adentrou uma era de desenvolvimento científico e tecnológico que resulta no tipo de vida que levamos hoje.
No início do século XX, uma ampla discussão envolvendo o pai da psicanálise Sigmund Freud e o filósofo da ciência Karl Popper, levou o segundo a formular o conceito (que podemos discutir melhor outra vez) de que uma teoria somente é científica se puder ser REFUTADA. A comprovação de uma teoria não é suficiente para que ela possa ser aceita como tal. Essa discussão tirou quase todas as ciências humanas do campo das ciências propriamente ditas (eu sei… é controverso. Podemos discutir isso). Ou seja, para uma verdade ser científica, ela NÃO pode ser absoluta! E essa é sua beleza.
Até mesmo arte, filosofia e religião são influenciadas pelas ciências, muito mais do que a influenciam. Lembrem como a fotografia mudou radicalmente o cenário da pintura nos séculos XVIII e XIX e continua mudando até hoje com a multimídia. E como tantas religiões tentam se adaptar a fatos científicos que são irrefutáveis, mesmo com a crença em Deus. O próprio “Inteligente design” é uma tentativa (absurda) de conciliar a ciência moderna com a religião.
A ciência têm sim a pretensão de descobrir a verdade, a mesma pretensão da religião e da filosofia, mas não de ser imutável. Ela quer justamente mudar e se aperfeiçoar. A verdade de hoje é uma verdade melhor que a de ontem. E a de amanhã… quem sabe?! Assim que ela cresce!
E enquanto a filosofia e a religião estão há mais de 5000 anos prometendo o que não podem dar, em 5 séculos a ciência nos deu TUDO que temos.
Você pode não gostar, ou não se interessar pelo que temos, mas isso não é culpa da ciência, e sim do uso que os homens fizeram com o conhecimento que ela produziu. Ou do quanto de verdade você pode suportar.
E ai, com a licença de Nietzsche (citado pela mesma amiga), “Que a arte permita que a verdade não nos destrua”.
Amém!
PS: Se você se interessa pelo assunto, leia: Mundo Assombrado Pelos Demônios, O. Carl Sagan. 2002. 1a edição, Companhia das Letras, 448 páginas.
Quem é o tricolor?
Tava no jornal hoje: “O novo técnico da seleção, Dunga, foi até o Beira Rio assistir o Grenal pelo campeonato brasileiro, mas viu pouco futebol e um show de pancadaria pela torcida tricolor gaúcha…”. Mais abaixo: “o tricolor paulista perdeu de goleada do Santos, mas continua em primeiro lugar com 29 pontos.” Outro dia me contaram que o Nelson Rodrigues dizia que “Tricolor é o Fluminense, os outros são times de três cores!”
Lamento desapontar a todos, mas nenhum deles é tricolor!
Tanto Grêmio, quanto São Paulo e Fluminense, têm o branco entre suas 3 cores. Sendo que Grêmio e São Paulo ainda tem o preto. Só que tanto o Branco quanto o Preto não são cores!
Nós enxergamos devido a sensibilidade das células da nossa retina (chamadas Cones e Bastonetes) a luz refletida nos objetos. A luz é uma onda eletromagnética. E a luz visível são aquelas ondas que as células da nossa retina podem captar, e estão na faixa de comprimento entre 400 e 700 nanometros. Na base do espectro, com comprimentos de onda pequenos, está o violeta e no final, com comprimento alto, está o vermelho. E entre elas… todas as cores do arco-íris.
Abaixo dos 400 nm temos o o ultra-violeta, que não só nossas células não percebem, como danifica elas (mesmo assim alguns insetos como as abelhas podem “ver” no ultravioleta). Acima dos 700nm temos o infra-vermelho, que nós percebemos como “calor”.
Quando vemos um objeto, como a camisa de um time, de uma determinada “cor”, é porque aquele objeto (o corante no tecido da camisa) “reflete” as ondas eletromagnéticas daquele comprimento de onda específico, absorvendo todas as outras ondas. Se ele reflete duas ondas, temos uma cor mista, como o amarelo, que é a mistura do verde e vermelho. E que deveria ser a cor da camisa do Vasco na final da copa do Brasil!
E quando o tecido absorve TODAS as ondas eletromagnéticas visíveis? Nada chega a nossa retina. Fica um vazio… escuro… é o preto! Mas e se o tecido refletisse TODAS as ondas? E TODAS chegassem a sua retina AO MESMO TEMPO? O resultado seria… o Branco! Isso acontece porque a luz que vemos não é polarizada (isso é uma outra história) e todos os os raios de uma fonte luminosa chegam a nossa vista ao mesmo tempo, com a sobreposição das ondas de todas as cores. A chamada luz branca.
Dessa forma o Flamengo é vermelho, o Fluminense vermelho e verde, o Vasco é uma cruz vermelha e o Botafogo é uma estrela, sem nenhuma cor.
Fico com essa impressão de que era melhor continuar falando de sexo!
O que é Semelparidade?

Durante a pesquisa, fiquei feliz de descobrir que somos iteróparas! A Iteroparidade (itero do latim “várias vezes”) é o termo que descreve aquelas espécies que acasalam várias vezes ao longo da vida. Essa é uma realidade para muitas espécies, principalmente de mamíferos, que são muito mais felizes. Uma coisa leva a outra e me lembrei que somos uma das únicas espécies em todo o reino animal (e vegetal também) que fazem sexo por diversão. Parece que os golfinhos são a única outra espécie. Mas qual o objetivo evolutivo do sexo por diversão?
Na maioria das espécies, o sexo é tão bom que mesmo o instinto de sobrevivência sucumbe ao desejo sexual e o acasalamento pode ocorrer mesmo em situações de risco de vida (ex: com um predador por perto). Mas o desejo sexual não é contínuo e as fêmeas não estão sempre preparadas para o sexo. A excitação feminina, dependente do hormônio testosterona, vem junto com a ovulação. É o cio (ou calore em italiano) e é um processo lento, mas que não pode ser desperdiçado. Como o macho nunca sabe quando vai encontrar uma fêmea no cio, ele tem de estar SEMPRE pronto para o sexo. Ou pelo menos em um estado basal que permita a ele se aprontar para o sexo em pouco tempo (os homens podem passar de um estado de não excitação a prontos para copula em 30s). Isso é garantido pelas altas concentrações de testosterona no corpo do homem.
Na maior parte das espécies, a excitação feminina é demonstrada de várias formas. A genitália muda de cor e de forma. Em macacos babuínos, os grandes lábios incham aumentando de tamanho e passam de uma tonalidade roxa para um vermelho vivo. Alem disso, a fêmea exala um odor particular, com substâncias químicas (os feromônios), que indicam ao macho que ela está pronta para a cópula. Se a vagina vermelha, inchada, quente e cheirosa não for suficiente para chamar atenção do cara, ela ainda faz danças e movimentos que indicam, com as mãos e gritos, que o momento é aquele e ainda indicam o “caminho” para ele.
Que felicidade seria sair à noite e saber exatamente quais fêmeas estão prontas para copular, não é mesmo rapazes? Bom, mas isso causaria um problema evolutivo para as fêmeas humanas. O fato é que o filhote humano é muito grande em relação ao corpo da fêmea (da mulher), e por isso que o parto é difícil e necessita de assistência, sem falar no número de mulheres que fenecem no parto. O auxilio precisa ser durante o parto, mas também no período de recuperação. E não só ela, mas também o filhote (que é grande, mas bobo e dependente) necessita de auxílio (em ambos os casos, por auxílio entenda-se alimento e proteção contra predadores). Quem é o escolhido para auxiliar nesse momento? O homem!
Mas por que o homem, que como nós já falamos anteriormente tem uma estratégia reprodutiva diferente da mulher, ficaria para ajudar depois de ter copulado? Não me venham com respostas culturais do tipo… por amor. O macho necessita de um argumento muuuuuuito bom para ficar ao lado da fêmea nesse momento e continuar provendo suas necessidades. E que argumento poderia ser melhor do que sexo? Nenhum, apenas MAIS sexo! Por isso, as fêmeas humanas desenvolveram evolutivamente a capacidade de ter sexo fora do período reprodutivo, apenas para manter o macho presente e feliz, a ponto de continuar suprindo suas necessidades. Claro, ela também tem prazer com isso, mas essa não era a idéia original. Vocês meninas é que acabaram aperfeiçoando o processo!
Mas para isso ser verdade, precisaríamos observar algo que parece controverso: que os machos humanos casados e com filhos fariam mais sexo que os machos humanos solteiros e sem prole. Obviamente já foram pesquisar o assunto, e os homens casados fazem sexo em média 3 vezes por semana, enquanto os solteiros fazem menos de 1 vez por semana! É um fato.
Então, da próxima vez que você invejar aquele seu amigo solteiro que ta saindo para uma tremenda noitada enquanto você vai pra casa colocar os filhos pra dormir, lembre-se que você vai trepar com certeza, já ele…
Até onde você bebe a sua cerveja?
Ontem um amigo querido perguntou, não diretamente a mim, por que algumas pessoas não jogam suas cervejas quentes fora e pedem outra mais gelada. Essa é uma pergunta complexa que de ontem pra hoje me rendeu muitos pensamentos. Lembrei na hora de um livro cosi cosi que eu li chamado “31 canções”, onde o autor se lembra com orgulho da primeira vez que ele se libertou e saiu de um show (que estava sendo ruim) pela metade, para ir no pub jogar sinuca e tomar cerveja (uma diversão no mínimo secundária já que o show era do Led Zeppelin). Lembrei de outro livro, este sim espetacular, chamado “O Zen e a arte da manutenção de motocicletas”, onde o autor separa as pessoas em dois tipos, aquelas que fazem questão de conhecer o funcionamento de suas motocicletas e realizarem elas mesmas a manutenção, e um outro tipo, que faz questão de não entender nada e que toda manutenção seja feita por um especialista (o mecânico).
Provavelmente sim. (Agora eu fiquei até curioso: E você, troca sua cerveja quente ou toma ela até o final?)
Assim como poderíamos fazer muitas outras classificações. O curioso, e inquietante, é que nunca conseguiríamos criar categorias sem que houvesse interseções. Somos iguais, mas somos todos diferentes. Isso me lembrou um pequeno fragmento de um filme (Kinsey – vamos falar sobre sexo) cujo personagem biólogo e estudioso de vespas (antes de mudar pra um assunto muito mais interessante, o sexo entre humanos) fala: “Depois de estudar milhares delas (vespas) sob o microscópio, ainda não consegui encontrar uma que seja idêntica à outra. Na verdade, são tão distintas, que as crias de uma geração se parecem com os pais tanto quanto uma ovelha se pareceria com uma cabra. Alguns de nós podem ficar felizes com esse fato. Considerem as implicações, se cada ser vivo é diferente de todos os outros seres vivos, então a diversidade se torna o fato irredutível da vida. Só as variações são reais, e para vê-las, simplesmente temos de abrir os olhos.“
Vejam como a biologia é psicanalítica… primeiro, podemos ser incorentes por que todo mundo é! E agora, podemos ser diferentes, por que TODOS os seres vivos são! A classificação e a separação, duas etapas praticamente inerentes a todo processo de estudo e aprendizagem, servem apenas para… propósitos de estudo e aprendizagem. Para mais nada! Por que, somos todos diferentes! É um fato. Nem mesmo os clones são iguais (você não sabia?! Em breve republicarei um texto explicando isso)!
A compreensão de que TODOS os organismos da natureza são diferentes deveria ser acalentadora: Você pode ser igual a todo mundo fazendo o máximo para não ser absolutamente igual a ninguém! E podemos ir mais alem: não deixe ninguém te dizer o que você deve fazer. E já que eu hoje (hoje?) estou cheio de citações, me lembro de uma do Woody Allen: “Se alguém quiser te dizer como você deve fazer alguma coisa, ouça com atenção, concorde na hora, agradeça e depois, ignore completamente e faça do jeito que você quiser”.
Então, se você toma sua cerveja até o final, ou se você pede logo outra, o importante é que vocês possam beber juntos na mesma mesa de bar!
O que você já aprendeu com um best-seller?
Vejam que legal. Uma amiga escritora viu o VQEB e me convidou pra escrever em uma oficina literária onde ela orienta alunos de literatura e física a terem uma linguagem comum de aprendizado, a literatura. Eu então, pra não fazer feio, pensei muito no assunto e vi que ele renderia não só um texto, mas, me arrisco a dizer, uma revolução no ensino. Eis o texto que mandei para o site dela:

Enquanto os cientistas se aprofundam cada vez mais em descobertas inacessíveis ao público leigo e se sentem incapazes (acham desnecessário ou são incompetentes) para transmitir o conhecimento das suas descobertas para o público leigo, os autores de ficção estão contando histórias que transmitem essas informações de uma forma suave e divertida.
Atualmente se segue uma ordem compartimentalizada para comunicar a informação. Primeiro se publica em formato e linguagem científica, os artigos científicos; depois se divulga em linguagem para leigos, os artigos de jornais e revistas, alem de alguns programas de televisão; em terceiro na forma de manual, o material didático; e por fim, a totalmente inexplorada propaganda das descobertas científicas: o marketing científico.
Existem profissionais para cada uma dessas atividades, mas nenhum que passeie por todas elas. Os cientistas escrevem seus artigos chatíssimos e totalmente inacessíveis em revistas especializadas. Os jornalistas tentam divulgar a informação para os leigos, mas a velocidade dos meios de comunicação como jornal e televisão, impedem que a informação científica seja verificada e transmitida com cuidado requerido pelo pesquisador que gerou essa informação. A divulgação de informações científicas equivocadas por parte da imprensa tem sido motivo de atrito entre pesquisadores e jornalistas por muito tempo, e afastado a ciência dos noticiários. É verdade que muitos jornalistas, atrás do furo, acabam tratando descobertas científicas como se fossem ficção científica (ou seja, com sensacionalismo). O material didático por outro lado é sempre antiquado e de renovação lenta. E nem de longe acompanha a velocidade das novas descobertas (e viva as iniciativas como a século 21, que tentam suprir essa falha do material didático) e o marketing… acho que os publicitários nunca ouviram falar de ciência na faculdade. Nem se interessam por isso. Enquanto para os cientistas isso parece ser a forma de transmissão do conhecimento menos importante, comparada as outras. Um erro que pode estar sendo fatal.
Por que um de nós não pode preencher todos os quesitos e comunicar, de uma só vez, a informação acessível a todos os grupos? Não seria a narrativa a ferramenta que viabilizaria esse desafio? Se a narrativa e uma ferramenta importante para o ensino, então o best-seller “O Código da Vinci” deveria ser um livro didático. E é!
Em seus 4 livros, Dan Brown comunicou mais ciência e história (e para mais pessoas) do que todos os artigos científicos e livros didáticos que li no último ano. O mesmo vale para outros livros como “O enigma do 4” e “Aqueles malditos cães do Arquelau”. “O mundo de Sofia” conseguiu me ensinar mais (alguma) filosofia enquanto do que todos os livros citados pelo autor que eu tentei ler. Quem nunca aprendeu sobre lei e justiça lendo livros como “O peso da verdade”?
Tem uma lenda urbana que diz que a primeira vez que Einstein foi comunicar sua teoria da relatividade especial, ninguém entendeu. Então ele tentou simplificar um pouco e contou a estória de novo. Ninguém entendeu ainda. E ele simplificou mais e mais e mais vezes, até que, quando a platéia conseguiu entender o que era, não era mais a teoria da relatividade especial.
Como estabelecer o vínculo entre a fantasia e a realidade, para que as informações científicas não sejam incorporadas erroneamente ou super simplificadas durante a narrativa? O professor(!) vira peça fundamental nesse processo. E na ausência do professor, o computador e a Internet podem preencher a lacuna com aulas virtuais, acesso aos as fontes da informação e criando um ambiente virtual de discussão dos alunos.
Não é uma questão do aluno ser autodidata e aprender com livros de narrativa, mas do professor ensinar com esses livros. E do pesquisador “comunicar” com eles. Enquanto a TV, o cinema, o computador e a Internet bombardeiam os jovens com linguagens cada vez mais dinâmicas e interessantes, estamos apegados a um modelo de ensino fadado a… monotonia.
E nós podemos perdoar um monte de coisas, mas a chatice não é uma delas!